O movimento #MeToo chegou ao concurso que conta quase cem anos. Gretchen Carlson, que preside à organização da Miss América, anunciou nesta terça-feira as mudanças
A imagem acima não vai repetir-se. As concorrentes da Miss América vão deixar de ter de desfilar em biquínis reduzidos e saltos altíssimos, acabando assim com uma tradição de quase cem anos, anunciou nesta terça-feira a organização do concurso, que teve a sua primeira edição em 1921, em Atlantic City, com as suas concorrentes a desfilarem de fato de banho.
A mudança já tem nome, e é difícil não ligar #byebyebikini ao movimento #MeToo. "Não vos vamos julgar a partir da vossa aparência exterior", afirmou Gretchen Carlson, que preside à organização desde janeiro. "Queremos que mais mulheres saibam que são bem-vindas a esta organização", disse a ex-pivô da estação televisiva americana Fox News nesta terça-feira no programa Good Morning America, da ABC.
"O que nos interessa será o que elas dizem, quando falam do impacto social das suas iniciativas", declarou Carlson, que conta que a organização ouvia "muitas jovens mulheres dizerem 'Adorávamos participar no vosso programa mas não queremos andar aí de saltos altos e fato de banho.'" Agora já não é preciso, pois a Miss América estará a olhar para "os talentos" das concorrentes a quem quer atribuir "bolsas de estudo", reforça ainda a presidente da organização. O New York Times destaca o novo foco nos "talentos, inteligência e ideias", transmitido nesta terça-feira pela organização.
Não é um acaso que esta medida seja tomada com Carlson à frente da Miss América. Em 2016 a ex-pivô processou Roger Ailes, então à frente da Fox News, por assédio. É difícil, então, olhar para a abolição do biquíni na Miss América sem a ligar ao movimento #MeToo. Sobretudo se pensarmos que o anterior diretor-executivo Sam Haskell esteve envolvido num escândalo em que foram divulgados emails seus com comentários misóginos acerca das concorrentes.
Desde que Carlson tomou posse, ela própria Miss América de 1989 e a primeira a chefiar a organização, sete dos nove lugares da administração foram ocupados por mulheres. "Estamos a seguir em frente e a envolver-nos nesta revolução cultural", afirmou. Além dessa "revolução cultural", outro dos motivos que poderá ter influenciado esta decisão é a queda de audiências do concurso - que neste ano será transmitido a 9 de setembro pela ABC -, algo que acontece também com outros eventos televisivos como os Jogos Olímpicos ou a cerimónia do Grammy.
A discussão em torno da prova em biquíni não é uma novidade, e data já dos anos 20, quando o concurso começou. Desde aí que o concurso procura um equilíbrio entre a valorização da mulher e o perigo da sua objetivação. "Não somos estúpidos. Somos sensíveis ao facto de a competição em biquíni ter sido sempre o nosso calcanhar de Aquiles", disse Leonard Horn, à frente da organização, em 1993, recordava nesta terça-feira o New York Times.
O concurso Miss América não deve ser confundido com a Miss USA, que faz parte da Miss Universo, concurso que pertenceu a Donald Trump entre 1996 e 2015, um ano antes de ser eleito Presidente dos Estados Unidos.
A imagem acima não vai repetir-se. As concorrentes da Miss América vão deixar de ter de desfilar em biquínis reduzidos e saltos altíssimos, acabando assim com uma tradição de quase cem anos, anunciou nesta terça-feira a organização do concurso, que teve a sua primeira edição em 1921, em Atlantic City, com as suas concorrentes a desfilarem de fato de banho.
A mudança já tem nome, e é difícil não ligar #byebyebikini ao movimento #MeToo. "Não vos vamos julgar a partir da vossa aparência exterior", afirmou Gretchen Carlson, que preside à organização desde janeiro. "Queremos que mais mulheres saibam que são bem-vindas a esta organização", disse a ex-pivô da estação televisiva americana Fox News nesta terça-feira no programa Good Morning America, da ABC.
"O que nos interessa será o que elas dizem, quando falam do impacto social das suas iniciativas", declarou Carlson, que conta que a organização ouvia "muitas jovens mulheres dizerem 'Adorávamos participar no vosso programa mas não queremos andar aí de saltos altos e fato de banho.'" Agora já não é preciso, pois a Miss América estará a olhar para "os talentos" das concorrentes a quem quer atribuir "bolsas de estudo", reforça ainda a presidente da organização. O New York Times destaca o novo foco nos "talentos, inteligência e ideias", transmitido nesta terça-feira pela organização.
Não é um acaso que esta medida seja tomada com Carlson à frente da Miss América. Em 2016 a ex-pivô processou Roger Ailes, então à frente da Fox News, por assédio. É difícil, então, olhar para a abolição do biquíni na Miss América sem a ligar ao movimento #MeToo. Sobretudo se pensarmos que o anterior diretor-executivo Sam Haskell esteve envolvido num escândalo em que foram divulgados emails seus com comentários misóginos acerca das concorrentes.
Desde que Carlson tomou posse, ela própria Miss América de 1989 e a primeira a chefiar a organização, sete dos nove lugares da administração foram ocupados por mulheres. "Estamos a seguir em frente e a envolver-nos nesta revolução cultural", afirmou. Além dessa "revolução cultural", outro dos motivos que poderá ter influenciado esta decisão é a queda de audiências do concurso - que neste ano será transmitido a 9 de setembro pela ABC -, algo que acontece também com outros eventos televisivos como os Jogos Olímpicos ou a cerimónia do Grammy.
A discussão em torno da prova em biquíni não é uma novidade, e data já dos anos 20, quando o concurso começou. Desde aí que o concurso procura um equilíbrio entre a valorização da mulher e o perigo da sua objetivação. "Não somos estúpidos. Somos sensíveis ao facto de a competição em biquíni ter sido sempre o nosso calcanhar de Aquiles", disse Leonard Horn, à frente da organização, em 1993, recordava nesta terça-feira o New York Times.
O concurso Miss América não deve ser confundido com a Miss USA, que faz parte da Miss Universo, concurso que pertenceu a Donald Trump entre 1996 e 2015, um ano antes de ser eleito Presidente dos Estados Unidos.
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