Carrefour sai de Portugal, Auchan e Sonae na corrida
Venda deverá ser anunciada nos próximos dias. A auchan, dona do Jumbo e do Pão de Açucar, é vista como o comprador mais provável. mas há outros na corrida.
André Macedo e Ana Cunha Almeida com Sónia Santos Pereira
A cadeia francesa Carrefour vai sair de Portugal estando a ultimar a venda da sua operação portuguesa – composta por 12 hipermercados – a outro grupo de distribuição, segundo apurou o Diário Económico. O candidato mais provável para adquirir a rede de lojas é o grupo francês Auchan, que tem 15 hipermercados Jumbo e 2 supermercados Pão de Açúcar no mercado nacional.
Questionada sobre o desinvestimento no mercado nacional, a Carrefour limitou-se a referir que não comenta rumores, mas o Diário Económico sabe que o negócio ficará fechado no espaço de poucos dias.
A Carrefour chegou a Portugal em 1992, altura em que inaugurou o seu primeiro hipermercado, em Telheiras. A partir daí, a expansão foi gradual até chegar às 12 unidades que detém hoje. A empresa tem ainda 11 licenças já aprovadas para a abertura de novos espaços comerciais, entre as quais estão as localizações Valongo, Famalicão e Maia.
Entre os principais motivos para a saída do grupo do País está o facto de não ser um dos principais ‘players’ do mercado. A política internacional do grupo tem sido apostar em mercados onde tem posições privilegiadas e desinvestir nos outros, onde acaba por ser mais um operador. Mas a liderança em Portugal seria sempre uma missão impossível para a Carrefour. Os últimos dados avançados pela Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) comprovam isso mesmo. A Sonae Distribuição domina o ‘ranking’ do volume de vendas na distribuição alimentar, com as insígnias Continente e Modelo, com uma facturação de 3.526 milhões de euros em 2006.
Logo a seguir, surge a a Jerónimo Martins, proprietária das redes Feira Nova, Pingo Doce e Recheio, com uma facturação de 1.948 milhões de euros. E em terceiro lugar neste ‘ranking’ está a Auchan – conhecida pelos hipermercados Jumbo – com vendas de 1.194 milhões de euros no ano passado. A Carrefour aparece apenas em 6º lugar com um volume de vendas de 505 milhões de euros, um número que a distancia dos seus concorrentes. E com uma facturação a apresentar um crescimento pouco significativo, de 1% face ao exercício de 2005 (498 milhões de euros).
Os consumidores têm vindo a aderir cada vez mais às redes que praticam preços baixos, como as cadeias alemãs Lidl e Plus. Aliás, neste mesmo ‘ranking’ da APED, a Lidl ultrapassou a Carrefour, figurando em 4º lugar com vendas de 1.050 milhões de euros em 2006 e um crescimento de 8% face a 2005. Até o Minipreço - gerido pelo grupo Dia, que, por sua vez, é propriedade dos franceses da Carrefour - conseguiu vender mais em Portugal do que a Carrefour, figurando em 5º lugar com uma facturação de 707 milhões de euros no período em análise.
O negócio e as apostas da rede francesa em portugal
1 - Os hipermercados, a marca própria e a Fileira Qualidade
São 12 os hipermercados com a marca Carrefour em Portugal. De norte a sul do País, conseguem abarcar um pouco de toda a geografia. O primeiro a abrir foi em Telheiras. Depois vieram todos os outros: Vila Nova de Gaia, Braga, Oeiras, Montijo, Aveiro, Portimão, Torres Novas, Viseu, Paços de Ferreira, Coimbra e Loures. Há uns anos para cá, a Carrefour decidiu apostar forte na marca própria, sob a designação “preço mínimo”. A sustentar esta aposta, o grupo falava “nos preços mais baixos de toda a região”. Foi também o grupo francês que, há oito anos, introduziu em Portugal o conceito de Fileira Qualidade já adoptado na maioria dos países onde está presente. Fazer acordos com agricultores e demais produtores – mediante critérios de qualidade e ambiente – para depois comprar parte dessa produção. No final de 2006, a Carrefour já trabalhava com 216 fornecedores nacionais, o que representava 15% do total de compras de produtos frescos que seguem também para os ‘hipers’ da cadeia noutros países, como França, Espanha, Suíça, Polónia e Brasil.
2 - Os combustíveis e as estações de serviço
Assegurar a presença no negócio dos combustíveis sempre fez parte dos planos em Portugal ou não fosse essa uma das estratégias do grupo a nível global. Em França é um dos maiores vendedores de combustíveis. E da mesma forma que tenta explorar o parque de hipermecados com a oferta de Parafarmácias - o que já acontece em Telheiras e Coimbra - a ideia é fazer o mesmo em relação às estações de serviço. A Carrefour controla três postos de gasolina, em Montijo, Vila Nova de Gaia e Braga respectivamente. O objectivo sempre foi estender esta oferta às restantes unidades comerciais, sempre que houvesse essa possibilidade. António Baptista, administrador-delegado da empresa de distribuição, já em 2005 dizia que queria investir três a cinco milhões de euros na abertura de três a cinco novos postos de combustíveis.
3 - Os ‘hard discount’ da Plus sob olhar dos franceses
Quando o grupo Dia, do Carrefour, anunciou a compra das 250 lojas “Plus” que os alemães da Tengelmann possuiam em Espanha, foi garantido que não tentariam adquirir as unidades “Plus” a operar em Portugal. O negócio, concretizado na semana passada e avaliado em 200 milhões de euros, não teria qualquer impacto no mercado português, apesar de tanto as lojas Minipreço do grupo Dia como as lojas Plus, do Tengelmann, operarem no mesmo segmento de ‘hard discount’. No entanto, a saída do Carrefour de Portugal torna um cenário de consolidação cada vez mais provável. Se o Dia comprar as 55 lojas Plus que existem em Portugal, irá acabar por deter um total de 472 lojas no País, a juntar à rede de cinco mil presentes em Espanha. Tudo isto num segmento que exige custos mínimos de operação e cujo dinamismo está ao rubro, podendo assentar na estratégia do Carrefour em não investir com marca própria nos mercados de pequena dimensão
Venda deverá ser anunciada nos próximos dias. A auchan, dona do Jumbo e do Pão de Açucar, é vista como o comprador mais provável. mas há outros na corrida.
André Macedo e Ana Cunha Almeida com Sónia Santos Pereira
A cadeia francesa Carrefour vai sair de Portugal estando a ultimar a venda da sua operação portuguesa – composta por 12 hipermercados – a outro grupo de distribuição, segundo apurou o Diário Económico. O candidato mais provável para adquirir a rede de lojas é o grupo francês Auchan, que tem 15 hipermercados Jumbo e 2 supermercados Pão de Açúcar no mercado nacional.
Questionada sobre o desinvestimento no mercado nacional, a Carrefour limitou-se a referir que não comenta rumores, mas o Diário Económico sabe que o negócio ficará fechado no espaço de poucos dias.
A Carrefour chegou a Portugal em 1992, altura em que inaugurou o seu primeiro hipermercado, em Telheiras. A partir daí, a expansão foi gradual até chegar às 12 unidades que detém hoje. A empresa tem ainda 11 licenças já aprovadas para a abertura de novos espaços comerciais, entre as quais estão as localizações Valongo, Famalicão e Maia.
Entre os principais motivos para a saída do grupo do País está o facto de não ser um dos principais ‘players’ do mercado. A política internacional do grupo tem sido apostar em mercados onde tem posições privilegiadas e desinvestir nos outros, onde acaba por ser mais um operador. Mas a liderança em Portugal seria sempre uma missão impossível para a Carrefour. Os últimos dados avançados pela Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) comprovam isso mesmo. A Sonae Distribuição domina o ‘ranking’ do volume de vendas na distribuição alimentar, com as insígnias Continente e Modelo, com uma facturação de 3.526 milhões de euros em 2006.
Logo a seguir, surge a a Jerónimo Martins, proprietária das redes Feira Nova, Pingo Doce e Recheio, com uma facturação de 1.948 milhões de euros. E em terceiro lugar neste ‘ranking’ está a Auchan – conhecida pelos hipermercados Jumbo – com vendas de 1.194 milhões de euros no ano passado. A Carrefour aparece apenas em 6º lugar com um volume de vendas de 505 milhões de euros, um número que a distancia dos seus concorrentes. E com uma facturação a apresentar um crescimento pouco significativo, de 1% face ao exercício de 2005 (498 milhões de euros).
Os consumidores têm vindo a aderir cada vez mais às redes que praticam preços baixos, como as cadeias alemãs Lidl e Plus. Aliás, neste mesmo ‘ranking’ da APED, a Lidl ultrapassou a Carrefour, figurando em 4º lugar com vendas de 1.050 milhões de euros em 2006 e um crescimento de 8% face a 2005. Até o Minipreço - gerido pelo grupo Dia, que, por sua vez, é propriedade dos franceses da Carrefour - conseguiu vender mais em Portugal do que a Carrefour, figurando em 5º lugar com uma facturação de 707 milhões de euros no período em análise.
O negócio e as apostas da rede francesa em portugal
1 - Os hipermercados, a marca própria e a Fileira Qualidade
São 12 os hipermercados com a marca Carrefour em Portugal. De norte a sul do País, conseguem abarcar um pouco de toda a geografia. O primeiro a abrir foi em Telheiras. Depois vieram todos os outros: Vila Nova de Gaia, Braga, Oeiras, Montijo, Aveiro, Portimão, Torres Novas, Viseu, Paços de Ferreira, Coimbra e Loures. Há uns anos para cá, a Carrefour decidiu apostar forte na marca própria, sob a designação “preço mínimo”. A sustentar esta aposta, o grupo falava “nos preços mais baixos de toda a região”. Foi também o grupo francês que, há oito anos, introduziu em Portugal o conceito de Fileira Qualidade já adoptado na maioria dos países onde está presente. Fazer acordos com agricultores e demais produtores – mediante critérios de qualidade e ambiente – para depois comprar parte dessa produção. No final de 2006, a Carrefour já trabalhava com 216 fornecedores nacionais, o que representava 15% do total de compras de produtos frescos que seguem também para os ‘hipers’ da cadeia noutros países, como França, Espanha, Suíça, Polónia e Brasil.
2 - Os combustíveis e as estações de serviço
Assegurar a presença no negócio dos combustíveis sempre fez parte dos planos em Portugal ou não fosse essa uma das estratégias do grupo a nível global. Em França é um dos maiores vendedores de combustíveis. E da mesma forma que tenta explorar o parque de hipermecados com a oferta de Parafarmácias - o que já acontece em Telheiras e Coimbra - a ideia é fazer o mesmo em relação às estações de serviço. A Carrefour controla três postos de gasolina, em Montijo, Vila Nova de Gaia e Braga respectivamente. O objectivo sempre foi estender esta oferta às restantes unidades comerciais, sempre que houvesse essa possibilidade. António Baptista, administrador-delegado da empresa de distribuição, já em 2005 dizia que queria investir três a cinco milhões de euros na abertura de três a cinco novos postos de combustíveis.
3 - Os ‘hard discount’ da Plus sob olhar dos franceses
Quando o grupo Dia, do Carrefour, anunciou a compra das 250 lojas “Plus” que os alemães da Tengelmann possuiam em Espanha, foi garantido que não tentariam adquirir as unidades “Plus” a operar em Portugal. O negócio, concretizado na semana passada e avaliado em 200 milhões de euros, não teria qualquer impacto no mercado português, apesar de tanto as lojas Minipreço do grupo Dia como as lojas Plus, do Tengelmann, operarem no mesmo segmento de ‘hard discount’. No entanto, a saída do Carrefour de Portugal torna um cenário de consolidação cada vez mais provável. Se o Dia comprar as 55 lojas Plus que existem em Portugal, irá acabar por deter um total de 472 lojas no País, a juntar à rede de cinco mil presentes em Espanha. Tudo isto num segmento que exige custos mínimos de operação e cujo dinamismo está ao rubro, podendo assentar na estratégia do Carrefour em não investir com marca própria nos mercados de pequena dimensão
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