Sou profissional liberal. Daqueles que passam recibos verdes. Daqueles que não podem ter subsídio de desemprego. Daqueles que não sabem o que é o subsídio de férias, nem o subsídio de Natal. O ano passado por esta altura contava com 5 avenças (que já duravam há alguns anos) e que me garantiam um rendimento confortável, tendo em conta a média dos vencimentos nacionais. Mas tinha de trabalhar por elas, saia-me do corpo. Em menos de um ano, fui assistindo ao desacelerar da minha vida profissional. Pelo Natal passado, uma delas, na área dos materiais de construção, fechou definitivamente. Calhou-me ter de negociar com os trabalhadores as indemnizações. Os patrões deram o que podiam (e não podiam!) para deixar os 23 trabalhadores na melhor situação possível. Estive lá, no dia em que se fechou os portões pela última vez. Em Janeiro deste ano, a avença que tinha com um serviço do Estado foi rescindida por motivos orçamentais. Acreditei que fosse esse motivo. Vim a saber que a filha de um dos dirigentes do serviço em causa tinha acabado o curso e precisava de um empurrão na vida.
Comecei esta semana com três avenças. Continuava a ser um rendimento simpático. Hoje, dois contratos que mantinha com uma empresa de fornecimento de equipamentos de aviação comercial e com uma empresa imobiliária na área de armazéns e infra-estruturas industriais, ambas de origem estrangeira, prescindiram dos meus serviços por encerramento da actividade em Portugal.
Pela primeira vez em quase 20 anos de vida profissional, sinto receio por mim e pelo país...
Comecei esta semana com três avenças. Continuava a ser um rendimento simpático. Hoje, dois contratos que mantinha com uma empresa de fornecimento de equipamentos de aviação comercial e com uma empresa imobiliária na área de armazéns e infra-estruturas industriais, ambas de origem estrangeira, prescindiram dos meus serviços por encerramento da actividade em Portugal.
Pela primeira vez em quase 20 anos de vida profissional, sinto receio por mim e pelo país...
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