PCP preocupado com «obsessão» do Governo pelo défice
O secretário-geral do PCP acusou hoje o Governo de «subestimar» a «necessidade de crescimento económico» do país e manifestou-se preocupado com a «obsessão» do Executivo de José Sócrates pelo défice das contas públicas.«Sendo mais papista que o papa e indo até mais longe que as exigências do Pacto de Estabilidade e Crescimento, [o Governo] subestimou aquele que é o problema central do país: a necessidade de crescimento económico», afirmou Jerónimo de Sousa.
«Enquanto o Governo mantiver esta opção, daí resultarão atrasos, estagnação económica e aumento do desemprego«, disse o líder comunista, defendendo que Portugal »só estará no bom caminho« se o Governo »alterar o rumo da política« e considerar a economia e o crescimento económico como »questões chaves para resolver o problema do défice«.
O líder dos comunistas falava aos jornalistas no início de uma visita hoje ao concelho de Beja, a convite da autarquia, que inclui visitas a várias instituições, uma reunião com a Empresa de Desenvolvimento do Aeroporto de Beja e um encontro com a população ao final do dia.
Através da visita, Jerónimo de Sousa quer »conhecer no terreno« a realidade do concelho e »valorizar« a »importância« do poder local para o desenvolvimento das regiões do interior, »muito fustigadas pela desertificação e por opções políticas inaceitáveis e resultantes da litoralização do país«.
Para o secretário-geral do PCP é »importante valorizar a obra e o esforço« que as autarquias têm feito para »desviar o país desta rota negativa, que contraria o princípio constitucional da solidariedade e da coesão«.
«Em termos nacionais, o que se verifica, infelizmente, é que, hoje, muitos portugueses são penalizados não só pela sua origem social, mas até pela sua origem regional», lamentou Jerónimo de Sousa.
No caso concreto do Alentejo e do concelho de Beja, o líder comunista defendeu a necessidade de «potenciar» Alqueva e o aeroporto de Beja.
Apesar de sublinhar que os projectos turísticos «são positivos para a região», Jerónimo de Sousa defendeu que Alqueva «não deve ser desviado do seu objectivo original», que é «potenciar a agricultura».
«Não pode haver uma definição estratégica de abandono daquilo que no Alentejo pode ser uma grande realidade económica que é o desenvolvimento da agricultura«, disse.
«Vejam esta ironia. Os portugueses vão ser fustigados com aumentos brutais do pão (...), porque somos um país de grande dependência alimentar e porque se pagou para não se produzir e a produção nacional de cereais foi desactivada», exemplificou.
Neste sentido, Jerónimo de Sousa defendeu que a produção de cereais na região «poderia ser um elemento fundamental para combater o défice agro-alimentar que existe no nosso país e até para combater o défice das contas públicas».
O aeroporto de Beja, actualmente em construção e que deverá estar operacional até final deste ano, deverá funcionar «como base logística para escoar os produtos produzidos na região», defendeu Jerónimo de Sousa, considerando «claramente insuficiente» a sua utilização «apenas para servir o desenvolvimento do turismo em Alqueva».
O aeroporto de Beja, em articulação com o Porto de Sines e Alqueva, «poderá ser uma base logística que irá permitir o desenvolvimento e a criação de emprego, que o Alentejo precisa como pão para a boca», defendeu Jerónimo de Sousa.
Diário Digital / Lusa
12-02-2008 13:05:00
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