Mais uma vez, prefiro reunir num tópico apenas aquilo que se viu no salão.
Torna-se mais fácil fazer comparações directas, do que dispersar a coisa por imensos tópicos, dado as muitas novidades presentes.
E este ano, em Genebra destacou-se o carro de produção, ao contrário de outros anos, onde os concepts reinavam.
E com modelos diversos a atacar os mesmos segmentos.
E como tal, começo mesmo pelo ataque ao segmento C efectuado com novas propostas por parte da Mercedes e Volvo.
Espero que tenham paciência para ler
Começando pelo fervilhante segmento C.
Volvo V40 vs Audi A3 vs Mercedes classe A.
Coincidência ou não, acabamos por ter no mesmo salão, 3 propostas concorrentes para o desejado patamar premium no segmento.
E infelizmente nenhuma trouxe nada de novo.
Sim, são apelativos, cada um à sua maneira. Vamos colocar palavras como feio de parte porque não fazem parte do que estes modelos apresentam.
Mas não há surpresas e tendem para o previsivel e pior, genérico.
NO tópico do V40, já tinha referido, que apesar do apelo visual dos últimos Volvo, com uma aposta forte em linhas dinâmicas, pouco têm a ver com a marca. O V40 deverá ser o último dos Volvo que obedece à filosofia instituida por Steve Mattin, claramente influenciado pelos ensinamentos do sr. Bangle.
Não sei até que ponto o Peter Horbury, regressado à Volvo, teve oportunidade de "mexer" no V40, mas dado os concepts Universe e You, é de prever que vejamos a Volvo a regressar a valores mais tradicionais ou apropriados aos valores da marca nos próximos lançamentos.
De qualquer forma, apesar das primeiras imagens não me terem impressionado, segundo designers que o puderam ver ao vivo, entre os 3 visados neste post, foi o que impressionou mais.
Sobretudo pela execução e atenção ao detalhe do interior.
Mas também o exterior é elogiado, pois torna-se mais apelativo em proporção inversa ao classe A, que apesar de mais fotogénico, parece ter desiludido em maior proporção quem o viu ao vivo.
No geral, parecemos ter as proporções certas e um desenho base conseguido.
No entanto, perde-se em alguns pormenores decorativos desnecessários.
O pormenor no ombro na porta traseira à lá DS5, apesar de na Volvo referirem-se ao mesmo como uma homenagem ao P1800. Este apontamento estilistico até já ganhou nome: "cupshoulder". Porque faz recordar a base de um porta-copos e está situado no ombro, acima da linha de cintura.
Ou seja, um floreado desnecessário, demasiado ornamental sem propósito algum, apesar da boa qualidade de execução.
Outro pormenor que considero elaborado demais, é nos cantos à frente. Parece haver linhas entrelaçadas a mais. A linha que define o topo da entrada de ar inferior é intersectada nos seus extremos por um vinco em L que retorna ao centro da frente. Cria variações na superfície, mas ao estar tudo concentrado numa frente já de si com bastantes coisas a acontecer, acaba por se transformar mais em ruido que outra coisa qualquer. E não faz muito sentido. Queriam imagem mais agressiva?
Já temos uma uma destacada grelha que se projecta num plano mais avançado que a restante carroçaria.
Já dá o dinamismo e tridimensionalidade necessário.
E tal como o S60, os amendoados faróis, em posição tão recuada perante a grelha, acabam por não ter grande definição formal, dando a percepção de terem estado no forno tempo demais. Há sempre aquela sensação de que parecem ter "derretido" e escorrido pela carroçaria.
A traseira, em minha opinião, também poderia estar melhor conseguida. Poderá ser contraditório aquilo que vou escrever, mas se por um lado considero esta traseira um conjunto melhor conseguido que a do C30, aparentando melhor percepção de algo estruturado e integrado, por outro, acho que falha na definição de uma série de elementos.
Considero bem conseguida a convexidade da metade inferior da mala, apesar de dispensar os vincos na transição para a lateral. Mas o que perturba mais é o prolongamento visual do óculo traseiro para essa superfície côncava, e como joga nos extremos com os grupos ópticos e "chapa".
Primeiro a barra onde está o lettering "Volvo" parece colada a cuspo, não casando com nada. E a meu ver, não faz sentido terem prolongado visualmente abaixo dessa barra, o óculo traseiro.
O vértice da chapa, que fica ali preso entre grupos ópticos e esses elementos "vitrificados", é visualmente bastante frágl. Acaba por dar a percepção de que todo o óculo traseiro está assente sobre a chapa, não se integrando muito bem no todo.
No geral, está ao nivel da hipotética concorrência. Apelativo, sem dúvida, mas longe de perfeito e a tender um pouco para o genérico.
O que me leva ao classe A da mercedes.
Falando em vulgarização, generalização e ausência de valores da marca, o classe A é um novo paradigma.
Por um lado, até concordo que não havia necessidade de ter 2 MPV's no acesso à gama.
E nem me chateia tanto terem apostado num formato tão tradicional como o tipico 2 volumes hatchback para redefinir o A.
E globalmente, tal como o Volvo, temos um carro com maior parte das coisas no sitio certo, é apelativo, mas ainda de forma bastante mais grave que o Volvo (que ainda consegue ter elementos suficientes para o identificar como tal), isto não tem nada que ver com a Mercedes.
Mas numa apreciação global diria que isto está mais próximo de algo tipico asiático, sobretudo coreano. Uma criatura a tentar parecer europeia. Com um rasgo estilistico, mas bastante convencional no geral.
Experimentem mostrar a alguém imagens deste carro de 3/4 traseira, com o simbolo tapado.
Eu experimentei e a resposta, curiosamente tende para a BMW. Talvez seja a marca da "chicotadela" na lateral a remeter para o série 1, ou os grupos ópticos traseiros algo cubicos (curiosamente parecem uma variante um pouco mais soft dos elementos que vemos no novo Impreza, o que é algo bizarro).
No entanto, de forma algo refrescante, o estilo parece bastante mais "limpo" do que temos visto na Mercedes ultimamente. Não existe extrusões desnecessárias na frente, tudo parece mais soft e fluido.
Só falta mesmo é um pouco de ADN Mercedes na equação. A grelha com a enorme estrela não pode ser o único aspecto que identifique o carro como um Mercedes. E não nos esqueçamos que a estrela integrada na grelha era reservado apenas aos modelos de filosofia mais desportiva na marca e até isso vulgarizaram, pois o encontramos ate no familiar MPV.
Por falar no B, agora percebo porque resulta tão mal ao vivo, sendo bastante desproporcional como um todo. Aparentemente limitaram-se a esticar em altura o A. Mesmo assim, de notar positivamente nos dois o excelente apuramento aerodinâmico, com baixos valores de drag para ambas as carroçarias.
Falta o A3, que já tinha referido no tópico respectivo.
Resumindo bastante: Demasiado previsivel e visto, apesar da execução ser referencial, e exceptuando a frente, uma tendência ainda mais evidente para o minimalismo e depuração visual.
O que revela uma frente que cada vez encaixa menos no todo. Algo que a Audi terá de resolver a médio prazo.
Concluindo, apesar da chegada de propostas inéditas ao segmento, infelizmente nenhuma delas soube trazer nada de realmente interessante ou novo no campo do styling.
São todas genericamente apelativas. Acredito que sejam todos produtos competentes
Começo a ver os interiores como principais protagonistas no esforço concentrado de dar uma real identidade a estes carros.
Entre os 3, vemos interiores perfeitamente distintos, que mais facilmente associamos a marca X ou Y.
Expressam muito melhor o que é cada uma das marcas que os seus exteriores.
Apesar de alguma desilusão nestas novas propostas, houve uma que acabou por se distinguir. Mas nem sequer é nenhum destes 3.
Concorre no mesmo segmento, mas não tem aspirações premium, aparentemente.
Não traz nada que seja realmente novo, mas o salto para a geração precedente é realmente interessante, na medida em que trouxe uma camada de sofisticação e execução visual que contrasta positivamente com o aspecto modesto e "utilitário" do antecessor.
E essa criatura é ...
Torna-se mais fácil fazer comparações directas, do que dispersar a coisa por imensos tópicos, dado as muitas novidades presentes.
E este ano, em Genebra destacou-se o carro de produção, ao contrário de outros anos, onde os concepts reinavam.
E com modelos diversos a atacar os mesmos segmentos.
E como tal, começo mesmo pelo ataque ao segmento C efectuado com novas propostas por parte da Mercedes e Volvo.
Espero que tenham paciência para ler
Começando pelo fervilhante segmento C.
Volvo V40 vs Audi A3 vs Mercedes classe A.
Coincidência ou não, acabamos por ter no mesmo salão, 3 propostas concorrentes para o desejado patamar premium no segmento.
E infelizmente nenhuma trouxe nada de novo.
Sim, são apelativos, cada um à sua maneira. Vamos colocar palavras como feio de parte porque não fazem parte do que estes modelos apresentam.
Mas não há surpresas e tendem para o previsivel e pior, genérico.
NO tópico do V40, já tinha referido, que apesar do apelo visual dos últimos Volvo, com uma aposta forte em linhas dinâmicas, pouco têm a ver com a marca. O V40 deverá ser o último dos Volvo que obedece à filosofia instituida por Steve Mattin, claramente influenciado pelos ensinamentos do sr. Bangle.
Não sei até que ponto o Peter Horbury, regressado à Volvo, teve oportunidade de "mexer" no V40, mas dado os concepts Universe e You, é de prever que vejamos a Volvo a regressar a valores mais tradicionais ou apropriados aos valores da marca nos próximos lançamentos.
De qualquer forma, apesar das primeiras imagens não me terem impressionado, segundo designers que o puderam ver ao vivo, entre os 3 visados neste post, foi o que impressionou mais.
Sobretudo pela execução e atenção ao detalhe do interior.
Mas também o exterior é elogiado, pois torna-se mais apelativo em proporção inversa ao classe A, que apesar de mais fotogénico, parece ter desiludido em maior proporção quem o viu ao vivo.
No geral, parecemos ter as proporções certas e um desenho base conseguido.
No entanto, perde-se em alguns pormenores decorativos desnecessários.
O pormenor no ombro na porta traseira à lá DS5, apesar de na Volvo referirem-se ao mesmo como uma homenagem ao P1800. Este apontamento estilistico até já ganhou nome: "cupshoulder". Porque faz recordar a base de um porta-copos e está situado no ombro, acima da linha de cintura.
Ou seja, um floreado desnecessário, demasiado ornamental sem propósito algum, apesar da boa qualidade de execução.
Outro pormenor que considero elaborado demais, é nos cantos à frente. Parece haver linhas entrelaçadas a mais. A linha que define o topo da entrada de ar inferior é intersectada nos seus extremos por um vinco em L que retorna ao centro da frente. Cria variações na superfície, mas ao estar tudo concentrado numa frente já de si com bastantes coisas a acontecer, acaba por se transformar mais em ruido que outra coisa qualquer. E não faz muito sentido. Queriam imagem mais agressiva?
Já temos uma uma destacada grelha que se projecta num plano mais avançado que a restante carroçaria.
Já dá o dinamismo e tridimensionalidade necessário.
E tal como o S60, os amendoados faróis, em posição tão recuada perante a grelha, acabam por não ter grande definição formal, dando a percepção de terem estado no forno tempo demais. Há sempre aquela sensação de que parecem ter "derretido" e escorrido pela carroçaria.
A traseira, em minha opinião, também poderia estar melhor conseguida. Poderá ser contraditório aquilo que vou escrever, mas se por um lado considero esta traseira um conjunto melhor conseguido que a do C30, aparentando melhor percepção de algo estruturado e integrado, por outro, acho que falha na definição de uma série de elementos.
Considero bem conseguida a convexidade da metade inferior da mala, apesar de dispensar os vincos na transição para a lateral. Mas o que perturba mais é o prolongamento visual do óculo traseiro para essa superfície côncava, e como joga nos extremos com os grupos ópticos e "chapa".
Primeiro a barra onde está o lettering "Volvo" parece colada a cuspo, não casando com nada. E a meu ver, não faz sentido terem prolongado visualmente abaixo dessa barra, o óculo traseiro.
O vértice da chapa, que fica ali preso entre grupos ópticos e esses elementos "vitrificados", é visualmente bastante frágl. Acaba por dar a percepção de que todo o óculo traseiro está assente sobre a chapa, não se integrando muito bem no todo.
No geral, está ao nivel da hipotética concorrência. Apelativo, sem dúvida, mas longe de perfeito e a tender um pouco para o genérico.
O que me leva ao classe A da mercedes.
Falando em vulgarização, generalização e ausência de valores da marca, o classe A é um novo paradigma.
Por um lado, até concordo que não havia necessidade de ter 2 MPV's no acesso à gama.
E nem me chateia tanto terem apostado num formato tão tradicional como o tipico 2 volumes hatchback para redefinir o A.
E globalmente, tal como o Volvo, temos um carro com maior parte das coisas no sitio certo, é apelativo, mas ainda de forma bastante mais grave que o Volvo (que ainda consegue ter elementos suficientes para o identificar como tal), isto não tem nada que ver com a Mercedes.
Mas numa apreciação global diria que isto está mais próximo de algo tipico asiático, sobretudo coreano. Uma criatura a tentar parecer europeia. Com um rasgo estilistico, mas bastante convencional no geral.
Experimentem mostrar a alguém imagens deste carro de 3/4 traseira, com o simbolo tapado.
Eu experimentei e a resposta, curiosamente tende para a BMW. Talvez seja a marca da "chicotadela" na lateral a remeter para o série 1, ou os grupos ópticos traseiros algo cubicos (curiosamente parecem uma variante um pouco mais soft dos elementos que vemos no novo Impreza, o que é algo bizarro).
No entanto, de forma algo refrescante, o estilo parece bastante mais "limpo" do que temos visto na Mercedes ultimamente. Não existe extrusões desnecessárias na frente, tudo parece mais soft e fluido.
Só falta mesmo é um pouco de ADN Mercedes na equação. A grelha com a enorme estrela não pode ser o único aspecto que identifique o carro como um Mercedes. E não nos esqueçamos que a estrela integrada na grelha era reservado apenas aos modelos de filosofia mais desportiva na marca e até isso vulgarizaram, pois o encontramos ate no familiar MPV.
Por falar no B, agora percebo porque resulta tão mal ao vivo, sendo bastante desproporcional como um todo. Aparentemente limitaram-se a esticar em altura o A. Mesmo assim, de notar positivamente nos dois o excelente apuramento aerodinâmico, com baixos valores de drag para ambas as carroçarias.
Falta o A3, que já tinha referido no tópico respectivo.
Resumindo bastante: Demasiado previsivel e visto, apesar da execução ser referencial, e exceptuando a frente, uma tendência ainda mais evidente para o minimalismo e depuração visual.
O que revela uma frente que cada vez encaixa menos no todo. Algo que a Audi terá de resolver a médio prazo.
Concluindo, apesar da chegada de propostas inéditas ao segmento, infelizmente nenhuma delas soube trazer nada de realmente interessante ou novo no campo do styling.
São todas genericamente apelativas. Acredito que sejam todos produtos competentes
Começo a ver os interiores como principais protagonistas no esforço concentrado de dar uma real identidade a estes carros.
Entre os 3, vemos interiores perfeitamente distintos, que mais facilmente associamos a marca X ou Y.
Expressam muito melhor o que é cada uma das marcas que os seus exteriores.
Apesar de alguma desilusão nestas novas propostas, houve uma que acabou por se distinguir. Mas nem sequer é nenhum destes 3.
Concorre no mesmo segmento, mas não tem aspirações premium, aparentemente.
Não traz nada que seja realmente novo, mas o salto para a geração precedente é realmente interessante, na medida em que trouxe uma camada de sofisticação e execução visual que contrasta positivamente com o aspecto modesto e "utilitário" do antecessor.
E essa criatura é ...
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