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O Eixo do Mal - Elucubrações relativamente inúteis sobre problemas costumeiros...

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    O Eixo do Mal - Elucubrações relativamente inúteis sobre problemas costumeiros...

    O eixo não é do mal, pelo menos na vertente mais bushiana da questão.

    Trata-se neste tópico do eixo da via ou, melhor, da azia que este parece causar a grande número de condutores, que dele se afastam - como diabo da cruz - quando chega a hora de mudar de direcção.

    O Código da Estrada, os tribunais e as suas decisões, alguns instrutores de condução, os gajos mais ou menos informados e até uma tia-avó que tenho em grande consideração e estima, parecem estar de acordo numa coisa:

    Quando se pretende mudar de direcção, depois de sinalizar a nossa pretensão, encostamos o mais possível ao eixo da via, facilitando dessa forma a condução a todos os que nos antecedem e que, por razões que a própria razão desconhece, não partilham connosco a vontade de irem para o mesmo sítio.

    Este tópico poderia estar muito bem inserido no tópico das coisas irritantes que acontecem na estrada ou, para ser menos óbvio, até poderia criar um tópico clonado directamente do "Acendam as Luzes!!!" do Pé Leve, mudando apenas o apelo para "Encostem ao Eixo da Via!!".

    Mas este nóvel sindroma da condução lusitana há muito que não me causa mais do que um esgar de comiseração e não creio que lá cheguemos com apelos. Andar na faixa do meio, irrita-me e muito - por ser perigoso, mas não encostar ao eixo da via quando se pretende mudar de direcção é como ver alguém comer um Kit-Kat com papel e tudo. Suscita-me alguma pena, deve ser difícil para a digestão (mental) dos seus protagonistas, mas ficamos regra geral por aí.

    Faz parte daquele grupo de infracções que demonstra quão alheados andam alguns condutores do própria prática da condução, da sua envolvente e - especialmente - do conjunto de outros seres que o circundam. É como se, quando fecham e trancam as portas dos seus automóveis, estes condutores disparassem pelo espaço sideral, no redline das velocidades de hiperespaço onde, como todos sabemos, não existe mais nada para além de um eventual - e perdido - fotão velhinho em contramão.

    Mas os infractores do eixo da via não são cordeirinhos, infringindo ordeiramente, da mesma maneira, o Código da Estrada.

    Há-os de variegada índole.

    Os primeiros e mais perturbados são os I.E.V.C.S.C - Infractores do Eixo da Via Com Sindroma de Camionista. Estes são, na maior parte das vezes, quase casos de saúde mental. Vão na sua vida, descansados e, num repente, vêm um cruzamento. Sentem-se tentados a cruzar a via e eivados de forças G por antecipação acham que o melhor é ganhar balanço. Se o cruzamento for para a esquerda nada como balançar o carro para a direita - bloqueando por completo a passagem a quem não queria mesmo ir para ali e pretendia seguir em frente - e zás, lá vão eles, deixando uma fila de impacientes para trás e outra de baralhados de frente.

    Há uma outra classe, os I.E.V.D.N.S.D.N.M.T - Infractores do Eixo da Via Daqui Não Saio Daqui Ninguém Me Tira - que devem ter, nos seus genes, um cromossoma herdado do gado asinino - criaturas de teimosa natura. Chegam ao cruzamento, param mesmo no meio da via (às vezes sinalizando a mudança de direcção outras estacionando simplesmente) e esperam que algum dos 3.876.654 veículos que circulam em sentido contrário se digne a deixar de ver o lettering do carro da frente para o deixar passar. É claro que isso acaba por acontecer quando a fila gerada pelo infractor inicial contorna o quarteirão e acaba por se apresentar, noutro longínquo cruzamento, pela direita da fila que não o deixa passar. É o fenómeno pescadinha de rabo na boca, se bem que esta pescadinha ficava melhor servida [em termos de figura de estilo apenas] com um pontapé na boca.

    Há uma terceira classe, os I.E.V.O.B.Q.E.N.C.S - Infractores do Eixo da Via Ora Bolas Que Era No Cruzamento Seguinte - que são mais criadores de engulhos ao trânsito que um acidente entre um camião de porcos vivos e outro carregado de shampoo anti-caspa no IC19 às 8:30 da manhã. Estes prevaricadores podem misturar características dos anteriormente citados com a agravante de - depois de longa espera - se aperceberem que afinal não era ali que queriam virar e repetem o procedimento no cruzamento seguinte. São normalmente avistados onde são menos queridos; nas estradas nacionais, com bermas reduzidas e cruzamentos aos milheiros.

    Deixo o apelo: se querem mudar de direcção, peço encarecidamente que encostem ao eixo da via.

    E a vocês, já se cruzaram com estes seres?

    #2
    perfeito!

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      #3
      Inspirado!

      gostei, particularmente, da constatação:
      ...que devem ter um cromossoma herdado do gado asinino - criaturas de teimosa natura.

      Só que estes, os originais, comportam-se convictos da certeza do seu caminho...

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        #4
        Lol... dos melhores posts que tenho lido ultimamente.

        sim, tenho encontrado alguns, por acaso... e infelizmente.

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          #5
          O testo está fixe, mas fica uma dúvida no ar: não arranjas abreviaturas maiores?

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            #6
            Adorei a frase "(...) são mais criadores de engulhos ao trânsito que um acidente entre um camião de porcos vivos e outro carregado de shampoo anti-caspa no IC19 às 8:30 da manhã." porque concordo que tal situação possa ser embaraçosa às 8:30 da manhã! Agora toda a gente sabe que às 8:36 tal não se sucede.

            Realmente há aí muita malta que não sabe mudar de direcção... por isso prefiro as auto-estradas.

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              #7
              Hoje apanhei uma espécie nova.

              Trata-se de um raro (ou nem por isso) I.E.V.Q.C.P.F.I.M. - Infractor do Eixo da Via Que Aproveita a Confusão Para Fazer Inversão de Marcha ou seja, este malvado até se encostou ao eixo da via, mas foi ao eixo da berma da via, bloqueando o trânsito atrás de si até que pode virar à esquerda. Como achou que o efeito centrífugo tinha a sua piada, continuou a rotação e seguiu em sentido contrário.

              Muito agradecido ao concidadão que hoje às 4 da tarde, no cruzamento da Bostik da Póvoa de Santo Adrião, ao volante do seu irrepreensível 320d deixou o trânsito parado até à rotunda de Odivelas, fintando o semáforo e arrancando antes de os carros que aguardavam pacientemente a sua vez tivessem oportunidade de lhe fazer a vida negra.

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