(Paciência, muita paciência que isto é looooongo)
Nos últimos meses tenho tido oportunidade de experimentar e usufruir de contactos mais prolongados com uma série de veículos, sobretudo segmento C.
Não são curtos test-drives, mas sim, possibilidade de conduzir, pelo menos, durante 1 dia inteiro, cobrindo 2-3 centenas de quilómetros em múltiplos cenários de cada vez. Alguns deles conduzi-os mais que uma vez.
Permitiu ter uma percepção mais completa do que é e vale o automóvel em vez de um curto test-drive.
Antes que a memória comece a pregar partidas, como já começou a acontecer com um dos veículos que irei mencionar, decidi efectuar um registo pessoal sobre a minha interacção com estes veículos.
É provável que ainda possa ou consiga experimentar outros, e em devida altura actualizarei o tópico.
Isto poderá parecer uma salganhada, porque teremos premium misturado com não-premium, hatch com carrinha e crossover.
Mas está tudo dentro do segmento e acabam todos por ter os mesmos propósitos na vida.
Nem sei se os níveis de equipamento são comparáveis ou não, mas pelo que deu para verificar, eram tudo versões intermédias. Não havia mega-rodas, suspensões pipi ou outros gadget que se destacassem.
Todos eles tinham entre 2-3 meses até 1 ano de vida (o mais antigo era do final de 2015).
O único aspecto em comum é o facto de ser tudo diesel. O incontornável e aborrecido diesel.
É um comparativo, mas acaba por ser mais um recolher de notas sobre o que apreciei e ou não apreciei sobre estas criaturas.
Sempre dá para comparar experiências.
As criaturas:
Alfa Romeo Giulietta 1.6 JTD (fiquei na dúvida se é o de 120cv. Matrícula RO, passou-me completamente ao lado que este modelo tinha sido actualizado à pouco tempo e que tinha levado com o 1.6 de 120cv, pelo que nem confirmei se era ou não. Alguém que me confirme)
Audi A3 1.6 TDI Sportback
BMW 116d
Ford Focus 1.5 TDci (não sei especificar se era de 95 ou 120cv. O de 95 vende-se cá?)
Nissan Qashqai 1.5dci
Seat Leon 1.6 TDI ST
VW Golf 1.6 TDI
O Alfa Giulietta e o BMW 116 acabaram por ser os que tive oportunidade de explorar de forma mais completa, fosse pelo tipo de percursos, fosse pelos ritmos adoptados, uma das vantagens de se andar sozinho nos carros.
Relativamente ao Focus, não vou conseguir referir nada sobre o motor. Já passaram 2-3 meses, e sinceramente, qualidades ou defeitos do motor, varreram-se completamente da memória. Não houve nada que se destacasse para ficar registado.
Tenho de ver se me cruzo com ele em futura oportunidade. Foi uma das razões pelas quais quis criar este tópico, de modo a que estas experiências não se percam no futuro.
E começando precisamente pelos motores, pessoalmente não sou fã de diesel. Sobretudo em cilindradas baixas, onde estes pequenos motores são no geral desagradáveis de usar.
Soam mal a qualquer rotação, amorfos a baixos regimes, e no geral, não são fãs de abusos. Deixem-nos estar nos médios regimes que é onde se sentem bem.
O 1.6 TDI dos Seat, Audi e VW são os que melhor encaixam neste cliché. Fiquei sempre com a percepção de serem os mais anémicos até chegarmos ao pico de binário, e também não são fãs de regimes elevados.
O 1.5 DCI foi uma surpresa mais agradável. Sendo o Qashqai o mais pesado deste grupo, estava à espera de algum sofrimento por parte do motor, mas não.
Melhor em baixas que o 1.6 TDI e subida de regime com mais vivacidade e maior progressividade.
O Alfa e o BMW posso ter ficado com uma percepção distorcida do desempenho do motor, pois existe um modo Dynamic e Sport que contribui imenso para a forma como o motor entrega o que tem para dar, onde acelerador e resposta do motor é potenciada e muito mais imediata.
O 3 cilindros da BMW é particularmente vivaz e rotativo, e acabou por ser o motor que mais apreciei, mas o 1.6 do Alfa não lhe fica atrás, com excelente resposta a qualquer regime.
Dito isto, aposto que tiraria mais gozo e seria uma experiência mais rica ter a oportunidade de comparar com os pequenos turbo gasolina que maior parte destes carros trazem.
---------------
No que toca a condução e dinâmica, Alfa e BMW novamente destaco-os pelo facto de terem o Dynamic e Sport, que coloca os comandos com uma disposição bem mais ao meu gosto, de respostas mais precisas e imediatas aos meus inputs. Acabam por ser os meus preferidos, e os modos "normais" que eles possuem são rapidamente esquecidos.
Os irmãos MQB, por partilharem tanto entre eles, poderiam ter os mesmos vícios e virtudes, mas acaba por haver algumas nuances.
Estaria à espera de que o Leon, sendo o "latino" e com imagem mais dinâmica entre os três fosse o mais acutilante, mas revelou ser precisamente o inverso.
Nota-se sobretudo na direcção. Não só é mais leve, como parece existir alguma imprecisão e folga nos primeiros momentos após virarmos o volante.
Reduz a confiança inicial quando estamos a atacar uma curva de forma mais animada. Parece haver uma latência entre o input e correspondente acção nas rodas.
Só como comparação, o feedback que recebo da direcção do Qashqai num ataque inicial a uma curva, inspira mais confiança do que o Leon.
O Qashqai também está bem resolvido no tacto e precisão dos comandos. É fácil pegar naquela criatura e atacar qualquer estrada. Inicialmente inspira confiança. O problema é o depois...
Acaba por ser o que perde mais facilmente a compustura, sobretudo quando o ritmo anima e a estrada se deteriora. Por vezes parece que acabámos de encontrar mar crispado em vez de asfalto deteriorado.
Entre o Golf e o A3 não notei diferenças. São muito similares. Teria de conduzir um imediatamente a seguir ao outro, em cenários mais variados, para perceber alguma nuance, pelo que a perceptível diferença destes para o Leon acabou por se destacar.
Também Golf e A3 apresentam melhor controlo dos movimentos da carroçaria que o Leon. São bastante precisos no que fazem, mas também não convidam a explorar mais e não cativam por aí além.
O Ford toma muito bem conta de si, e, a meu ver, está lá em cima ao pé do BMW neste capítulo. Dá gozo explorar o Focus. Excelente resposta dos comandos, suspensão sempre em cima do acontecimento, inspira confiança quando aumentamos ritmo. Todo o carro está bem resolvido.
Faltou experimentar o Focus em algumas das estradas onde andei com o série 1 e, sobretudo, o Giulietta para cimentar totalmente a minha opinião sobre o comportamento do carro.
Foi o que aconteceu com o Giulietta. Destes todos foi o que tive mais oportunidade de ir para lá do razoável. Devido a uma série de circunstâncias, acabei por ficar sozinho com ele numa qualquer estrada de montanha, imperfeita, estreita e enrolada em grande parte do percurso.
Nenhum destes carros é um desportivo, pelo que não é de esperar que brilhem quando decidimos ir perto dos limites ou aos limites.
E o Giulietta, quando me estiquei mais, chegamos a um limite no qual parece que fica incapaz de lidar com o que lhe estamos a pedir. Tive momentos em que o chassis parecia não ter resposta para lidar com as imperfeições da estrada, nem a conseguir conter os movimentos da carroçaria.
Tivesse oportunidade de efectuar o mesmo percurso com os outros, e provavelmente chegaria à conclusão que nenhum deles é um carro 10/10.
Mas a 7-8/10, série 1, Focus, e Giulietta acabam por ser os mais interessantes e motivantes de explorar.
O Qashqai é o mais assustador a ritmos elevados. Exige talvez o maior tempo de habituação para nos sentirmos à vontade com o adornar e "oscilações" extra da carroçaria.
Isto vindo de mim, claro. Que tenho um Swift Sport rijo que nem cornos, não-adorna e que aprecio criaturas rasteiras e mais especializadas como os MX-5 e MR-2 que cheguei a ter.
-----------------
Aos limites inferiores do Qashqai contraponho como o mais confortável. E apenas pelo banco que trás.
Tem os bancos mais "fofinhos" e mais amigos de longas permanências ao volante. A suspensão de curso mais longo ajuda em parte, mas com tanto movimento de carroçaria que gera, acaba por ter o efeito oposto. Acaba por ser a criatura que mais sacode os ocupantes.
Restantes são razoavelmente confortáveis. Complacentes q.b.. Uns mais duros que outros, mas nada de grandes diferenças. Boas regulações de banco e volante, a permitirem encontrar uma boa posição de condução em todos eles.
-----------------
Rebarbas assassinas, materiais duros e que se pelam foi coisa que não andei a explorar.
No entanto havia diferenças consideráveis na robustez das fixações e, logo, na presença de ruídos parasitas.
Algo que estou bastante habituado no meu Swift, que vai a caminho dos 7 anos, e foi projectado para ser baratucho na linha de produção, mas que não esperaria encontrar um rival à altura na produção de ruídos, de concepção mais recente, um segmento (e meio) acima, e com menos de 6 meses de vida.
Oh sim, refiro-me ao ©rossover...
Todos eles deparando-se com uma estrada de paralelos apresentam ruídos parasitas. Coisas pequenas, basta estar atento. Mas o Qashqai demarca-se imenso do pack.
Querem testar a sério a qualidade da montagem? Descer a D.Carlos I, em Lisboa. É como se tivéssemos a seguir o rasto de umas lagartas numa estrada de terra batida.
Provoca todo o tipo de vibrações, com o carro permanentemente aos saltinhos, sem conseguir lidar com a frequência das irregularidades.
E no interior, tudo acaba por abanar.
Se nos outros, o ruído do movimento da suspensão acaba por se destacar, no Qashqai é o ruído dos plásticos no interior que domina o ambiente.
Não faz sentido algo tão recente como o Qashqai apresentar aquele nível de "interferências acústicas".
O Focus é melhor nesse aspecto, e os alemães, incluíndo o Leon, estão num patamar superior. Patamar onde também coloco o Giulietta.
Os italianos podem ter a fama, mas fiquei agradavelmente surpreendido com a robustez do Giulietta no geral, apesar de ser o modelo de concepção mais antiga.
---------------------
Tive oportunidade para interagir com uma série de sistemas de infotainment, com os écrans tácteis a dominar a cena, e apenas confirmei aquilo que já adivinhava.
Écrans tácteis num automóvel deixam mesmo muito a desejar.
Distraem muito mais, temos de desviar o olhar da estrada durante mais tempo, e obrigam a movimentos muito mais precisos para acertar nas opções certas.
Com botões físicos, é mais fácil criar memória e automatismo de movimentos, e com o hábito, metade das vezes já nem é necessário olhar para onde está o botão. Da mesma forma que estou aqui a teclar sem tirar os olhos do écran, sendo desnecessário olhar para o teclado.
Com muitos aninhos de web design em cima, o design de interfaces faz parte do território, e questões como rapidamente navegar para a "página" certa, ou efectuar de forma concisa e rápida determinada função são aspectos que valorizo bastante.
O interface não tem apenas de ser apelativo, tem de ser intuitivo. E para mais, quando temos de interagir com eles num veículo em movimento.
Algo que falha em grande parte destes automóveis.
É certo que não pude testar de forma mais aprofundada cada um dos sistemas. E seria necessário muito mais que umas linhas de texto como estas para discutir este assunto.
Mas rapidamente passei a detestar aquilo que o Focus trazia. Falta de "focus" é o que o caracteriza. É difícil navegar e interagir com aquilo. Vamos esquecer que existe.
Logo a seguir o sistema do Qashqai também não deixa muitas saudades.
No geral, maior parte destes modelos traziam teclas de atalho a ladear o écran o que ajuda a encontrar mais facilmente o que procuramos, e nesse aspecto dentro dos MQB, apreciei o do Leon mais que o do Golf e do A3.
Este mix entre botões e écran táctil acabou por funcionar razoavelmente bem.
Escolher uma estação de rádio no Leon acabou por ser o mais fácil, com botões grandes a não necessitar de tanta precisão na pontaria, formados em parte pelos logos das radios, o que mais ajudava na identificação das mesmas.
O Giulietta trazia um écran muito pequenino e pouco interagi com ele. Deixemo-lo de parte até uma próxima oportunidade de contacto mais prolongada.
Mas de todos os sistemas, aquele que me permitiu efectuar tudo de forma fácil e eficaz sem haver nenhuma necessidade de enfiar o dedo pelo écran adentro, foi o série 1.
O i-drive pode ter sido polémico no passado, mas foi o que mais rapidamente me adaptei. Não temos de fazer pontaria a nada, não temos de tirar os olhos em demasia da estrada, é só rodar a rodinha e clicar. Siga...
O A3 tem um comando semelhante, mas demorei mais tempo a adaptar-me e o posicionamento do dito, imediatamente atrás do manípulo da caixa, levava a que por vezes carregasse em algumas teclas acidentalmente. Um erro ergonómico.
-----------------
Andei praticamente sempre no lugar do condutor, pelo que não pude verificar condições de acessibilidade e habitabilidade em todos eles.
Mas existem coisas que são óbvias, como o série 1 continuar a ser um desastre épico para os ocupantes traseiros. Seja para entrar ou para sair do carro e é o que tem as piores cotas.
Os restantes é mais pacífico.
Como seria de esperar as carrinhas aqui presentes têm a bagageira maior.
A Leon ainda tem bastante espaço aproveitável por debaixo do piso da bagageira, o que deu muito jeito na altura.
A bagageira dos hatchs é razoável, assim como a do Qashqai, que é um pouco melhor.
O Giulietta provocou alguma perplexidade nos que foram para o banco de trás, quando tentaram abrir a porta traseira e não encontravam o manípulo da porta. Ainda deu para gozar um bocado com a situação.
O Qashqai trazia tecto panorâmico. Foi um dos que conduzi por diversas vezes, e por incrível que pareça, foi o único carro deste grupo que recebeu elogios por parte dos passageiros que iam nele.
Existe mesmo um encanto qualquer "crossoveriano". Felizmente sou imune.
Mesmo o "good feel factor" de que os acusam, passa-me completamente ao lado.
------------------
Visibilidade para a frente no geral é boa em todos eles.
O problema é quando queremos olhar para trás. E os pilares A...
No caso do Qashqai problemático mesmo. Os pipipi e a câmara 360, acabam por ser uma necessidade e não um gadget. Visibilidade traseira é má, mesmo má, devido à reduzida altura da área vidrada. Bom para as proporções externas, mas mau para quem quer ver de dentro para fora.
A posição sobreelevada de condução também não traz vantagens nenhumas, quando o trânsito à nossa volta é maioritariamente constituido por carrinhas comerciais e outros crossovers e SUV's.
Umas das minhas críticas favoritas, o posicionamento dos pilares A, também o Qashqai acabou por se demarcar devido a um episódio.
Num determinado momento, o pilar A do lado esquerdo conseguiu tapar totalmente um Smart 4/2. Num cruzamento. Evitei o acidente por uma nesga. Tanto eu como o Smart conseguimos parar a tempo, com a alta frente do Qashqai a centímetros da lateral do Smart...
O Leon é o que apresenta melhor visibilidade. O que ajuda bastante em manobras de estacionamento, apesar de também vir com sensores de aproximação.
-----------------
Em conclusão, foi muito porreiro experimentar criaturas que nunca tinha conduzido.
Não são definitivamente o meu tipo de carro, mas para o papel que eles têm de executar, as características deles são adequadas.
As críticas negativas que faço são transversais À indústria, nomeadamente visibilidade e interface.
Quem realmente gosta de fazer gostinho ao pé, deste grupo apreciei especialmente o série 1, Focus e Giulietta.
Não entusiasmam pela performance, nem pelas mecânicas (gostaria de ter oportunidade de comparar com os pequenos ottos sobrealimentados) mas estão bem resolvidos ao nível dos comandos e dinâmico, e no caso do 1 e Giulietta, a possibilidade de potenciar a resposta dos comandos e motor torna-os mais interessantes do ponto de vista de condução.
O motor do Focus é uma incógnita.... nem após escrever este longo texto, que, por associação de ideias, poderia trazer alguma luz sobre o assunto, me recordo de nada acerca das qualidades ou características do motor!
A3 e Golf não entusiasmam em nenhum capítulo. Bem construidos, robustos, com boa apresentação, eficazes. Objectivamente bons, mas carecem de carga emocional.
O Leon parece ser uma versão mais "flácida" destes dois. Curiosamente, dá-lhe um pouco mais de carácter, eheheh.
Para longas distâncias, de preferência em estradas abertas, com poucas irregularidades (para evitar o bambolear da carroçaria e os ruídos no interior), o Qashqai revelou-se o mais adequado a esse tipo de utilização, graças aos bancos mais confortáveis deste grupo.
Interessante era o contraste após estar horas a conduzir um qualquer destes veículos e depois voltar a pegar no Swift Sport.
Parecia levar uma injecção de adrenalina no sistema, dado o Swift ser muito menos filtrado que estas criaturas, com comandos mais pesados e de resposta mais directa, suspensão rija e muito maior agilidade. Só estragando o cenário a posição de condução demasiado elevada, e a impossibilidade de regular o volante ou baixar mais o banco.
Só por pura necessidade de espaço consideraria visitar este segmento para uma futura aquisição. Até lá, FUN, criaturas pequenas e leves, e espero que novamente rasteirinhas, continuarão a ser as prioridades.
Nos últimos meses tenho tido oportunidade de experimentar e usufruir de contactos mais prolongados com uma série de veículos, sobretudo segmento C.
Não são curtos test-drives, mas sim, possibilidade de conduzir, pelo menos, durante 1 dia inteiro, cobrindo 2-3 centenas de quilómetros em múltiplos cenários de cada vez. Alguns deles conduzi-os mais que uma vez.
Permitiu ter uma percepção mais completa do que é e vale o automóvel em vez de um curto test-drive.
Antes que a memória comece a pregar partidas, como já começou a acontecer com um dos veículos que irei mencionar, decidi efectuar um registo pessoal sobre a minha interacção com estes veículos.
É provável que ainda possa ou consiga experimentar outros, e em devida altura actualizarei o tópico.
Isto poderá parecer uma salganhada, porque teremos premium misturado com não-premium, hatch com carrinha e crossover.
Mas está tudo dentro do segmento e acabam todos por ter os mesmos propósitos na vida.
Nem sei se os níveis de equipamento são comparáveis ou não, mas pelo que deu para verificar, eram tudo versões intermédias. Não havia mega-rodas, suspensões pipi ou outros gadget que se destacassem.
Todos eles tinham entre 2-3 meses até 1 ano de vida (o mais antigo era do final de 2015).
O único aspecto em comum é o facto de ser tudo diesel. O incontornável e aborrecido diesel.
É um comparativo, mas acaba por ser mais um recolher de notas sobre o que apreciei e ou não apreciei sobre estas criaturas.
Sempre dá para comparar experiências.
As criaturas:
Alfa Romeo Giulietta 1.6 JTD (fiquei na dúvida se é o de 120cv. Matrícula RO, passou-me completamente ao lado que este modelo tinha sido actualizado à pouco tempo e que tinha levado com o 1.6 de 120cv, pelo que nem confirmei se era ou não. Alguém que me confirme)
Audi A3 1.6 TDI Sportback
BMW 116d
Ford Focus 1.5 TDci (não sei especificar se era de 95 ou 120cv. O de 95 vende-se cá?)
Nissan Qashqai 1.5dci
Seat Leon 1.6 TDI ST
VW Golf 1.6 TDI
O Alfa Giulietta e o BMW 116 acabaram por ser os que tive oportunidade de explorar de forma mais completa, fosse pelo tipo de percursos, fosse pelos ritmos adoptados, uma das vantagens de se andar sozinho nos carros.
Relativamente ao Focus, não vou conseguir referir nada sobre o motor. Já passaram 2-3 meses, e sinceramente, qualidades ou defeitos do motor, varreram-se completamente da memória. Não houve nada que se destacasse para ficar registado.
Tenho de ver se me cruzo com ele em futura oportunidade. Foi uma das razões pelas quais quis criar este tópico, de modo a que estas experiências não se percam no futuro.
E começando precisamente pelos motores, pessoalmente não sou fã de diesel. Sobretudo em cilindradas baixas, onde estes pequenos motores são no geral desagradáveis de usar.
Soam mal a qualquer rotação, amorfos a baixos regimes, e no geral, não são fãs de abusos. Deixem-nos estar nos médios regimes que é onde se sentem bem.
O 1.6 TDI dos Seat, Audi e VW são os que melhor encaixam neste cliché. Fiquei sempre com a percepção de serem os mais anémicos até chegarmos ao pico de binário, e também não são fãs de regimes elevados.
O 1.5 DCI foi uma surpresa mais agradável. Sendo o Qashqai o mais pesado deste grupo, estava à espera de algum sofrimento por parte do motor, mas não.
Melhor em baixas que o 1.6 TDI e subida de regime com mais vivacidade e maior progressividade.
O Alfa e o BMW posso ter ficado com uma percepção distorcida do desempenho do motor, pois existe um modo Dynamic e Sport que contribui imenso para a forma como o motor entrega o que tem para dar, onde acelerador e resposta do motor é potenciada e muito mais imediata.
O 3 cilindros da BMW é particularmente vivaz e rotativo, e acabou por ser o motor que mais apreciei, mas o 1.6 do Alfa não lhe fica atrás, com excelente resposta a qualquer regime.
Dito isto, aposto que tiraria mais gozo e seria uma experiência mais rica ter a oportunidade de comparar com os pequenos turbo gasolina que maior parte destes carros trazem.
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No que toca a condução e dinâmica, Alfa e BMW novamente destaco-os pelo facto de terem o Dynamic e Sport, que coloca os comandos com uma disposição bem mais ao meu gosto, de respostas mais precisas e imediatas aos meus inputs. Acabam por ser os meus preferidos, e os modos "normais" que eles possuem são rapidamente esquecidos.
Os irmãos MQB, por partilharem tanto entre eles, poderiam ter os mesmos vícios e virtudes, mas acaba por haver algumas nuances.
Estaria à espera de que o Leon, sendo o "latino" e com imagem mais dinâmica entre os três fosse o mais acutilante, mas revelou ser precisamente o inverso.
Nota-se sobretudo na direcção. Não só é mais leve, como parece existir alguma imprecisão e folga nos primeiros momentos após virarmos o volante.
Reduz a confiança inicial quando estamos a atacar uma curva de forma mais animada. Parece haver uma latência entre o input e correspondente acção nas rodas.
Só como comparação, o feedback que recebo da direcção do Qashqai num ataque inicial a uma curva, inspira mais confiança do que o Leon.
O Qashqai também está bem resolvido no tacto e precisão dos comandos. É fácil pegar naquela criatura e atacar qualquer estrada. Inicialmente inspira confiança. O problema é o depois...
Acaba por ser o que perde mais facilmente a compustura, sobretudo quando o ritmo anima e a estrada se deteriora. Por vezes parece que acabámos de encontrar mar crispado em vez de asfalto deteriorado.
Entre o Golf e o A3 não notei diferenças. São muito similares. Teria de conduzir um imediatamente a seguir ao outro, em cenários mais variados, para perceber alguma nuance, pelo que a perceptível diferença destes para o Leon acabou por se destacar.
Também Golf e A3 apresentam melhor controlo dos movimentos da carroçaria que o Leon. São bastante precisos no que fazem, mas também não convidam a explorar mais e não cativam por aí além.
O Ford toma muito bem conta de si, e, a meu ver, está lá em cima ao pé do BMW neste capítulo. Dá gozo explorar o Focus. Excelente resposta dos comandos, suspensão sempre em cima do acontecimento, inspira confiança quando aumentamos ritmo. Todo o carro está bem resolvido.
Faltou experimentar o Focus em algumas das estradas onde andei com o série 1 e, sobretudo, o Giulietta para cimentar totalmente a minha opinião sobre o comportamento do carro.
Foi o que aconteceu com o Giulietta. Destes todos foi o que tive mais oportunidade de ir para lá do razoável. Devido a uma série de circunstâncias, acabei por ficar sozinho com ele numa qualquer estrada de montanha, imperfeita, estreita e enrolada em grande parte do percurso.
Nenhum destes carros é um desportivo, pelo que não é de esperar que brilhem quando decidimos ir perto dos limites ou aos limites.
E o Giulietta, quando me estiquei mais, chegamos a um limite no qual parece que fica incapaz de lidar com o que lhe estamos a pedir. Tive momentos em que o chassis parecia não ter resposta para lidar com as imperfeições da estrada, nem a conseguir conter os movimentos da carroçaria.
Tivesse oportunidade de efectuar o mesmo percurso com os outros, e provavelmente chegaria à conclusão que nenhum deles é um carro 10/10.
Mas a 7-8/10, série 1, Focus, e Giulietta acabam por ser os mais interessantes e motivantes de explorar.
O Qashqai é o mais assustador a ritmos elevados. Exige talvez o maior tempo de habituação para nos sentirmos à vontade com o adornar e "oscilações" extra da carroçaria.
Isto vindo de mim, claro. Que tenho um Swift Sport rijo que nem cornos, não-adorna e que aprecio criaturas rasteiras e mais especializadas como os MX-5 e MR-2 que cheguei a ter.
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Aos limites inferiores do Qashqai contraponho como o mais confortável. E apenas pelo banco que trás.
Tem os bancos mais "fofinhos" e mais amigos de longas permanências ao volante. A suspensão de curso mais longo ajuda em parte, mas com tanto movimento de carroçaria que gera, acaba por ter o efeito oposto. Acaba por ser a criatura que mais sacode os ocupantes.
Restantes são razoavelmente confortáveis. Complacentes q.b.. Uns mais duros que outros, mas nada de grandes diferenças. Boas regulações de banco e volante, a permitirem encontrar uma boa posição de condução em todos eles.
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Rebarbas assassinas, materiais duros e que se pelam foi coisa que não andei a explorar.
No entanto havia diferenças consideráveis na robustez das fixações e, logo, na presença de ruídos parasitas.
Algo que estou bastante habituado no meu Swift, que vai a caminho dos 7 anos, e foi projectado para ser baratucho na linha de produção, mas que não esperaria encontrar um rival à altura na produção de ruídos, de concepção mais recente, um segmento (e meio) acima, e com menos de 6 meses de vida.
Oh sim, refiro-me ao ©rossover...
Todos eles deparando-se com uma estrada de paralelos apresentam ruídos parasitas. Coisas pequenas, basta estar atento. Mas o Qashqai demarca-se imenso do pack.
Querem testar a sério a qualidade da montagem? Descer a D.Carlos I, em Lisboa. É como se tivéssemos a seguir o rasto de umas lagartas numa estrada de terra batida.
Provoca todo o tipo de vibrações, com o carro permanentemente aos saltinhos, sem conseguir lidar com a frequência das irregularidades.
E no interior, tudo acaba por abanar.
Se nos outros, o ruído do movimento da suspensão acaba por se destacar, no Qashqai é o ruído dos plásticos no interior que domina o ambiente.
Não faz sentido algo tão recente como o Qashqai apresentar aquele nível de "interferências acústicas".
O Focus é melhor nesse aspecto, e os alemães, incluíndo o Leon, estão num patamar superior. Patamar onde também coloco o Giulietta.
Os italianos podem ter a fama, mas fiquei agradavelmente surpreendido com a robustez do Giulietta no geral, apesar de ser o modelo de concepção mais antiga.
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Tive oportunidade para interagir com uma série de sistemas de infotainment, com os écrans tácteis a dominar a cena, e apenas confirmei aquilo que já adivinhava.
Écrans tácteis num automóvel deixam mesmo muito a desejar.
Distraem muito mais, temos de desviar o olhar da estrada durante mais tempo, e obrigam a movimentos muito mais precisos para acertar nas opções certas.
Com botões físicos, é mais fácil criar memória e automatismo de movimentos, e com o hábito, metade das vezes já nem é necessário olhar para onde está o botão. Da mesma forma que estou aqui a teclar sem tirar os olhos do écran, sendo desnecessário olhar para o teclado.
Com muitos aninhos de web design em cima, o design de interfaces faz parte do território, e questões como rapidamente navegar para a "página" certa, ou efectuar de forma concisa e rápida determinada função são aspectos que valorizo bastante.
O interface não tem apenas de ser apelativo, tem de ser intuitivo. E para mais, quando temos de interagir com eles num veículo em movimento.
Algo que falha em grande parte destes automóveis.
É certo que não pude testar de forma mais aprofundada cada um dos sistemas. E seria necessário muito mais que umas linhas de texto como estas para discutir este assunto.
Mas rapidamente passei a detestar aquilo que o Focus trazia. Falta de "focus" é o que o caracteriza. É difícil navegar e interagir com aquilo. Vamos esquecer que existe.
Logo a seguir o sistema do Qashqai também não deixa muitas saudades.
No geral, maior parte destes modelos traziam teclas de atalho a ladear o écran o que ajuda a encontrar mais facilmente o que procuramos, e nesse aspecto dentro dos MQB, apreciei o do Leon mais que o do Golf e do A3.
Este mix entre botões e écran táctil acabou por funcionar razoavelmente bem.
Escolher uma estação de rádio no Leon acabou por ser o mais fácil, com botões grandes a não necessitar de tanta precisão na pontaria, formados em parte pelos logos das radios, o que mais ajudava na identificação das mesmas.
O Giulietta trazia um écran muito pequenino e pouco interagi com ele. Deixemo-lo de parte até uma próxima oportunidade de contacto mais prolongada.
Mas de todos os sistemas, aquele que me permitiu efectuar tudo de forma fácil e eficaz sem haver nenhuma necessidade de enfiar o dedo pelo écran adentro, foi o série 1.
O i-drive pode ter sido polémico no passado, mas foi o que mais rapidamente me adaptei. Não temos de fazer pontaria a nada, não temos de tirar os olhos em demasia da estrada, é só rodar a rodinha e clicar. Siga...
O A3 tem um comando semelhante, mas demorei mais tempo a adaptar-me e o posicionamento do dito, imediatamente atrás do manípulo da caixa, levava a que por vezes carregasse em algumas teclas acidentalmente. Um erro ergonómico.
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Andei praticamente sempre no lugar do condutor, pelo que não pude verificar condições de acessibilidade e habitabilidade em todos eles.
Mas existem coisas que são óbvias, como o série 1 continuar a ser um desastre épico para os ocupantes traseiros. Seja para entrar ou para sair do carro e é o que tem as piores cotas.
Os restantes é mais pacífico.
Como seria de esperar as carrinhas aqui presentes têm a bagageira maior.
A Leon ainda tem bastante espaço aproveitável por debaixo do piso da bagageira, o que deu muito jeito na altura.
A bagageira dos hatchs é razoável, assim como a do Qashqai, que é um pouco melhor.
O Giulietta provocou alguma perplexidade nos que foram para o banco de trás, quando tentaram abrir a porta traseira e não encontravam o manípulo da porta. Ainda deu para gozar um bocado com a situação.
O Qashqai trazia tecto panorâmico. Foi um dos que conduzi por diversas vezes, e por incrível que pareça, foi o único carro deste grupo que recebeu elogios por parte dos passageiros que iam nele.
Existe mesmo um encanto qualquer "crossoveriano". Felizmente sou imune.
Mesmo o "good feel factor" de que os acusam, passa-me completamente ao lado.
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Visibilidade para a frente no geral é boa em todos eles.
O problema é quando queremos olhar para trás. E os pilares A...
No caso do Qashqai problemático mesmo. Os pipipi e a câmara 360, acabam por ser uma necessidade e não um gadget. Visibilidade traseira é má, mesmo má, devido à reduzida altura da área vidrada. Bom para as proporções externas, mas mau para quem quer ver de dentro para fora.
A posição sobreelevada de condução também não traz vantagens nenhumas, quando o trânsito à nossa volta é maioritariamente constituido por carrinhas comerciais e outros crossovers e SUV's.
Umas das minhas críticas favoritas, o posicionamento dos pilares A, também o Qashqai acabou por se demarcar devido a um episódio.
Num determinado momento, o pilar A do lado esquerdo conseguiu tapar totalmente um Smart 4/2. Num cruzamento. Evitei o acidente por uma nesga. Tanto eu como o Smart conseguimos parar a tempo, com a alta frente do Qashqai a centímetros da lateral do Smart...
O Leon é o que apresenta melhor visibilidade. O que ajuda bastante em manobras de estacionamento, apesar de também vir com sensores de aproximação.
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Em conclusão, foi muito porreiro experimentar criaturas que nunca tinha conduzido.
Não são definitivamente o meu tipo de carro, mas para o papel que eles têm de executar, as características deles são adequadas.
As críticas negativas que faço são transversais À indústria, nomeadamente visibilidade e interface.
Quem realmente gosta de fazer gostinho ao pé, deste grupo apreciei especialmente o série 1, Focus e Giulietta.
Não entusiasmam pela performance, nem pelas mecânicas (gostaria de ter oportunidade de comparar com os pequenos ottos sobrealimentados) mas estão bem resolvidos ao nível dos comandos e dinâmico, e no caso do 1 e Giulietta, a possibilidade de potenciar a resposta dos comandos e motor torna-os mais interessantes do ponto de vista de condução.
O motor do Focus é uma incógnita.... nem após escrever este longo texto, que, por associação de ideias, poderia trazer alguma luz sobre o assunto, me recordo de nada acerca das qualidades ou características do motor!
A3 e Golf não entusiasmam em nenhum capítulo. Bem construidos, robustos, com boa apresentação, eficazes. Objectivamente bons, mas carecem de carga emocional.
O Leon parece ser uma versão mais "flácida" destes dois. Curiosamente, dá-lhe um pouco mais de carácter, eheheh.
Para longas distâncias, de preferência em estradas abertas, com poucas irregularidades (para evitar o bambolear da carroçaria e os ruídos no interior), o Qashqai revelou-se o mais adequado a esse tipo de utilização, graças aos bancos mais confortáveis deste grupo.
Interessante era o contraste após estar horas a conduzir um qualquer destes veículos e depois voltar a pegar no Swift Sport.
Parecia levar uma injecção de adrenalina no sistema, dado o Swift ser muito menos filtrado que estas criaturas, com comandos mais pesados e de resposta mais directa, suspensão rija e muito maior agilidade. Só estragando o cenário a posição de condução demasiado elevada, e a impossibilidade de regular o volante ou baixar mais o banco.
Só por pura necessidade de espaço consideraria visitar este segmento para uma futura aquisição. Até lá, FUN, criaturas pequenas e leves, e espero que novamente rasteirinhas, continuarão a ser as prioridades.
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