Olá a todos!
Atendendo ao pedido de muitos aqui, venho a colocar um pequeno testamento em relação ao Tempra 16V, modelo que marcou a minha infância e que hei de ter um. Vamos colocar isso em ordem
O carro!
Bem, o Tempra brasileiro é um pouco diferente do europeu. Alguns pormenores estéticos, interior diferente e mais bem-acabado, e muitas diferenças mecânicas. Tinha a suspensão traseira do Alfa 164/Saab 9000, e motores 2.0 apenas.
O Tempra foi lançado aqui em 1991, em uma versão 2.0 8V com carburador. O 16V chegou um Abril de 1993, fazendo sua primeira aparição como Pace-Car do GP do Brasil de F1, tendo como piloto Ayrton Senna.
O 16V, em termos gerais, se situava entre o 2.0 8V e o 2.0 8V Turbo. Tinha versões básica e Ouro até 96, SX e HLX em 97 e 98. Ele introduziu o controle elétrico dos bancos, cabeça do motor com 4 válvulas por cilindro e outras primazias dentre os nacionais.
O 16V é o mesmo do Tempra Sedicivalvole, além de ser a versão aspirada do motor do Lancia Delta EVO II. Tinha declarados 127 cv, mas aí pairava uma dúvida interessante.
Na época de seu lançamento, acima de 127 cv a porcentagem do imposto era maior. Mas era unânime na época, dentro do meio jornalístico, que era desempenho a mais para apenas 127 cv. Chegou-se então a um consenso de que o carro tinha entre 135-140 cv. Eis aí a história dos cavalos escondidos.
O carro foi como os Alfas na Europa: Se bem cuidados, eram um mimo; mas se fosse de dono disleixado, era fonte de problemas.
Ele saiu de linha em 99, após pequenos restylings em 95, 96 e 98.
O carro aqui de casa
Então, em Julho de 98 e dono de um Uno 1.5 i.e. 94, meu pai resolve comprar um pequeno sonho de consumo: um Tempra. Eu, na época com 7 anos, fiquei encarregado de achar o carro em Belo Horizonte, capital do estado aonde moro. Dito e feito. Achei um 16V num stand Fiat chamado Motorbel, atualmente Roma.
O carro era Verde Turmalina, e teve apenas um dono, um rapaz que trabalhava num banco em São Paulo, fora transferido para Belo Horizonte e deu o carro como parte do pagamento do então recém-lançado Marea 2.0 20V. O carro tinha 30.000 km aproximadamente, e tinha 4 vidros elétricos, travas e retrovisores elétricos, bancos de veludo, A/C Digital e automático, faróis de nevoeiro, jantes de liga, Auto-rádio Alpine. Era a versão Ouro, e na época, o carro custou R$ 18.000, algo como 17.700 dólares.
Na viagem de volta pra casa, a sensação inexplicável. Eu nunca tinha viajado num carro daquele naipe, com bancos como sofás, e muito suave em tudo. Como estavamos de férias, foram mais 900 km com a famíla naquele mês. Aí começava a relação de amor e ódio com a máquina.
Algum tempo depois...
Janeiro de 2000. A famelga em Salvador. Até então, o Tempra tinha dado alguns probleminhas pequenos, mas nada demais. Faltando 1 dia para voltar para casa, o carro dá um problema na bomba de óleo da direcção assistida.
Volta adiada, mas o carro sai da oficina ok. Tinhamos que rodar 1000 km num único dia ainda. Saímos de Salvador de manhã cedo, e meu pai pára com a intenção de comprar algo para a família beber. Quando ele liga o carro, um cheiro forte de queimado atinge o habitáculo.
Eu, que fui uma criança tensa e que também gostava do carro, entrei em pânico e começei a chorar. Rodamos 100 km nesse estado até achar um stand, e ainda tivemos a sorte de ganharmos um batalhão de mecânicos que deixaram seus serviços para trás ao ver a situação da família. Meu pai tinha que trabalhar no dia seguinte, então tinhamos que ao menos chegar na cidade aonde minha avó mora, a 200 km de onde moramos.
Resultado: uma bobina queimada. A viagem seguiu, ainda com um pneu furado lá pras 22:30 da noite, há 130 km da casa da vovó...chegamos lá depois das 0:30 do dia seguinte.
Foi um dia que me marcou seriamente
A burrada judicial e a venda.
Era Agosto de 2001. O Tempra ia bem, obrigado. Chega uma intimação da Justiça. O carro iria ser apreendido.
Meus pais haviam acabado de pagar o carro no mês anterior. Mas houve um erro interno no banco, que acusava o não pagamento do carro. Logo, ele foi recolhido. Então, compramos um Palio 1.0, pois não podiamos ficar sem carro.
Depois de uma briga vitoriosa na Justiça, o Tempra voltou no começo de 2003. Mas não era mais o mesmo...arranhado, estragado. Fruto do tempo preso, mas do descuido dos meus pais com o carro e sua manutenção cara. Com o Palio fazendo o papel de um ótimo citadino, ele ficava semanas parado na garagem, sendo que muitas vezes eu o ligava para não dar problemas.
Em julho de 2004, surgiu uma oportunidade, de uma Palio Adventure 2003. Vendemos o Palio e o Tempra, esse último, por R$ 7.500,00; 4.500 abaixo do preço de mercado.
Era o fim de uma era. O carro que me acordava com o seu ronco (meu quarto é acima da garagem). Foi-se embora com 185.000 km. Desde então, nunca mais o ví. Mas ele deixou um aprendizado e uma paixão enorme dentro de mim.
Fotos, depois, apenas.
Espero que gostem!
;)
Atendendo ao pedido de muitos aqui, venho a colocar um pequeno testamento em relação ao Tempra 16V, modelo que marcou a minha infância e que hei de ter um. Vamos colocar isso em ordem
O carro!
Bem, o Tempra brasileiro é um pouco diferente do europeu. Alguns pormenores estéticos, interior diferente e mais bem-acabado, e muitas diferenças mecânicas. Tinha a suspensão traseira do Alfa 164/Saab 9000, e motores 2.0 apenas.
O Tempra foi lançado aqui em 1991, em uma versão 2.0 8V com carburador. O 16V chegou um Abril de 1993, fazendo sua primeira aparição como Pace-Car do GP do Brasil de F1, tendo como piloto Ayrton Senna.
O 16V, em termos gerais, se situava entre o 2.0 8V e o 2.0 8V Turbo. Tinha versões básica e Ouro até 96, SX e HLX em 97 e 98. Ele introduziu o controle elétrico dos bancos, cabeça do motor com 4 válvulas por cilindro e outras primazias dentre os nacionais.
O 16V é o mesmo do Tempra Sedicivalvole, além de ser a versão aspirada do motor do Lancia Delta EVO II. Tinha declarados 127 cv, mas aí pairava uma dúvida interessante.
Na época de seu lançamento, acima de 127 cv a porcentagem do imposto era maior. Mas era unânime na época, dentro do meio jornalístico, que era desempenho a mais para apenas 127 cv. Chegou-se então a um consenso de que o carro tinha entre 135-140 cv. Eis aí a história dos cavalos escondidos.
O carro foi como os Alfas na Europa: Se bem cuidados, eram um mimo; mas se fosse de dono disleixado, era fonte de problemas.
Ele saiu de linha em 99, após pequenos restylings em 95, 96 e 98.
O carro aqui de casa
Então, em Julho de 98 e dono de um Uno 1.5 i.e. 94, meu pai resolve comprar um pequeno sonho de consumo: um Tempra. Eu, na época com 7 anos, fiquei encarregado de achar o carro em Belo Horizonte, capital do estado aonde moro. Dito e feito. Achei um 16V num stand Fiat chamado Motorbel, atualmente Roma.
O carro era Verde Turmalina, e teve apenas um dono, um rapaz que trabalhava num banco em São Paulo, fora transferido para Belo Horizonte e deu o carro como parte do pagamento do então recém-lançado Marea 2.0 20V. O carro tinha 30.000 km aproximadamente, e tinha 4 vidros elétricos, travas e retrovisores elétricos, bancos de veludo, A/C Digital e automático, faróis de nevoeiro, jantes de liga, Auto-rádio Alpine. Era a versão Ouro, e na época, o carro custou R$ 18.000, algo como 17.700 dólares.
Na viagem de volta pra casa, a sensação inexplicável. Eu nunca tinha viajado num carro daquele naipe, com bancos como sofás, e muito suave em tudo. Como estavamos de férias, foram mais 900 km com a famíla naquele mês. Aí começava a relação de amor e ódio com a máquina.
Algum tempo depois...
Janeiro de 2000. A famelga em Salvador. Até então, o Tempra tinha dado alguns probleminhas pequenos, mas nada demais. Faltando 1 dia para voltar para casa, o carro dá um problema na bomba de óleo da direcção assistida.
Volta adiada, mas o carro sai da oficina ok. Tinhamos que rodar 1000 km num único dia ainda. Saímos de Salvador de manhã cedo, e meu pai pára com a intenção de comprar algo para a família beber. Quando ele liga o carro, um cheiro forte de queimado atinge o habitáculo.
Eu, que fui uma criança tensa e que também gostava do carro, entrei em pânico e começei a chorar. Rodamos 100 km nesse estado até achar um stand, e ainda tivemos a sorte de ganharmos um batalhão de mecânicos que deixaram seus serviços para trás ao ver a situação da família. Meu pai tinha que trabalhar no dia seguinte, então tinhamos que ao menos chegar na cidade aonde minha avó mora, a 200 km de onde moramos.
Resultado: uma bobina queimada. A viagem seguiu, ainda com um pneu furado lá pras 22:30 da noite, há 130 km da casa da vovó...chegamos lá depois das 0:30 do dia seguinte.
Foi um dia que me marcou seriamente
A burrada judicial e a venda.
Era Agosto de 2001. O Tempra ia bem, obrigado. Chega uma intimação da Justiça. O carro iria ser apreendido.
Meus pais haviam acabado de pagar o carro no mês anterior. Mas houve um erro interno no banco, que acusava o não pagamento do carro. Logo, ele foi recolhido. Então, compramos um Palio 1.0, pois não podiamos ficar sem carro.
Depois de uma briga vitoriosa na Justiça, o Tempra voltou no começo de 2003. Mas não era mais o mesmo...arranhado, estragado. Fruto do tempo preso, mas do descuido dos meus pais com o carro e sua manutenção cara. Com o Palio fazendo o papel de um ótimo citadino, ele ficava semanas parado na garagem, sendo que muitas vezes eu o ligava para não dar problemas.
Em julho de 2004, surgiu uma oportunidade, de uma Palio Adventure 2003. Vendemos o Palio e o Tempra, esse último, por R$ 7.500,00; 4.500 abaixo do preço de mercado.
Era o fim de uma era. O carro que me acordava com o seu ronco (meu quarto é acima da garagem). Foi-se embora com 185.000 km. Desde então, nunca mais o ví. Mas ele deixou um aprendizado e uma paixão enorme dentro de mim.
Fotos, depois, apenas.
Espero que gostem!
;)
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