Programa de avaliação internacional coloca Portugal no fim da tabela nos três domínios analisados: literacia, numeracia e resolução de problemas.
Não é um bom retrato sobre as competências dos adultos portugueses. Pelo contrário. Dos 31 países que participaram no Programa para Avaliação Internacional de Competências de Adultos (PIAAC), promovido pela OCDE, Portugal só ficou à frente de um, o Chile, e bem abaixo da média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico. Os portugueses ficam, de resto, na cauda da tabela em todos os três grandes parâmetros avaliados: literacia, numeracia e resolução adaptativa de problemas.
Depois do relatório PISA, também da responsabilidade da OCDE, e do recente relatório TIMMS, este é mais um importante estudo mundial a expor as fragilidades do sistema educacional português. A determinada altura, lê-se mesmo que os adultos com formação universitária em Portugal denotam menos literacia do que os adultos com apenas formação secundária na Finlândia.
Os resultados são pesados: o PIAAC revela que, em Portugal, os adultos com idades entre 16 e 65 anos pontuaram, em média, 235 pontos (numa escala de 0 a 500) em literacia, 238 pontos em numeracia e 233 pontos em resolução adaptativa de problemas – e em todos esses domínios ficaram bem abaixo da média da OCDE.
Tanto em literacia como em numeracia, os portugueses ficaram apenas acima dos resultados dos adultos do Chile, país sul-americano que teve os piores resultados nos três parâmetros principais do estudo. Quanto ao domínio da resolução adaptativa de problemas, Portugal (233) consegue aí uma classificação ligeiramente melhor, em 27.º lugar, entre os 31 países representados – à frente de Itália, Lituânia, Polónia e Chile.
Quando considerados os três domínios em conjunto, verifica-se que uma elevada percentagem (30%) dos adultos em Portugal obtiveram em todos eles pontuações nos dois níveis mais baixos das escalas de proficiência, quando a média da OCDE se fica pelo 18%. De resto, Portugal é um de onze países (com Chile, Croácia, França, Hungria, Israel, Itália, Coreia, Lituânia, Polónia e Espanha) que apresentam desempenho consistentemente abaixo da média da OCDE em todos os domínios de competências.
No topo, Finlândia, Japão, Suécia, Noruega e Países Baixos são os países com melhor desempenho nos três domínios avaliados, com destaque para os adultos finlandeses, que apresentam o maior nível de proficiência tanto em literacia (296 pontos, em comparação com uma média de 260 nos países da OCDE) quanto em numeracia (294 pontos, contra uma média de 263 da OCDE). Na resolução adaptativa de problemas, os finlandeses repartem louros com os japoneses (276 pontos em ambos os países, comparados com uma média de 251 da OCDE). Literacia
Na literacia, 42% dos adultos portugueses pontuaram no nível 1 ou abaixo (numa escala de 0 a 5) – bem acima da média da OCDE (26%) -, o que significa que possuem baixa proficiência neste domínio. “As pessoas no nível 1 conseguem entender textos curtos e listas organizadas quando a informação está claramente indicada, localizar informações específicas e identificar conexões relevantes. Aqueles abaixo do nível 1 conseguem, no máximo, entender frases curtas e simples”, descreve o relatório.
No outro extremo, 4% dos adultos portugueses pontuaram nos níveis 4 ou 5 em literacia, sendo considerados de alta proficiência. Uma percentagem ainda assim bastante reduzida face à média da OCDE, situada nos 12%. Esses adultos conseguem compreender e avaliar textos longos e densos, captar significados complexos ou implícitos e usar conhecimentos prévios para entender textos e realizar tarefas. Numeracia
No domínio da numeracia, 40% dos adultos portugueses obtiveram resultados iguais ou inferiores ao nível 1 de proficiência (a média da OCDE é de 25%). Segundo o relatório, “no nível 1 de numeracia as pessoas adultas são capazes de fazer cálculos básicos com números inteiros ou dinheiro, compreender o significado das casas decimais e encontrar trechos de informação em tabelas ou gráficos, mas podem ter dificuldades em tarefas que exijam várias etapas (por exemplo, calcular uma proporção).”
Já as pessoas abaixo do nível 1 “conseguem adicionar e subtrair números pequenos.” Os adultos que se encontram nos níveis 4 ou 5 são os que apresentam melhores resultados (e constituem 7% em Portugal, face aos 14%, em média, nos países e economias da OCDE). Nesses níveis, “os adultos conseguem calcular e compreender taxas e rácios, interpretar gráficos complexos e avaliar criticamente argumentos baseados em informação estatística.” Resolução adaptativa de problemas
Na resolução de problemas, o estudo da OCDE mostra que 42% dos adultos portugueses obtiveram resultados iguais ou inferiores ao nível 1 de
proficiência (média da OCDE: 29%). Neste domínio, “os adultos no nível 1 conseguem resolver problemas simples com poucas variáveis e pouca informação acessória e que não se alteram à medida que se avança para a solução. Têm dificuldade em resolver problemas com várias etapas ou que exijam a monitorização de múltiplas variáveis”, explica o relatório. Já os adultos abaixo do nível 1 “compreendem, no máximo, problemas muito simples, normalmente resolvidos numa única etapa”.
Cerca de 2% dos adultos em Portugal obtiveram uma pontuação de nível 4 (média da OCDE: 5%). “Têm uma compreensão mais profunda dos problemas e podem adaptar-se a mudanças inesperadas, mesmo que estas exijam uma reavaliação significativa do problema”, apresenta o PIAAC. O que é o PIAAC?
O PIAAC é um programa internacional multiciclo de avaliação das competências dos adultos promovido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). Juntamente com o PISA, é um dos maiores e mais exaustivos estudos mundiais de âmbito educacional que a OCDE promove, envolvendo dezenas de países na sua concretização. Para este relatório foram inquiridos 160.000 adultos com idades entre 16 e 65 anos, de 31 países e economias, representando 673 milhões de pessoas. Que competências avalia o PIAAC?
Os exercícios incluídos na avaliação direta de competências do Inquérito às Competências dos Adultos testam as competências de literacia, numeracia e resolução de problemas, através de tarefas que exigem que as pessoas adultas inquiridas interajam com situações e materiais com que contactam nas suas vidas quotidianas. As competências avaliadas no PIAAC podem ser consideradas competências “fundamentais”, isto é, competências cognitivas requeridas numa ampla gama de situações e domínios do dia-a-dia dos adultos.
Não é um bom retrato sobre as competências dos adultos portugueses. Pelo contrário. Dos 31 países que participaram no Programa para Avaliação Internacional de Competências de Adultos (PIAAC), promovido pela OCDE, Portugal só ficou à frente de um, o Chile, e bem abaixo da média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico. Os portugueses ficam, de resto, na cauda da tabela em todos os três grandes parâmetros avaliados: literacia, numeracia e resolução adaptativa de problemas.
Depois do relatório PISA, também da responsabilidade da OCDE, e do recente relatório TIMMS, este é mais um importante estudo mundial a expor as fragilidades do sistema educacional português. A determinada altura, lê-se mesmo que os adultos com formação universitária em Portugal denotam menos literacia do que os adultos com apenas formação secundária na Finlândia.
Os resultados são pesados: o PIAAC revela que, em Portugal, os adultos com idades entre 16 e 65 anos pontuaram, em média, 235 pontos (numa escala de 0 a 500) em literacia, 238 pontos em numeracia e 233 pontos em resolução adaptativa de problemas – e em todos esses domínios ficaram bem abaixo da média da OCDE.
Tanto em literacia como em numeracia, os portugueses ficaram apenas acima dos resultados dos adultos do Chile, país sul-americano que teve os piores resultados nos três parâmetros principais do estudo. Quanto ao domínio da resolução adaptativa de problemas, Portugal (233) consegue aí uma classificação ligeiramente melhor, em 27.º lugar, entre os 31 países representados – à frente de Itália, Lituânia, Polónia e Chile.
Quando considerados os três domínios em conjunto, verifica-se que uma elevada percentagem (30%) dos adultos em Portugal obtiveram em todos eles pontuações nos dois níveis mais baixos das escalas de proficiência, quando a média da OCDE se fica pelo 18%. De resto, Portugal é um de onze países (com Chile, Croácia, França, Hungria, Israel, Itália, Coreia, Lituânia, Polónia e Espanha) que apresentam desempenho consistentemente abaixo da média da OCDE em todos os domínios de competências.
No topo, Finlândia, Japão, Suécia, Noruega e Países Baixos são os países com melhor desempenho nos três domínios avaliados, com destaque para os adultos finlandeses, que apresentam o maior nível de proficiência tanto em literacia (296 pontos, em comparação com uma média de 260 nos países da OCDE) quanto em numeracia (294 pontos, contra uma média de 263 da OCDE). Na resolução adaptativa de problemas, os finlandeses repartem louros com os japoneses (276 pontos em ambos os países, comparados com uma média de 251 da OCDE). Literacia
Na literacia, 42% dos adultos portugueses pontuaram no nível 1 ou abaixo (numa escala de 0 a 5) – bem acima da média da OCDE (26%) -, o que significa que possuem baixa proficiência neste domínio. “As pessoas no nível 1 conseguem entender textos curtos e listas organizadas quando a informação está claramente indicada, localizar informações específicas e identificar conexões relevantes. Aqueles abaixo do nível 1 conseguem, no máximo, entender frases curtas e simples”, descreve o relatório.
No outro extremo, 4% dos adultos portugueses pontuaram nos níveis 4 ou 5 em literacia, sendo considerados de alta proficiência. Uma percentagem ainda assim bastante reduzida face à média da OCDE, situada nos 12%. Esses adultos conseguem compreender e avaliar textos longos e densos, captar significados complexos ou implícitos e usar conhecimentos prévios para entender textos e realizar tarefas. Numeracia
No domínio da numeracia, 40% dos adultos portugueses obtiveram resultados iguais ou inferiores ao nível 1 de proficiência (a média da OCDE é de 25%). Segundo o relatório, “no nível 1 de numeracia as pessoas adultas são capazes de fazer cálculos básicos com números inteiros ou dinheiro, compreender o significado das casas decimais e encontrar trechos de informação em tabelas ou gráficos, mas podem ter dificuldades em tarefas que exijam várias etapas (por exemplo, calcular uma proporção).”
Já as pessoas abaixo do nível 1 “conseguem adicionar e subtrair números pequenos.” Os adultos que se encontram nos níveis 4 ou 5 são os que apresentam melhores resultados (e constituem 7% em Portugal, face aos 14%, em média, nos países e economias da OCDE). Nesses níveis, “os adultos conseguem calcular e compreender taxas e rácios, interpretar gráficos complexos e avaliar criticamente argumentos baseados em informação estatística.” Resolução adaptativa de problemas
Na resolução de problemas, o estudo da OCDE mostra que 42% dos adultos portugueses obtiveram resultados iguais ou inferiores ao nível 1 de
proficiência (média da OCDE: 29%). Neste domínio, “os adultos no nível 1 conseguem resolver problemas simples com poucas variáveis e pouca informação acessória e que não se alteram à medida que se avança para a solução. Têm dificuldade em resolver problemas com várias etapas ou que exijam a monitorização de múltiplas variáveis”, explica o relatório. Já os adultos abaixo do nível 1 “compreendem, no máximo, problemas muito simples, normalmente resolvidos numa única etapa”.
Cerca de 2% dos adultos em Portugal obtiveram uma pontuação de nível 4 (média da OCDE: 5%). “Têm uma compreensão mais profunda dos problemas e podem adaptar-se a mudanças inesperadas, mesmo que estas exijam uma reavaliação significativa do problema”, apresenta o PIAAC. O que é o PIAAC?
O PIAAC é um programa internacional multiciclo de avaliação das competências dos adultos promovido pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). Juntamente com o PISA, é um dos maiores e mais exaustivos estudos mundiais de âmbito educacional que a OCDE promove, envolvendo dezenas de países na sua concretização. Para este relatório foram inquiridos 160.000 adultos com idades entre 16 e 65 anos, de 31 países e economias, representando 673 milhões de pessoas. Que competências avalia o PIAAC?
Os exercícios incluídos na avaliação direta de competências do Inquérito às Competências dos Adultos testam as competências de literacia, numeracia e resolução de problemas, através de tarefas que exigem que as pessoas adultas inquiridas interajam com situações e materiais com que contactam nas suas vidas quotidianas. As competências avaliadas no PIAAC podem ser consideradas competências “fundamentais”, isto é, competências cognitivas requeridas numa ampla gama de situações e domínios do dia-a-dia dos adultos.
Afinal, somos um país de burros, ou quê?
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