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Reforma: Ramalho Eanes prescinde de um milhão de euros

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    Reforma: Ramalho Eanes prescinde de um milhão de euros

    Ramalho Eanes prescindiu dos retroactivos a que tinha direito relativos à reforma como general, que nunca recebeu. O Governo diz ter sondado o ex-Presidente, que não aceitou auferir essa quantia (a qual ascenderia a mais de um milhão de euros). A reforma só começou a ser paga em Julho, mas sem qualquer indemnização relativa ao passado.

    Foi o Governo de Mário Soares, em 1984, que criou uma lei impedindo que o vencimento de um Presidente da República fosse acumulado «com quaisquer pensões de reforma ou de sobrevivência que aufiram do Estado». À época, Eanes ocupava o Palácio de Belém e promulgou a lei de Soares, que acabaria por vir a prejudicá-lo durante muitos anos. As más relações entre os dois órgãos de soberania propiciaram, aliás, a leitura política de que se tratou de uma lei ad hominem, avança a «SOL». Quando saiu de Belém, em 1986, Eanes optou pelos 80% do vencimento como PR, nunca tendo recebido a reforma de general de quatro estrelas.
    Só em Junho de 2008 a lei foi mudada por insistência de Cavaco Silva, junto de José Sócrates, e após recomendação do Provedor de Justiça, Nascimento Rodrigues. Desde então, Ramalho Eanes tem direito a acumular a pensão de 36 anos de carreira militar com subvenção de ex-chefe de Estado.



    http://diario.iol.pt/economia/portug...0533-4058.html

    #2
    Preocupante que tenhamos tido um PR que prescinde assim de 1 milhão de Euros

    Comentário


      #3
      Envergonha o resto da cambada...
      Pode ser que esta acção fique para durar... como as indemnizações pedidas pelo caso Casa Pia..

      Comentário


        #4
        Originalmente Colocado por v7 Ver Post
        Preocupante que tenhamos tido um PR que prescinde assim de 1 milhão de Euros
        Muito sinceramente, não acho preocupante, antes pelo contrário está adar o exemplo, é um homem de palavra promulgou uma lei que o prejudicava a ele e vive com essa decisão ... faz falta pessoas assim a comandar um pais.

        Comentário


          #5
          É uma opção pessoal, que se deve respeitar. Se tem direito penso que devia receber. Não me choca absolutamente nada.

          Aliás Ramalho Eanes não precisava de marcar esta posição para que Portugal percebesse que se trata de um Homem de outra valia, rara no mundo da política, tendo sido, quanto a mim, um dos melhores Presidentes da República que tivemos (senão o melhor)!

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            #6
            Preocupante é haverem leis que permitam que esta malta receba um balurdio acumulável.

            Comentário


              #7
              Originalmente Colocado por Nephilim Ver Post
              Preocupante é haverem leis que permitam que esta malta receba um balurdio acumulável.
              Conheço médicos que ganham aquele montante em apenas 4 anos de serviço público (estão em regime de exclusividade no SNS).

              E isto é que é delicioso: têm uma excelente reputação social porque não se "venderam" à medicina privada - elogios que já ouvi a singelos cidadãos inocentes.

              Ontopic: aquele bochechas é mesmo um f.d.p...

              Comentário


                #8
                Conheço médicos que ganham aquele montante em apenas 4 anos de serviço público (estão em regime de exclusividade no SNS).

                E isto é que é delicioso: têm uma excelente reputação social porque não se "venderam" à medicina privada - elogios que já ouvi a singelos cidadãos inocentes...
                Mas ganharam-no a exercer medicina?

                Comentário


                  #9
                  Originalmente Colocado por Vorsprung durch Technik Ver Post
                  Ontopic: aquele bochechas é mesmo um f.d.p...
                  Não há dúvida nenhuma...

                  Comentário


                    #10
                    Originalmente Colocado por Pé Leve Ver Post
                    Mas ganharam-no a exercer medicina?
                    Exclusivamente. E de forma absolutamente legal.
                    São funcionários públicos, na verdadeira acepção da palavra.

                    Comentário


                      #11
                      Originalmente Colocado por Vorsprung durch Technik Ver Post
                      Exclusivamente. E de forma absolutamente legal.
                      São funcionários públicos, na verdadeira acepção da palavra.
                      Nada a apontar, então!

                      Comentário


                        #12
                        Originalmente Colocado por Pé Leve Ver Post
                        Nada a apontar, então!

                        Muito bom!

                        A forma como atingem rendimentos brutos anuais de 200-250m€ é simples: estão em regime de exclusividade, o que lhes garante um vencimento base já de si interessante.
                        Tratando-se de profissionais em especialidades com pouca oferta, os hospitais ficam dependentes deles.
                        Uma vez que o altruísmo reina, estes disponibilizam-se para prevenção de 24/24h + serviço de urgência efectivo, que são cumulativos e pagos com base no vencimento.
                        Como a matemárica é milagreira, é possível quadruplicar o vencimento mensal.

                        Num outro cenário, temos os CRI (Centros de Responsabilidade Integrada) - como o do sobrinho do Soares, se se recordam - que funcionam com dotação orçamental própria e gestão autonoma dentro dos hospitais onde funcionam.
                        Aqui a discricionaridade é possível - prémios, vencimentos diferenciados, etc - e passam-se coisas que não nos dizem respeito...

                        EDIT: bottom-line, todos eles têm contratos de exclusividade com o Estado.

                        Comentário


                          #13
                          Mais um excepcional exemplo de humildade, na linha da sua recusa em ser promovido a Marechal!
                          Um exemplo que infelizmente ninguém na classe política tem coragem de seguir!!!

                          Comentário


                            #14
                            Originalmente Colocado por v7 Ver Post
                            Preocupante que tenhamos tido um PR que prescinde assim de 1 milhão de Euros
                            Preocupante é os que lá estão, que de certeza que não teriam esta atitude.
                            Despreocupante é que não és tu quem lá está neste momento...

                            Comentário


                              #15
                              Originalmente Colocado por Nephilim Ver Post
                              Preocupante é haverem leis que permitam que esta malta receba um balurdio acumulável.
                              Concordo, o pessoal ainda não deve ter calculada a sua possível reforma.

                              Isto é o mesmo que eu estar a trabalhar na minha área e estar a trabalhar na junta de freguesia, câmara municipal e depois auferir de duas reformas referentes às duas situações.

                              Mais um excepcional exemplo de humildade, na linha da sua recusa em ser promovido a Marechal!
                              Um exemplo que infelizmente ninguém na classe política tem coragem de seguir!!!
                              Concordo também.

                              Comentário


                                #16
                                Só posso aplaudir, embora seja mais um dos que acha que é mais uma prova de um grande senhor, que já não precisa de as dar.

                                Comentário


                                  #17
                                  Originalmente Colocado por v7 Ver Post
                                  Preocupante que tenhamos tido um PR que prescinde assim de 1 milhão de Euros
                                  Preocupante porquê?

                                  Cpts.

                                  Comentário


                                    #18
                                    Ramalho Eanes dá bofetada de luva branca aos que fazem da avidez e acesso ao novo-riquismo a todo custo e num vale tudo uma prioridade de vida.
                                    Editado pela última vez por YHWH; 14 September 2008, 11:53.

                                    Comentário


                                      #19
                                      Esse Homem é um Senhor!

                                      Comentário


                                        #20
                                        Originalmente Colocado por Vorsprung durch Technik Ver Post
                                        A forma como atingem rendimentos brutos anuais de 200-250m€ é simples: estão em regime de exclusividade, o que lhes garante um vencimento base já de si interessante.
                                        Uma vez que o altruísmo reina, estes disponibilizam-se para prevenção de 24/24h + serviço de urgência efectivo, que são cumulativos e pagos com base no vencimento.
                                        Como a matemárica é milagreira, é possível quadruplicar o vencimento mensal.
                                        quadriplicar o vencimento? estás a falar de médicos cujo ordenado base é na ordem dos 6.500 euros?
                                        ah, e se achas que passar os dias a fazer urgencias e os outros todos de prevenção é bom, força

                                        Comentário


                                          #21
                                          Originalmente Colocado por Luis Capelo Ver Post
                                          quadriplicar o vencimento? estás a falar de médicos cujo ordenado base é na ordem dos 6.500 euros?
                                          ah, e se achas que passar os dias a fazer urgencias e os outros todos de prevenção é bom, força
                                          6500€? Diz antes 250.000 / 4 = 62.500€ / 14 = 4500€, isto dá cerca de 3000€ líquidos por mês.

                                          Comentário


                                            #22
                                            esqueci-me dos 14 meses

                                            Comentário


                                              #23
                                              Não temos médicos por vocação, mas por amor ao euro...

                                              Quanto ao Gen. Ramalho Eanes, aparentemente, é nobre da sua parte.

                                              Comentário


                                                #24
                                                Originalmente Colocado por Pé Leve Ver Post
                                                Nada a apontar, então!
                                                Nada...

                                                Ganham cerca de mais 40% que outros que não estão em regime de exclusividade e na prática é lhes exigido pelos directores (falo dos médicos de clínica geral, realidade que conheço relativamente bem) a mesma quantidade de trabalho que outros colegas fora desse regime.

                                                A pergunta, qual a vantagem para o contribuinte em ter um médico a ganhar mais de ~40% que outro fazendo o mesmo que os outros? Só para dizer que ao fim do dia um vai para casa descansar e o outro vai trabalhar para outro lado...

                                                Comentário


                                                  #25
                                                  Originalmente Colocado por Vorsprung durch Technik Ver Post
                                                  Conheço médicos que ganham aquele montante em apenas 4 anos de serviço público (estão em regime de exclusividade no SNS).

                                                  E isto é que é delicioso: têm uma excelente reputação social porque não se "venderam" à medicina privada - elogios que já ouvi a singelos cidadãos inocentes.

                                                  Ontopic: aquele bochechas é mesmo um f.d.p...
                                                  Tens a certeza disso ??

                                                  Já agora qual a especialidade ? Oftalmologia ?

                                                  Comentário


                                                    #26
                                                    Preferia 1000x que tivesse sido um bem melhor PR do que agora andar qual samaritano a prescindir do que lhe é direito.

                                                    Se não tivesse resistido durante anos a que o poder militar deixasse de condicionar o poder político (reforma constitucional de 82), se não tivesse feito governos de iniciativa presidencial para pôs os amiguinhos ideológicos que só prejudicaram a democracia e propiciaram a instabilidade política...

                                                    ...isso sim tinha sido UM GRANDE POLÍTICO.

                                                    Isto contenta apenas a histeria colectiva da ignorância do politicamente correcto.

                                                    Comentário


                                                      #27
                                                      Já passaram 32 anos desde a primeira vez que foi eleito Presidente da República, sendo, por isso, natural que muitos não se lembrem dele (daí algum desconhecimento...) desse período. Mas aqui vai uma pequena ajuda...:

                                                      António dos Santos Ramalho EanesNasceu em Alcains a 25 de Janeiro de 1935.
                                                      Pais: Manuel dos Santos Eanes (empreiteiro e proprietário); Maria do Rosário Ramalho.


                                                      Cônjuge: Maria Manuela Duarte Neto de Portugal Eanes.
                                                      Formação: Liceu de Castelo Branco (1942-1952); Escola do Exército (1952-1956); Estágio CIOE (Curso de Instrução de Operações Especiais) (1962); Estágio de Instrutor Acção Psicológica no Instituto de Altos Estudos Militares (1969); Faculdade de Direito de Lisboa (Ciência Política e Direito Constitucional); Instituto Superior de Psicologia Aplicada (3 anos).

                                                      CARREIRA
                                                      Profissão: Oficial de Infantaria - alferes (1957); tenente (1959); capitão (1961); graduado a major (1970); major (1973); tenente-coronel (1974); coronel (1976); graduado general (1975) e general (1976).
                                                      Funções: Comissões de Serviço: Índia (1958-1960); Macau (1962); Moçambique (1964, 1966-1968); Guiné (1969-1971); Angola (1971-Abril de 1974); Comissão ad-hoc para os Meios de Comunicação Social (30.4.1974); presidente da Administração da RTP (Radiotelevisão Portuguesa) (Outubro de 1974 a 11.3.1975); chefe do Estado-Maior do Exército (6.12.1975 a Fevereiro, 1976); chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas (Julho de 1976 - Janeiro de 1981); presidente do PRD (Partido Renovador Democrático) (19.8.1986 a 5.8.1987); eleito deputado à Assembleia da República (19.07.1987); conselheiro de Estado (desde 18.3.1986).

                                                      ELEIÇÃO E PERÍODO PRESIDENCIAL
                                                      Eleito à primeira volta a 27.6.1976 (61,59% - 2 967 137 votos). Os candidatos derrotados são: Otelo Saraiva de Carvalho (16,46% - 792 760 votos), Pinheiro de Azevedo (14,37% - 692 147 votos) e Octávio Pato (7,59% - 365 586 votos). Reeleito à primeira volta a 7.12.1980 .(56,44% - 3 262 520 votos). Os candidatos derrotados são: Soares Carneiro (40,23% - 2 325 481 votos); Otelo Saraiva de Carvalho (1,49% 85 896 votos); Galvão de Melo (0,84% - 48 468 votos), Pires Veloso (0,78% - 45 1.32 votos) e Aires Rodrigues (0,22% - 12 745 votos).

                                                      Presidente de 14.7.1976 a 9.3.1986.


                                                      De origens modestas, mas relativamente desafogadas, teve no entanto, de seguir a carreira militar em vez da mais querida, mas mais cara - Medicina. Foi da geração de oficiais que, tendo iniciado a carreira nos finais dos anos 50, veio fazer toda a guerra colonial e, em 1974, já com postos intermédios - majores, tenentes-coronéis - vão assumir a chefia do movimento de contestação às alterações à carreira militar, efectuadas por Marcelo Caetano e ao Congresso dos Combatentes (1973) e do MFA (Movimento das Forças Armadas) que resulta da radicalização e politização desses objectivos iniciais. Em 25.4.1974, está em Angola, pelo que não participa nas operações militares que derrubam o Estado Novo, mas foi imediatamente chamado a Lisboa.


                                                      Durante a sua comissão na Guiné tinha estabelecido relações com dois homens fundamentais do novo poder: Spínola e Otelo - seu companheiro de camarata - tendo exercido sob as ordens do primeiro, e na companhia do segundo, funções de oficial de informações encarregado da montagem do serviço de Radiodifusão e Imprensa. Acabou assim a presidir à RTP, o mais poderoso meio de influência da opinião pública. A independência com que procurou exercer essas funções não lhe pouparam pressões e acusações, culminando na da sua alegada implicação no 11 de Março de 1975.



                                                      Imediatamente se demite, e exige um inquérito à sua actuação. Ilibado foi colocado no EMGFA (Estado-Maior General das Forças Armadas). Ligado ao grupo de militares moderados, que ficou conhecido por "Grupo dos Nove", foi por eles encarregado de preparar os planos operacionais de repressão de uma eventual tentativa de golpe pela facção mais radical das Forças Armadas. Que aplica, com sucesso a 25 de Novembro de 1975. Assume logo de seguida a posição de chefe do Estado-Maior do Exército.


                                                      Após o acordo no 2.º Pacto MFA/Partidos (13.1.1976) quanto à eleição directa do Presidente da República, torna-se, por razões que noutras circunstâncias seriam obstáculos - o seu estatuto de militar e de independente, a sua inexperiência política - o candidato presidencial (anúncio da candidatura: 14.5.1976) mais forte, com o apoio dos militares moderados e dos principais partidos - PS, PSD e CDS. A sua vitória nas presidenciais de 1976, com uma derrota clara de Otelo Saraiva de Carvalho (16,5%) e do projecto revolucionário que este corporizava, foi uma legitimarão do fim do PREC (Processo Revolucionário em Curso), meses antes, já militarmente derrotado. Tornou-se, assim, o primeiro Presidente da República eleito na vigência da actual Constituição.


                                                      Na tentativa de esbater divisões tão radicalizadas - ver os confrontos a tiro, de que resultou um morto, aquando da sua deslocação em campanha a Évora (18.6.1976) - afirma querer ser o "Presidente de todos os portugueses", mote que tem sido retomado pelos sucessores.


                                                      O seu primeiro mandato foi marcado pela questão militar, onde, tal como Costa Gomes, aos poderes de comandante-chefe das Forças Armadas, enquanto Presidente da República, se juntavam os de CEMGFA (chefe do Estado-Maior das Forças Armadas), e ainda os de por inerência presidir ao Conselho da Revolução. Acentuou sempre que a missão das FA (Forças Armadas), era tão-só assegurar que as escolhas legítimas em eleições livres fossem respeitadas (e.g. discurso 25.11.1979). A sua actuação foi no sentido de restabelecer a hierarquia e a disciplina e de impor o retorno aos quartéis. Neste aspecto essencial da normalização, o seu sucesso foi total e decisivo.


                                                      Uma das componentes fundamentais das suas iniciativas externas, foi a relação com os países da NATO (OTAN - Organização do Tratado do Atlântico Norte), que deram mostras do seu apoio às iniciativas do Presidente Eanes no sentido acima descrito - e.g. presidente de honra do Conselho do Atlântico (Londres, Maio de 1977). Neste contexto, eram fundamentais as relações com os EUA - visita de Carter (Junho de 1980), visita sua aos EUA (Julho de 1978). Não esqueceu também os aliados europeus - visitas a Inglaterra. (1978), Alemanha (1977), França (1979) e Itália (1980). E, num contexto ideológico nacional ainda muito esquerdizado, mesmo entre os moderados, as relações com países "não-alinhados" (e.g. Jugoslávia de Tito, com o qual parece ter tido real empatia) (1977 e 1979).


                                                      Não menos empatia revela com os líderes das antigas colónias, com as quais considera prioritário conseguir normalizar as relações: viagens à Guiné (1978, 1979 e 1982,), Cabo Verde (1978 e 1980), São Tomé (1979) e Moçambique (1980). Angola foi excepção (só 1982) devido aos problemas existentes (guerra civil; golpe de Nito Alves). Recorreu, por isso, à mediação de Luís Cabral, na Cimeira de Bissau (Junho de 1978). As relações com a nova Espanha do rei Juan Carlos I, mereceram-lhe também atenção (visitas em 1977 e 1978). E não esqueceu também o Vaticano, numa deslocação que, pelos dividendos eleitorais que podia trazer, foi atacada pelo primeiro-ministro Sá Carneiro (Maio de 1980).


                                                      A sua actuação, a nível de política interna, foi bem mais difícil e controversa. A sua ideia da Presidência como um poder arbitral mas que podia e devia criticar publicamente o Governo e os diversos partidos, esperando assim corrigir a actuação destes, foi vista pelos líderes partidários como um desafio à sua autoridade, numa estratégia gaullista. Em 1976, um significativo grupo de dissidentes dos vários partidos tenta levar o Presidente Eanes a efectivamente adoptar essa estratégia até ao que consideravam ser as últimas e lógicas consequências: formar um partido presidencial, o que recusou. Um após outro, os principais líderes partidários, tendo falhado as tentativas de obter o. seu apoio, vêem-no como alvo privilegiado. Temos assim, o desagrado no I Governo Constitucional [G.C.], em relação a um discurso crítico do Presidente Eanes (25.4.1977). A formação do II G.C. que por sua vez Eanes demite (27.7.1978) quando este está já em crise aberta. Em seguida a formação de três governos de iniciativa sua, os dois primeiros que não passam no Parlamento, e o III G.C., de Maria de Lurdes Pintassilgo, apenas o conseguiu, por o Presidente se ter comprometido em que não seria mais que um governo de transição, com eleições antecipadas já marcadas (a 13.7.1978). Estas dão a vitória à AD (Aliança Democrática) (2.12.1979), que a reforça em novas eleições (5-81980), já numa lógica de aberto confronto com Eanes. Foi este facto, e o prestígio que manteve graças à empatia de muitos por um homem austero e distanciado dos partidos, que acabam por determinar o decisivo apoio do PS (com condições, fixadas no acordo de Novembro de 1980) e garantir-lhe a vitória. Vitória logo na l.ª volta, também facilitada pela inexperiência eleitoral do candidato da AD, general Soares Carneiro. Mas esta conflitual idade teve custos, e a primeira revisão constitucional (12.8.1982), diminuiu-lhe o espaço de manobra em duas áreas fundamentais - política externa e de defesa - , aliás já naturalmente reduzido, por força das circunstâncias: o sucesso da desmilitarização e a normalização das relações externas, e ainda do seu acordo eleitoral com o PS.


                                                      Em 4 de Fevereiro de 1983, o Presidente Eanes convoca eleições antecipadas, já que após a demissão do primeiro-ministro Pinto Balsemão que substituíra (a 5.1.1981) Sá Carneiro após a morte deste (4.12.1980), recusa indigitar primeiro-ministro Vítor Crespo, indicado pelo PSD e aprovado pelo Conselho de Estado por escassa margem (8 votos contra 7). Teve relações relativamente pacíficas com o governo do "bloco central" (PS/PSD) que na sequência das eleições de 25.4.1983 se formara. Com o fim do seu mandato, e com o esvaziamento dos seus poderes, não resistiu segunda vez ao apelo para formar um partido à sua imagem. Anunciou em Julho de 1984 que após o abandono da Presidência, prosseguiria a sua actividade política num partido; e com Eanes ainda na Presidência surge o PRD (24.2.1985), logo (legislativas de 6.10.1985) com um grande peso eleitoral (17,9% dos votos) e político (partido-charneira no Parlamento). No entanto, derrotado Salgado Zenha, o candidato a seu sucessor que apoiara (a 16.11.1985), um dia depois de este anunciar, a sua candidatura), acabou por entregar a Presidência ao seu grande adversário Mário Soares. E a sua passagem pela chefia partidária foi curta, terminou com o seu assumir dos maus resultados do PRD em 1987, demitindo-se da presidência do partido. Foi referido como candidato possível às eleições presidenciais de 1996, o que veio a desmentir. Actualmente, é por inerência (como todos os Presidentes, que tenham já cumprido os seus mandatos, e tenham sido eleitos na vigência da actual Constituição) conselheiro de Estado vitalício.
                                                      http://www.presidencia.pt/?idc=13&idi=24

                                                      Ou uma "resenha" mais simples...:

                                                      Maurice Duverger, o politólogo francês da moda em Portugal no início da década de 80, teorizava sobre o regime semipresidencialista e, além da referência a De Gaulle, usava como modelo o triângulo Soares-Sá Carneiro-Eanes.

                                                      O primeiro Presidente da República eleito depois do 25 de Abril comemora, hoje, de forma discreta, 70 anos de idade. António dos Santos Ramalho Eanes nasceu em 1935, em Alcains, e hesitou entre a carreira militar e a vocação para a Medicina. Mas acabaria por ficar na História como o chefe de Estado que teve como primeiros-ministros Soares, Sá Carneiro e Cavaco.

                                                      O major que estava em Angola no 25 de Abril e foi presidente da administração da RTP (afastado após o 11 de Março, que iniciou o "Verão Quente" de 1975) só seria um rosto popular no 25 de Novembro, quando surgiu como o operacional do moderado "Grupo dos Nove" que derrotou a facção radical de Otelo, o seu antigo companheiro de camarata na Guiné.

                                                      Sá Carneiro mostrou-se disposto a lançar aquele militar para Belém, logo em Fevereiro de 1976, e o PPD anunciava o apoio a 28 de Abril, antecipando-se, assim, ao PS, que o faria apenas a 12 de Maio, dois dias antes da apresentação da candidatura. Nessa altura, do CDS ao MRPP, Eanes é o candidato presidencial dos que defendem o fim do PREC (processo revolucionário em curso), batendo-se, sobretudo, contra Otelo Saraiva de Carvalho (apoiado pela extrema-esquerda) e Octávio Pato (PCP).

                                                      Mais do que o slogan então concebido ("Muitos prometem, Eanes cumpre"), o que ficou na memória dessa campanha foi a coragem física que demonstrou ao subir para o tejadilho do automóvel quando foram disparados tiros à passagem da sua caravana em Évora. Após a vitória, fez a declaração que os seus sucessores adoptaram "Presidente de todos os portugueses".

                                                      Ao longo do primeiro mandato, vai empossar um governo minoritário do PS, outro de coligação do PS com o CDS e três de iniciativa presidencial. Acusando-o de deriva esquerdista, Sá Carneiro cria a AD e proclama a máxima "uma maioria, um Governo, um Presidente". Entretanto, na conferência de Imprensa da apresentação da sua recandidatura, Eanes parece "namorar" o eleitorado da AD, quando já tinha o apoio expresso do PS e tácito do PCP (Carlos Brito desistiria). Mário Soares, abrindo a crise com o Secretariado, que iria repercutir-se na história do partido, ao não conseguir convencer o PS, retira-lhe o seu apoio pessoal.

                                                      Essa atitude de Eanes - entretanto acusado de usar o "veto político" e o "veto de bolso" em relação a inúmeras leis e, também, de desenvolver uma "diplomacia paralela", concorrendo com o Governo - vai "justificar" a redução dos poderes presidenciais na primeira Revisão Constitucional, em 1982.

                                                      O presidente que simpatizava com o estadista Tito e era admirado pela poetisa Natália Correia, após ter coabitado com a maioria de direita, vai ter de conviver, de novo, com Mário Soares, no tempo do Bloco Central. Permite, entretanto, que se forme um partido sob a sua égide, promovido por desiludidos da classe política e defensores de uma nova ética, como José Rabaça ou Hermínio Loureiro.

                                                      Na primeira ida às urnas, o PRD (quase 18%) destroça o PS (maior derrota eleitoral) e abre o caminho para a era Cavaco Silva. Depois, Eanes empenha-se na candidatura de Zenha contra Soares - e sabe-se quem ganhou. Retirado de Belém, assume a liderança do PRD e será ainda eleito deputado, mas o partido esvazia-se como um balão e Eanes abandona-o em 1987. Desde então, conselheiro de Estado vitalício, evita pronunciar-se sobre a actualidade nacional.

                                                      Mas, no fundo, o actual figurino político-constitucional português é inseparável desta figura, cujo ar aparentemente sisudo até inspirou o grupo rock Salada de Frutas, que, na canção Se cá nevasse, ironizava "se o Presidente sorrisse"...
                                                      http://dn.sapo.pt/2005/01/25/naciona...anes_come.html

                                                      Comentário


                                                        #28
                                                        Já se sabe que neste país para ficar bem mais vale ganhar 1.000 e dar 1 milhão de prejuízo, do que ganhar 100.000 e dar 1 milhão de lucro.

                                                        Alunos fracos a matemática dá nisto.

                                                        Comentário


                                                          #29
                                                          Originalmente Colocado por tonyV Ver Post
                                                          Nada...

                                                          Ganham cerca de mais 40% que outros que não estão em regime de exclusividade e na prática é lhes exigido pelos directores (falo dos médicos de clínica geral, realidade que conheço relativamente bem) a mesma quantidade de trabalho que outros colegas fora desse regime.

                                                          A pergunta, qual a vantagem para o contribuinte em ter um médico a ganhar mais de ~40% que outro fazendo o mesmo que os outros? Só para dizer que ao fim do dia um vai para casa descansar e o outro vai trabalhar para outro lado...
                                                          Se trabalham devem receber. Se outros trabalhando não recebem justa compensação quem tem a culpa disso não são os que trabalharam e, justamente, foram recompensados.

                                                          Naturalmente é legítimo receberem quantias desse tipo desde que os respectivos cálculos (como foi deixado no ar algures neste tópico...) não tenham assentado em "malabarismos burlescos"...

                                                          De resto, e no caso on topic, Ramalho Eanes tem legalmente direito à percepção dessas quantias, mas a sua dificilmente alcançável (e dificilmente perceptível para muita gente) altura moral fê-lo decidir de outro modo!

                                                          Comentário


                                                            #30
                                                            Eu NUNCA prescindiria dos meus direitos LEGÍTIMOS, quer monetários, quer outros, só por ser socialmente moralmente mais aceitável....

                                                            Não é crime nem pecado ter dinheiro e ganhar dinheiro, desde que de forma legitima e honesta.

                                                            Essas verbas a que tinha direito não são nem ilegítimas, nem desonestas. logo não compreendo o porquê de não as aceitar....

                                                            E há quem aplauda a abdicação de direitos.

                                                            Se ele não queria o SEU dinheiro, que o transferisse para uma instituição qualquer á sua escolha, mas pronto está no seu direito.....mas não é certamente nenhum motivo para aplaudir a sua atitude..

                                                            Comentário

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