Boas. Como já há uns tempos que ando afastado do fórum, aproveito os 700 km de Xsara Picasso (dos quais metade foram feitos por mim) para fazer uma review destes carros, dado que não falo de uma única unidade.
Ontem para essa viagem em questão, foi escolhido o Xsara Picasso por diversos motivos, tendo um deles sido o facto de irem 5 adultos e as alternativas mais recentes e muito menos usadas (C4 e Focus SW) serem menos espaçosos para este tipo de trajecto. Não foi o factor determinante, mas ajudou a convencer toda a gente a ir no carro mais usado.
Passando directamente para a Xsara, nota-se que é um Citroen do que eu chamo "era pré C4", ou seja, muito frágil de interiores.
Este carro conta com 185.xxx. km (1.6 HDI) e o meu colega não anda sempre de paninho na mão a limpar os plásticos, mas eis alguns defeitos muito evidentes:
- Bancos da frente (em particular o do condutor) extremamente deformado. O meu colega é uma pessoa de peso normal, e aquilo é mesmo falta de qualidade*;
- No banco do pendura, o apoio de braço está partido, mas convenhamos que aquela fixação tem todo o ar de remendo da Citroen e não de uma coisa pensada com pés e cabeça;
- O display central tem não só uma grande variação de luminosidade ao longo das diversas informações que apresenta, como numa das partes há letras que já não aparecem;
- Já no caso do display do ar condicionado automático, o caso é mais grave, pois não se vê nada (nem de dia nem de noite), excepto se apontarmos uma lanterna led para lá, onde se consegue perceber que os números estão lá; mas repito que é preciso uma lanterna, mesmo de dia (a solução da Citroen é substituir o display, que custa 300 euros)*;
- O autorádio tem um CD encravado há bastante tempo*;
- A função auto das luzes já não funciona (novamente), e este carro teve de levar todo o bloco de interruptores de luz e limpa-vidros há uns anos (porque é um bloco único), algo que custou 4xx euros;
- Depois temos os puxadores das portas completamente descascados e volante para lá de gasto, mas vamos assumir isso como aceitável para um carro com 185.000 km.
Explicando agora os asteriscos, outro colega meu teve uma Picasso igual (mas a gasolina) e teve todos os problemas que eu marquei. Só que como ele tem alguma habilidade, percebeu que no caso do display era uma soldadura (logo resolveu sem gastar os 300 euros do display) e no caso do rádio também conseguiu tirar o cd e voltar a ter o rádio a funcionar normalmente. Quanto ao banco deformado (que também tinha), é mesmo falta de qualidade e pouco há a fazer.
Passando para a parte mecânica, os mais de 300 km que fiz a conduzir, demonstraram que ainda desenvolve bastante bem e não parece que vá acabar amanhã.
É uma verdade que aos 80.000 km levou um turbo novo em garantia (saliento aqui que o meu colega não fazia ideia dos tempos de aquecimento/arrefecimento do turbo, e andava imenso em AE), uma embraiagem pouco depois dos 100.000 km (fatal como o destino nestes Citroen), e anda há diversos km com um problema que descreveram ao meu colega como sendo uma fuga no turbo, mas que evidentemente estará mal explicada.
Existe uma fuga algures que inclusivamente deixa o compartimento do motor cheio de fuligem, mas o turbo em si não pode ser, ou então já teria partido.
De resto, a viagem foi bastante agradável, e eu tive a oportunidade de verificar (a conduzir) que ainda atinge velocidades média e máximas em AE interessantes (na realidade, ontem deu diversas vezes velocidades que o seu condutor habitual nunca deu em 185.000 km), e a suspensão (original) ainda tem um comportamento muito interessante, mesmo em alguns abusos a curvar, com todo o peso que o carro levava.
Claro que quando agarrei no C4 parecia que ia a conduzir um carro com suspensão desportiva, pela maior rapidez de resposta a curvar dos pneus em jante 17 e suspensão (muito) mais dura.
No entanto e um pouco como resumo de tudo isto, sendo esta a 3ª Xsara Picasso existente na empresa, tornam-se evidentes algumas coisas:
- Este não é um carro robusto. Quem pensar em comprar um carro para ter 10 anos ou mais, isto é uma má escolha. É certo que estes carros têm "muitos" km, mas falamos em carros com 5 anos. Há coisas no interior que são mesmo falta de qualidade, e por isso, incontornáveis.
- As embraiagens são um ponto fraco comum destes Citroen (que os C4 partilham e previsivelmente os C4 Picasso também).
- As soluções eléctricas / electrónicas utilizadas são más em duração;
- O motor em si (1.6 HDI) parece-me fazer justiça ao seu bom nome, apesar de necessitar de alguns cuidados como qualquer carro turbo;
Só por curiosiade, o consumo desses 3xx km (feitos por mim) ficaram nos 8,3 L, mas falamos de velocidade mínima de 140 km/h, e de algumas incursões aos 190 km/h medidos pelo GPS, o que num carro daquela altura que transporta 5 adultos, não será um valor assim tão absurdo.
Como conclusão, aguardo por verificar no C4 se a Citroen já deu o salto qualitativo que necessitava. Em algumas coisas sei que não mudaram (embraiagem, por exemplo), mas noutras (como os displays, plásticos interiores e sua fixação) já melhoraram muito.
O Xsara Picasso é um citroen à antiga ! Ou seja, tem uma mecânica capaz de fazer kms com alguma qualidade (ainda que com alguma manutenção adicional), é confortável, mas não tem uma estrutura que acompanhe.
Remete-me claramente para o tempo do AX (que eu até tive), onde hoje verificamos que eles não acabavam pela mecânica, mas pelos tabliers partidos e todo o tipo de coisas que no carro se iam desintegrando. Aliás, o próprio BX acabava por motivos idênticos, e o carro que deu popularidade à citroen tinha como grande defeito a sua fraca construção.
Penso que talvez agora a Citroen esteja realmente a fazer as coisas de outra forma (falando no C4 e mais ainda no novo C5), mas o Xsara Picasso é um daqueles Citroen para comprar novo, usar e deitar fora.
Usado só pode ser comprado de uma forma: - muito barato, porque decididamente não são carros para ter em boas condições de utilização e conservação interior por muitos anos.
Deixo aqui este testemunho registado para quem vier aqui abrir um tópico "Estou a pensar em comprar um xsara Picasso, o que me têm a dizer ?".
Ontem para essa viagem em questão, foi escolhido o Xsara Picasso por diversos motivos, tendo um deles sido o facto de irem 5 adultos e as alternativas mais recentes e muito menos usadas (C4 e Focus SW) serem menos espaçosos para este tipo de trajecto. Não foi o factor determinante, mas ajudou a convencer toda a gente a ir no carro mais usado.
Passando directamente para a Xsara, nota-se que é um Citroen do que eu chamo "era pré C4", ou seja, muito frágil de interiores.
Este carro conta com 185.xxx. km (1.6 HDI) e o meu colega não anda sempre de paninho na mão a limpar os plásticos, mas eis alguns defeitos muito evidentes:
- Bancos da frente (em particular o do condutor) extremamente deformado. O meu colega é uma pessoa de peso normal, e aquilo é mesmo falta de qualidade*;
- No banco do pendura, o apoio de braço está partido, mas convenhamos que aquela fixação tem todo o ar de remendo da Citroen e não de uma coisa pensada com pés e cabeça;
- O display central tem não só uma grande variação de luminosidade ao longo das diversas informações que apresenta, como numa das partes há letras que já não aparecem;
- Já no caso do display do ar condicionado automático, o caso é mais grave, pois não se vê nada (nem de dia nem de noite), excepto se apontarmos uma lanterna led para lá, onde se consegue perceber que os números estão lá; mas repito que é preciso uma lanterna, mesmo de dia (a solução da Citroen é substituir o display, que custa 300 euros)*;
- O autorádio tem um CD encravado há bastante tempo*;
- A função auto das luzes já não funciona (novamente), e este carro teve de levar todo o bloco de interruptores de luz e limpa-vidros há uns anos (porque é um bloco único), algo que custou 4xx euros;
- Depois temos os puxadores das portas completamente descascados e volante para lá de gasto, mas vamos assumir isso como aceitável para um carro com 185.000 km.
Explicando agora os asteriscos, outro colega meu teve uma Picasso igual (mas a gasolina) e teve todos os problemas que eu marquei. Só que como ele tem alguma habilidade, percebeu que no caso do display era uma soldadura (logo resolveu sem gastar os 300 euros do display) e no caso do rádio também conseguiu tirar o cd e voltar a ter o rádio a funcionar normalmente. Quanto ao banco deformado (que também tinha), é mesmo falta de qualidade e pouco há a fazer.
Passando para a parte mecânica, os mais de 300 km que fiz a conduzir, demonstraram que ainda desenvolve bastante bem e não parece que vá acabar amanhã.
É uma verdade que aos 80.000 km levou um turbo novo em garantia (saliento aqui que o meu colega não fazia ideia dos tempos de aquecimento/arrefecimento do turbo, e andava imenso em AE), uma embraiagem pouco depois dos 100.000 km (fatal como o destino nestes Citroen), e anda há diversos km com um problema que descreveram ao meu colega como sendo uma fuga no turbo, mas que evidentemente estará mal explicada.
Existe uma fuga algures que inclusivamente deixa o compartimento do motor cheio de fuligem, mas o turbo em si não pode ser, ou então já teria partido.
De resto, a viagem foi bastante agradável, e eu tive a oportunidade de verificar (a conduzir) que ainda atinge velocidades média e máximas em AE interessantes (na realidade, ontem deu diversas vezes velocidades que o seu condutor habitual nunca deu em 185.000 km), e a suspensão (original) ainda tem um comportamento muito interessante, mesmo em alguns abusos a curvar, com todo o peso que o carro levava.
Claro que quando agarrei no C4 parecia que ia a conduzir um carro com suspensão desportiva, pela maior rapidez de resposta a curvar dos pneus em jante 17 e suspensão (muito) mais dura.
No entanto e um pouco como resumo de tudo isto, sendo esta a 3ª Xsara Picasso existente na empresa, tornam-se evidentes algumas coisas:
- Este não é um carro robusto. Quem pensar em comprar um carro para ter 10 anos ou mais, isto é uma má escolha. É certo que estes carros têm "muitos" km, mas falamos em carros com 5 anos. Há coisas no interior que são mesmo falta de qualidade, e por isso, incontornáveis.
- As embraiagens são um ponto fraco comum destes Citroen (que os C4 partilham e previsivelmente os C4 Picasso também).
- As soluções eléctricas / electrónicas utilizadas são más em duração;
- O motor em si (1.6 HDI) parece-me fazer justiça ao seu bom nome, apesar de necessitar de alguns cuidados como qualquer carro turbo;
Só por curiosiade, o consumo desses 3xx km (feitos por mim) ficaram nos 8,3 L, mas falamos de velocidade mínima de 140 km/h, e de algumas incursões aos 190 km/h medidos pelo GPS, o que num carro daquela altura que transporta 5 adultos, não será um valor assim tão absurdo.
Como conclusão, aguardo por verificar no C4 se a Citroen já deu o salto qualitativo que necessitava. Em algumas coisas sei que não mudaram (embraiagem, por exemplo), mas noutras (como os displays, plásticos interiores e sua fixação) já melhoraram muito.
O Xsara Picasso é um citroen à antiga ! Ou seja, tem uma mecânica capaz de fazer kms com alguma qualidade (ainda que com alguma manutenção adicional), é confortável, mas não tem uma estrutura que acompanhe.
Remete-me claramente para o tempo do AX (que eu até tive), onde hoje verificamos que eles não acabavam pela mecânica, mas pelos tabliers partidos e todo o tipo de coisas que no carro se iam desintegrando. Aliás, o próprio BX acabava por motivos idênticos, e o carro que deu popularidade à citroen tinha como grande defeito a sua fraca construção.
Penso que talvez agora a Citroen esteja realmente a fazer as coisas de outra forma (falando no C4 e mais ainda no novo C5), mas o Xsara Picasso é um daqueles Citroen para comprar novo, usar e deitar fora.
Usado só pode ser comprado de uma forma: - muito barato, porque decididamente não são carros para ter em boas condições de utilização e conservação interior por muitos anos.
Deixo aqui este testemunho registado para quem vier aqui abrir um tópico "Estou a pensar em comprar um xsara Picasso, o que me têm a dizer ?".
Comentário