Na passada sexta-feira tive o mais espectacular dia da minha vida dedicado aos automóveis e um dos melhores em absoluto. Fiz uma visita à fábrica da Porsche em Leipzig, com um extenso programa:
10.30 – Visita à fábrica (linha produção Cayenne e Panamera) e ao centro de atenção ao cliente
12.30 – Pilotar um 997 4S em pista
13.30 – Andar de lado em pista no Cayenne Turbo conduzido por um piloto
13.45 – Almoço
15.00 - Pilotar um Cayenne em todo o terreno
16.00 - Andar em pista num GT3 CUP conduzido por um piloto profissional.
A visita foi feita integrada num grupo de entusiastas de automóveis todos portugueses e incluiu também um programa cultural de visita a Leipzig e Dresden, ambas na ex-Alemanha de Leste. Posso-vos dizer que aquela região tem um encanto muito especial e uma monumentalidade fantástica. Mas como isto é um fórum de automóveis vou-me focar no dia dedicado à Porsche.
À chegada às instalações fomos recebidos por uma simpatiquíssima Relações Públicas que começou por nos fazer uma apresentação das instalações. O edifício principal é onde funciona o customer care, restaurante panorâmico, museu, etc., há a fábrica propriamente dita, há uma pista com várias possibilidade e dois percursos principais, uma pista todo o terreno e ainda bastante espaço de espansão.
Depois iniciou-se a 1º parte do programa com a visita à fábrica. A qualidade e rigor impressionam muito na linha de montagem, que é comum aos dois modelos Cayenne e Panamera. É rigorosamente proibido fotografar, pelo que as pessoas são aconselhadas a deixar máquinas e telemóveis antes de iniciar a visita. A fábrica não faz os motores nem a assemblagem da carroçaria que recebe de Estugarda, mas faz o casamento de ambos, montagem de vidros, tablier, etc. e todo o controlo de qualidade. É como visitar a fábrica do pai natal, uma autêntica fábrica de brinquedos de gente crescida. Foi aqui que foram produzidas as 1.270 unidades do CGT.
Depois de um cafezinho, passámos então à 2ª actividade que é como quem diz à pista. O 1º passo é conhecer o piloto de testes e instructor que nos acompanhará o resto do dia e ouvir o seu briefing sobre a actividade seguinte. Este felizardo que tem provavelmente aquela que é a melhor profissão do mundo, passa os dias a conduzir porsches nas mais diversas situações. A forma de ele estar presente e nos ir dando feedback é através de um intercomunicador que cada um de nós tem no carro, pelo que todos ouvimos as correções de todos, o que vai ajudar a esta rápida adaptação e aprendizagem.
Do grupo, 9 de nós ia-mos estar em pista, tendo 8 previamente escolhido 911 997s para conduzir e 1 escolhido o Cayman. Nem sequer sabíamos exactamente que modelo dos 911 e cayman era. Quando saímos para os carros a boa surpresa é que era tudo S. Ou seja 1 cayman S dos novos de 320 cv e 8 911s de 385 cv , alguns coupé, outros targa e outros cabrio e todos com excepção de um dos 911 com caixa PDK.
A mim calhou-me um C4S Cabrio PDK com jante 19, pneus 305 atrás e travões de cerâmica.
As regras eram que podíamos ir no modo sport que torna as ajudas mais permissivas e a resposta do carro mais incisiva mas não podíamos desligar as ajudas. E a ideia era disfrutar ao máximo sem discurar a segurança, por isso ultrapassar não era permitido. O ritmo teria que ver com a avaliação deles dos nossos skills.
Antes de começarmos a fazer voltas à pista começamos com um exercício de travagem de emergência e slalon, para nos habituarmos ao carro. Primeiro uma travagem a fundo a 80 km/h com uns pinos pouco depois (alguns ainda os derrubaram) que implicava à medida que o exercício ia avançando travar a fundo e desviarmo-nos simultaneamente, depois a velocidade foi sendo incrementada. Estes exercícios foram preciosos para começar a sentir o “animal” e as suas gigantescas potencialidades.
A seguir as voltas à pista, sempre atrás do instructor, em fila com algum espaço de segurança pelo meio, sendo que o ritmo tinha a ver com o comportamento do grupo. Cada vez que passávamos pela recta da meta o carro que seguia imediatamente atrás do instructor deixava-se ultrapassar por todos de forma a todos poderem ir directamente atrás do instructor pelo menos uma vez.
Fizemos a versão mais curta da pista que tem uma zona de sobe e desce impressionante em termos de inclinação e o ritmo foi muito bom, sendo precioso ir ouvindo as instruções via rádio e ir vendo as trajectórias dos outros e experimentando pequenas alterações a cada volta.
Eu apesar de me considerar um condutor razoável era dos menos experientes do grupo. Alguns dos outros tinham inclusivamente experiência de competição, quase todos tinham mais do que um porsche e outros carros desportivos. Mas empenhei-me ao máximo e consegui não destoar do ritmo bastante forte do nosso grupo. O carro é um assombro, com um motor fortíssimo a todos os regimes, um grip que nos permite coisas impensáveis e um comportamento e feedback absolutamente divinais. Fazer curvas com pequenas derivas e fazer o carro rodar a traseira sempre com enorme controlo é fácil. A cx é rapidíssima embora de facto a colocação dos manípulos no volante não seja a mais intuitiva. Tudo muito progressivo e controlável. Mas quando acabamos as cerca de 15 voltas mais a de arrefecimento tinha a t-shirt completamente encharcada nas costas.
A seguir o Cayenne Turbo. 3 pessoas mais o piloto de cada vez e vemos como é que se conduz um monstro de 2,3 toneladas e 500 cv depressíssima e muitas vezes completamente de lado e a deixar uma nuvem de fumo de pneu atrás. Impressionante o ritmo e as mãos do tipo, bem como a qualidade da Dinâmica deste porsche mais gordo e alto. 500 cv é muita fruta, para dar uma ordem de grandeza o Cayenne turbo é mais rápido dos 0-100 que um M3 E46. Ia-mos sempre com as ajudas desligadas e os pneus em cada paragem até queimavam. É um belo exercício, nomeadamente para os SUVocepticos.
Depois de um magnifico almoço com vista para a pista fomos à pista TT com os Cayennes. Para este exercício era-mos 10 condutores e 2 instrutores, ou seja um total de 12 SUVs, quase todos a versão base (V6 3.6 de 290 cv) mas com pneus TT e suspensão pneumática.
As regras eram irmos sempre em reductoras e nalgumas situações metermos a suspensão pneumática no máximo de altura. Os obstáculos eram desde uma subida a 60º, até atravessar uma vala de água, passando por situações em que apenas 2 rodas tocavam no chão, inclinações laterais extremas, etc. Muito bom, fiz tudo com alguma tranquilidade, na verdade já tive algumas experiências TT deste género. Mas os carros passavam o teste com distinção, tudo parece fácil com a tecnologia disponível. Este era um bom exercício para os que acham que os SUV s só servem para subir passeios.
Por fim a cereja no topo do bolo – 3 voltas num GT3 cup pela variante maior do circuito. O GT3 cup é mais potente que o GT3 RS, tem menos 200 kg e cx sequencial e slicks. Ou seja um carro de competição puro e duro, um serial killer de km. Para terem uma ideia ao fim de cada uma das 3 voltas, com cada um de nós, era medida a pressão dos pneus e feitos acertos. As pressões são diferentes de cada lado por causa de haver mais curvas para a direita.
A experiência é alucinante, o ritmo a que tudo se passa é insano, o ronco, os ruídos da transmissão, as reduções é tudo aquilo que supunha e ainda mais. Andar na montanha russa ao pé disto é amendoins. Posso-vos confidenciar que até chorei num misto de adrenalina, emoção e alegria. Para mim foi o culminar de longos anos de paixão pelos automóveis num momento inesquecível e dos melhores de toda a minha vida.
É importante referir que o grupo com que fui era espetacular feito de verdadeiros apreciadores de automóveis, que pareciam putos numa fábrica de chocolates, apesar de parte deles já terem mais de 10 anos mai que eu e que a minha querida mulher foi comigo e andou em tudo, até no GT3 e adorou.
Para acabar o dia uma visita à loja e ao pequeno museu com magníficos exemplares, nomeadamente de competição.
Obrigado aos que leram até ao fim esta pequena partilha, estou à vossa disposição para esclarecer dúvidas ou esmiuçar um ou outro pormenor que vos interesse.
10.30 – Visita à fábrica (linha produção Cayenne e Panamera) e ao centro de atenção ao cliente
12.30 – Pilotar um 997 4S em pista
13.30 – Andar de lado em pista no Cayenne Turbo conduzido por um piloto
13.45 – Almoço
15.00 - Pilotar um Cayenne em todo o terreno
16.00 - Andar em pista num GT3 CUP conduzido por um piloto profissional.
A visita foi feita integrada num grupo de entusiastas de automóveis todos portugueses e incluiu também um programa cultural de visita a Leipzig e Dresden, ambas na ex-Alemanha de Leste. Posso-vos dizer que aquela região tem um encanto muito especial e uma monumentalidade fantástica. Mas como isto é um fórum de automóveis vou-me focar no dia dedicado à Porsche.
À chegada às instalações fomos recebidos por uma simpatiquíssima Relações Públicas que começou por nos fazer uma apresentação das instalações. O edifício principal é onde funciona o customer care, restaurante panorâmico, museu, etc., há a fábrica propriamente dita, há uma pista com várias possibilidade e dois percursos principais, uma pista todo o terreno e ainda bastante espaço de espansão.
Depois iniciou-se a 1º parte do programa com a visita à fábrica. A qualidade e rigor impressionam muito na linha de montagem, que é comum aos dois modelos Cayenne e Panamera. É rigorosamente proibido fotografar, pelo que as pessoas são aconselhadas a deixar máquinas e telemóveis antes de iniciar a visita. A fábrica não faz os motores nem a assemblagem da carroçaria que recebe de Estugarda, mas faz o casamento de ambos, montagem de vidros, tablier, etc. e todo o controlo de qualidade. É como visitar a fábrica do pai natal, uma autêntica fábrica de brinquedos de gente crescida. Foi aqui que foram produzidas as 1.270 unidades do CGT.
Depois de um cafezinho, passámos então à 2ª actividade que é como quem diz à pista. O 1º passo é conhecer o piloto de testes e instructor que nos acompanhará o resto do dia e ouvir o seu briefing sobre a actividade seguinte. Este felizardo que tem provavelmente aquela que é a melhor profissão do mundo, passa os dias a conduzir porsches nas mais diversas situações. A forma de ele estar presente e nos ir dando feedback é através de um intercomunicador que cada um de nós tem no carro, pelo que todos ouvimos as correções de todos, o que vai ajudar a esta rápida adaptação e aprendizagem.
Do grupo, 9 de nós ia-mos estar em pista, tendo 8 previamente escolhido 911 997s para conduzir e 1 escolhido o Cayman. Nem sequer sabíamos exactamente que modelo dos 911 e cayman era. Quando saímos para os carros a boa surpresa é que era tudo S. Ou seja 1 cayman S dos novos de 320 cv e 8 911s de 385 cv , alguns coupé, outros targa e outros cabrio e todos com excepção de um dos 911 com caixa PDK.
A mim calhou-me um C4S Cabrio PDK com jante 19, pneus 305 atrás e travões de cerâmica.
As regras eram que podíamos ir no modo sport que torna as ajudas mais permissivas e a resposta do carro mais incisiva mas não podíamos desligar as ajudas. E a ideia era disfrutar ao máximo sem discurar a segurança, por isso ultrapassar não era permitido. O ritmo teria que ver com a avaliação deles dos nossos skills.
Antes de começarmos a fazer voltas à pista começamos com um exercício de travagem de emergência e slalon, para nos habituarmos ao carro. Primeiro uma travagem a fundo a 80 km/h com uns pinos pouco depois (alguns ainda os derrubaram) que implicava à medida que o exercício ia avançando travar a fundo e desviarmo-nos simultaneamente, depois a velocidade foi sendo incrementada. Estes exercícios foram preciosos para começar a sentir o “animal” e as suas gigantescas potencialidades.
A seguir as voltas à pista, sempre atrás do instructor, em fila com algum espaço de segurança pelo meio, sendo que o ritmo tinha a ver com o comportamento do grupo. Cada vez que passávamos pela recta da meta o carro que seguia imediatamente atrás do instructor deixava-se ultrapassar por todos de forma a todos poderem ir directamente atrás do instructor pelo menos uma vez.
Fizemos a versão mais curta da pista que tem uma zona de sobe e desce impressionante em termos de inclinação e o ritmo foi muito bom, sendo precioso ir ouvindo as instruções via rádio e ir vendo as trajectórias dos outros e experimentando pequenas alterações a cada volta.
Eu apesar de me considerar um condutor razoável era dos menos experientes do grupo. Alguns dos outros tinham inclusivamente experiência de competição, quase todos tinham mais do que um porsche e outros carros desportivos. Mas empenhei-me ao máximo e consegui não destoar do ritmo bastante forte do nosso grupo. O carro é um assombro, com um motor fortíssimo a todos os regimes, um grip que nos permite coisas impensáveis e um comportamento e feedback absolutamente divinais. Fazer curvas com pequenas derivas e fazer o carro rodar a traseira sempre com enorme controlo é fácil. A cx é rapidíssima embora de facto a colocação dos manípulos no volante não seja a mais intuitiva. Tudo muito progressivo e controlável. Mas quando acabamos as cerca de 15 voltas mais a de arrefecimento tinha a t-shirt completamente encharcada nas costas.
A seguir o Cayenne Turbo. 3 pessoas mais o piloto de cada vez e vemos como é que se conduz um monstro de 2,3 toneladas e 500 cv depressíssima e muitas vezes completamente de lado e a deixar uma nuvem de fumo de pneu atrás. Impressionante o ritmo e as mãos do tipo, bem como a qualidade da Dinâmica deste porsche mais gordo e alto. 500 cv é muita fruta, para dar uma ordem de grandeza o Cayenne turbo é mais rápido dos 0-100 que um M3 E46. Ia-mos sempre com as ajudas desligadas e os pneus em cada paragem até queimavam. É um belo exercício, nomeadamente para os SUVocepticos.
Depois de um magnifico almoço com vista para a pista fomos à pista TT com os Cayennes. Para este exercício era-mos 10 condutores e 2 instrutores, ou seja um total de 12 SUVs, quase todos a versão base (V6 3.6 de 290 cv) mas com pneus TT e suspensão pneumática.
As regras eram irmos sempre em reductoras e nalgumas situações metermos a suspensão pneumática no máximo de altura. Os obstáculos eram desde uma subida a 60º, até atravessar uma vala de água, passando por situações em que apenas 2 rodas tocavam no chão, inclinações laterais extremas, etc. Muito bom, fiz tudo com alguma tranquilidade, na verdade já tive algumas experiências TT deste género. Mas os carros passavam o teste com distinção, tudo parece fácil com a tecnologia disponível. Este era um bom exercício para os que acham que os SUV s só servem para subir passeios.
Por fim a cereja no topo do bolo – 3 voltas num GT3 cup pela variante maior do circuito. O GT3 cup é mais potente que o GT3 RS, tem menos 200 kg e cx sequencial e slicks. Ou seja um carro de competição puro e duro, um serial killer de km. Para terem uma ideia ao fim de cada uma das 3 voltas, com cada um de nós, era medida a pressão dos pneus e feitos acertos. As pressões são diferentes de cada lado por causa de haver mais curvas para a direita.
A experiência é alucinante, o ritmo a que tudo se passa é insano, o ronco, os ruídos da transmissão, as reduções é tudo aquilo que supunha e ainda mais. Andar na montanha russa ao pé disto é amendoins. Posso-vos confidenciar que até chorei num misto de adrenalina, emoção e alegria. Para mim foi o culminar de longos anos de paixão pelos automóveis num momento inesquecível e dos melhores de toda a minha vida.
É importante referir que o grupo com que fui era espetacular feito de verdadeiros apreciadores de automóveis, que pareciam putos numa fábrica de chocolates, apesar de parte deles já terem mais de 10 anos mai que eu e que a minha querida mulher foi comigo e andou em tudo, até no GT3 e adorou.
Para acabar o dia uma visita à loja e ao pequeno museu com magníficos exemplares, nomeadamente de competição.
Obrigado aos que leram até ao fim esta pequena partilha, estou à vossa disposição para esclarecer dúvidas ou esmiuçar um ou outro pormenor que vos interesse.
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