Rodrigo Duterte promete introduzir a pena de morte por enforcamento para homicidas, traficantes de droga e violadores. Retrato do "justiceiro" chegado a presidente das Filipinas.
Rodrigo Duterte é claro: vai dar ordens às forças de segurança para "atirarem a matar" em operações contra o crime organizado e em criminosos que resistam "de forma violenta" à prisão ou se ponham em fuga.
Durante a campanha eleitoral, Duterte adotou uma postura musculada em relação à criminalidade e à pobreza, dois problemas centrais nas Filipinas. De acordo com o "Donald Trump do Leste", como já é conhecido, a resposta à criminalidade passará por matar milhares de infratores.
"É melhor pararem ou vou matar-vos" foi o recado que Duterte deixou aos traficantes de droga no momento em que foi eleito. "As funerárias vão ficar repletas. Eu levo os cadáveres" é outra das frases que pode resumir a política no combate ao crime que quer levar a cabo quando iniciar funções, a 30 de junho.
Duterte ficou conhecido como "o justiceiro" durante os 22 anos em que presidiu à câmara de Davao - que tem dos índices de criminalidade mais reduzidos do mundo - por fazer "justiça" pelas próprias mãos e defender a criação de esquadrões da morte. É acusado por organizações de Direitos Humanos de ter ordenado execuções extrajudiciais de mais de mil prisioneiros durante os sete mandatos em que esteve à frente da autarquia.
A polémica em torno do político de 71 anos aumentou quando este fez uma piada sobre a violação de uma freira em 1989, numa prisão de Davao. "Fiquei furioso por ela ter sido violada, mas era tão bonita. Pensei que o presidente da câmara deveria ter sido o primeiro [a violá-la]", disse.
Como candidato presidencial, Duterte chamou "filho da p..." ao Papa por ter provocado engarrafamentos no trânsito durante uma visita às Filipinas, onde 80% da população é católica. No domingo, Duterte admitiu cancelar os planos que anunciara dias antes sobre uma viagem ao Vaticano, para pedir perdão ao líder religioso. Ao longo da campanha, o político dirigiu o mesmo insulto ao atual presidente das Filipinas, Benigno Aquino, que pediu aos filipinos para não votarem em Duterte, que acusou de ser uma "ameaça à democracia".
Adepto do federalismo, o futuro presidente mostrou já a vontade de mudar a Constituição do país, de modo a criar um governo de base parlamentar, com o objetivo de descentralizar o poder. Licenciado em direito, apoia os direitos da comunidade homossexual e transexual, pelo que admite viabilizar a união civil entre pessoas do mesmo sexo.
Mas não é só na política interna que Duterte se quer diferenciar de Aquino. Se o ainda presidente tem recusado a via do diálogo com a China quanto à disputa das ilhas Spratley, o próximo chefe de Estado quer encontrar uma solução que beneficie ambas as partes, como dividir a exploração dos recursos naturais da zona.
Rodrigo "Digong" Duterte venceu as eleições de 9 de maio com 38,65% dos votos.
Nascido em 1945 na cidade de Maasin, teve uma educação tradicionalmente católica. O pai foi governador de Davao e a mãe professora. No ensino básico e secundário, estudou em Digos e em Davao, de onde foi expulso duas vezes, segundo a revista norte-americana "Time". Formou-se em Artes na Universidade das Filipinas e Direito na de San Beda.
Depois de ter recebido críticas pelo insulto que proferiu contra o papa, Duterte assumiu ter sofrido abusos sexuais por um padre, quando era jovem. É pai de três filhos e separado, ainda que já tenha vindo a público dizer que tem três namoradas. O também amante de motas já ganhou vários prémios por se ter destacado na política interna da cidade de Davao.
http://www.jn.pt/mundo/interior/rodr...s-5177535.html
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