Spyker C8 Spyder
Freestyle
À Spyker não falta imaginação e muito menos audácia. O pequeno construtor holandês, que também participa no Mundial de Fórmula 1, propõe uma completa gama de produtos manifestamente extravagantes. A começar por este C8 Spyder.
O Spyker Spyder faria passar um TVR Tuscan por um falso santo, mas é preciso começar por dizer que em Amesterdão, a pátria do pequeno construtor, gostam de legalizar muita coisa e as más-línguas vislumbram, mesmo, uma relação causa/efeito com o aspecto Freestyle do automóvel. Se o julgarmos pela reacção dos transeuntes podemos mesmo falar de efeito alucinogénico. Alguns apercebem-se de uma vaga semelhança com os Aston Martin na secção dianteira… mas quanto à traseira não se parece com nada nem ninguém. O C8 espanta, também, pela sua reduzida altura: apenas 1,1 metros, ou seja, menos 6 centímetros do que um Caterham Super Seven. Mas o Spyker insiste em detalhes inesperados: grelha dianteira como um cortador de batatas fritas, capot traseiro ao estilo de um ralador de queijo e jantes inspiradas em pás de ventoinha. Esta necessidade de fazer as coisas de forma diferente demarcam-no do TVR. Tal como estes últimos, o C8 dispensa os puxadores nas portas e utiliza botões colocados por debaixo dos retrovisores. No capítulo das bizarrias, nota-se a presença de vidros laterais fraccionados em duas partes tal como no antigo Subaru SVX. Finalmente a falta da moldura no pára-brisas faz com que esta área se assemelhe a um quadro barroco, com toques de surrealismo. Resta-nos saber como é que esta particularidade se traduz em termos de rigidez, mas já lá iremos.
Vuitton e Nautilus
O espectáculo máximo está reservado para os interiores. Por detrás da porta é tudo em alumínio, tal como o chassis e a carroçaria, o que nos faz descobrir um universo deveras inimaginável. A meio caminho entre as malas Louis Vuitton e o Nautilus de Jules Verne. Vuitton, pelos acabamentos em pele salpicada de pequenos losangos, que quase nos levam a tirar os sapatos antes de entrar no carro.
Nautilus pela capacidade de imaginação que algumas peças reclamam. Por exemplo, a chave de ignição em forma de cápsula, a articulação do comando da caixa de velocidades, ou o volante a lembrar o leme de um navio. Este distanciamento face à realidade dá-nos a impressão de estar a bordo de um concept, mas o habitáculo do Spyker destila o perfume de uma peça única!
Ignição. O V8 ronrona gentilmente e permanece ao ralenti com uma precisão germânica, quer dizer irrepreensível. Trata-se do 4,2 litros utilizado na anterior geração Audi S8, ou seja, com 380 cv de origem, que sobem até aos 400 graças a uma sistema de admissão e de escape revistos e a uma gestão electrónica melhorada. Com menos 500 kg do que a berlina alemã e mais 20 cv, o Spyker dá sinais de alerta. No que respeita à relação peso/potência, o C8 reivindica valores idênticos aos de um 911 Turbo. Quanto à transmissão, encontramos uma caixa mecânica de seis relações e autoblocante. Finalmente, o detalhe mortífero: o botão de “vroum vroum” no quadro de bordo, que permite obter descargas de escape mais sonoras.
Só a rodar...
Em andamento, o C8 faz prova de uma progressividade que colide com o seu ar excêntrico. O 4,2 litros arranca sem vacilar desde as profundezas do conta-rotações, mas o Spyker não é o tipo de carro que nos convide a aumentar o ritmo, bem pelo contrário: just cruising. E, enquanto a paisagem desfila gentilmente aos nossos olhos, podemos divertirmo-nos com o botão de escape que substitui o sistema Hi-Fi. On: os silenciadores lançam bramidos ao mais pequeno toque de acelerador. Off: silêncio rádio. De acordo: o gadget é curioso, mas ao mesmo tempo ridículo. Acabemos com a brincadeira e prego a fundo… O Spyker salta para a frente sem se desintegrar, o que já é um bom sinal.
O V8 sobe até às 7500 rpm, a aceleração é franca, vigorosa, mas as características intrínsecas do motor não mudaram, realmente. A potência é sempre contida e jamais transbordante como, por exemplo, a de um Coupé Maserati V8 e isto apesar do optimismo das performances anunciadas: 0 a 100 km/h em 4,5 s e pouco menos de 300 km/h de velocidade de ponta. A título de comparação, este nível de valores posicionaria o Spyker ao nível de um Viper SRT 10. Mas esperamos pelas nossas próprias medições para um melhor julgamento.
Quanto ao comportamento dinâmico nota-se uma excelente motricidade. Devido à sua arquitectura o Spyker está literalmente colado à estrada e o autoblocante cumpre com eficácia o seu papel em caso de perda de aderência. Muito perto do solo, com um eixo dianteiro com grande direccionalidade, o Spyker não faz má cara quanto forçamos os apoios. Mas nestas condições de utilização, a falta de rigidez do conjunto mete o condutor na ordem, devido às reacções parasitas, nomeadamente na direcção. Uma pena, já que o equilíbrio do carro é irrepreensível. Sob o ponto de vista técnico, nota-se a presença de uma suspensão que vai beber à competição, com os conjuntos mola/amortecedor “in board”, o que permite diminuir as massas não suspensas e, assim, favorecer o amortecimento. Quanto ao sistema de travagem, repousa em discos ventilados de 356 mm de diâmetro à frente e 330 mm na traseira, com uma repartição da força de travagem regulável e sem assistência, o que não deixa de ser surpreendente. Mas depressa nos habituamos ao jogo, para mais com um conjunto de pedais que convida ao ponta-tacão. Em breves palavras, o Spyker não fica acantonado ao papel de acessório num stand. Adoptando um ritmo adequado, o C8 destila um certo prazer de condução. Objectivamente, valha a verdade que as suas prestações não atingem as dos GT descapotáveis como o Lamborghini, Ferrari ou Porsche, mas no que diz respeito à raridade o Spyker bate a concorrência no círculo do pronto-a-vestir. Aliás, o catálogo do construtor mais parece um mostruário sobre a nova colecção Primavera/Verão.
Lado a lado com o C8 Spyder encontramos o Coupé C8 Laviolette do filme Instinto Fatal 2 e, brevemente, o C12 Latrubie dotado de um motor W12 Volkswagen, vitaminado até aos 500 cv, com o qual o construtor holandês pretende reivindicar menos de 4 s dos 0 a 100 km/h e uma velocidade máxima de 315 km/h. E se os nossos leitores pretenderem uma dose de exotismo suplementar, podem sempre optar pelo SUV que dá pelo nome D12 Peking-to-Paris, cuja produção está agendada para 2008.
Veredicto
Apesar da sua imagem de concept-car, o Spyker C8 Spyder acelera, trava e curva, verdadeiramente. A sua falta de rigidez estrutural impede-o de lutar contra os “reis” da categoria, por exemplo, o Lamborghini Gallardo ou o Ferrari 340 Spider. Mas no que respeita à exclusividade e exotismo era difícil fazer melhor.
Fonte - AutoSport
Freestyle
À Spyker não falta imaginação e muito menos audácia. O pequeno construtor holandês, que também participa no Mundial de Fórmula 1, propõe uma completa gama de produtos manifestamente extravagantes. A começar por este C8 Spyder.
O Spyker Spyder faria passar um TVR Tuscan por um falso santo, mas é preciso começar por dizer que em Amesterdão, a pátria do pequeno construtor, gostam de legalizar muita coisa e as más-línguas vislumbram, mesmo, uma relação causa/efeito com o aspecto Freestyle do automóvel. Se o julgarmos pela reacção dos transeuntes podemos mesmo falar de efeito alucinogénico. Alguns apercebem-se de uma vaga semelhança com os Aston Martin na secção dianteira… mas quanto à traseira não se parece com nada nem ninguém. O C8 espanta, também, pela sua reduzida altura: apenas 1,1 metros, ou seja, menos 6 centímetros do que um Caterham Super Seven. Mas o Spyker insiste em detalhes inesperados: grelha dianteira como um cortador de batatas fritas, capot traseiro ao estilo de um ralador de queijo e jantes inspiradas em pás de ventoinha. Esta necessidade de fazer as coisas de forma diferente demarcam-no do TVR. Tal como estes últimos, o C8 dispensa os puxadores nas portas e utiliza botões colocados por debaixo dos retrovisores. No capítulo das bizarrias, nota-se a presença de vidros laterais fraccionados em duas partes tal como no antigo Subaru SVX. Finalmente a falta da moldura no pára-brisas faz com que esta área se assemelhe a um quadro barroco, com toques de surrealismo. Resta-nos saber como é que esta particularidade se traduz em termos de rigidez, mas já lá iremos.
Vuitton e Nautilus
O espectáculo máximo está reservado para os interiores. Por detrás da porta é tudo em alumínio, tal como o chassis e a carroçaria, o que nos faz descobrir um universo deveras inimaginável. A meio caminho entre as malas Louis Vuitton e o Nautilus de Jules Verne. Vuitton, pelos acabamentos em pele salpicada de pequenos losangos, que quase nos levam a tirar os sapatos antes de entrar no carro.
Nautilus pela capacidade de imaginação que algumas peças reclamam. Por exemplo, a chave de ignição em forma de cápsula, a articulação do comando da caixa de velocidades, ou o volante a lembrar o leme de um navio. Este distanciamento face à realidade dá-nos a impressão de estar a bordo de um concept, mas o habitáculo do Spyker destila o perfume de uma peça única!
Ignição. O V8 ronrona gentilmente e permanece ao ralenti com uma precisão germânica, quer dizer irrepreensível. Trata-se do 4,2 litros utilizado na anterior geração Audi S8, ou seja, com 380 cv de origem, que sobem até aos 400 graças a uma sistema de admissão e de escape revistos e a uma gestão electrónica melhorada. Com menos 500 kg do que a berlina alemã e mais 20 cv, o Spyker dá sinais de alerta. No que respeita à relação peso/potência, o C8 reivindica valores idênticos aos de um 911 Turbo. Quanto à transmissão, encontramos uma caixa mecânica de seis relações e autoblocante. Finalmente, o detalhe mortífero: o botão de “vroum vroum” no quadro de bordo, que permite obter descargas de escape mais sonoras.
Só a rodar...
Em andamento, o C8 faz prova de uma progressividade que colide com o seu ar excêntrico. O 4,2 litros arranca sem vacilar desde as profundezas do conta-rotações, mas o Spyker não é o tipo de carro que nos convide a aumentar o ritmo, bem pelo contrário: just cruising. E, enquanto a paisagem desfila gentilmente aos nossos olhos, podemos divertirmo-nos com o botão de escape que substitui o sistema Hi-Fi. On: os silenciadores lançam bramidos ao mais pequeno toque de acelerador. Off: silêncio rádio. De acordo: o gadget é curioso, mas ao mesmo tempo ridículo. Acabemos com a brincadeira e prego a fundo… O Spyker salta para a frente sem se desintegrar, o que já é um bom sinal.
O V8 sobe até às 7500 rpm, a aceleração é franca, vigorosa, mas as características intrínsecas do motor não mudaram, realmente. A potência é sempre contida e jamais transbordante como, por exemplo, a de um Coupé Maserati V8 e isto apesar do optimismo das performances anunciadas: 0 a 100 km/h em 4,5 s e pouco menos de 300 km/h de velocidade de ponta. A título de comparação, este nível de valores posicionaria o Spyker ao nível de um Viper SRT 10. Mas esperamos pelas nossas próprias medições para um melhor julgamento.
Quanto ao comportamento dinâmico nota-se uma excelente motricidade. Devido à sua arquitectura o Spyker está literalmente colado à estrada e o autoblocante cumpre com eficácia o seu papel em caso de perda de aderência. Muito perto do solo, com um eixo dianteiro com grande direccionalidade, o Spyker não faz má cara quanto forçamos os apoios. Mas nestas condições de utilização, a falta de rigidez do conjunto mete o condutor na ordem, devido às reacções parasitas, nomeadamente na direcção. Uma pena, já que o equilíbrio do carro é irrepreensível. Sob o ponto de vista técnico, nota-se a presença de uma suspensão que vai beber à competição, com os conjuntos mola/amortecedor “in board”, o que permite diminuir as massas não suspensas e, assim, favorecer o amortecimento. Quanto ao sistema de travagem, repousa em discos ventilados de 356 mm de diâmetro à frente e 330 mm na traseira, com uma repartição da força de travagem regulável e sem assistência, o que não deixa de ser surpreendente. Mas depressa nos habituamos ao jogo, para mais com um conjunto de pedais que convida ao ponta-tacão. Em breves palavras, o Spyker não fica acantonado ao papel de acessório num stand. Adoptando um ritmo adequado, o C8 destila um certo prazer de condução. Objectivamente, valha a verdade que as suas prestações não atingem as dos GT descapotáveis como o Lamborghini, Ferrari ou Porsche, mas no que diz respeito à raridade o Spyker bate a concorrência no círculo do pronto-a-vestir. Aliás, o catálogo do construtor mais parece um mostruário sobre a nova colecção Primavera/Verão.
Lado a lado com o C8 Spyder encontramos o Coupé C8 Laviolette do filme Instinto Fatal 2 e, brevemente, o C12 Latrubie dotado de um motor W12 Volkswagen, vitaminado até aos 500 cv, com o qual o construtor holandês pretende reivindicar menos de 4 s dos 0 a 100 km/h e uma velocidade máxima de 315 km/h. E se os nossos leitores pretenderem uma dose de exotismo suplementar, podem sempre optar pelo SUV que dá pelo nome D12 Peking-to-Paris, cuja produção está agendada para 2008.
Veredicto
Apesar da sua imagem de concept-car, o Spyker C8 Spyder acelera, trava e curva, verdadeiramente. A sua falta de rigidez estrutural impede-o de lutar contra os “reis” da categoria, por exemplo, o Lamborghini Gallardo ou o Ferrari 340 Spider. Mas no que respeita à exclusividade e exotismo era difícil fazer melhor.
Fonte - AutoSport
mas k marcam pela diferenca :P
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