A fábrica portuguesa da Volkswagen (VW) deverá começar a produzir o sucessor do monovolume Sharan no início de 2010. O Diário Económico apurou junto de alguns dos actuais fornecedores da Autoeuropa que os produtores dos componentes para o novo Sharan já estão a ser contactados apesar dos acordos não estarem todos concluídos.
Jörn Raimers, director-geral da Autoeuropa, não confirmou a escolha da fábrica portuguesa mas assegurou que “existe algum favoritismo pelo facto de já estarmos a produzir o Sharan”.
Em declarações aos jornalistas na conferência europeia “Indústria Automóvel: Competitividade e Futuro” promovida pelo Fórum da Indústria Automóvel de Palmela, e realizada ontem em Palmela, Raimers referiu ainda que o design do novo monovolume da marca alemã “não está terminado”. Quando o novo CEO da VW, Martin Winterkorn, assumiu a liderança da VW, no início do ano, mandou cancelar todos os lançamentos previstos pelas marcas do grupo alemão para rever minuciosamente os desenhos dos novos modelos. Esta seria uma forma de garantir uma identidade própria e imagem distinta para cada marca do grupo. Martin Winterkorn chumbou os desenhos do novo Sharan o que fez derrapar os prazos. Assim, o novo monovolume só começará a ser produzido em 2010.
Actualmente, a fábrica de Palmela produz dois modelos da VW: Eos e Sharan e ainda o monovolume Seat Alhambra. No próximo ano junta-se a produção do desportivo Scirocco. “A Autoeuropa será sempre uma unidade de produtos com bastante margem de lucro, direccionados para nichos de mercado. Nunca será uma fábrica de volume”, adiantou um dos fornecedores da Autoeuropa ao Diário Económico afastando a hipótese da produção do VW Polo.
Raimers admitiu que, com um novo modelo, a Autoeuropa terá que aumentar os postos de trabalho.
Acordo para ganhar Sharan
Em Março deste ano, a casa-mãe da VW atribuiu à Autoeuropa 500 milhões de euros para “modernização de equipamentos de produção e construção de infra-estruturas para fornecedores” para novos produtos. Desta forma, a sede do grupo alemão reconheceu que o acordo celebrado com a comissão de trabalhadores de Palmela foi uma condição fundamental para os futuros investimentos.
A fábrica portuguesa já está a aplicar o dinheiro na flexibilização e melhoria da linha de produção, que deverá duplicar até 2010. Actualmente, a indústria automóvel na região de Palmela contribui para cerca de 0,7% do PIB nacional e 4,5% das exportações.
Fornecedores competitivos
Jörn Raimers quer fornecedores competitivos internacionalmente para melhorar a qualidade e a competitividade, e reduzir custos de logística e transportes. “Concordo que é necessária uma forte base de fornecedores perto da Autoeuropa, mas temos que ter em consideração que a maior parte dos produtores de componentes estão deslocalizados para Leste onde está concentrada a indústria automóvel”, afirmou o director-geral da Autoeuropa.
Paralelamente, Raimers acrescentou que a empresa pretende reforçar a ligação com os fornecedores portugueses e espanhóis. Terá o apoio de Emilio Sáenz que, na despedida da direcção da fábrica de Palmela, deixou a intenção: “Quero desenvolver sinergias entre a Volkswagen de Pamplona e a Autoeuropa”.
Acordo de trabalho em Palmela é exemplo de flexigurança
Perder direitos para garantir a competitividade da fábrica, ganhar novos modelos e impedir despedimentos. Foi esta a base do acordo celebrado para o período entre 1 de Outubro de 2006 até 30 de Setembro de 2008 que prevê um aumento salarial igual para operadores e especialistas: 4,5% de aumento a partir de Outubro de 2006 e 1% de aumento a 30 de Setembro de 2008. Paralelamente, o trabalho suplementar prevê o pagamento aos sábados e feriados 100% em dinheiro e 25% em tempo compensatório para todos os produtos no caso da fábrica de Palmela ficar a produzir o sucessor do modelo Sharan. O exemplo das negociações na Autoeuropa é muitas vezes dado pelo ministro do Trabalho, Vieira da Silva, quando o governante pretende explicar o que poderá ser o modelo da flexigurança em Portugal: por um lado, há maior flexibilidade mas, por outro, há mais segurança dos trabalhadores em manterem o emprego. Aliás, o ministro prefere sempre falar em “adaptabilidade” dos trabalhadores à empresa (ou vice-versa) do que em flexibilidade.
In Diário Económico, 30 de Outubro de 2007
Jörn Raimers, director-geral da Autoeuropa, não confirmou a escolha da fábrica portuguesa mas assegurou que “existe algum favoritismo pelo facto de já estarmos a produzir o Sharan”.
Em declarações aos jornalistas na conferência europeia “Indústria Automóvel: Competitividade e Futuro” promovida pelo Fórum da Indústria Automóvel de Palmela, e realizada ontem em Palmela, Raimers referiu ainda que o design do novo monovolume da marca alemã “não está terminado”. Quando o novo CEO da VW, Martin Winterkorn, assumiu a liderança da VW, no início do ano, mandou cancelar todos os lançamentos previstos pelas marcas do grupo alemão para rever minuciosamente os desenhos dos novos modelos. Esta seria uma forma de garantir uma identidade própria e imagem distinta para cada marca do grupo. Martin Winterkorn chumbou os desenhos do novo Sharan o que fez derrapar os prazos. Assim, o novo monovolume só começará a ser produzido em 2010.
Actualmente, a fábrica de Palmela produz dois modelos da VW: Eos e Sharan e ainda o monovolume Seat Alhambra. No próximo ano junta-se a produção do desportivo Scirocco. “A Autoeuropa será sempre uma unidade de produtos com bastante margem de lucro, direccionados para nichos de mercado. Nunca será uma fábrica de volume”, adiantou um dos fornecedores da Autoeuropa ao Diário Económico afastando a hipótese da produção do VW Polo.
Raimers admitiu que, com um novo modelo, a Autoeuropa terá que aumentar os postos de trabalho.
Acordo para ganhar Sharan
Em Março deste ano, a casa-mãe da VW atribuiu à Autoeuropa 500 milhões de euros para “modernização de equipamentos de produção e construção de infra-estruturas para fornecedores” para novos produtos. Desta forma, a sede do grupo alemão reconheceu que o acordo celebrado com a comissão de trabalhadores de Palmela foi uma condição fundamental para os futuros investimentos.
A fábrica portuguesa já está a aplicar o dinheiro na flexibilização e melhoria da linha de produção, que deverá duplicar até 2010. Actualmente, a indústria automóvel na região de Palmela contribui para cerca de 0,7% do PIB nacional e 4,5% das exportações.
Fornecedores competitivos
Jörn Raimers quer fornecedores competitivos internacionalmente para melhorar a qualidade e a competitividade, e reduzir custos de logística e transportes. “Concordo que é necessária uma forte base de fornecedores perto da Autoeuropa, mas temos que ter em consideração que a maior parte dos produtores de componentes estão deslocalizados para Leste onde está concentrada a indústria automóvel”, afirmou o director-geral da Autoeuropa.
Paralelamente, Raimers acrescentou que a empresa pretende reforçar a ligação com os fornecedores portugueses e espanhóis. Terá o apoio de Emilio Sáenz que, na despedida da direcção da fábrica de Palmela, deixou a intenção: “Quero desenvolver sinergias entre a Volkswagen de Pamplona e a Autoeuropa”.
Acordo de trabalho em Palmela é exemplo de flexigurança
Perder direitos para garantir a competitividade da fábrica, ganhar novos modelos e impedir despedimentos. Foi esta a base do acordo celebrado para o período entre 1 de Outubro de 2006 até 30 de Setembro de 2008 que prevê um aumento salarial igual para operadores e especialistas: 4,5% de aumento a partir de Outubro de 2006 e 1% de aumento a 30 de Setembro de 2008. Paralelamente, o trabalho suplementar prevê o pagamento aos sábados e feriados 100% em dinheiro e 25% em tempo compensatório para todos os produtos no caso da fábrica de Palmela ficar a produzir o sucessor do modelo Sharan. O exemplo das negociações na Autoeuropa é muitas vezes dado pelo ministro do Trabalho, Vieira da Silva, quando o governante pretende explicar o que poderá ser o modelo da flexigurança em Portugal: por um lado, há maior flexibilidade mas, por outro, há mais segurança dos trabalhadores em manterem o emprego. Aliás, o ministro prefere sempre falar em “adaptabilidade” dos trabalhadores à empresa (ou vice-versa) do que em flexibilidade.
In Diário Económico, 30 de Outubro de 2007
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