Maldito dia em que decidi finalmente aplicar algum tempo e tentar encontrar uma carrinha como tanto queria. E má hora aquela em que encontrei um link para a www.vdv.pt! Esse momento então, é que não me consigo perdoar! Beneficiando de um site que tem tanto de atractivo como a VDV tem de pouca lisura de procedimentos, a verdade é que fui cativado e iniciei contactos.
Os meus requisitos não eram nada de extravagantes, normalíssimos para o mercado actual e muito comuns para estas “empresas” que lidam com a importação de veículos. Bastante céleres e cordiais nas respostas às dúvidas iniciais, cedo comecei a levar “negas” quanto a eventuais negócios porque a minha escolha recaía sempre em veículos que entretanto eram escoados no mercado. Azar o meu. E as respostas negativas sucediam-se... 8, 10 e 14 de Fevereiro foram datas que assinalei… também porque dia 10 é o do meu aniversário e tenho ainda os emails trocados.
A verdade é que no meio de todo aquele turbilhão de emails e veículos propostos, desloquei-me à VDV Lisboa para assinar o contrato segundo o qual me obrigava a comprar uma viatura com determinadas características, na altura relativo a uma AUDI A4 Avant, pagando (transferindo) 6800€ para a conta da CarPoint na Alemanha e pagando o restante à VDV quando o veículo me fosse entregue, completamente legalizado, aquilo que a VDV define como “chave na mão”. É pedido o empréstimo e a normal burocracia bancária só é ultrapassada no dia 22 de Fevereiro.
Nesse dia é assinado o empréstimo, realizada a transferência e 30 minutos depois estou a enviar o comprovativo da mesma para que, segundo as indicações recebidas por e-mail e telefone por parte da VDV, passe a estar, a partir desse momento, reservada a viatura que entretanto “aprovei” (sempre com base em fotos e descrição de equipamento).
Cinco dias depois, a 27 de Fevereiro, recebo por e-mail a seguinte mensagem:
Exmo. Sr. João Evangelista
Recebemos o dinheiro hoje e quando fomos pagar a viatura o comerciante já a vendeu. Apresentamos as seguintes alternativas:;
Ou seja, a reserva tem valor zero!!! Confrontados com essa questão, a resposta foi silêncio e limitaram-se a sugerir outros veículos. Na verdade, a sensação que fica, e essa já ninguém a vai tirar, é que não descansam enquanto não há uma transferência realizada de forma a “prender” o cliente e só depois, vão tentar encontrar um real negócio para propor. Até lá e porque este tipo de veículos são muito procurados e porque há também uma enorme oferta no mercado europeu, nomeadamente na Alemanha, é sempre uma questão de gerir a ansiedade do comprador até encontrar uma solução para as duas partes, solução essa que é adquirida com o dinheiro do interessado que aliás, à minha semelhança, a essa altura já deverá andar a pagar prestações do empréstimo que entretanto contraiu. Bom negócio!
Analisadas outras propostas, inevitavelmente esbarrei em mais uma nega, desta feita, logo no dia seguinte, a 28 de Fevereiro.
Então surge um telefonema a falar num hipotético negócio com uma Passat nacional mas que estaria ainda presa por alguns detalhes. No dia 3 de Março é-me feita proposta concreta via e-mail: Passat Cinza nacional por 11800€; e no mesmo dia, respondo, aceitando o negócio.
Vim a apurar no decorrer dos dias seguintes que a situação surgiu em virtude da possibilidade de negócio de um terceiro com a VDV e que no decorrer do mesmo, a VDV retomaria aquele automóvel. Findo o dito processo com o referido terceiro, avisam-me que poderia levantar finalmente a carrinha, bastando levar o Seguro Obrigatório.
Recebendo em Lisboa, via Fax, uma cópia do livrete, rapidamente fiz o seguro e Beja, cá vou eu! Chegado a Beja, sou recebido pelo Sr Ricardo Boto, pessoa que ali estava para, em nome da VDV, proceder à entrega do veículo.
Bom aspecto geral (condizente com as fotos “aprovadas”), sou confrontado com um Tecto de Abrir que… não abria; com um canhão da fechadura da porta do condutor (!) que estava arrombado e ainda alguns pequenos defeitos. Confrontado com estes problemas no local, a resposta foi um incrível ”não reparámos (?!) mas não se preocupe porque são problemas óbvios e certamente o Sr Pedro Margarido irá responsabilizar-se por eles e efectuar toda e qualquer reparação necessária”. Burro, fiz-me à estrada para Lisboa confiando nestas palavras. Claro, vieram ao de cima mais uma série de problemas, inclusivamente, a porta do condutor, além daquele “pequeno” problema com o canhão, teria sido certamente forçada e apresentava uma folga em cima que parecia circular-se sempre com uma fresta do vidro aberta.
Resultado, parece que nem o Sr Pedro Margarido nem aquele que ainda era o proprietário da Passat cinza se entenderam quanto às reclamações ou ao negócio entre eles e vieram levantar a carrinha à minha porta de casa.
Exactamente um mês depois, 3 de Abril, é-me proposta nova Passat (preta, a que acabei por comprar), importada mas que já estava em Portugal há um tempo, em nome de um particular residente em Quarteira e novamente, no mesmo dia, respondo ao e-mail aceitando a proposta.
Ainda no mesmo dia, é assegurada a entrega para dois dias depois, dia 5 em Lisboa, “em local e hora a designar por ir entretanto a uma inspecção e limpeza”.
No dia 5 de Abril, por email e fax enviam os documentos do veículo para alteração de seguro e ao final do dia, entregam-me a carrinha em Lisboa. O veículo é entregue com os documentos originais, ainda em nome do antigo proprietário uma vez que supostamente “não houve ocasião para tratar da declaração de circulação mas é uma questão de chegar a Beja e enviá-la por correio”, palavras de Pedro Margarido que acrescentou, “para a semana já a tem na mão”, “altura em que deverá remeter para Beja os documentos originais para a VDV tratar da passagem para seu nome”.
No mesmo dia, ao chegar a casa e tal como combinado com o responsável pela VDV, Sr Pedro Margarido, faço uma transferência via Internet, enviando logo de seguida um email à própria VDV alertando-os para o facto do site da entidade bancária (erro meu?!) ter assegurado a transferência apenas para dois ou três dias úteis depois. Estavam saldadas todas e quaisquer dívidas minhas para com a VDV e relembro o dia – 5 de Abril.
Dia 10 de Abril pela manhã, depois de 4 dias estacionado à minha porta por motivos profissionais que me levaram para fora de Lisboa, ou seja, desde que me foi entregue levei apenas o veículo para casa, o mesmo não pega – a bateria “morreu”. Chamada a Assistência em Viagem, é colocado em funcionamento e levado para a Norauto Carnaxide para uma revisão (entretanto marcada via telefone no dia anterior), colocação de 4 pneus (substituição obrigatória mediante o péssimo estado dos que possuía) e claro, a partir daquele momento, para a substituição da bateria.
Contactado o Sr. Pedro Margarido, que terá atendido à primeira, nunca esperando uma reclamação (será exagero pensar assim?!) e confrontado com a situação, logo se prontifica a pagar a bateria nova, bastando-me pedir uma factura em nome da VDV e colocando o necessário Número de Contribuinte. Bestial. Até estranhei.
Nesse mesmo dia, paguei 351,40€ pela Revisão e 4 pneus mais, à parte, 157,45€ respeitantes à bateria e respectiva montagem que me seriam restituídos pela VDV.
A “questão de chegar a Beja” para emissão da Declaração de Circulação e Factura do negócio foram “apenas” 30 dias, exactamente os que mediaram entre a entrega da carrinha (5 de Abril) e a chegada efectiva da Declaração de Circulação até Lisboa, algo que aconteceu a 4 de Maio (6ª-feira).
Pelo meio, inúmeros emails e telefonemas no vazio, sem resposta por parte do sr Pedro Margarido, pessoa que assumiu as rédeas da “operação” e com quem passei a tratar de tudo por ser quem assumida e declaradamente “podia” fazer ou tomar qualquer decisão. De vez em quando, lá acontecia atender o telefone e por entre muita conversa de ocasião, lá pedia “desculpa pelo esquecimento”, pelo muito trabalho e várias outras situações, ridículas demais para serem reproduzidas tais como um suposto envio dos documentos por correio mas que “não é de estranhar não terem sido entregues”, porque lhe “acontece muito” e que “como não são documentos importantes, também não era caso para alarme” (?!). Nesta altura já penso se não serei eu que estou a fazer uma tempestade num copo de água. Tudo parece tão natural a este senhor.
Os documentos que me são enviados para Lisboa foram a Declaração de Circulação e a Factura da minha compra. A Declaração tem “só” a data da matrícula da viatura com um desfasamento de oito meses mas que “como tem o número de chassis correcto, não tem qualquer problema, é só levantar o capôt e confirmar”! Sim, foi isto que ouvi. Precisamente.
Quanto à factura, é emitida pela CarPoint no valor de 11800 € (6800€ transferidos para a Alemanha mais 5000€ transferidos para a conta VDV em Portugal) com data de 15 de Abril. Estranho! Faz sentido a CarPoint passar-me uma factura pela compra de uma viatura que era de um particular de Quarteira?! E a VDV? Nem sequer declara os 5000€ que lhe paguei?! Parece que não. Não tenho um recibo, nada!
Com estes documentos em minha posse, envio, tal como combinado, os originais do veículo para Beja no dia 7 (2ª-feira seguinte), recebidos e assinados no Aviso de Recepção pelo próprio Pedro Margarido no dia seguinte (8 de Maio)
“É uma questão de dias”, “isto agora não demora nada”, “é algo que fazemos todos os dias”. Sucedem-se novamente uma série de telefonemas e até sms (modalidade inaugurada, qual teenager) pelo Sr Pedro Margarido para comunicação entre Vendedor e Comprador (hilariante), sem resposta, o que me “obrigava” a recorrer a um dos contactos VDV em Lisboa, o Sr Jorge Santos que, sendo impotente para resolver os assuntos, tinha a “vantagem” de atender quase sempre o telefone e de miraculosamente, conseguir sempre contacto com o tão ocupado Sr Pedro Margarido que a muito custo lá me contactava para me “atirar areia para os olhos”.
Entretanto, estive parado? Claro que não! A carrinha dava problemas: o motor morria em algumas passagens de caixa e em virtude de um teste realizado no banco de potência da Bosch para um artigo de Teste ao Usado na revista Guia do Automóvel, fico a saber que o sistema de travagem está com índices de eficácia quase nulos e que o mau aspecto das ópticas dos faróis se repercute num índice também muito reduzido de luminosidade, ou seja, em máximos, parece que tenho os mínimos acesos.
As paragens do motor levaram-me à CERVAG, concessionário oficial Volkswagen em Carnaxide. Ao fim de um dia e meio de diagnóstico, chegam as “boas” notícias por telefone: “é a bomba de injecção, a peça custa 1070€ e com a instalação e IVA, a despesa ficará pelos 1576,34€”. Levantei a carrinha no dia 8 de Maio e vou para casa, foram só 8 kms.
Dia seguinte, 09 horas, a carrinha não pega. É chamada a assistência em viagem e rebocada a viatura novamente para a CERVAG. Ao fim do dia, novo telefonema com o diagnóstico: ”a bomba que colocámos tem defeito, só amanhã chega uma nova. Vamos tentar ser o mais breves possível, obviamente que não irá ter qualquer despesa e pedimos desde já desculpa pelo sucedido”. No dia seguinte, dia 11, tenho à minha espera uma conta de 177,91€ por um filtro de gasóleo e uma válvula de corte. Os meus conhecimentos de mecânica levaram-me a optar pela única solução possível naquele momento – pago e venho-me embora! À CERVAG, não irei mais, é ponto assente!
Quanto aos faróis e travões, no dia 4 de Abril, um dia antes de me ser entregue, a Passat não foi à inspecção tendo “passado” sem qualquer tipo de anotação ou sinal negativo?! Sim, pelo menos, é o que diz o certificado do Centro de Inspecções CETIAL – Centro Técnico Automóvel do Liz, Lda, em Leiria. Não viram? Não sei, a verdade é que quer os travões quer os faróis são sistemas por demais importantes para a circulação, e como tal, foram “investidos” mais 510€ em duas ópticas frontais, os dois discos, tubos e respectivo óleo e ainda um fole da direcção, além obviamente da mão-de-obra. O desgaste não me chocou, repito que tenho noção de ter comprado uma viatura com 7 anos. O gritante é a aprovação que este mesmo carro recebeu dias antes num Centro de Inspecções que diariamente aprova veículos para circular nas nossas estradas! Deverá haver uma explicação, talvez só aos olhos da CETIAL de Leiria.
A 25 de Maio, ou seja, 2 semanas e meia depois de terem recebido os documentos (os originais do veículo mais a Factura emitida pela Norauto relativa à bateria) por correio azul, tal como atestado no aviso de recepção que recebi em casa e cansado de outra série de e-mails e telefonemas sem resposta, levanto pessoalmente em Beja a certidão dos documentos em meu nome… algo que tinha sido feito no próprio dia, entre as 15 e as 17 e 30, hora a que a recolhi. E mais! Em menos de 1 minuto, à minha frente, o Sr Ricardo Boto, passa uma nova Declaração de Circulação já com a data da matrícula correcta. Melhoraram imenso. Ainda há um mês atrás, demoravam 30 dias para passar este tipo de Declaração!
Resumindo, o meu excelente negócio com a VDV custou-me muito dinheiro mas sobretudo foi um processo longo, desgastante e extremamente penoso em muito alimentado por esquecimentos, mentiras, chamadas sem resposta, mensagens de voz e e-mails ignorados por parte da VDV na pessoa do Sr Pedro Margarido. Quanto aos restantes “VDV’s” com quem “privei”, são manifestamente pessoas que estão toldadas de movimentos e acções e que sabem apenas pronunciar um “não sei”, “terá de ser com o Pedro” ou mesmo um “estou aqui na parte comercial, isso não é comigo”.
Tenho de dar o braço a torcer pela minha carolice e inocência, acreditando na boa fé das pessoas mas que efectivamente ficou provado ser algo cada vez mais raro encontrar pessoas bem intencionadas. Quanto à VDV… que consigam vender muitos automóveis.
Nota: Hoje 24 de Outubro, ainda estou à espera do pagamento da bateria! Talvez tenha vindo pelo correio mas como alguém diria, “não é importante”!
Nota2: Dia 4 de Junho, recebo, por correio, o Documento Único da viatura em meu nome.
Nota3: Feita a denúncia às Finanças de Beja por suspeita de Fraude Fiscal, foi aberta a Ordem de Serviço n.º OI200600169 e aguardo desenvolvimentos para apuramento da verdade.
João Pedro Evangelista
Os meus requisitos não eram nada de extravagantes, normalíssimos para o mercado actual e muito comuns para estas “empresas” que lidam com a importação de veículos. Bastante céleres e cordiais nas respostas às dúvidas iniciais, cedo comecei a levar “negas” quanto a eventuais negócios porque a minha escolha recaía sempre em veículos que entretanto eram escoados no mercado. Azar o meu. E as respostas negativas sucediam-se... 8, 10 e 14 de Fevereiro foram datas que assinalei… também porque dia 10 é o do meu aniversário e tenho ainda os emails trocados.
A verdade é que no meio de todo aquele turbilhão de emails e veículos propostos, desloquei-me à VDV Lisboa para assinar o contrato segundo o qual me obrigava a comprar uma viatura com determinadas características, na altura relativo a uma AUDI A4 Avant, pagando (transferindo) 6800€ para a conta da CarPoint na Alemanha e pagando o restante à VDV quando o veículo me fosse entregue, completamente legalizado, aquilo que a VDV define como “chave na mão”. É pedido o empréstimo e a normal burocracia bancária só é ultrapassada no dia 22 de Fevereiro.
Nesse dia é assinado o empréstimo, realizada a transferência e 30 minutos depois estou a enviar o comprovativo da mesma para que, segundo as indicações recebidas por e-mail e telefone por parte da VDV, passe a estar, a partir desse momento, reservada a viatura que entretanto “aprovei” (sempre com base em fotos e descrição de equipamento).
Cinco dias depois, a 27 de Fevereiro, recebo por e-mail a seguinte mensagem:
Exmo. Sr. João Evangelista
Recebemos o dinheiro hoje e quando fomos pagar a viatura o comerciante já a vendeu. Apresentamos as seguintes alternativas:;
Ou seja, a reserva tem valor zero!!! Confrontados com essa questão, a resposta foi silêncio e limitaram-se a sugerir outros veículos. Na verdade, a sensação que fica, e essa já ninguém a vai tirar, é que não descansam enquanto não há uma transferência realizada de forma a “prender” o cliente e só depois, vão tentar encontrar um real negócio para propor. Até lá e porque este tipo de veículos são muito procurados e porque há também uma enorme oferta no mercado europeu, nomeadamente na Alemanha, é sempre uma questão de gerir a ansiedade do comprador até encontrar uma solução para as duas partes, solução essa que é adquirida com o dinheiro do interessado que aliás, à minha semelhança, a essa altura já deverá andar a pagar prestações do empréstimo que entretanto contraiu. Bom negócio!
Analisadas outras propostas, inevitavelmente esbarrei em mais uma nega, desta feita, logo no dia seguinte, a 28 de Fevereiro.
Então surge um telefonema a falar num hipotético negócio com uma Passat nacional mas que estaria ainda presa por alguns detalhes. No dia 3 de Março é-me feita proposta concreta via e-mail: Passat Cinza nacional por 11800€; e no mesmo dia, respondo, aceitando o negócio.
Vim a apurar no decorrer dos dias seguintes que a situação surgiu em virtude da possibilidade de negócio de um terceiro com a VDV e que no decorrer do mesmo, a VDV retomaria aquele automóvel. Findo o dito processo com o referido terceiro, avisam-me que poderia levantar finalmente a carrinha, bastando levar o Seguro Obrigatório.
Recebendo em Lisboa, via Fax, uma cópia do livrete, rapidamente fiz o seguro e Beja, cá vou eu! Chegado a Beja, sou recebido pelo Sr Ricardo Boto, pessoa que ali estava para, em nome da VDV, proceder à entrega do veículo.
Bom aspecto geral (condizente com as fotos “aprovadas”), sou confrontado com um Tecto de Abrir que… não abria; com um canhão da fechadura da porta do condutor (!) que estava arrombado e ainda alguns pequenos defeitos. Confrontado com estes problemas no local, a resposta foi um incrível ”não reparámos (?!) mas não se preocupe porque são problemas óbvios e certamente o Sr Pedro Margarido irá responsabilizar-se por eles e efectuar toda e qualquer reparação necessária”. Burro, fiz-me à estrada para Lisboa confiando nestas palavras. Claro, vieram ao de cima mais uma série de problemas, inclusivamente, a porta do condutor, além daquele “pequeno” problema com o canhão, teria sido certamente forçada e apresentava uma folga em cima que parecia circular-se sempre com uma fresta do vidro aberta.
Resultado, parece que nem o Sr Pedro Margarido nem aquele que ainda era o proprietário da Passat cinza se entenderam quanto às reclamações ou ao negócio entre eles e vieram levantar a carrinha à minha porta de casa.
Exactamente um mês depois, 3 de Abril, é-me proposta nova Passat (preta, a que acabei por comprar), importada mas que já estava em Portugal há um tempo, em nome de um particular residente em Quarteira e novamente, no mesmo dia, respondo ao e-mail aceitando a proposta.
Ainda no mesmo dia, é assegurada a entrega para dois dias depois, dia 5 em Lisboa, “em local e hora a designar por ir entretanto a uma inspecção e limpeza”.
No dia 5 de Abril, por email e fax enviam os documentos do veículo para alteração de seguro e ao final do dia, entregam-me a carrinha em Lisboa. O veículo é entregue com os documentos originais, ainda em nome do antigo proprietário uma vez que supostamente “não houve ocasião para tratar da declaração de circulação mas é uma questão de chegar a Beja e enviá-la por correio”, palavras de Pedro Margarido que acrescentou, “para a semana já a tem na mão”, “altura em que deverá remeter para Beja os documentos originais para a VDV tratar da passagem para seu nome”.
No mesmo dia, ao chegar a casa e tal como combinado com o responsável pela VDV, Sr Pedro Margarido, faço uma transferência via Internet, enviando logo de seguida um email à própria VDV alertando-os para o facto do site da entidade bancária (erro meu?!) ter assegurado a transferência apenas para dois ou três dias úteis depois. Estavam saldadas todas e quaisquer dívidas minhas para com a VDV e relembro o dia – 5 de Abril.
Dia 10 de Abril pela manhã, depois de 4 dias estacionado à minha porta por motivos profissionais que me levaram para fora de Lisboa, ou seja, desde que me foi entregue levei apenas o veículo para casa, o mesmo não pega – a bateria “morreu”. Chamada a Assistência em Viagem, é colocado em funcionamento e levado para a Norauto Carnaxide para uma revisão (entretanto marcada via telefone no dia anterior), colocação de 4 pneus (substituição obrigatória mediante o péssimo estado dos que possuía) e claro, a partir daquele momento, para a substituição da bateria.
Contactado o Sr. Pedro Margarido, que terá atendido à primeira, nunca esperando uma reclamação (será exagero pensar assim?!) e confrontado com a situação, logo se prontifica a pagar a bateria nova, bastando-me pedir uma factura em nome da VDV e colocando o necessário Número de Contribuinte. Bestial. Até estranhei.
Nesse mesmo dia, paguei 351,40€ pela Revisão e 4 pneus mais, à parte, 157,45€ respeitantes à bateria e respectiva montagem que me seriam restituídos pela VDV.
A “questão de chegar a Beja” para emissão da Declaração de Circulação e Factura do negócio foram “apenas” 30 dias, exactamente os que mediaram entre a entrega da carrinha (5 de Abril) e a chegada efectiva da Declaração de Circulação até Lisboa, algo que aconteceu a 4 de Maio (6ª-feira).
Pelo meio, inúmeros emails e telefonemas no vazio, sem resposta por parte do sr Pedro Margarido, pessoa que assumiu as rédeas da “operação” e com quem passei a tratar de tudo por ser quem assumida e declaradamente “podia” fazer ou tomar qualquer decisão. De vez em quando, lá acontecia atender o telefone e por entre muita conversa de ocasião, lá pedia “desculpa pelo esquecimento”, pelo muito trabalho e várias outras situações, ridículas demais para serem reproduzidas tais como um suposto envio dos documentos por correio mas que “não é de estranhar não terem sido entregues”, porque lhe “acontece muito” e que “como não são documentos importantes, também não era caso para alarme” (?!). Nesta altura já penso se não serei eu que estou a fazer uma tempestade num copo de água. Tudo parece tão natural a este senhor.
Os documentos que me são enviados para Lisboa foram a Declaração de Circulação e a Factura da minha compra. A Declaração tem “só” a data da matrícula da viatura com um desfasamento de oito meses mas que “como tem o número de chassis correcto, não tem qualquer problema, é só levantar o capôt e confirmar”! Sim, foi isto que ouvi. Precisamente.
Quanto à factura, é emitida pela CarPoint no valor de 11800 € (6800€ transferidos para a Alemanha mais 5000€ transferidos para a conta VDV em Portugal) com data de 15 de Abril. Estranho! Faz sentido a CarPoint passar-me uma factura pela compra de uma viatura que era de um particular de Quarteira?! E a VDV? Nem sequer declara os 5000€ que lhe paguei?! Parece que não. Não tenho um recibo, nada!
Com estes documentos em minha posse, envio, tal como combinado, os originais do veículo para Beja no dia 7 (2ª-feira seguinte), recebidos e assinados no Aviso de Recepção pelo próprio Pedro Margarido no dia seguinte (8 de Maio)
“É uma questão de dias”, “isto agora não demora nada”, “é algo que fazemos todos os dias”. Sucedem-se novamente uma série de telefonemas e até sms (modalidade inaugurada, qual teenager) pelo Sr Pedro Margarido para comunicação entre Vendedor e Comprador (hilariante), sem resposta, o que me “obrigava” a recorrer a um dos contactos VDV em Lisboa, o Sr Jorge Santos que, sendo impotente para resolver os assuntos, tinha a “vantagem” de atender quase sempre o telefone e de miraculosamente, conseguir sempre contacto com o tão ocupado Sr Pedro Margarido que a muito custo lá me contactava para me “atirar areia para os olhos”.
Entretanto, estive parado? Claro que não! A carrinha dava problemas: o motor morria em algumas passagens de caixa e em virtude de um teste realizado no banco de potência da Bosch para um artigo de Teste ao Usado na revista Guia do Automóvel, fico a saber que o sistema de travagem está com índices de eficácia quase nulos e que o mau aspecto das ópticas dos faróis se repercute num índice também muito reduzido de luminosidade, ou seja, em máximos, parece que tenho os mínimos acesos.
As paragens do motor levaram-me à CERVAG, concessionário oficial Volkswagen em Carnaxide. Ao fim de um dia e meio de diagnóstico, chegam as “boas” notícias por telefone: “é a bomba de injecção, a peça custa 1070€ e com a instalação e IVA, a despesa ficará pelos 1576,34€”. Levantei a carrinha no dia 8 de Maio e vou para casa, foram só 8 kms.
Dia seguinte, 09 horas, a carrinha não pega. É chamada a assistência em viagem e rebocada a viatura novamente para a CERVAG. Ao fim do dia, novo telefonema com o diagnóstico: ”a bomba que colocámos tem defeito, só amanhã chega uma nova. Vamos tentar ser o mais breves possível, obviamente que não irá ter qualquer despesa e pedimos desde já desculpa pelo sucedido”. No dia seguinte, dia 11, tenho à minha espera uma conta de 177,91€ por um filtro de gasóleo e uma válvula de corte. Os meus conhecimentos de mecânica levaram-me a optar pela única solução possível naquele momento – pago e venho-me embora! À CERVAG, não irei mais, é ponto assente!
Quanto aos faróis e travões, no dia 4 de Abril, um dia antes de me ser entregue, a Passat não foi à inspecção tendo “passado” sem qualquer tipo de anotação ou sinal negativo?! Sim, pelo menos, é o que diz o certificado do Centro de Inspecções CETIAL – Centro Técnico Automóvel do Liz, Lda, em Leiria. Não viram? Não sei, a verdade é que quer os travões quer os faróis são sistemas por demais importantes para a circulação, e como tal, foram “investidos” mais 510€ em duas ópticas frontais, os dois discos, tubos e respectivo óleo e ainda um fole da direcção, além obviamente da mão-de-obra. O desgaste não me chocou, repito que tenho noção de ter comprado uma viatura com 7 anos. O gritante é a aprovação que este mesmo carro recebeu dias antes num Centro de Inspecções que diariamente aprova veículos para circular nas nossas estradas! Deverá haver uma explicação, talvez só aos olhos da CETIAL de Leiria.
A 25 de Maio, ou seja, 2 semanas e meia depois de terem recebido os documentos (os originais do veículo mais a Factura emitida pela Norauto relativa à bateria) por correio azul, tal como atestado no aviso de recepção que recebi em casa e cansado de outra série de e-mails e telefonemas sem resposta, levanto pessoalmente em Beja a certidão dos documentos em meu nome… algo que tinha sido feito no próprio dia, entre as 15 e as 17 e 30, hora a que a recolhi. E mais! Em menos de 1 minuto, à minha frente, o Sr Ricardo Boto, passa uma nova Declaração de Circulação já com a data da matrícula correcta. Melhoraram imenso. Ainda há um mês atrás, demoravam 30 dias para passar este tipo de Declaração!
Resumindo, o meu excelente negócio com a VDV custou-me muito dinheiro mas sobretudo foi um processo longo, desgastante e extremamente penoso em muito alimentado por esquecimentos, mentiras, chamadas sem resposta, mensagens de voz e e-mails ignorados por parte da VDV na pessoa do Sr Pedro Margarido. Quanto aos restantes “VDV’s” com quem “privei”, são manifestamente pessoas que estão toldadas de movimentos e acções e que sabem apenas pronunciar um “não sei”, “terá de ser com o Pedro” ou mesmo um “estou aqui na parte comercial, isso não é comigo”.
Tenho de dar o braço a torcer pela minha carolice e inocência, acreditando na boa fé das pessoas mas que efectivamente ficou provado ser algo cada vez mais raro encontrar pessoas bem intencionadas. Quanto à VDV… que consigam vender muitos automóveis.
Nota: Hoje 24 de Outubro, ainda estou à espera do pagamento da bateria! Talvez tenha vindo pelo correio mas como alguém diria, “não é importante”!
Nota2: Dia 4 de Junho, recebo, por correio, o Documento Único da viatura em meu nome.
Nota3: Feita a denúncia às Finanças de Beja por suspeita de Fraude Fiscal, foi aberta a Ordem de Serviço n.º OI200600169 e aguardo desenvolvimentos para apuramento da verdade.
João Pedro Evangelista
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