Se também és daqueles que já não pode com X's e K's e códigos indecifráveis escritos em linguagem SMS (posteriormente transformada em língua Chavalesa), este artigo está bastante interessante.
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Um Acordo Ortográfico, por mais imaginativo que fosse, dificilmente conseguiria acompanhar o uso que os adolescentes fazem do Português, pois transformam-no até ficar irreconhecível, podendo, na opinião de alguns docentes, comprometer o futuro da Língua, escreve a Lusa.
«Esta nova linguagem não tem regras, pois os adolescentes tanto usam o "x" para substituir "ss", "ch" e "os" como no lugar do "ç", havendo palavras que ficam bastante diferentes das originais, como "tamx" (estamos) ou "kuraxao" (coração)», contou Rosário Antunes, professora de Português.
Actualmente a exercer no Estabelecimento Vilamar (Funchal) - depois de ter passado por Castelo de Paiva, Lousã, Portalegre e pela Ilha de Porto Santo - a docente, de 29 anos, contou à agência Lusa que «uma palavra como "qualquer" passou, na sua forma abreviada, a escrever-se "kk", ao passo que "quando" se tornou "kd"».
Exemplo de um novo código
Segundo outra docente, Conceição Pereira, professora de Biologia na Escola Secundária Dom Manuel Martins, em Setúbal, «a intenção dos miúdos será poupar letras mas as palavras acabam por se transformar num código que parece não fazer sentido, é muito difícil decifrá-lo». Rosário Antunes concorda e - para dar um exemplo concreto desta nova grafia - cedeu à Lusa uma mensagem escrita que lhe foi enviada por uma aluna.
«Oi xtora!!! ta td ben knsg? nox tamx kom mtx xaudadx xuax poix ja ñ temx akela xtora kida à k nux habituamx bjtx, nunka nux vamx exkexer d xi! Ass: xara», lê-se no SMS enviado para o telemóvel da docente.
Traduzindo: «Olá professora, Está tudo bem consigo? Nós estamos com muitas saudades suas, pois já não temos aquela professora querida a que nos habituámos. Beijos. Nunca nos vamos esquecer de si. Assinado: Sara».
«É extraordinário como até o nome é alterado», assinalou a professora, que considera algumas substituições «incompreensíveis», questionando «a vantagem de escrever "kom" em vez de "com" ou "nox" em vez de "nós"».
Situação tende a piorar
Renato Nunes, um colega de profissão que lecciona História na Escola Básica Integrada dos Biscoitos, na Ilha Terceira, Açores, também se afirma «apreensivo» com a transformação do Português. «A língua é um instrumento vivo e em constante mutação mas também é um bem valioso e a simplificação pode empobrecê-la, na medida em que afecta a sua diversidade», declarou Renato Nunes, para quem esta tendência «vai agudizar-se no futuro».
Para Rosário Antunes, que diz ter encontrado este cenário em todas as escolas por onde passou «e abrangendo alunos dos 10 aos 17 anos», é possível encontrar exemplos desta nova escrita «até nos testes». «O pior é que há colegas de outras disciplinas que não estão para se maçar a corrigir o Português», lamenta.
E qual é a reacção dos alunos quando um professor faz a distinção entre a grafia certa e a errada, quando lhes explica que não é assim que se escreve determinada palavra? Segundo a professora do Estabelecimento Vilamar, «a resposta é, invariavelmente, "mas assim percebe-se na mesma o que queremos dizer". Para eles, é apenas isso que importa».
--- fonte: iol.
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Um Acordo Ortográfico, por mais imaginativo que fosse, dificilmente conseguiria acompanhar o uso que os adolescentes fazem do Português, pois transformam-no até ficar irreconhecível, podendo, na opinião de alguns docentes, comprometer o futuro da Língua, escreve a Lusa.
«Esta nova linguagem não tem regras, pois os adolescentes tanto usam o "x" para substituir "ss", "ch" e "os" como no lugar do "ç", havendo palavras que ficam bastante diferentes das originais, como "tamx" (estamos) ou "kuraxao" (coração)», contou Rosário Antunes, professora de Português.
Actualmente a exercer no Estabelecimento Vilamar (Funchal) - depois de ter passado por Castelo de Paiva, Lousã, Portalegre e pela Ilha de Porto Santo - a docente, de 29 anos, contou à agência Lusa que «uma palavra como "qualquer" passou, na sua forma abreviada, a escrever-se "kk", ao passo que "quando" se tornou "kd"».
Exemplo de um novo código
Segundo outra docente, Conceição Pereira, professora de Biologia na Escola Secundária Dom Manuel Martins, em Setúbal, «a intenção dos miúdos será poupar letras mas as palavras acabam por se transformar num código que parece não fazer sentido, é muito difícil decifrá-lo». Rosário Antunes concorda e - para dar um exemplo concreto desta nova grafia - cedeu à Lusa uma mensagem escrita que lhe foi enviada por uma aluna.
«Oi xtora!!! ta td ben knsg? nox tamx kom mtx xaudadx xuax poix ja ñ temx akela xtora kida à k nux habituamx bjtx, nunka nux vamx exkexer d xi! Ass: xara», lê-se no SMS enviado para o telemóvel da docente.
Traduzindo: «Olá professora, Está tudo bem consigo? Nós estamos com muitas saudades suas, pois já não temos aquela professora querida a que nos habituámos. Beijos. Nunca nos vamos esquecer de si. Assinado: Sara».
«É extraordinário como até o nome é alterado», assinalou a professora, que considera algumas substituições «incompreensíveis», questionando «a vantagem de escrever "kom" em vez de "com" ou "nox" em vez de "nós"».
Situação tende a piorar
Renato Nunes, um colega de profissão que lecciona História na Escola Básica Integrada dos Biscoitos, na Ilha Terceira, Açores, também se afirma «apreensivo» com a transformação do Português. «A língua é um instrumento vivo e em constante mutação mas também é um bem valioso e a simplificação pode empobrecê-la, na medida em que afecta a sua diversidade», declarou Renato Nunes, para quem esta tendência «vai agudizar-se no futuro».
Para Rosário Antunes, que diz ter encontrado este cenário em todas as escolas por onde passou «e abrangendo alunos dos 10 aos 17 anos», é possível encontrar exemplos desta nova escrita «até nos testes». «O pior é que há colegas de outras disciplinas que não estão para se maçar a corrigir o Português», lamenta.
E qual é a reacção dos alunos quando um professor faz a distinção entre a grafia certa e a errada, quando lhes explica que não é assim que se escreve determinada palavra? Segundo a professora do Estabelecimento Vilamar, «a resposta é, invariavelmente, "mas assim percebe-se na mesma o que queremos dizer". Para eles, é apenas isso que importa».
--- fonte: iol.
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