Boas! Este será o meu primeiro post. Além de automobilismo e motociclismo um dos meus grandes interesses é a aviação e tudo o que envolve história militar contemporânea (especialmente desde a WWII até os dias de hoje). Como neste fórum debate-se tudo (literalmente), desde vinho a..."gajas boas", acho que vai ser uma boa adição. Hoje trago-vos o primeiro episódio sobre um avião que sempre achei espectacular (desde os tempos dos kits de plástico da Airfix e Matchbox); o English Electric Lightning.
"3 de Fevereiro de 1987, mais um dia gélido. Binbrook, posicionada no topo de um monte, estava coberta de neve e nevoeiro espesso. Eu estava próximo de concluir os 6 meses de treino de conversão e os eventos desse dia ficaram gravados como fino cristal na minha memória" ...relembra Ian Black, piloto da RAF, recém graduado em Brawdy (Tactical Weapons Training) e agora destacado para a base de Brimbook para completar o treino operacional. Pilotar o "Ferrari dos Caças" sempre foi a ambição de Black e no final dos anos 80 o Lightning estava perto da reforma.
"O relatório meteorológico das 8h00 confirmava que não deveria haver voos nesta das mais soturnas das bases Inglesas. Aliviado, segui para a sala das tripulações. O meu colega de curso tinha sido despachado recentemente depois de umas performances menos conseguidas. Era assustador ser agora o único piloto "maçarico" rodeado de meia-dúzia dos mais conceituados instructores de defesa aérea da RAF. O meu único trunfo eram as quase 1000 horas de voo como navegador no Phantom FGR.2. Estava á vontade com o radar e sabia que conseguiria lidar com qualquer desafio de intercepção. Mas eles não precisavam de saber disso...para já! Peguei em seis chávenas de chá e aguardava um dia tranquilo de aulas, talvez uma sessão de simulador ou, melhor ainda, que me deixassem em paz num canto para continuar a ler o manual do avião."
"Infelizmente os intructores estavam com mais vontade de voar do que eu. Senti um aperto no estômago quando o quadro branco de operações começou a ficar preenchido; dois aviões iriam sair para um lugar mais solarengo (não muito melhor, para Valley em Anglesey, no País de Gales); um Lightning T.5 (bilugar) e um F.3, para finalizar o meu treino de combate aéreo e regressar à base. Nesta altura tinha 42 horas num total de 84 voos, já tinha 2 tentativas em testes de instrumentos e completo as fases de radar e voo em formação. Acho que o meu progresso era mediano. Reprovei em duas provas e tive de completar alguns circuitos extra. Nas 42 horas de voo atravessei várias experiências memoráveis; no voo 11 tive um incêndio no motor que queimou até á fuselagem (o avião foi descomissionado); no voo 14 o vento levantou durante a aterragem e uma rajada lateral de 50km/h provavelmente deu-me os primeiros cabelos brancos. No voo seguinte perdi o paraquedas de aterragem seguido de um arrebentamento de pneu (mais cabelos brancos) - e tudo isto nas primeiras 3 semanas!"
"Bem, de volta a 3 de Fevereiro. No briefing concordamos uma descolagem em formação. A idéia de perder de vista o meu líder ao entrar no nevoeiro foi suficiente para me dar comichão na perna durante meia-hora. Assim que alinhamos para a pista fiquei mesmo preocupado, praticamente só conseguia ver o líder e pouco mais. Os meus piores medos confirmaram-se quando o instructor ordenou descolagem com 30 segundos de intervalo. Mas, felizmente, tudo se passou sem sustos mas com muita apreensão. Voámos até Valley sem ocorrências, uma pausa para um café e rapidamente estávamos novamente no ar, eu no Lightning F.3 e o meu instructor e líder no T.5. Ao passar 6000 metros o líder ordena;
- Break out for combat!
Cada um de vós executa uma curva de 45º em sentido aposto, eu para a esquerda e o líder para a direita. Quando estamos com cerca de 8km de separação ouço pelo rádio;
- Break in for combat! Go!
Ok, é agora... Estou em rota de colisão com o meu instructor e prestes a entrar em contacto visual!"
RAF Binbrook, Lincolnshire, Inglaterra 1987 (Episódio 1)
"3 de Fevereiro de 1987, mais um dia gélido. Binbrook, posicionada no topo de um monte, estava coberta de neve e nevoeiro espesso. Eu estava próximo de concluir os 6 meses de treino de conversão e os eventos desse dia ficaram gravados como fino cristal na minha memória" ...relembra Ian Black, piloto da RAF, recém graduado em Brawdy (Tactical Weapons Training) e agora destacado para a base de Brimbook para completar o treino operacional. Pilotar o "Ferrari dos Caças" sempre foi a ambição de Black e no final dos anos 80 o Lightning estava perto da reforma.
"O relatório meteorológico das 8h00 confirmava que não deveria haver voos nesta das mais soturnas das bases Inglesas. Aliviado, segui para a sala das tripulações. O meu colega de curso tinha sido despachado recentemente depois de umas performances menos conseguidas. Era assustador ser agora o único piloto "maçarico" rodeado de meia-dúzia dos mais conceituados instructores de defesa aérea da RAF. O meu único trunfo eram as quase 1000 horas de voo como navegador no Phantom FGR.2. Estava á vontade com o radar e sabia que conseguiria lidar com qualquer desafio de intercepção. Mas eles não precisavam de saber disso...para já! Peguei em seis chávenas de chá e aguardava um dia tranquilo de aulas, talvez uma sessão de simulador ou, melhor ainda, que me deixassem em paz num canto para continuar a ler o manual do avião."
"Infelizmente os intructores estavam com mais vontade de voar do que eu. Senti um aperto no estômago quando o quadro branco de operações começou a ficar preenchido; dois aviões iriam sair para um lugar mais solarengo (não muito melhor, para Valley em Anglesey, no País de Gales); um Lightning T.5 (bilugar) e um F.3, para finalizar o meu treino de combate aéreo e regressar à base. Nesta altura tinha 42 horas num total de 84 voos, já tinha 2 tentativas em testes de instrumentos e completo as fases de radar e voo em formação. Acho que o meu progresso era mediano. Reprovei em duas provas e tive de completar alguns circuitos extra. Nas 42 horas de voo atravessei várias experiências memoráveis; no voo 11 tive um incêndio no motor que queimou até á fuselagem (o avião foi descomissionado); no voo 14 o vento levantou durante a aterragem e uma rajada lateral de 50km/h provavelmente deu-me os primeiros cabelos brancos. No voo seguinte perdi o paraquedas de aterragem seguido de um arrebentamento de pneu (mais cabelos brancos) - e tudo isto nas primeiras 3 semanas!"
"Bem, de volta a 3 de Fevereiro. No briefing concordamos uma descolagem em formação. A idéia de perder de vista o meu líder ao entrar no nevoeiro foi suficiente para me dar comichão na perna durante meia-hora. Assim que alinhamos para a pista fiquei mesmo preocupado, praticamente só conseguia ver o líder e pouco mais. Os meus piores medos confirmaram-se quando o instructor ordenou descolagem com 30 segundos de intervalo. Mas, felizmente, tudo se passou sem sustos mas com muita apreensão. Voámos até Valley sem ocorrências, uma pausa para um café e rapidamente estávamos novamente no ar, eu no Lightning F.3 e o meu instructor e líder no T.5. Ao passar 6000 metros o líder ordena;
- Break out for combat!
Cada um de vós executa uma curva de 45º em sentido aposto, eu para a esquerda e o líder para a direita. Quando estamos com cerca de 8km de separação ouço pelo rádio;
- Break in for combat! Go!
Ok, é agora... Estou em rota de colisão com o meu instructor e prestes a entrar em contacto visual!"
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