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A Arte da Corrupção

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    A Arte da Corrupção

    Um excelente texto para quem interessar:

    A Arte da Corrupção

    Fonte: Do livro “Die hohe Kunst der Korruption” (A Arte da Corrupção). Por: Horst Eberhard Richter (médico neurologista, psicanalista, psicólogo social, director do Centro de Medicina Psicossomática da Universidade de Giessen)


    O homem quer ter saúde, porém a economia também quer ter saúde. Às vezes, o governo precisa decidir qual a saúde mais importante. Ás vezes, ele dá preferência à saúde da economia. Isso não é divulgado, para poupar aborrecimentos e evitar que a população fique preocupada. Isso está se tornando cada vez mais difícil mas, em caso de dificuldades, a indústria oferece conselho e apoio. Ela encontra pesquisadores para provar que os produtos prejudiciais à saúde são inofensivos, que as doses limites para substâncias nocivas podem ser regulamentadas em níveis elevados, e todos os leigos no assunto se sentem seguros.

    Como eles procedem foi observado no exemplo do perigoso amianto. Trata-se de um material fibroso, utilizado em inúmeros tubos e placas. Fibras microscópicas se soltam e permanecem no ar como pó invisível, causando problemas respiratórios e câncer do pulmão. Na Alemanha, o Instituto Federal de Saúde empenhou-se a examinar o limite máximo de fibras de amianto por metro cúbico de ar que poderia ainda ser considerado inofensivo à saúde. Primeiro, os cientistas acharam que o limite de 100 fibras não deveria ser ultrapassado. Repentinamente, porém, mudaram de opinião e informaram que o limite seria de 1000 fibras. Isso levantou suspeitas. De repente, o amianto era menos perigoso? Ou os cientistas tinham algum motivo pessoal para julgar as fibras com maior bondade?

    Por azar, o Instituto teve que submeter toda a sua documentação a um exame. Os peritos ficaram espantados. Verificaram que não existe pesquisa alguma, no campo do amianto, que não tenha sido financiada pela indústria de amianto.

    Mais tarde, o Instituto informou que, pelo menos os canos de cimento-amianto que transportam a água potável são inofensivos, porque as partículas fibrosas que bóiam na água não comprometem a saúde — a verba para esta pesquisa também era de um fabricante de amianto. O porta-voz do Instituto Federal de Saúde explicou com franqueza irrefletida: assim como o Instituto, todas as universidades e laboratórios de pesquisa trabalham em conjunto com a indústria, para obter resultados orientados para o trabalho prático.

    É muito triste quando um instituto governamental é apanhado em flagrante, aceitando verbas — para analisar os riscos de saúde — diretamente das empresas que causam estes riscos. Pior ainda é divulgar que todos os outros estão fazendo o mesmo.

    Dentro de quatro paredes, os teóricos podem debater o motivo que leva a indústria a orientar a maioria das pesquisas médicas de acordo com seus interesses e argumentar que nem é possível ser diferente, numa sociedade que quer cada vez mais privatização e menos controle governamental; que a economia precisa exercer influência sobre a determinação dos riscos que são divulgados, dos riscos que são disfarçados e como os limites são estabelecidos para substâncias nocivas. Tudo isso segue a religião moderna de que o mercado — o intercâmbio de todos os egoísmos — regula tudo da melhor forma.

    Assim, a sociedade pertence necessariamente aos mais fortes. Não às pobres repartições públicas ou às universidades federais, que atualmente nem têm a verba necessária para um ensino adequado — e muito menos para pesquisas importantes. Se a indústria não financiasse generosamente cientistas, pessoal técnico, laboratórios, equipamento e projetos, milhares de universidades seriam fechadas.

    Sabe-se, há muito tempo, que a indústria dirige quase todas as carreiras acadêmicas na medicina. O pesquisador jovem e ambicioso da área médica, que sabe orientar seu trabalho segundo os interesses dos benfeitores da indústria, tem sucesso garantido. Ele consegue verbas especiais para pesquisa, pode visitar famosas instituições estrangeiras, é convidado com a esposa ou amiga para cursos de aperfeiçoamento nas mais belas estações de esqui ou de águas. As empresas o deixam trabalhar com o equipamento mais caro, financiam pessoal técnico auxiliar, permitem que teste os medicamentos mais recentes, auxiliam na publicação de seus trabalhos. Após algum tempo, é apresentado — com os resultados benéficos de suas pesquisas — em cursos de especialização profissional e congressos e sobe, sem demora, em sua carreira.

    Um desses pesquisadores viaja de um lugar para outro, como descobridor de um tipo de margarina que protege o coração de maneira fantástica (até que, após 10 anos, fica provado que ela não protege nada). Outro faz propaganda do milésimo produto psicotrópico que garante definitivamente a harmonização da alma. Um terceiro circula como hábil pesquisador de uma engenhoca que mediu, em 500 pessoas, alguma coisa possível de ser medida da mesma forma com 20 aparelhos já conhecidos. Como quase todas as carreiras seguem o mesmo caminho, cada um dos patrocinados encontra, em cada escalão, chefes, peritos e agremiações que não fazem objeção à sua amizade com as indústrias de margarina, dos produtos farmacêuticos e de equipamentos — todos consideram perfeitamente normal, pois fazem o mesmo.

    Por outro lado, provoca aborrecimento àquele que se interessa demais pelo exagero de exames diagnósticos desnecessários, pelos inúmeros medicamentos inúteis e pelos medicamentos que mais prejudicam do que fazem bem. Diante de interesses tão excusos, ele precisa ter dotes científicos extraordinários para não ser eliminado. Obviamente, será despedido com um certificado brilhante e algum motivo fictício.

    Sempre, porém, um ou outro fanático pela verdade, infelizmente, encontra uma brecha. Pior ainda se ele consegue obter os recursos para um projeto de pesquisa embaraçoso. Talvez para analisar se os gases que saem do escapamento do motor Diesel são nocivos. Aí, um homem desses descobre — isso ocorreu recentemente — que estes gases causam câncer nos ratos. E não é possível impedi-lo de passar sua descoberta para as mãos erradas. Imediatamente, uma comissão do Senado viu-se obrigada a colocar as emissões dos motores Diesel na lista dos cancerígenos. Isto, após a declaração oficial de que os motores Diesel eram pobres em substâncias nocivas e por isso sofreriam uma redução de impostos — uma grande atração para muitos compradores.

    O que fazer? Rapidamente foi desencadeada a reação específica prevista para tais casos catastróficos. Foi divulgado que o pesquisador responsável era um cientista que está por fora. O diretor das empresas que produzem a maioria dos veículos a Diesel até se fez de “vítima de alegações levianas e sem fundamento”. Imediatamente, o valor dos resultados foi colocado em dúvida: “Homens reagem de maneira diferente dos ratos. Se o gás Diesel fosse nocivo ao homem, já se saberia há muito tempo que, no manuseio profissional com este produto, freqüentemente ocorrem casos de câncer”.

    Exatamente esta suposição foi confirmada por uma pesquisa americana. Mesmo as dúvidas cuidadosamente plantadas, a respeito da competência profissional do pesquisador em questão, não adiantaram nada, pois ele foi apoiado por renomados colegas nacionais e estrangeiros. Resultado: não o pesquisador teimoso mas o empresário descontente ficou desacreditado. E a queda de 20 % na venda de veículos Diesel foi um golpe ainda maior. Uma montanha de cacos foi provocada por uma única cabeça dura, colocada no local errado, e que escapou ao afastamento em tempo hábil.

    Entretanto, nem sempre incidentes desse tipo precisam acabar tão mal. Para alívio dos leitores, gostaria de apresentar o exemplo de uma situação conflitante que foi solucionada de maneira mais elegante.

    Bem impressionado com o currículo do candidato, o superintendente de um hospital universitário convidou um especialista estrangeiro, competente no combate a dores, a ocupar um cargo de chefia. O superintendente não sabia que o novo médico estava pesquisando, com desconfiança e há muitos anos, os efeitos colaterais de determinado medicamento contra dor-de-cabeça. Como chefe de uma clínica, o médico encontrou novos indícios em seus pacientes que estes comprimidos, tão apreciados, às vezes levavam à dependência e, utilizados por longo tempo, até provocavam danos aos rins. Os problemas nos rins, por sua vez, causavam dor-de-cabeça, o que induzia os pacientes a aumentarem ainda mais a dose de comprimidos. O chefe da clínica reuniu, cuidadosamente, todos os resultados suspeitos e não se acanhou a escrever um artigo, que ele ofereceu a uma conhecida revista médica alemã para publicação.

    A redação, tomada de surpresa, logicamente não pensou em primeiro lugar nos milhares de pacientes inocentes que, diariamente, consumiam este medicamento suspeito, mas no provável desgosto do fabricante e seus anúncios tão bem-vindos. Portanto, a revista enviou o artigo — obviamente sem consultar o autor — para a indústria farmacêutica que produz os comprimidos. Esta, por sua vez, enviou dois representantes de peso, por avião, ao superintendente consternado do hospital universitário. Perguntaram porque permitiu que um artigo tão desagradável saísse de sua instituição.

    Mencionavam, de passagem, as verbas que a indústria, mensalmente, destinava ao hospital universitário. Imediatamente, o superintendente pediu explicações para o perplexo chefe de clínica que havia pensado ingenuamente nos benefícios da sua comunicação. O superintendente perguntou se ele estava louco. Se nem se importava com a situação delicada do hospital e do fabricante, “tão gentil”. Impotente diante da superintendência, da redação da revista e da empresa, o autor acuado concordou em omitir o nome do medicamento. Sobrou apenas a fórmula química que, para o leitor normal, pouco significa.

    Poucos dias mais tarde, o chefe da clínica perdeu seus assistentes e suas instalações de pesquisa. Mudos e sem resistência, todos os colegas (com excessão de um amigo), assistiram à punição. Para o humilhado, a demissão era a única saída. Sua carreira universitária estava encerrada — uma lição salutar para centenas de assistentes da faculdade que discutiam os prós e os contras do caso. Alguém, que tivesse a intenção de seguir o caminho errado do chefe de clínica, estava curado. Liberdade de pesquisa — tudo bem. Mas precisa haver ordem, ou seja, lealdade irrestrita no sentido correto.

    A punição de ações erradas intimida as pessoas sensatas mas, fato curioso, um ou outro rebelde se sente atraído. Em todo o caso, o chefe de clínica demitido deixou um rastro crescente de seguidores que denunciavam, sem o menor respeito, os medicamentos perigosos ou totalmente ineficazes. Conseguiam publicar esses artigos na imprensa leiga, com maior facilidade do que nas revistas científicas.

    Finalmente, foi preciso dar um ultimato aos responsáveis por esses periódicos: Falem positivamente de nossos produtos farmacêuticos ou cortaremos nossos anúncios!

    Uma indústria farmacêutica de renome decidiu exercer pressão sobre todas as editoras. As exigências categóricas incluíam, por exemplo, redatores com neutralidade política e terapêutica(!), publicação das notícias somente após verificação pelos atingidos (não os pacientes, mas os fabricantes!), contatos mais intensos com a associação das indústrias farmacêuticas, a não “dramatização de riscos de medicamentos”. Cada destinatário devia devolver uma cópia desta carta ameaçadora, devidamente assinada — como declaração de submissão.

    Isto mesmo! Quem não obedece tem que sentir na pele. Por que a indústria deveria se preocupar com a base financeira das revistas, em vez de cuidar de seu próprio bem-estar?

    Além disso, as indústrias farmacêuticas podem tranqüilamente invocar o fato de milhões consumirem, diariamente e por conta própria, analgésicos, calmantes, estimulantes ou soníferos, sem se preocupar se fazem bem ou mal. As pessoas tomam bebida alcoólica demais, comem demais e muito mal: em geral têm plena consciência dos prejuízos que o prazer lhes acarreta. Afinal, a indústria farmacêutica não é nenhuma instituição de caridade.

    Ou, será que talvez seja? Será que ela preenche uma função psicoterapêutica na sociedade? Qual seria a conseqüência se um cidadão normal não pudesse consumir, no decorrer de sua vida, 30.000 mil comprimidos? Ele iria beber mais álcool, talvez se tornasse dependente de drogas ou iria aderir a algum movimento de protesto.

    Milhões de pessoas só conseguem encarar a vida, o medo de catástrofes, poluição ambiental e guerras, porque podem se proteger da amargura com estimulantes e antidepressivos e da raiva com calmantes e soníferos. Segundo Marx, a religião é ópio para o povo. Hoje, a maioria não tem mais religião, só o ópio na forma de tranqüilizantes. Estes, segundo a propaganda, harmonizam a alma, são óculos de sol para a alma ou libertam do medo. Quando a raiva sobe à cabeça, existem medicamentos para dor-de-cabeça e quando a raiva afeta o estômago, existem medicamentos para o estômago. Talvez todos se rebelassem em massa contra a destruição da natureza, a corrida armamentícia, a energia atômica, a tecnologia genética, a opressão das mulheres — se não tivessem produtos farmacêuticos que os acalmassem. Estes já se tornaram, portanto, instrumento indispensável, base moderna da política de segurança e ordem nos países industrializados. Assim, ninguém pode levar a mal que a indústria farmacêutica se oponha com sucesso a qualquer legislação rigorosa do sector.

    Alguns pesquisadores, com vontade de comprar briga, descobriram que 60 % dos medicamentos vendidos na Alemanha produzem pouco ou nenhum efeito. Isto causa aborrecimento, mas não é muito grave. A maioria dos consumidores é suficientemente sugestionável para, obedientemente, sentir o efeito positivo do medicamento, que está indicado na bula ou em outro lugar. Quem vai se preocupar com advertências indicando efeitos colaterais estatisticamente raros?

    Todos compreendem que não se pode exigir do fabricante que mostre as desvantagens do seu próprio produto. O governo também prefere fechar os olhos, quando deveria esclarecer a periculosidade dos produtos — mas isso também é compreensível. Sempre há a pergunta, quando alertamos oficialmente a respeito de um produto nocivo de grande consumo popular. “Qual é o número de postos de trabalho ameaçados, em comparação com o número de consumidores potencialmente ameaçados?” Os políticos e economistas não precisam ter receio deste cálculo bastante delicado, como mostra a experiência; eles podem contar, às vezes, até com o apoio dos sindicatos. Também estes pensam, de vez em quando, primeiro em seus colegas que vivem da produção de agrotóxicos ou cigarros.

    Pelo exemplo dos cigarros, gosto de mostrar como a indústria e o Estado conseguiram, em cooperação exemplar e através de décadas, proteger um produto nocivo à saúde de perdas pesadas no mercado. Ao contrário do caso do amianto, trata-se aqui de uma obra prima da ars corrumpendi e isto para um dos artigos de maior consumo popular.

    Há quase 40 anos, sabemos definitivamente que fumar significa um grande risco de câncer do pulmão. Já naquela época, levantamentos nos EUA mostraram, de maneira inequívoca, que fumantes inveterados morrem de câncer do pulmão em número muito maior do que qualquer outro cidadão e que houve um aumento alarmante de casos de câncer do pulmão. Um médico berlinense rapidamente espalhou a sensacional descoberta americana pelo rádio. Imediatamente, um conglomerado de indústrias de cigarros ameaçou o superintendente da estação de rádio com a demanda de uma indenização gigantesca e contestou a seriedade da informação. O superintendente, por sua vez, ameaçou o médico de prisão. Não tinha o direito de repetir uma alegação tão monstruosa através de um meio de comunicação.

    Enquanto isso, institutos de pesquisa, discretamente comprados, desmentiam os resultados da descoberta do câncer causado por fumo. O público tinha a impressão de que os cientistas estavam, mais uma vez, em total desacordo — portanto, não se podia acreditar em nenhum deles.

    Finalmente, quando as vozes denunciando o fumo já estavam ganhando força, um eminente psicólogo internacional veio socorrer a indústria de cigarros. Com questionários sutis, ele achou que os fumantes inveterados são, em geral, bem mais nervosos do que os não fumantes. Prontamente, ele declarou com astúcia: “as pessoas adquirem câncer de pulmão devido a seu nervosismo. Que elas também fumem é mero acaso e não tem nada a ver com o risco de câncer”.

    Ao mesmo tempo, uma campanha publicitária fotografava fumantes inveterados de 90 anos e jovens campeões olímpicos fumando intensamente. Este ou aquele cigarro parecia indispensável para a alegria de viver, potência, resistência e juventude. Principalmente audácia esportiva e aventuras eram acopladas sugestivamente ao amor pelo cigarro. Ou seja: somente os quadrados medrosos se deixam intimidar pelo perigo do câncer. Progresso significa coragem e disposição para correr riscos. Os audaciosos cowboys, alpinistas e velejadores dos comerciais também podem sentir medo, mas eles não se perturbam e não se privam dos seus cigarros preferidos.

    Enquanto isso, o lobby poderoso das indústrias de cigarros ameaçou os políticos — quando estes não quiseram mais ficar calados — com cenários econômicos catastróficos. Inventou-se cigarros com baixo teor de nicotina, depois com baixo teor de alcatrão e utilizou-se uma mistura de mentol. Somas consideráveis foram gastas em filmes para cinema e televisão, em que os protagonistas principais estão fumando cigarros. Algumas estrelas do esporte receberam presentes para desistir de uma cura de desintoxicação.

    Assim, a frente de defesa política e industrial se manteve coesa de uma década a outra, até que as grandes indústrias do fumo tivessem conseguido se expandir para outros ramos, a fim de digerir, sem dor, as perdas inevitáveis do ramo de cigarros. Após uma demora colossal, os ministros de saúde se manifestaram com restrições oficiais, para as quais há muito tempo já tinham a comprovação em mãos. Assim, o movimento anti-fumantes foi inevitável mas, como mostram as estatísticas, na geração de adolescentes já pouco consegue penetrar. Os cigarros são um psicofármaco, cujos danos tardios só serão sentidos num futuro longínquo, que a juventude, devido a tantos outros riscos, não tem muita vontade de encarar.

    Onde existe hoje algo que se pode inalar, comer ou beber sem risco? Em que lugar o ar está limpo? Aonde a água é potável? Quantas substâncias químicas engolimos, quando comemos verduras ou bebemos vinho adulterado? Quantos produtos farmacêuticos encontramos em cada lingüiça ou bife? O chefe de uma comissão especial revelou recentemente: “Hoje nenhum porco ou boi chega ao matadouro sem estar entupido de medicamentos.”

    Vamos e venhamos, esse é mais um desses exageros repreensíveis. Por que não deixar às pessoas a ilusão de que somente um ou outro criador de gado suíno e bovino desrespeita os bons costumes?

    Entretanto, esta indiscrição também oferece um consolo. Quando ninguém mais consegue lembrar quais os alimentos e petiscos que causam câncer, prejudicam o fígado, coração, rins, medula, sangue e dentes, vai se tornar indiferente o que comemos e tudo volta a ter sabor. É compreensível que os médicos não queiram irritar as pessoas com alertas constantes. Muitos deles também fumam, tomam comprimidos desnecessários, comem erradamente, bebem demais — não servem para defender a moral.

    Assim como os hospitais universitários e os laboratórios de pesquisa, também os consultórios médicos refletem, de maneira exemplar, a cooperação rendosa com as indústrias farmacêuticas e de equipamento médico. Para acompanhar a modernidade, milhares de médicos jovens ficam endividados com a aquisição de aparelhos dos mais dispendiosos, que eles usam — para conseguir efetuar o pagamento — em inúmeros casos totalmente desnecessários.

    Ao mesmo tempo, eles se esforçam para alimentar cuidadosamente a maravilhosa fé nos medicamentos. De que outra forma a indústria farmacêutica poderia lucrar com milhares de medicamentos, quando a Organização Mundial da Saúde considera que apenas 200 medicamentos são necessários?

    Como podemos reclamar que os médicos se sujeitem às leis do mercado, do qual fazem parte? Os médicos debitam ao seguro-saúde, a cada ano, milhões de Euros por serviços que não realizaram. De acordo com a Aertzte Zeitung (Jornal Médico), estima-se que de 15 % a 20 % dos médicos da Previdência estejam cobrando demais ou de forma errada. Se alguém é apanhado, é capaz de confessar: “Mas todos fazem isso”!

    #2
    Mais um escândalo da indústria farmacêutica



    Há dias, contámos aqui que a Pfizer decidiu retirar do mercado o seu Celebrex por suspeitas de provocar acidentes cardiovasculares, na sequência de idêntica atitude da Merck, dez semanas antes, em relação ao Vioxx.

    Em Junho de 2004, o procurador do Estado de Nova Iorque tinha acusado a GlaxoSmithKline de esconder estudos clínicos que demonstravam que o anti-depressivo Paxil provoca pulsões suicidárias nos adolescentes.

    Agora, o British Medical Journal acusa o Prozac, um dos mais famosos anti-depressivos, e o seu fabricante Eli Lilly, de nos ter escondido, durante mais de quinze anos, um estudo mostrando que o Prozac seria igualmente responsável por comportamentos suicidários e acessos de violência.

    O que está em causa, não é a existência, ou não, de efeitos secundários, pois todos os medicamentos são avaliados em função da sua relação benefício-risco. São sobretudo a sua descoberta tardia e, pior ainda, os estudos clínicos que os põem em evidência e que são escondidos das autoridades sanitárias, e do público, que suscitam esta crescente crise de confiança.

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      #3
      Bah, teorias da consipração.

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        #4
        citação:Originalmente colocada por Zur Besonderen Verwendung

        Bah, teorias da consipração.
        Agora é tudo teoria da conspiração! :D
        Que falta de imaginação!


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          #5
          A Indústria do Câncer

          THE POLITICS OF CANCER Reviseted
          Política do câncer Samuel S. Epstein

          East Ridge Press
          Fermont Center,
          NY, EUA
          1998, 770 p

          Este livro traz uma reavaliação da política do câncer
          Não estamos vencendo a guerra contra o câncer. Estamos perdendo a guerra. O número de norte-americanos que contraem câncer a cada ano aumentou nas últimas décadas, enquanto a capacidade de tratar e curar a maioria dos cânceres comuns permaneceu virtualmente inalterada.

          Com base em documentação detalhada, o autor do livro "A Política do Câncer", Dr. Samuel Epstein, especialista mundial em câncer, apresenta uma acusação mordaz, informando os leitores como as políticas da indústria do câncer são fortemente influenciadas por amplos conflitos de interesse. O NCI, National Cancer Institute (Instituto Nacional do Câncer) e a ACS, American Cancer Society (Sociedade Americana do Câncer), iludiram e confundiram o público e o Congresso com repetidas alegações falsas de que estamos ganhando a guerra contra o câncer ¾ alegações feitas para obter do público e dos congressistas respaldo para aumentos pesados nas dotações orçamentárias.

          Este livro colocou o Dr. Epstein novamente frente a frente com a indústria do câncer, contestando suas declarações com documentação minuciosa, esclarecendo estatísticas falsas, expondo as manipulações orçamentárias e denunciando razões políticas e econômicas — e não a falta de informação científica — para a perda da guerra contra o câncer.

          A obra desafia as declarações enganosas de que estamos “mudando a maré contra o câncer” e mostra que é a indústria a principal responsável por estarmos perdendo a guerra que poderia ser vencida. De forma precisa e eficaz, o livro proporciona informação vital — muito tempo ignorada ou trivializada pelas instituições do câncer — sobre ampla série de causas evitáveis e sobre a forma pela qual o leitor e seus familiares podem se proteger contra o câncer.

          A indústria do câncer continua presa ao controle dos estragos — diagnóstico e tratamento — e à pesquisa genética, mas indiferente à prevenção. Neste meio tempo, a incidência do câncer escalou à proporção epidêmica, com o risco de 50% das pessoas contraírem um câncer durante a vida.

          O NCI, com apoio da ACS, bloqueou eficazmente, durante décadas, financiamento de pesquisas e experiências clínicas relacionadas a remédios promissores não tóxicos para o câncer — favorecendo medicamentos patenteados altamente tóxicos e ineficazes, desenvolvidos pela indústria mundial multibilionária do câncer. Além disso, a indústria do câncer sistematicamente atormentou os proponentes de remédios não-tóxicos alternativos.

          A ACS e o NCI deixaram de fornecer ao Congresso e aos órgãos competentes a informação científica disponível sobre ampla forma de exposição inconsciente a carcinógenos no ar , na água, no local de trabalho e nos produtos de consumo — alimentos, cosméticos e produtos de limpeza. Como resultado, não foi introduzida nenhuma legislação e ação regulamentar.

          Essa acusações do Dr.Epstien contra a indústria do câncer foram confirmadas por mais de 65 conhecidos peritos em saúde publica e medicina preventiva, incluído antigos diretores de órgãos federais.

          Para informações sobre a prevenção do câncer,
          veja www.preventcancer.com

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