[com dois nês, claro...]
Não sei se a vida é mesmo assim, cheia de surpresas de variegada dimensão, ou se o surreal pode ser considerado uma das formas aceitáveis de materializar a realidade.
Folheava eu, com a descontração própria de quem vai comprar umas latas de atum ou um alicate 17-em-1 numa qualquer loja da teutónica cadeia de supermercados LIDL, quando me deparo com mais uma iniciativa das autoridades na prevenção rodoviária.
Trata-se de uma forma de educar os infantes, preparando-os para melhor serem autuados, num futuro próximo, quando estiverem ao volantes dos seus bólides ultra-vitaminados, infectados de chipalhame.
Nada mais nada menos do que uma Operação Stop de brincar.
Atentemos nos requintes de malvadez; a referida operação stop é composta por um carro da polícia, essencial em qualquer boa operação stop, mas - para espanto da criançada - consubstanciada num Porsche imaculadamente identificado.
É a primeira mensagem para os petizes: "Quando vocês forem grandes, já os vossos pais e avós contribuiram, através do pagamento de coimas em barda, para o melhoramento do parque automóvel da BT. Toda a resistência será inútil, mesmo que fujam nas curvas, o Porsche papa-vos nas rectas."
O mesmo brinquedo é ainda composto por um carro tunning. Ora, do exemplo apenso a mensagem é ainda mais penosa: "Vais ter direito a guiar um carro de cor esquisita, tranformado pela Matias. Mai nada."
Diz ainda o corpo do anúncio que a brincadeira ainda traz - e cito - "acessórios para uma operação stop". Ora, não fazia sentido de outra forma. Um Porsche não chega, como é claro. É necessário também uma raqueta sinalizadora, um radar de velocidade, dois pinos e um Sr. Agente para mandar encostar os infractores.
A mensagem aqui é - mais uma vez - absolutamente clara: "Mesmo que alegues outras causas, e por mais que insistas, vais ser multado sempre por excesso de velocidade". Não consta que no dito kit de Operação Stop existam alcoolímetros, balanças, kits de despiste de droga ou outras ferramentas de trabalho das autoridades. Só radar.
O pior fica para o fim. Diz o anúncio: "A realidade em ponto pequeno".
Fiquei a pensar. Então não é que é mesmo? Os nossos putos é bom que se vão habituando desde tenra idade. É que esta é mesmo a realidade, num pequeno mas realista, ponto de vista.
Como diz o ditado, é de pequenino que se torce o pepino.
Ou não.
OpStop.jpg
Não sei se a vida é mesmo assim, cheia de surpresas de variegada dimensão, ou se o surreal pode ser considerado uma das formas aceitáveis de materializar a realidade.
Folheava eu, com a descontração própria de quem vai comprar umas latas de atum ou um alicate 17-em-1 numa qualquer loja da teutónica cadeia de supermercados LIDL, quando me deparo com mais uma iniciativa das autoridades na prevenção rodoviária.
Trata-se de uma forma de educar os infantes, preparando-os para melhor serem autuados, num futuro próximo, quando estiverem ao volantes dos seus bólides ultra-vitaminados, infectados de chipalhame.
Nada mais nada menos do que uma Operação Stop de brincar.
Atentemos nos requintes de malvadez; a referida operação stop é composta por um carro da polícia, essencial em qualquer boa operação stop, mas - para espanto da criançada - consubstanciada num Porsche imaculadamente identificado.
É a primeira mensagem para os petizes: "Quando vocês forem grandes, já os vossos pais e avós contribuiram, através do pagamento de coimas em barda, para o melhoramento do parque automóvel da BT. Toda a resistência será inútil, mesmo que fujam nas curvas, o Porsche papa-vos nas rectas."
O mesmo brinquedo é ainda composto por um carro tunning. Ora, do exemplo apenso a mensagem é ainda mais penosa: "Vais ter direito a guiar um carro de cor esquisita, tranformado pela Matias. Mai nada."
Diz ainda o corpo do anúncio que a brincadeira ainda traz - e cito - "acessórios para uma operação stop". Ora, não fazia sentido de outra forma. Um Porsche não chega, como é claro. É necessário também uma raqueta sinalizadora, um radar de velocidade, dois pinos e um Sr. Agente para mandar encostar os infractores.
A mensagem aqui é - mais uma vez - absolutamente clara: "Mesmo que alegues outras causas, e por mais que insistas, vais ser multado sempre por excesso de velocidade". Não consta que no dito kit de Operação Stop existam alcoolímetros, balanças, kits de despiste de droga ou outras ferramentas de trabalho das autoridades. Só radar.
O pior fica para o fim. Diz o anúncio: "A realidade em ponto pequeno".
Fiquei a pensar. Então não é que é mesmo? Os nossos putos é bom que se vão habituando desde tenra idade. É que esta é mesmo a realidade, num pequeno mas realista, ponto de vista.
Como diz o ditado, é de pequenino que se torce o pepino.
Ou não.
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