Os alérgicos ao vinho já podem saborear um branco sem medo de borbulhas ou comichões, graças à introdução de um extracto de cascas de camarão nesta bebida. A investigação é da Universidade de Aveiro (UA) e única no mundo.
Este método promete revolucionar a indústria vinícola ao eliminar o anidrido sulfuroso, um composto químico ao qual nem todos reagem bem e que é adicionado em várias etapas da vinificação para evitar a degradação do vinho.
«O segredo está na adição, em vez do sulfuroso, de um polissacarídeo chamado quitosana que é extraído das cascas dos caranguejos e dos camarões», explica ao SOL Manuel Coimbra, coordenador da investigação da UA. O professor universitário, especialista em bioquímica, acrescenta que pode também ser extraída de fungos.
O desafio foi lançado pela produtora de vinhos Dão Sul, que procurava um vinho que não causasse intolerâncias, e a equipa de Aveiro desenvolveu uma tecnologia – neste caso, uma película à base de quitosana que desempenha a função do sulfuroso – que faz com que a bebida não cause «reacções alérgicas podendo assim o vinho ser consumido por toda a gente». Manuel Coimbra sublinha que, segundo os enólogos, «o vinho até fica com melhor qualidade».
Até agora, o método apenas foi aplicado no vinho branco, por este ter maiores quantidades do químico alergénico. Porém está já em estudo a adaptação aos espumantes.
Manuel Coimbra está convencido de que no futuro «mais ninguém vai ouvir falar em excesso de anidrido sulfuroso nos vinhos porque esta nova tecnologia é barata», garante.
As garrafas com o vinho sem o anidrido sulfuroso já estão a ser produzidas, segundo Osvaldo Amado, da Dão Sul. No entanto, estão ainda à espera de aprovação para poderem ser vendidas, o que acontecerá «a curto prazo». Quando forem para as prateleiras basta ler o selo no rótulo, que informa da ausência do químico. Uma vantagem para quem é intolerante aos brancos.
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