Pensei que isso já estivesse mais que debatido por aqui. Mas pronto, volto a indicar aquilo que pretendia que, no mínimo, fosse feito.
Para chegar à conclusão que levianamente chegam, o protocolo a seguir é este:
E/ou aquilo que aparece explicado neste vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=gQdrzcCTApQ
No entanto, os médicos que me têm calhado, para não perderem mais que 5 ou 10 minutos com a situação, chegam à conclusão final de diagnóstico (globus faríngeo) saltando a grande maioria desses passos que são de protocolo até se poder chegar ao diagnóstico.
Mais, pelas características do diagnóstico, é também de protocolo que nestes casos, o passo mais importante para a recuperação do doente é demonstrar ao doente com um grau de clareza tão elevado quanto possível que todas as outras possibilidades de diagnóstico estão afastadas, por forma a que o tratamento do globus faríngeo do ponto de vista da parte psíquica possa ser eficaz.
Portanto, o que quero é, no mínimo, isto. Não que se defendam no facto de RM e Tac não apresentarem algo que possa explicar os sintomas e que, com base nisso, concluam directamente que está tudo bem e que se trata de um problema exclusivamente de origem psíquica.
De resto, não ando obcecado com nada. Apenas vivo com sintomas de um grau de desconforto que me reduziram a qualidade de vida para 20 ou 30% daquilo que era e estranho que isto para os médicos seja visto como normal. E considero que, como ser humano, na primeira vez na vida em que realmente preciso de algum apoio médico, mereço mais. Sempre pensei que a saúde em Portugal teria os seus problemas mas que num caso destes houvesse outro tipo de atenção.
Recordo que não houve nunca em nenhuma das visitas que fiz a otorrinos disponibilidade sequer para me escutar por mais de 2 minutos de seguida. Concluem aquilo que lhes parece que é mais provável e fecham o assunto, sem sequer explicar nada ao doente. Se me deram uma teoria de diagnóstico, a outro médico que não esteja de acordo pede-se algo mais que simplesmente dizer que não está de acordo. Pede-se que explique porque não está. Se calhar até tem razão e consegue explicar, mas não o fazem. Claro que desconfio que é apenas palpite, para despachar.
A título de exemplo, copio para aqui o texto que escrevi a um amigo por email a relatar a minha última tentativa, desta vez num otorrino do público:
Mais ou menos pela mesma altura, gastei (muito bem gastos) 300 dólares por uma tele-consulta com um otorrino de topo dos USA. A abordagem foi completamente diferente. Foi assim, tal como descrevo neste texto copiado do mesmo email que enviei para o mesmo amigo:
É que repara, o médico americano perante a mesma situação, seguiu um protocolo específico e deu-me um plano de tratamento. Aqui o que me dizem é tipo "não esteja nervoso". Eu sinceramente nervoso já não estou, isso foi nos primeiros meses. Se por vezes estou nervoso, é mesmo com este sentimento de que uma vez que na vida preciso de apoio médico, levo com sucessivas demonstrações de falta de vontade e profissionalismo.
Em situações em que se suspeita de globus faríngeo, que foi a suspeita (demonstrada como convicção) da médica do hospital, há um protocolo a seguir. Que é mais ou menos o que se explica nesse video do link que deixei acima, ou na imagem. Não é de forma alguma um "não esteja nervoso que isso passa". É um processo que implica afastar diferentes possibilidades e uma vez afastadas, ter várias especialidades a trabalhar com o doente para lhe demonstrar que toda a evidência aponta no sentido do problema psicossomático.
Aquilo que eu tenho apanhado por parte dos otorrinos, é uma caricatura desse método, uma autêntica vergonha. Não se preocupam em investigar nem em demonstrar com mínima evidência o motivo pelo qual chegam ao diagnóstico que chegam.
De resto, Avant, eu tento sempre não generalizar. Se às vezes parece que estou a generalizar, não é esse o intuito dos meus posts. Gostava que não te sentisse aludido, como se os meus comentários fossem para todos os médicos por igual e estivesse a colocar tudo no mesmo saco. Até porque nem fui observado/atendido por ti, logo de forma alguma te deves sentir visado pelas minhas críticas.
Por exemplo, em Janeiro fui a uma endocrinologista que, se fosse otorrinolaringologista, afirmo já aqui com toda a honestidade que teria encontrado aquilo que preciso. Alguém com empatia, tempo para o doente, capaz de reconhecer que está perante um caso de diagnóstico e solução menos rápido e directo que o normal e capaz de fazer um esforço extra por causa disso mesmo.
Se tu chegas a uma conclusão, por exemplo se a um doente alguém disse que tem um dano algures no corpo e tu chegaste à conclusão que não tem, custa muito demonstrar ao doente o que te levou a essa conclusão? Se a conclusão é genuína (e não inventada para despachar), não custa nada explicar ao doente que "por ter visto que aqui os tecidos estão intactos, tal como se comprova neste exame, concluo que não há qualquer dano". Só isso.
Como costumo dizer, no ano passado tive 10 sessões de psicoterapia. Se levarmos em conta o tempo que o psicólogo me dedicou, se um otorrino me tivesse dedicado metade desse tempo, se calhar já tinha o problema resolvido ou, no mínimo, identificado. E sinceramente não percebo que nem pagando se consiga ter um mínimo de atenção.
Portanto, a minha opinião é esta e sou livre de a expressar. Se há quem não concorde, tudo bem, respeito outros pontos de vista. O meu é este. Estou absolutamente desiludido pela forma como tenho sido tratado pela classe médica. Terei tido azar até aqui, sem dúvida, nisso até acredito. Agora que me a amostra que me tem calhado é criticável, isso sem dúvida. Eu também chego às consultas e não tenho jeito para me fazer de coitadinho e estar com lamentos. Será que é isso que tenho que fazer? Apertar com eles?
Basta ver a diferença entre a abordagem do médico americano e aqueles que consultei por cá. Se o outro, mesmo não fazendo ideia do que se passa, segue um protocolo e aconselha experimentação medicamentosa para tirar conclusões, porque é que eu vou a um médico da mesma especialidade num hospital português e só por ver que Tac e RM descartam a presença de corpo estranho me despacham em 5 minutos por acharem que ando nervoso?
Ainda para mais, numa fase em que de nervoso, muito pouco. A muito custo tenho-me acostumado a esta mísera qualidade de vida. Ando conformado. Podes lançar rótulos como esse de "obcecado" para marcar o teu ponto de vista, mas de forma alguma tal corresponde à realidade. Aliás, apenas voltei a postar neste tópico porque houve outro user que me pareceu estar a passar por situação em parte semelhante. E fingir que aquilo que eu escrevi no meu anterior post não é verdade na maioria dos casos, a meu ver, não é honesto.
Qualquer situação que fuja da normalidade e implique investir mais tempo que aquele a que estão habituados e há exames que descartam situações de maior gravidade ou risco de vida, em mais de 90% dos casos, é despachada desta forma (isso é dos nervos) ou de forma semelhante. Tanta, mas tanta gente, que no contexto desta situação, em conversas informais, me tem comunicado estórias que lhes são próximas de pessoas com problemas que só foram diagnosticados após mais de 10 consultas com mais de 10 médicos.
E depois, eu até sempre fui aberto a isto poder ser de origem puramente psíquica. E fiz essa abordagem. Apesar de sentir que algo está mal, com sintomas que me dão um grau de certeza quase absoluto, mesmo assim aceitei e ainda aceito que posso não ter nenhum problema nem dano e isto estar tudo igual ao que estava há 2 anos atrás. Estranho muito que tal possa ser possível, mas sou incapaz de dizer que é impossível.
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Para chegar à conclusão que levianamente chegam, o protocolo a seguir é este:
E/ou aquilo que aparece explicado neste vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=gQdrzcCTApQ
No entanto, os médicos que me têm calhado, para não perderem mais que 5 ou 10 minutos com a situação, chegam à conclusão final de diagnóstico (globus faríngeo) saltando a grande maioria desses passos que são de protocolo até se poder chegar ao diagnóstico.
Mais, pelas características do diagnóstico, é também de protocolo que nestes casos, o passo mais importante para a recuperação do doente é demonstrar ao doente com um grau de clareza tão elevado quanto possível que todas as outras possibilidades de diagnóstico estão afastadas, por forma a que o tratamento do globus faríngeo do ponto de vista da parte psíquica possa ser eficaz.
Portanto, o que quero é, no mínimo, isto. Não que se defendam no facto de RM e Tac não apresentarem algo que possa explicar os sintomas e que, com base nisso, concluam directamente que está tudo bem e que se trata de um problema exclusivamente de origem psíquica.
De resto, não ando obcecado com nada. Apenas vivo com sintomas de um grau de desconforto que me reduziram a qualidade de vida para 20 ou 30% daquilo que era e estranho que isto para os médicos seja visto como normal. E considero que, como ser humano, na primeira vez na vida em que realmente preciso de algum apoio médico, mereço mais. Sempre pensei que a saúde em Portugal teria os seus problemas mas que num caso destes houvesse outro tipo de atenção.
Recordo que não houve nunca em nenhuma das visitas que fiz a otorrinos disponibilidade sequer para me escutar por mais de 2 minutos de seguida. Concluem aquilo que lhes parece que é mais provável e fecham o assunto, sem sequer explicar nada ao doente. Se me deram uma teoria de diagnóstico, a outro médico que não esteja de acordo pede-se algo mais que simplesmente dizer que não está de acordo. Pede-se que explique porque não está. Se calhar até tem razão e consegue explicar, mas não o fazem. Claro que desconfio que é apenas palpite, para despachar.
A título de exemplo, copio para aqui o texto que escrevi a um amigo por email a relatar a minha última tentativa, desta vez num otorrino do público:
"Pensei que ia demorar a ser chamado, mas até foi rápido. Pareceu-me bem lá ir até para ver o que faziam. E só não digo que foi uma desilusão completa, porque as minhas expectativas já são demasiado baixas para me desiludir. Foram literalmente 4 minutos de consulta.
Mal entrei no gabinete deu-me todas as indicações de que era para despachar o mais rápido possível, ainda antes de eu sequer começar a falar. Deixou-me falar uns 20 segundos, se tanto. Depois de falar esses 20 segundos perguntou se estou nervoso. Ao que respondi que não, que só estou a falar depressa para não a fazer perder tempo (pudera, com a pressão que me colocou...). Ao que me respondeu, que se referia a se estou nervoso com o problema de saúde.
Só que apesar de ela perguntar, aquilo não era uma pergunta, ela já tinha concluído, fosse qual fosse a minha resposta. Pelo que ainda tentei depois responder mas não me deixou. A vontade que me dava era ter respondido algo como "o problema em si não me deixa nervoso, o que deixa nervoso é a vergonhosa falta de atenção que tenho tido por parte dos otorrinos que consultei".
Atabalhoadamente ainda acho que disse algo tipo que já lá vão 18 meses e que já estive nervoso em temporadas, mas que noutras temporadas já passei sem nervosismo e não é por isso que os sintomas melhoram. E que nos últimos 9 meses, já desde Setembro, que estou a lidar com o problema do ponto de vista psiquiátrico, como se fosse um problema psicossomático, com psicoterapia e medicação, que me fazem não estar nada nervoso com o problema e que, mesmo assim, não houve melhorias.
Mas isto para ela foi como se eu não dissesse nada. O diagnóstico para ela, estava feito, era o diagnóstico mais comodista e a forma de me despachar rapidinho. A conclusão dela (sem me observar nem olhar para nenhum exame dos que levei) foi que se fiz TAC e RM e não se encontrou nada, é porque estou bom. Mas não haverá nenhum problema na garganta que não aparece em TAC e RM? Pensarão que sou assim tão burro?
Bom, admito que fui lá para ver o que vale uma referenciação da medicina familiar para um otorrino do público perante um caso de diagnóstico mais difícil. Vale zero. Serviu para aferir disto. Ainda bem que lá fui, senão ficava a pensar que se lá fosse se calhar era ali que finalmente alguém se ia preocupar em encontrar respostas ou demonstrar-me com evidência que ao nível físico não sofri qualquer alteração. Assim já sei que não."
Mal entrei no gabinete deu-me todas as indicações de que era para despachar o mais rápido possível, ainda antes de eu sequer começar a falar. Deixou-me falar uns 20 segundos, se tanto. Depois de falar esses 20 segundos perguntou se estou nervoso. Ao que respondi que não, que só estou a falar depressa para não a fazer perder tempo (pudera, com a pressão que me colocou...). Ao que me respondeu, que se referia a se estou nervoso com o problema de saúde.
Só que apesar de ela perguntar, aquilo não era uma pergunta, ela já tinha concluído, fosse qual fosse a minha resposta. Pelo que ainda tentei depois responder mas não me deixou. A vontade que me dava era ter respondido algo como "o problema em si não me deixa nervoso, o que deixa nervoso é a vergonhosa falta de atenção que tenho tido por parte dos otorrinos que consultei".
Atabalhoadamente ainda acho que disse algo tipo que já lá vão 18 meses e que já estive nervoso em temporadas, mas que noutras temporadas já passei sem nervosismo e não é por isso que os sintomas melhoram. E que nos últimos 9 meses, já desde Setembro, que estou a lidar com o problema do ponto de vista psiquiátrico, como se fosse um problema psicossomático, com psicoterapia e medicação, que me fazem não estar nada nervoso com o problema e que, mesmo assim, não houve melhorias.
Mas isto para ela foi como se eu não dissesse nada. O diagnóstico para ela, estava feito, era o diagnóstico mais comodista e a forma de me despachar rapidinho. A conclusão dela (sem me observar nem olhar para nenhum exame dos que levei) foi que se fiz TAC e RM e não se encontrou nada, é porque estou bom. Mas não haverá nenhum problema na garganta que não aparece em TAC e RM? Pensarão que sou assim tão burro?
Bom, admito que fui lá para ver o que vale uma referenciação da medicina familiar para um otorrino do público perante um caso de diagnóstico mais difícil. Vale zero. Serviu para aferir disto. Ainda bem que lá fui, senão ficava a pensar que se lá fosse se calhar era ali que finalmente alguém se ia preocupar em encontrar respostas ou demonstrar-me com evidência que ao nível físico não sofri qualquer alteração. Assim já sei que não."
Mais ou menos pela mesma altura, gastei (muito bem gastos) 300 dólares por uma tele-consulta com um otorrino de topo dos USA. A abordagem foi completamente diferente. Foi assim, tal como descrevo neste texto copiado do mesmo email que enviei para o mesmo amigo:
"A consulta (online) foi ao encontro das minhas melhores expectativas. Por um lado pelo apoio que senti, mesmo ao nível psicológico, por se tratar de alguém que já atendeu muitos outros doentes com queixas semelhantes. Por outro lado porque me deixou recomendação de uma tentativa de tratamento/diagnóstico. Que terei que fazer com o apoio de algum médico daqui, uma vez que uma das limitações desta consulta online (que eu já conhecia desde que marquei a consulta) é que ele não tem poder para prescrever exames ou receitas médicas.
Ele diz que eu devia descartar a possibilidade de espasmo cricofaríngeo, ou seja, a possibilidade de os sintomas terem origem em elevada tensão muscular no esfíncter esofágico superior ou zonas próximas. Portanto, para descartar problema muscular. Diz que tenho que fazer um teste com Valium (Diazepam).
Ir um dia mais cedo para o quarto antes de dormir, avaliar o nível dos sintomas nesse momento, tomar o comprimido e umas 2 horas depois comparar o nível dos sintomas com o nível inicial. Diz que para ter mesmo a certeza, devo repetir isto umas 3 vezes, mas sem ser em dias seguidos. Em dias isolados. Se por acaso sentisse um grande alívio nos sintomas, poderia ser que o diagnóstico fosse mesmo esse de espasmo do cricofaríngeo, ou algo parecido, de ordem muscular.
Se isso não der em nada, ele acha que também devia descartar algum problema neurológico. Com Amitriptilina 10mg no primeiro dia, 20mg no segundo dia e 30mg no terceiro dia, para ver se sinto alguma melhoria. Se isto tampouco tiver resultado, tentar o mesmo com Gabapentina. Acho que é algo que posso comentar com o psiquiatra a ver se ele concorda em passar-me receita para estes medicamentos com esta finalidade.
O médico este disse também que o meu caso é muito diferente do que ele está habituado. Depois de eu relatar tudo bem relatado e ele colocar algumas questões, disse que tenho um caso muito difícil. E olha que o que ele está habituado é precisamente casos de globus faríngeo ou seja, sensação de corpo estranho na garganta sem haver corpo estranho nem qualquer dano.
Disse também, tal como eu já sabia, que me garantia que este meu problema não me vai nunca provocar outro problema ou evoluir para outro problema grave qualquer. Sei disso e como sabes nunca foi esse o meu medo, mas é sempre bom escutar isso de parte de um especialista de renome.
E acabou por dizer que se nada disto resultar e eu continuar sem respostas da parte dos médicos de cá, que tenho que me tentar convencer que vou ter que me habituar aos sintomas. Disse-me que há pessoas com tubos na traqueia, que causam grande desconforto, mas que as pessoas geralmente acabam por se adaptar e sentir essas sensações como "normais". Como colocar lentes de contacto, em que nas primeiras vezes a pessoa está consciente do desconforto, até que se habitua e, como ele diz, "atira a sensação para trás das costas".
E eu nos dias em que isto está mais suave, até me consigo convencer de que é possível chegar lá, mas depois vem um dia com os sintomas mais exacerbados e vai-se-me todo o optimismo. Ainda ando assim, é aqui que espero que o novo psicólogo que estou a consultar me ajude. A manter-me forte e convicto mesmo nos dias menos bons.
Também lhe perguntei a opinião dele acerca da teoria do dano permanente. Ele diz que não lhe parece possível. Diz que já viu dezenas de milhar de epiglotes e que há de todos os tipos, sendo que viu certamente centenas delas com o grau de assimetria que eu tenho, sem sintomas associados. Diz também que para a minha assimetria ser resultado de um dano na cartilagem da epiglote, teria que ter estado internado no hospital com febres altas e dores fortes.
É mais uma opinião, especialmente relevante por ser da parte de quem é, a apontar no mesmo sentido, de que se eu tivesse um exame anterior que mostrasse esta parte da garganta, se comprovaria que já antes era assim. Mas pronto, o facto é que algo pode estar danificado, mesmo que não seja visível e nada tenha a ver com a assimetria, deve haver ali algo que ficou de alguma forma afectado e dá estes sintomas.
Até pode ser uma "fagulha" que se espetou numa cartilagem ou junto a un nervo e que por ser de tamanho diminuto não aparece nos exames mas pela localização causa os sintomas. Enfim, é algo que para se conseguir chegar a uma conclusão, é preciso encontrar um otorrino que compreenda a situação e esteja disposto a investigar e a acompanhar-me quase como se de um acompanhamento psicológico se tratasse."
Ele diz que eu devia descartar a possibilidade de espasmo cricofaríngeo, ou seja, a possibilidade de os sintomas terem origem em elevada tensão muscular no esfíncter esofágico superior ou zonas próximas. Portanto, para descartar problema muscular. Diz que tenho que fazer um teste com Valium (Diazepam).
Ir um dia mais cedo para o quarto antes de dormir, avaliar o nível dos sintomas nesse momento, tomar o comprimido e umas 2 horas depois comparar o nível dos sintomas com o nível inicial. Diz que para ter mesmo a certeza, devo repetir isto umas 3 vezes, mas sem ser em dias seguidos. Em dias isolados. Se por acaso sentisse um grande alívio nos sintomas, poderia ser que o diagnóstico fosse mesmo esse de espasmo do cricofaríngeo, ou algo parecido, de ordem muscular.
Se isso não der em nada, ele acha que também devia descartar algum problema neurológico. Com Amitriptilina 10mg no primeiro dia, 20mg no segundo dia e 30mg no terceiro dia, para ver se sinto alguma melhoria. Se isto tampouco tiver resultado, tentar o mesmo com Gabapentina. Acho que é algo que posso comentar com o psiquiatra a ver se ele concorda em passar-me receita para estes medicamentos com esta finalidade.
O médico este disse também que o meu caso é muito diferente do que ele está habituado. Depois de eu relatar tudo bem relatado e ele colocar algumas questões, disse que tenho um caso muito difícil. E olha que o que ele está habituado é precisamente casos de globus faríngeo ou seja, sensação de corpo estranho na garganta sem haver corpo estranho nem qualquer dano.
Disse também, tal como eu já sabia, que me garantia que este meu problema não me vai nunca provocar outro problema ou evoluir para outro problema grave qualquer. Sei disso e como sabes nunca foi esse o meu medo, mas é sempre bom escutar isso de parte de um especialista de renome.
E acabou por dizer que se nada disto resultar e eu continuar sem respostas da parte dos médicos de cá, que tenho que me tentar convencer que vou ter que me habituar aos sintomas. Disse-me que há pessoas com tubos na traqueia, que causam grande desconforto, mas que as pessoas geralmente acabam por se adaptar e sentir essas sensações como "normais". Como colocar lentes de contacto, em que nas primeiras vezes a pessoa está consciente do desconforto, até que se habitua e, como ele diz, "atira a sensação para trás das costas".
E eu nos dias em que isto está mais suave, até me consigo convencer de que é possível chegar lá, mas depois vem um dia com os sintomas mais exacerbados e vai-se-me todo o optimismo. Ainda ando assim, é aqui que espero que o novo psicólogo que estou a consultar me ajude. A manter-me forte e convicto mesmo nos dias menos bons.
Também lhe perguntei a opinião dele acerca da teoria do dano permanente. Ele diz que não lhe parece possível. Diz que já viu dezenas de milhar de epiglotes e que há de todos os tipos, sendo que viu certamente centenas delas com o grau de assimetria que eu tenho, sem sintomas associados. Diz também que para a minha assimetria ser resultado de um dano na cartilagem da epiglote, teria que ter estado internado no hospital com febres altas e dores fortes.
É mais uma opinião, especialmente relevante por ser da parte de quem é, a apontar no mesmo sentido, de que se eu tivesse um exame anterior que mostrasse esta parte da garganta, se comprovaria que já antes era assim. Mas pronto, o facto é que algo pode estar danificado, mesmo que não seja visível e nada tenha a ver com a assimetria, deve haver ali algo que ficou de alguma forma afectado e dá estes sintomas.
Até pode ser uma "fagulha" que se espetou numa cartilagem ou junto a un nervo e que por ser de tamanho diminuto não aparece nos exames mas pela localização causa os sintomas. Enfim, é algo que para se conseguir chegar a uma conclusão, é preciso encontrar um otorrino que compreenda a situação e esteja disposto a investigar e a acompanhar-me quase como se de um acompanhamento psicológico se tratasse."
Em situações em que se suspeita de globus faríngeo, que foi a suspeita (demonstrada como convicção) da médica do hospital, há um protocolo a seguir. Que é mais ou menos o que se explica nesse video do link que deixei acima, ou na imagem. Não é de forma alguma um "não esteja nervoso que isso passa". É um processo que implica afastar diferentes possibilidades e uma vez afastadas, ter várias especialidades a trabalhar com o doente para lhe demonstrar que toda a evidência aponta no sentido do problema psicossomático.
Aquilo que eu tenho apanhado por parte dos otorrinos, é uma caricatura desse método, uma autêntica vergonha. Não se preocupam em investigar nem em demonstrar com mínima evidência o motivo pelo qual chegam ao diagnóstico que chegam.
De resto, Avant, eu tento sempre não generalizar. Se às vezes parece que estou a generalizar, não é esse o intuito dos meus posts. Gostava que não te sentisse aludido, como se os meus comentários fossem para todos os médicos por igual e estivesse a colocar tudo no mesmo saco. Até porque nem fui observado/atendido por ti, logo de forma alguma te deves sentir visado pelas minhas críticas.
Por exemplo, em Janeiro fui a uma endocrinologista que, se fosse otorrinolaringologista, afirmo já aqui com toda a honestidade que teria encontrado aquilo que preciso. Alguém com empatia, tempo para o doente, capaz de reconhecer que está perante um caso de diagnóstico e solução menos rápido e directo que o normal e capaz de fazer um esforço extra por causa disso mesmo.
Se tu chegas a uma conclusão, por exemplo se a um doente alguém disse que tem um dano algures no corpo e tu chegaste à conclusão que não tem, custa muito demonstrar ao doente o que te levou a essa conclusão? Se a conclusão é genuína (e não inventada para despachar), não custa nada explicar ao doente que "por ter visto que aqui os tecidos estão intactos, tal como se comprova neste exame, concluo que não há qualquer dano". Só isso.
Como costumo dizer, no ano passado tive 10 sessões de psicoterapia. Se levarmos em conta o tempo que o psicólogo me dedicou, se um otorrino me tivesse dedicado metade desse tempo, se calhar já tinha o problema resolvido ou, no mínimo, identificado. E sinceramente não percebo que nem pagando se consiga ter um mínimo de atenção.
Portanto, a minha opinião é esta e sou livre de a expressar. Se há quem não concorde, tudo bem, respeito outros pontos de vista. O meu é este. Estou absolutamente desiludido pela forma como tenho sido tratado pela classe médica. Terei tido azar até aqui, sem dúvida, nisso até acredito. Agora que me a amostra que me tem calhado é criticável, isso sem dúvida. Eu também chego às consultas e não tenho jeito para me fazer de coitadinho e estar com lamentos. Será que é isso que tenho que fazer? Apertar com eles?
Basta ver a diferença entre a abordagem do médico americano e aqueles que consultei por cá. Se o outro, mesmo não fazendo ideia do que se passa, segue um protocolo e aconselha experimentação medicamentosa para tirar conclusões, porque é que eu vou a um médico da mesma especialidade num hospital português e só por ver que Tac e RM descartam a presença de corpo estranho me despacham em 5 minutos por acharem que ando nervoso?
Ainda para mais, numa fase em que de nervoso, muito pouco. A muito custo tenho-me acostumado a esta mísera qualidade de vida. Ando conformado. Podes lançar rótulos como esse de "obcecado" para marcar o teu ponto de vista, mas de forma alguma tal corresponde à realidade. Aliás, apenas voltei a postar neste tópico porque houve outro user que me pareceu estar a passar por situação em parte semelhante. E fingir que aquilo que eu escrevi no meu anterior post não é verdade na maioria dos casos, a meu ver, não é honesto.
Qualquer situação que fuja da normalidade e implique investir mais tempo que aquele a que estão habituados e há exames que descartam situações de maior gravidade ou risco de vida, em mais de 90% dos casos, é despachada desta forma (isso é dos nervos) ou de forma semelhante. Tanta, mas tanta gente, que no contexto desta situação, em conversas informais, me tem comunicado estórias que lhes são próximas de pessoas com problemas que só foram diagnosticados após mais de 10 consultas com mais de 10 médicos.
E depois, eu até sempre fui aberto a isto poder ser de origem puramente psíquica. E fiz essa abordagem. Apesar de sentir que algo está mal, com sintomas que me dão um grau de certeza quase absoluto, mesmo assim aceitei e ainda aceito que posso não ter nenhum problema nem dano e isto estar tudo igual ao que estava há 2 anos atrás. Estranho muito que tal possa ser possível, mas sou incapaz de dizer que é impossível.
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