Pais do Amaral e RTL já têm substitutos 2007-04-19 00:05
Dois militantes do PS entram na administração da TVI
Pina Moura deixa a bancada do PS, mas continua na Iberdrola. José Lemos, ex-deputado socialista, também entra na Media Capital.
Daniel Vaz
Joaquim Pina Moura é o novo presidente do conselho de administração da Media Capital. O responsável da Iberdrola Portugal apresentou ontem a renúncia ao cargo de deputado socialista e às suas funções no PS. Na assembleia geral da empresa que detém a TVI, marcada para 3 de Maio, Pina Moura substitui formalmente Pais do Amaral como “chairman” do grupo.
A acompanhar Pina Moura no conselho de administração estará outro militante socialista: José Lemos, que confirmou ao DE ter dito “sim” à Prisa.
Estes dois convites, pelo passado socialista comum, causaram alguma surpresa para os colaboradores do grupo. Recorde-se que a Prisa é considerada próxima do PSOE, em Espanha. E foi acusada pelo PSD, em 2oo5, de ter sido beneficiada pelo PS na entrada no mercado português. Estas acusações foram todas desmentidas. Questionado sobre esta matéria, José Lemos afasta as possíveis ligações entre Prisa e os socialistas. “Estamos a falar de uma empresa conhecida, cotada em bolsa”, diz o antigo presidente da Bolsa de Lisboa.
José Lemos foi um dos visados pelo Banco de Portugal, em 2003, no âmbito das investigações do regulador ao Central – Banco de Investimento. O antigo administrador desta instituição, entretanto extinta, foi alvo de um processo de contra-ordenação. Na altura, José Lemos era administrador do CBI e foi “castigado” com uma coima e inibição temporária do exercício de actividade em instituições financeiras.
Prisa queria Pina em 2008
O grupo espanhol estava a tratar das mudanças no conselho de administração da Media Capital há algumas semanas. Jesus de Polanco, presidente da Prisa, e o seu filho, Manuel Polanco, dirigiram o convite a Pina Moura e a José Lemos. A ideia inicial era que substituíssem os cargos deixados vagos pela saída de dois administradores da RTL do “board” da empresa que detém a TVI.
A Prisa queria que Pina Moura assumisse depois a presidência do grupo em Março de 2008, quando Pais do Amaral saísse. Mas a saída do empresário precipitou-se. Na semana passada, Pais informou Juan Luis Cebrián, administrador delegado da Prisa, de que não se manteria no cargo de ‘chairman’. Polanco decide então convidar esta semana Pina Moura para ser o novo presidente.
Em declarações ao DE, fonte da Prisa diz que o grupo queria manter um português à frente da Media Capital. “Escolhemos Pina Moura pela sua longa carreira e de prestígio tanto na política como na vida empresarial”.
O ex-ministro da Economia do governo de António Guterres vai acumular o novo cargo com as funções de presidente da Iberdrola Portugal.
O conselho de administração da Media Capital será constituído por Pina Moura, José Lemos, Manuel Polanco, Annet Aris, Juan Luis Cebrián, Jaime Roque de Pinho D’Almeida, Miguel Gil, Tirso Olazábal e Juan Herrero. Três elementos são portugueses e quatro são espanhóis.
Pais do Amaral preferiu não arriscar e abdicou de 8,7 milhões
Miguel Pais do Amaral optou por não esperar pela decisão da CMVM sobre a nomeação de um auditor independente para vender as suas acções. Na altura, o empresário dizia aos accionistas que “tudo vai depender do seu perfil de risco”. Pais do Amaral decidiu não arriscar desta vez e optar pela certeza. Vendeu os 11,63% na Media Capital, correspondentes a 9,8 milhões de acções, na primeira OPA que a Prisa lançou, voluntariamente, à Media Capital, ao preço de 7,40 euros por acção. Recebeu 72,7 milhões de euros. Mas se tivesse esperado pela nova OPA obrigatória teria ganho mais 8,7 milhões de euros. No entanto, veria o processo arrastar-se, agora que a Prisa já disse que vai para tribunal. O Diário Económico tentou contactar o empresário, sem sucesso. Miguel Pais do Amaral inicia agora uma nova fase da sua vida empresarial, em que as energias alternativas, o sector da banca e as editoras são as apostas.
Van Zeller diz que previsões se confirmam
O acordo entre Pais do Amaral e Prisa, em Julho de 2005, levou à demissão do administrador da TVI João van Zeller, que abdicou do cargo alegando que não podia “conviver com o risco de uma possível fragilização da liberdade editorial da TVI”. “A curto prazo, a liberdade editorial está assegurada. A médio e longo prazo pode existir um risco”, afirmou. Ontem, confrontado com a notícia sobre Pina Moura, van Zeller disse ao DE que as consequências da operação começam a sentir-se, tal como avisou. “Assiste à materialização daquela que já era a minha expectativa”. Esta demissão foi apenas uma das situações que fez estalar reacções políticas.
O PSD quis esclarecer se o PS tinha dado o aval para a entrada na Prisa, considerada próxima dos socialistas espanhóis do PSOE, no poder em Espanha. Marques Mendes queria ver a situação explicada. Alegadamente, a entrada da Prisa terá provocado ainda a saída de Manuela Moura Guedes dos ecrãs da TVI. Um ano depois da operação, em Julho de 2006, Pais afirmava que “muitos fizeram figura de urso ao acusarem a Prisa”. A nomeação de figuras com passado socialista pode reacender as polémicas.
O HOMEM DA ENERGIA
Joaquim Augusto Nunes de Pina Moura, 55 anos, é licenciado em economia pelo Instituto Superior de Economia e Gestão e pós-graduado em economia monetária e financeira, tendo chegado a catedrático convidado do ISEG. Na juventude frequentou também engenharia e foi na Associação de Estudantes da Faculdade de Engenharia do Porto que iniciou, nos anos 70, a actividade associativa e política.
Por essa altura aderiu ao PCP, atingindo o topo da organização dos Estudantes Comunistas. Diz-se que os comunistas o veriam, por essa altura, como um futuro líder do PCP. Mas Cunhal não tinha delfins e Joaquim Pina Moura veio a deixar o PCP na segunda leva de dissidência, em 1992. Vital Moreira, dissidente de extracção anterior, perguntou-lhe na ocasião: “E agora, Joaquim?”. Joaquim respondeu fundando a Plataforma de Esquerda, que veio a dar um apoio de quadros e alguma cobertura de esquerda aos “Estados Gerais” de António Guterres.
Braço-direito e mão esquerda de Guterres, Pina Moura ganhou o título de “O Cardeal” quando era secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro. Ganhou ascendente nas reuniões do núcleo duro do Governo graças à experiência de trabalho que adquirira no PCP. Era a simples tecnologia do papel e lápis. Pina Moura tomava notas e levava as decisões até ao fim.
A meio do mandato do primeiro governo de Guterres, subiu a ministro da Economia. No segundo, acumulou a Economia com as Finanças. Deixou a primeira pasta em Setembro de 2000, a segunda em Julho de 2001. E a questão das datas não é displicente. Mais tarde viria a ser invocada até à exaustão por Pina Moura para explicar que não houve conflito de interesses ou infracção do período de nojo ao assumir a presidência da Iberdrola Portugal, depois de desempenhar funções de consultor do BCP Investimento na área da energia.
“Serei uma das pessoas vivas que mais conhecimentos tem, em Portugal, sobre o sector energético”, admitiu em declarações à Visão, em Janeiro de 2006. Agora, sem que lhe conheça qualquer ligação ao meio da comunicação social, o homem da energia entra no ramo pela mão dos espanhóis.
in http://diarioeconomico.sapo.pt/edici...lo/965744.html
Mas o que é que este gajo tem para que o espanhóis gostem tanto dele?
Será que a sigla I da TVI se vai manter?
Dois militantes do PS entram na administração da TVI
Pina Moura deixa a bancada do PS, mas continua na Iberdrola. José Lemos, ex-deputado socialista, também entra na Media Capital.
Daniel Vaz
Joaquim Pina Moura é o novo presidente do conselho de administração da Media Capital. O responsável da Iberdrola Portugal apresentou ontem a renúncia ao cargo de deputado socialista e às suas funções no PS. Na assembleia geral da empresa que detém a TVI, marcada para 3 de Maio, Pina Moura substitui formalmente Pais do Amaral como “chairman” do grupo.
A acompanhar Pina Moura no conselho de administração estará outro militante socialista: José Lemos, que confirmou ao DE ter dito “sim” à Prisa.
Estes dois convites, pelo passado socialista comum, causaram alguma surpresa para os colaboradores do grupo. Recorde-se que a Prisa é considerada próxima do PSOE, em Espanha. E foi acusada pelo PSD, em 2oo5, de ter sido beneficiada pelo PS na entrada no mercado português. Estas acusações foram todas desmentidas. Questionado sobre esta matéria, José Lemos afasta as possíveis ligações entre Prisa e os socialistas. “Estamos a falar de uma empresa conhecida, cotada em bolsa”, diz o antigo presidente da Bolsa de Lisboa.
José Lemos foi um dos visados pelo Banco de Portugal, em 2003, no âmbito das investigações do regulador ao Central – Banco de Investimento. O antigo administrador desta instituição, entretanto extinta, foi alvo de um processo de contra-ordenação. Na altura, José Lemos era administrador do CBI e foi “castigado” com uma coima e inibição temporária do exercício de actividade em instituições financeiras.
Prisa queria Pina em 2008
O grupo espanhol estava a tratar das mudanças no conselho de administração da Media Capital há algumas semanas. Jesus de Polanco, presidente da Prisa, e o seu filho, Manuel Polanco, dirigiram o convite a Pina Moura e a José Lemos. A ideia inicial era que substituíssem os cargos deixados vagos pela saída de dois administradores da RTL do “board” da empresa que detém a TVI.
A Prisa queria que Pina Moura assumisse depois a presidência do grupo em Março de 2008, quando Pais do Amaral saísse. Mas a saída do empresário precipitou-se. Na semana passada, Pais informou Juan Luis Cebrián, administrador delegado da Prisa, de que não se manteria no cargo de ‘chairman’. Polanco decide então convidar esta semana Pina Moura para ser o novo presidente.
Em declarações ao DE, fonte da Prisa diz que o grupo queria manter um português à frente da Media Capital. “Escolhemos Pina Moura pela sua longa carreira e de prestígio tanto na política como na vida empresarial”.
O ex-ministro da Economia do governo de António Guterres vai acumular o novo cargo com as funções de presidente da Iberdrola Portugal.
O conselho de administração da Media Capital será constituído por Pina Moura, José Lemos, Manuel Polanco, Annet Aris, Juan Luis Cebrián, Jaime Roque de Pinho D’Almeida, Miguel Gil, Tirso Olazábal e Juan Herrero. Três elementos são portugueses e quatro são espanhóis.
Pais do Amaral preferiu não arriscar e abdicou de 8,7 milhões
Miguel Pais do Amaral optou por não esperar pela decisão da CMVM sobre a nomeação de um auditor independente para vender as suas acções. Na altura, o empresário dizia aos accionistas que “tudo vai depender do seu perfil de risco”. Pais do Amaral decidiu não arriscar desta vez e optar pela certeza. Vendeu os 11,63% na Media Capital, correspondentes a 9,8 milhões de acções, na primeira OPA que a Prisa lançou, voluntariamente, à Media Capital, ao preço de 7,40 euros por acção. Recebeu 72,7 milhões de euros. Mas se tivesse esperado pela nova OPA obrigatória teria ganho mais 8,7 milhões de euros. No entanto, veria o processo arrastar-se, agora que a Prisa já disse que vai para tribunal. O Diário Económico tentou contactar o empresário, sem sucesso. Miguel Pais do Amaral inicia agora uma nova fase da sua vida empresarial, em que as energias alternativas, o sector da banca e as editoras são as apostas.
Van Zeller diz que previsões se confirmam
O acordo entre Pais do Amaral e Prisa, em Julho de 2005, levou à demissão do administrador da TVI João van Zeller, que abdicou do cargo alegando que não podia “conviver com o risco de uma possível fragilização da liberdade editorial da TVI”. “A curto prazo, a liberdade editorial está assegurada. A médio e longo prazo pode existir um risco”, afirmou. Ontem, confrontado com a notícia sobre Pina Moura, van Zeller disse ao DE que as consequências da operação começam a sentir-se, tal como avisou. “Assiste à materialização daquela que já era a minha expectativa”. Esta demissão foi apenas uma das situações que fez estalar reacções políticas.
O PSD quis esclarecer se o PS tinha dado o aval para a entrada na Prisa, considerada próxima dos socialistas espanhóis do PSOE, no poder em Espanha. Marques Mendes queria ver a situação explicada. Alegadamente, a entrada da Prisa terá provocado ainda a saída de Manuela Moura Guedes dos ecrãs da TVI. Um ano depois da operação, em Julho de 2006, Pais afirmava que “muitos fizeram figura de urso ao acusarem a Prisa”. A nomeação de figuras com passado socialista pode reacender as polémicas.
O HOMEM DA ENERGIA
Joaquim Augusto Nunes de Pina Moura, 55 anos, é licenciado em economia pelo Instituto Superior de Economia e Gestão e pós-graduado em economia monetária e financeira, tendo chegado a catedrático convidado do ISEG. Na juventude frequentou também engenharia e foi na Associação de Estudantes da Faculdade de Engenharia do Porto que iniciou, nos anos 70, a actividade associativa e política.
Por essa altura aderiu ao PCP, atingindo o topo da organização dos Estudantes Comunistas. Diz-se que os comunistas o veriam, por essa altura, como um futuro líder do PCP. Mas Cunhal não tinha delfins e Joaquim Pina Moura veio a deixar o PCP na segunda leva de dissidência, em 1992. Vital Moreira, dissidente de extracção anterior, perguntou-lhe na ocasião: “E agora, Joaquim?”. Joaquim respondeu fundando a Plataforma de Esquerda, que veio a dar um apoio de quadros e alguma cobertura de esquerda aos “Estados Gerais” de António Guterres.
Braço-direito e mão esquerda de Guterres, Pina Moura ganhou o título de “O Cardeal” quando era secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro. Ganhou ascendente nas reuniões do núcleo duro do Governo graças à experiência de trabalho que adquirira no PCP. Era a simples tecnologia do papel e lápis. Pina Moura tomava notas e levava as decisões até ao fim.
A meio do mandato do primeiro governo de Guterres, subiu a ministro da Economia. No segundo, acumulou a Economia com as Finanças. Deixou a primeira pasta em Setembro de 2000, a segunda em Julho de 2001. E a questão das datas não é displicente. Mais tarde viria a ser invocada até à exaustão por Pina Moura para explicar que não houve conflito de interesses ou infracção do período de nojo ao assumir a presidência da Iberdrola Portugal, depois de desempenhar funções de consultor do BCP Investimento na área da energia.
“Serei uma das pessoas vivas que mais conhecimentos tem, em Portugal, sobre o sector energético”, admitiu em declarações à Visão, em Janeiro de 2006. Agora, sem que lhe conheça qualquer ligação ao meio da comunicação social, o homem da energia entra no ramo pela mão dos espanhóis.
in http://diarioeconomico.sapo.pt/edici...lo/965744.html
Mas o que é que este gajo tem para que o espanhóis gostem tanto dele?
Será que a sigla I da TVI se vai manter?
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