Londres
Estudo reforça perigosa relação entre o diesel e os doentes com asma
06.12.2007 - 16h44 Andrea Cunha Freitas
O cenário é uma movimentada rua de Londres: a Oxford Street. O projecto é apurar os efeitos do fumo dos carros a diesel nos doentes com asma recorrendo a um grupo de 60 pessoas. A conclusão do estudo é publicada hoje no "New England Journal of Medicine": As observações realizadas permitem comprovar as evidências epidemiológicas que associam a exposição a determinada intensidade do tráfego à função pulmonar nos casos de asma.
A perigosa relação entre a poluição atmosférica provocada pelo trânsito automóvel e a saúde das pessoas não é novidade. Nem sequer o facto desta aliança se tornar mais grave ainda quando o indivíduo já sofre de uma doença respiratória. As partículas provenientes da combustão dos motores a diesel são também conhecidas como inimigos do sistema respiratório.
No entanto, desta vez, os investigadores do Imperial College London e da "New Jersey Scool of Public Health", entre outras instituições internacionais, quiseram focar-se num cenário real (pela primeira vez, a pesquisa aconteceu fora dos laboratórios) e nos efeitos da exposição num curto espaço de tempo. Para isso, foram recrutados 60 adultos com asma.
Cada participante foi orientado para uma caminhada de duas horas na concorrida rua de Londres e, noutra ocasião, levado a passear num parque próximo (Hyde Park). Os dois percursos foram monitorizados em tempo real, quer no que se refere à exposição que aos efeitos no organismo da pessoa.
A equipa conclui que durante e após as caminhadas na Oxford Street os participantes registaram um agravamento dos sintomas da asma e uma redução da capacidade pulmonar. Nos passeios no parque os danos foram consideravelmente menores.
Os cientistas defendem que o principal problema está nas mais finas partículas libertadas no ar que chegam facilmente até aos pulmões. Os motores a diesel emitem concentrações de monóxido de carbono inferiores às libertadas pelos motores a gasolina mas conseguem produzir cem vezes mais partículas percorrendo a mesma distância. Estudos anteriores terão mostrado que nos ambientes urbanos quase 90 por cento do trânsito que produz partículas é originário dos motores a diesel.
“O nosso estudo reforça a necessidade de reduzir a poluição para proteger a saúde das pessoas. Pela primeira vez fomos capazes de medir exactamente o que acontece nos pulmões das pessoas com asma quando passam um par de horas passeando numa zona poluída.
Observando os efeitos das poluentes partículas do diesel, podemos confirmar que uma exposição como esta provoca inflamação nos pulmões dos asmáticos”, defende Fan Chung, um dos autores do estudo e docente no Imperial College London.
Os investigadores encontraram na Oxford Street uma presença de partículas ultrafinas três vezes superior ao que foi registado no Hyde Park. Depois do estudo dos efeitos de uma curta exposição, a equipa promete agora debruçar-se sobre os danos de um convívio prolongado com este tipo de poluição. Por outro lado, além da asma serão “investigados” também os danos nas pessoas que sofrem de doenças cardiovasculares.
Um trabalho recente desenvolvido pelo Departamento de Ciências de Engenharia do Ambiente da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Lisboa revelou que as doenças do aparelho respiratório são responsáveis por mais de um terço dos casos que chegam à urgência pediátrica do Hospital D. Estefânia. As patologias mais frequentes - e que afectam sobretudo crianças entre um e quatro anos - são as infecções agudas das vias aéreas superiores e inferiores, a asma e a pneumonia.
Estudo reforça perigosa relação entre o diesel e os doentes com asma
06.12.2007 - 16h44 Andrea Cunha Freitas
O cenário é uma movimentada rua de Londres: a Oxford Street. O projecto é apurar os efeitos do fumo dos carros a diesel nos doentes com asma recorrendo a um grupo de 60 pessoas. A conclusão do estudo é publicada hoje no "New England Journal of Medicine": As observações realizadas permitem comprovar as evidências epidemiológicas que associam a exposição a determinada intensidade do tráfego à função pulmonar nos casos de asma.
A perigosa relação entre a poluição atmosférica provocada pelo trânsito automóvel e a saúde das pessoas não é novidade. Nem sequer o facto desta aliança se tornar mais grave ainda quando o indivíduo já sofre de uma doença respiratória. As partículas provenientes da combustão dos motores a diesel são também conhecidas como inimigos do sistema respiratório.
No entanto, desta vez, os investigadores do Imperial College London e da "New Jersey Scool of Public Health", entre outras instituições internacionais, quiseram focar-se num cenário real (pela primeira vez, a pesquisa aconteceu fora dos laboratórios) e nos efeitos da exposição num curto espaço de tempo. Para isso, foram recrutados 60 adultos com asma.
Cada participante foi orientado para uma caminhada de duas horas na concorrida rua de Londres e, noutra ocasião, levado a passear num parque próximo (Hyde Park). Os dois percursos foram monitorizados em tempo real, quer no que se refere à exposição que aos efeitos no organismo da pessoa.
A equipa conclui que durante e após as caminhadas na Oxford Street os participantes registaram um agravamento dos sintomas da asma e uma redução da capacidade pulmonar. Nos passeios no parque os danos foram consideravelmente menores.
Os cientistas defendem que o principal problema está nas mais finas partículas libertadas no ar que chegam facilmente até aos pulmões. Os motores a diesel emitem concentrações de monóxido de carbono inferiores às libertadas pelos motores a gasolina mas conseguem produzir cem vezes mais partículas percorrendo a mesma distância. Estudos anteriores terão mostrado que nos ambientes urbanos quase 90 por cento do trânsito que produz partículas é originário dos motores a diesel.
“O nosso estudo reforça a necessidade de reduzir a poluição para proteger a saúde das pessoas. Pela primeira vez fomos capazes de medir exactamente o que acontece nos pulmões das pessoas com asma quando passam um par de horas passeando numa zona poluída.
Observando os efeitos das poluentes partículas do diesel, podemos confirmar que uma exposição como esta provoca inflamação nos pulmões dos asmáticos”, defende Fan Chung, um dos autores do estudo e docente no Imperial College London.
Os investigadores encontraram na Oxford Street uma presença de partículas ultrafinas três vezes superior ao que foi registado no Hyde Park. Depois do estudo dos efeitos de uma curta exposição, a equipa promete agora debruçar-se sobre os danos de um convívio prolongado com este tipo de poluição. Por outro lado, além da asma serão “investigados” também os danos nas pessoas que sofrem de doenças cardiovasculares.
Um trabalho recente desenvolvido pelo Departamento de Ciências de Engenharia do Ambiente da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Lisboa revelou que as doenças do aparelho respiratório são responsáveis por mais de um terço dos casos que chegam à urgência pediátrica do Hospital D. Estefânia. As patologias mais frequentes - e que afectam sobretudo crianças entre um e quatro anos - são as infecções agudas das vias aéreas superiores e inferiores, a asma e a pneumonia.
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