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Vignette - BAC Lightning, o último caça Inglês

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    Vignette - BAC Lightning, o último caça Inglês

    Boas! Este será o meu primeiro post. Além de automobilismo e motociclismo um dos meus grandes interesses é a aviação e tudo o que envolve história militar contemporânea (especialmente desde a WWII até os dias de hoje). Como neste fórum debate-se tudo (literalmente), desde vinho a..."gajas boas", acho que vai ser uma boa adição. Hoje trago-vos o primeiro episódio sobre um avião que sempre achei espectacular (desde os tempos dos kits de plástico da Airfix e Matchbox); o English Electric Lightning.


    RAF Binbrook, Lincolnshire, Inglaterra 1987 (Episódio 1)


    "3 de Fevereiro de 1987, mais um dia gélido. Binbrook, posicionada no topo de um monte, estava coberta de neve e nevoeiro espesso. Eu estava próximo de concluir os 6 meses de treino de conversão e os eventos desse dia ficaram gravados como fino cristal na minha memória" ...relembra Ian Black, piloto da RAF, recém graduado em Brawdy (Tactical Weapons Training) e agora destacado para a base de Brimbook para completar o treino operacional. Pilotar o "Ferrari dos Caças" sempre foi a ambição de Black e no final dos anos 80 o Lightning estava perto da reforma.

    "O relatório meteorológico das 8h00 confirmava que não deveria haver voos nesta das mais soturnas das bases Inglesas. Aliviado, segui para a sala das tripulações. O meu colega de curso tinha sido despachado recentemente depois de umas performances menos conseguidas. Era assustador ser agora o único piloto "maçarico" rodeado de meia-dúzia dos mais conceituados instructores de defesa aérea da RAF. O meu único trunfo eram as quase 1000 horas de voo como navegador no Phantom FGR.2. Estava á vontade com o radar e sabia que conseguiria lidar com qualquer desafio de intercepção. Mas eles não precisavam de saber disso...para já! Peguei em seis chávenas de chá e aguardava um dia tranquilo de aulas, talvez uma sessão de simulador ou, melhor ainda, que me deixassem em paz num canto para continuar a ler o manual do avião."


    Um Lightning F.3 a caminho de Valley para treino de combate aéreo próximo (dogfight)


    "Infelizmente os intructores estavam com mais vontade de voar do que eu. Senti um aperto no estômago quando o quadro branco de operações começou a ficar preenchido; dois aviões iriam sair para um lugar mais solarengo (não muito melhor, para Valley em Anglesey, no País de Gales); um Lightning T.5 (bilugar) e um F.3, para finalizar o meu treino de combate aéreo e regressar à base. Nesta altura tinha 42 horas num total de 84 voos, já tinha 2 tentativas em testes de instrumentos e completo as fases de radar e voo em formação. Acho que o meu progresso era mediano. Reprovei em duas provas e tive de completar alguns circuitos extra. Nas 42 horas de voo atravessei várias experiências memoráveis; no voo 11 tive um incêndio no motor que queimou até á fuselagem (o avião foi descomissionado); no voo 14 o vento levantou durante a aterragem e uma rajada lateral de 50km/h provavelmente deu-me os primeiros cabelos brancos. No voo seguinte perdi o paraquedas de aterragem seguido de um arrebentamento de pneu (mais cabelos brancos) - e tudo isto nas primeiras 3 semanas!"

    "Bem, de volta a 3 de Fevereiro. No briefing concordamos uma descolagem em formação. A idéia de perder de vista o meu líder ao entrar no nevoeiro foi suficiente para me dar comichão na perna durante meia-hora. Assim que alinhamos para a pista fiquei mesmo preocupado, praticamente só conseguia ver o líder e pouco mais. Os meus piores medos confirmaram-se quando o instructor ordenou descolagem com 30 segundos de intervalo. Mas, felizmente, tudo se passou sem sustos mas com muita apreensão. Voámos até Valley sem ocorrências, uma pausa para um café e rapidamente estávamos novamente no ar, eu no Lightning F.3 e o meu instructor e líder no T.5. Ao passar 6000 metros o líder ordena;

    - Break out for combat!

    Cada um de vós executa uma curva de 45º em sentido aposto, eu para a esquerda e o líder para a direita. Quando estamos com cerca de 8km de separação ouço pelo rádio;

    - Break in for combat! Go!

    Ok, é agora... Estou em rota de colisão com o meu instructor e prestes a entrar em contacto visual!"





    Ficheiros anexados

    #2
    Boas,eu volta e meia ia ao forum aviação portugal só para dar uma espreitadela sem me inscrever e tens lá artigos interessantes.

    Sim senhor.

    Bem vindo a este canto.

    Comentário


      #3
      Bem vindo Icterio. Também estava no AP, seguia os teus tópicos vignette e o desafio "quem consegue adivinhar". Eu estava inscrito como BMF. Bons vôos.

      Comentário


        #4
        Antes de mais bem vindo!
        Nos ultimos tempos tenho andado a descobrir o mundo da aviação, em especial os "passaros" militares!
        Talvez fosse boa ideia fundir este tópico ao topico dos aviões militares mas deixo isso a cargo da moderação.
        https://forum.motorguia.net/off-topi...litares-2.html

        Comentário


          #5
          Obrigado. Sim, BMF, lembro-me desse nome. Pois é, desde que o forum aviação portugal foi "ao ar" em outubro ficamos sem grandes alternativas.
          Mas ainda espero que esse fórum volte um dia destes (até por todo o repositório de informação que foi sendo acumulado ao longo dos anos).

          Comentário


            #6
            Sim, foi pena o que aconteceu. Pensei que fosse durar mais que o anterior linha da frente. É provável que te recordes, pois trocámos mensagens por causa do tópico da missão dos Apaches britânicos no Afeganistão [emoji106]
            Só depois de ler o livro é que fiquei a saber que ambos os tripulantes podiam pilotar o Apache alternadamente em vôo.

            Comentário


              #7
              Originalmente Colocado por Icterio Ver Post
              Obrigado. Sim, BMF, lembro-me desse nome. Pois é, desde que o forum aviação portugal foi "ao ar" em outubro ficamos sem grandes alternativas.
              Mas ainda espero que esse fórum volte um dia destes (até por todo o repositório de informação que foi sendo acumulado ao longo dos anos).
              O que achas do gripe 39 E? E do F35?

              Comentário


                #8
                Eu como engenheiro fico sempre deslumbrado com o tamanho e capacidades destas máquinas.

                Comentário


                  #9
                  Gripe 39 E?!! Mais uma variante nova da gripe?? Eheheh
                  Acho que qualquer desses e, outros como Rafale, Typhoon, Raptor, Flanker, são extraordinários. Mas o problema com todo o tipo de material actual (desde caças até submarinos) é que é muito difícil fazer comparações válidas.
                  Só mesmo em combate é que as dúvidas ficavam exclarecidas. Um dos motivos que me atrai analisar máquinas do passado é a total disponibilidade de dados técnicos, históricos e operacionais.
                  E por isso mesmo, por não existir guerra (felizmente) as características mais importantes são o preço de compra e utilização, custos de manutenção e logística. Geralmente os contractos são ganhos por aí.

                  Comentário


                    #10
                    Originalmente Colocado por ESPRIT Ver Post
                    Eu como engenheiro fico sempre deslumbrado com o tamanho e capacidades destas máquinas.
                    E eu como arquitecto também embora ninguém tenha perguntado qual é a tua profissão.

                    Comentário


                      #11
                      Originalmente Colocado por bscuba Ver Post
                      Sim, foi pena o que aconteceu. Pensei que fosse durar mais que o anterior linha da frente. É provável que te recordes, pois trocámos mensagens por causa do tópico da missão dos Apaches britânicos no Afeganistão [emoji106]
                      Só depois de ler o livro é que fiquei a saber que ambos os tripulantes podiam pilotar o Apache alternadamente em vôo.
                      Lembro-me de conversar sobre essa missão dos Apache no fórum mas devias ter outro nome na altura, certo? "bscuba" não me recordo.
                      Em relação aos Apache (e deve se aplicar o mesmo aos Cobra, Havoc, Rooivalk, etc) os dois tripulantes tem controlos de voo se bem que alguns instrumentos são específicos. O piloto tem PNVS e o "gunner" não, e com o TADS é o inverso.
                      Mas o que interessa é que ambos os tripulantes se consigam desenrascar em caso de emergência. Uma das coisas que me espantaram nessa missão foi o "gunner" sair do helicoptero, com a sua SA80 na mão e procurar os colegas feridos. Estilo John Wick.

                      Comentário


                        #12
                        O meu username era BMF [emoji6]

                        Comentário


                          #13
                          Ah, já tinhas escrito acima! Ando a ficar paralítico dos olhos.

                          Comentário


                            #14
                            Originalmente Colocado por PugGT Ver Post
                            E eu como arquitecto também embora ninguém tenha perguntado qual é a tua profissão.
                            Tendo em conta o teu comentário é perceptivel porque não percebeste a relevância.

                            Comentário


                              #15
                              Originalmente Colocado por ESPRIT Ver Post
                              Tendo em conta o teu comentário é perceptivel porque não percebeste a relevância.
                              Percebi sim . Os eng têm a mania q sabem tudo e os outros são burros mas no fundo nao sabem é nada.

                              Comentário


                                #16
                                Originalmente Colocado por PugGT Ver Post
                                Percebi sim . Os eng têm a mania q sabem tudo e os outros são burros mas no fundo nao sabem é nada.
                                O que é que tu ganhas a fazer disso?

                                Comentário


                                  #17
                                  Caro Icterio, bem vindo ao forum.

                                  Artigo interessante, pois também sou entusiasta da aviação militar desde miúdo.


                                  Embora o caça / interceptor Lightning inglês seja ainda um caça a jacto da 2ª geração, é certo que conquistou um lugar de culto na aviação militar da Guerra Fria.
                                  Para termos uma ideia da sua antiguidade, as primeiras versões do famoso F-16 já pertencem à 4ª geração, e certos países estão actualmente a desenvolver caças de 6ª geração.

                                  Mas menos mal, se bem que ainda muito rudimentar (para os padrões de hoje), já tinha radar e uns mísseis ar-ar.


                                  Não sei muito sobre o Lightning em específico, sou mais aficionado dos caças dos anos 80 e 90, mas lembro-me de um relato com ele, que merece destaque e certamente também já leste, ou encontrarás se pesquisares :

                                  A vez em que um "simples mecânico" (sem qualquer formação ou treino como piloto aviador) descolou inadvertidamente e sozinho com um Lightning, enquanto realizava testes de motor na pista !!!

                                  Recomendo vivamente a leitura do artigo, não vou dizer como terminou para não fazer spoiler.
                                  Cumprimentos.
                                  Editado pela última vez por BoraLaMarina; 03 January 2022, 23:21.

                                  Comentário


                                    #18
                                    Estou neste momento a preparar o segundo episódio, acho interessante o Lightning e também toda a envolvente da Guerra Fria, e muitos outros aviões (e não só, haja espaço e paciência da moderação!)
                                    Esse episódio é extraordinário, e totalmente verídido, e é um bom contra-argumento para a percepção da dificuldade de pilotar o Lightning, talvez pelo aspecto pouco convencional do "bicho".
                                    O consenso é que era o que se chama um pilot's plane ou o equivalente a um pequeno carro desportivo; resposta excelente, sem vícios e agradável de pilotar. E uma boa prova disso foi o que se passou com esse mecânico. Se bem que ele também era piloto (mas apenas em aviões leves, estilo Tiger Moth e Harvard).

                                    Comentário


                                      #19
                                      Originalmente Colocado por PugGT Ver Post
                                      Percebi sim . Os eng têm a mania q sabem tudo e os outros são burros mas no fundo nao sabem é nada.
                                      Não fiques assim, não vale a pena que isso faz-te mal ao estômago, para ajudar deixo-te estes dois links:

                                      Acesso ao ensino superior para Titulares de Outros Cursos Superiores:

                                      https://www.dges.gov.pt/pt/pagina/ti...sos-superiores

                                      Apoio psicológico à inveja:

                                      https://www.psicologo.com.br/blog/si...ssoas-e-agora/

                                      Comentário


                                        #20
                                        Originalmente Colocado por PugGT Ver Post
                                        Percebi sim . Os eng têm a mania q sabem tudo e os outros são burros mas no fundo nao sabem é nada.
                                        Temos trauma, um eng roubou-te a miúda?

                                        Comentário


                                          #21
                                          Originalmente Colocado por ESPRIT Ver Post
                                          Não fiques assim, não vale a pena que isso faz-te mal ao estômago, para ajudar deixo-te estes dois links:
                                          Se Calhar até tenho alguns desses srs. a trabalhar a par cmg .

                                          Comentário


                                            #22
                                            RAF Binbrook, Lincolnshire, Inglaterra 1987 (Episódio 2)

                                            "Quando obti contacto visual a velocidade já ultrapassava 800km/h por isso mantive potência militar. Balbuciei um silencioso "obrigado" aos instructores dos Phantom que me passaram a sua sabedoria de combate aéreo - eu tinha um plano... Imediatamente antes do merge* o T.5 inchou em tamanho e cruzamo-nos a mais de 900km/h, 1800km/h combinados! Meti afterburner suavemente, não tinha tempo para olhar para trás mas os dois audíveis 'whompf whompf' dos "aquecedores" asseguravam-me que estavam bem acesos."

                                            (*) Merge significa, basicamente, o momento em que dois (ou mais) aviões se cruzam antes do combate. Acho preferível usar os termos ou palavras originais em Inglês quando não encontro boa tradução para Português, e acredito que assim seja até mais fácil de entender.


                                            O curto alcance do Lightning sempre foi um dos seus grandes defeitos. Fuselagem esguia, dois motores sobrepostos, design compacto, asa esguia - sobrava pouco espaço para combustível (até nos flaps alojava pequenos tanques).

                                            "A pressão no manche começou a ficar leve - esquisito. Olhei por um instante para os instrumentos - não podia perder de vista o meu adversário - e vi que a minha velocidade era de Mach 0.99. Era altura para aliviar a pressão no manche, não queria perder demasiada energia (velocidade). Mantive sempre os aferburners no máximo e quando nivelei gentilmente o altímetro marcava mais de 10000m. Vi o T.5 do meu oponente muito mais abaixo, a minha velocidade era de 370km/h e as forças no manche começaram outra vez a desaparecer - desta vez por outra razão; falta de sustentação nos pequenos planos traseiros e também a reduzida velocidade. Olhei para o manómetro do combustível, desliguei o afterburner e apontei o nariz para baixo. Ganhei velocidade rapidamente; a aceleração, mesmo sem motor, era intensa. O meu instructor viu-me e estava a lutar pela vida e credibilidade. Tinha de ter cuidado para não mergulhar demasiado o nariz senão ia gastar toda a energia a nivelar. Mas, com calma, consegui alinhar-me na cauda to T.5. Assim que entrou no meu alcance gritei;

                                            "Fox 2!" (disparo de míssil IR)

                                            "Depois disso, paramos o exercício e regressámos a Valley com pouco combustível. Pura adrenalina; não há como descrever de outra forma. Ainda não era meio-dia a já tinha voado duas vezes. Conseguimos treinar mais dois combates durante a tarde mas não tive a mesma sorte - nunca tentem o mesmo truque duas vezes. Voltamos a Brinbrook na manhã seguinte, quando o tempo melhorou. 5 saídas em 24 horas, um total de 2 horas de voo. O Lightning pode ter 60 anos mas estou confiante que nenhum outro avião conseguiu criar tanto entusiasmo nos pilotos e mecânicos. Provavelmente nunca iremos ver outro semelhante..."


                                            Dois motores, um piloto e pouco mais. Simples e totalmente focado na performance o Lightning era o expoente máximo (para o bem e para o mal) da mentalidade dos anos 50/60. Junto com o MiG-21, F-104 Starfighter, Saab Draken, F-8 Crusader ou Dassault Mirage III faz parte da última geração dos verdadeiros gunfighters.

                                            Comentário


                                              #23
                                              RAF Gutersloh, Renânia do Norte, Alemanha 1988 (Episódio 3) (Último)

                                              Depois de dois episódios onde acompanhamos alguns momentos de treino, segue agora o relato de um destacamento operacional na Alemanha, a "linha da frente" na Europa durante a guerra fria. Conforme o mapa abaixo, a função dos caças Lightning numa eventual guerra "a sério" contra os Russos seria defender o espaço aéreo atrás da zona de misséis anti-aéreos, apontada no mapa a amarelo (sim, as minhas capacidades de PhotoShop são excelentes). Nessa função os pontos fortes do Lightning seriam bem aproveitados; excelente manobralidade, velocidade e rapidez de reacção enquando que as limitações ("perna curta", radar incipiente, só armas de curto alcance) não teriam grande impacto. Claro está, isto partindo do princípio que os Russos não iniciariam o conflito com uma "chuva" de IRBM, como o SS-20 Saber, contra todas as bases aéreas da NATO (Gutersloh incluída, obviamente). Mas isso ficará para analisarmos noutra altura, para já fica então o relato final de Ian Black;



                                              "No final da OCU (Operational Conversion Unit) fui destacado para a Alemanha, para o No. 19 Squadron em Gutersloh. Uma das funções do esquadrão, durante o dia, era de criar CAPs (Combat Air Patrol) a baixa altitude, à espera que surgisse alguém no nosso sector. E tudo o que viesse à rede era peixe! Se o avião agitava as asas era sinal para o deixar em paz; mas se queria ir a jogo, nós íamos a jogo. Os oponentes mais frequentes eram G.91 (Fiat), os F-104 Starfighter e os Phantoms ingleses. O Lightning era muito bom nestas lutas a baixa altitude com a sua asa de grande área e montes de potência; conseguia manobrar contra qualquer oponente. Os Phantom não eram problema. Normalmente tentávamos atacá-los individualmente porque costumavam operar em pares ou em quartetos enquanto nós patrulhávamos sozinhos ou, se tivéssemos sorte, com um "wingman". Nos grandes exercícios estabelecíamos uma linha de CAPs desde a fronteira austríaca até ao Báltico. Basicamente a nossa função era operar a baixa altitude, atrás da linha de SAMs (Surface-to-Air Missiles). Lembro-me de grandes combates contra os F-4! Atacava um que estava sozinho para, logo a seguir, pelo canto do olho, ver um segundo a surgir sabe-se lá de onde!"

                                              - M****!! São dois!

                                              A partir daí era uma gritaria pelo rádio a pedir ajuda a outros Lightning que estivessem por perto. Para quem conseguisse ouvir a nossa frequência era como reviver a Batalha de Inglaterra de 1940;

                                              - Rápido, rápido, anda ajudar-me!

                                              - Onde é que estás?

                                              - Estás a ver o lago mais pequeno? Estamos mesmo por cima!

                                              - Ok, estou a ver-te. Continua a mexer-te, continua a mexer-te!

                                              - Oh, m****, também está aqui um Harrier...

                                              "Espetacular, bons tempos, nunca me diverti tanto. Os Ginas (G.91) provavelmente eram os que causavam mais problemas, eram tão pequenos, difíceis de ver. O F-104 também era complicado, muito, muito veloz. Só apanhá-los era um problema. Lembro-me de perseguir um até à barragem do Mohne a 100m de altitude e Mach 1.1 e praticamente nem encurtei a distância. Mas nunca recebemos queixas por causa do barulho. Voávamos constantemente a baixa altitude, muitas vezes ultrapassávamos a barreira do som em combate mas nunca ninguém se queixou."


                                              Conforme dito acima, a convivência entre a população civil alemã e as numerosas forças da NATO lá estacionadas era muito pacífica. Os alemães sabiam que a ameaça de invasão da União Soviética era bem real, por isso eram muito gratos por esta presença militar estrangeira massiça no seu território. Nem o imenso ruído dos aviões de combate, nem os tanques mal estacionados em cima do passeio (como esta bela foto das manobras REFORGER em 1985 demonstra) eram suficientes para apagar o sorriso deste casal.

                                              "No final do meu destacamento os F-15 Eagle começaram a surgir na Europa. No início, os pilotos não eram formidáveis, quer dizer, numa luta directa 1-vs-1 não tínhamos hipótese, mas se usássemos boas tácticas, dois Lightning podiam surpreender um F-15 e, mesmo 2-vs-2, conseguíamos nos desenrascar. Eles costumavam voar em pares e o que fazíamos era tentar que se separassem e assim apanhar um isolado. Claro que, com o tempo e mais experiência com o avião, habituaram-se ás nossas artimanhas. Quando o Lightning foi retirado da Alemanha muitos de nós eram da opinião que o seu substituto, o Phantom, era um passo atrás. Não havia dúvidas que tinha mais autonomia, radar de longo-alcance com capacidade lookdown e muito melhor armamento, mas muitos pilotos de Lightning apontavam que conseguiam bater o Phantom em dogfight a qualquer altitude e em qualquer circunstância. Mas claro, todos os pilotos de caça defendem inequívocamente o "seu" aparelho!"


                                              Apesar da má qualidade, esta foto revela o grande salto de capacidade quando o Lightning foi substituído pelo F-4 Phantom. Maior autonomia, radar AN/AWG-11 ou 12, 4 misséis Sparrow (médio alcance) e 4 Sidewinder (curto alcance) contra os míseros 2 misséis Red Top (curto alcance) do Lightning. Mas não digam isso aos pilotos dos Lightning...

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                                                #24
                                                Muito bom caro Icterio.

                                                Por um lado não posso criticar os pilotos do Lightning, pois percebo perfeitamente que o afecto e orgulho que têm da máquina que pilotavam seja muito grande.

                                                No entanto, por mais que se esforçassem para sublevar as diferenças entre o Lightning e o F-4 Phantom II (que o UK comprou aos USA, para servir tanto na sua Força Aérea, como inicialmente na Marinha)... as mesmas e a superioridade tecnológica estão lá.

                                                Algumas vantagens do Phantom sobre o Lightning:

                                                - avião multitarefa: caça, interceptor, ataque (bombardeiro) ligeiro, reconhecimento, guerra electrónica, etc;
                                                (o Lightning creio que foi essencialmente interceptor, se não me engano)
                                                - aviónicos mais modernos;
                                                - radar consideravelmente melhor em muitos (todos?) os apectos;
                                                - misseis Ar-Ar melhores, no alcance, aquisição do alvo, seguimento deste, capacidade de manobra, etc;
                                                - maior capacidadde de carga e versatilidade da mesma;

                                                Ou seja, enquanto o Lightning ainda era um caça de 2ª geração, o F-4 Phantom II já era de 3ª... e como tal, tecnologicamente superior em muitos aspectos.

                                                No combate aéreo a curta distância ( dogfight ), é verdade que o Phantom não era conhecido por ser o mais ágil / manobrável, mas julgo que o Lightning também não era necessariamente um "F-16" nesse aspecto...

                                                Comentário


                                                  #25
                                                  O Phantom foi uma lenda durante 30 anos, "O" avião de combate padrão de combate da NATO (e do Ocidente).
                                                  A única crítica que lhe era apontada era o... aspecto. Universalmente classificado como "feio", ganhou alcunhas achicalhantes como; Rino, Tijolo Voador ou Porco de Ferro.

                                                  As linhas brutas e a aparência pesada levaram alguns a dizer que era o "triunfo da potência sobre a aerodinâmica".
                                                  Eu sempre gostei, uma máquina de combate deve ter um aspecto a condizer.

                                                  Não ligues Phantom, eles não percebem nada.


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                                                    #26
                                                    O pior na história do F-4 foi passar por Mig-29 no filme Águia de Ferro II...[emoji28]

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                                                      #27
                                                      Quanto a isso não há muito a fazer. Tal como os F-5 a passar como MiG-28 (?) no Top Gun ou o Puma a fazer de Mi-24 Hind no Rambo III...

                                                      Comentário


                                                        #28
                                                        Originalmente Colocado por bscuba Ver Post
                                                        O pior na história do F-4 foi passar por Mig-29 no filme Águia de Ferro II...[emoji28]
                                                        Olha... quem diria que num forum automóvel se vai encontrar quem conheça algumas "pérolas", da aviação militar na industria cinematográfica das décadas de 80 / 90...

                                                        De facto o que mencionas era um bocado "estranho", pois o ar pesadão e as dimensões do F-4 contrastavam com o conceito de agilidade e manobrabilidade do F-16.

                                                        Originalmente Colocado por Icterio Ver Post
                                                        Quanto a isso não há muito a fazer. Tal como os F-5 a passar como MiG-28 (?) no Top Gun ou o Puma a fazer de Mi-24 Hind no Rambo III...
                                                        Esses dois são também casos caricatos, à sua maneira:

                                                        - o aspecto e dimensões mais "light" do F-5, ainda passa por caça inimigo agil e perigoso a curta distância;
                                                        (E a 'arte' produzida nas filmagens aéreas de TOPGUN, ajudaram a dar realismo a isso... já no Iron Eagle II percebe-se que o papel de 'dogfighter' atribuído ao F-4 é metido ali um bocadito à pressão...)

                                                        - o Puma com as asas acrescentadas, a imitar o Mi-24 Hind, também é caricato - os pilotos que o usaram afirmaram que, ficaram com a impressão de que essas asas 'estéticas' melhoravam um pouco a manobrabilidade do helicoptero !

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