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Famílias têm de investir mais em educação

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    Famílias têm de investir mais em educação

    Hummm

    Ao contrário do que acontece noutros Estados-membros da União Europeia, em Portugal a maior parte das bolsas de estudo cobre pouco mais do que as propinas. Livros, alimentação, transportes e alojamento, entre outras despesas, continuam a ser suportadas integralmente pelas famílias.
    Esta é uma das principais conclusões da tese de doutoramento de Luísa Cerdeira, economista de formação e actual administradora da Universidade de Lisboa.
    Nesta entrevista, reconhece que ainda há muito a fazer não só por parte do Estado, mas também do lado das famílias que continuam a gastar mais em diversão do que em educação.
    A investigadora refere ainda que as famílias mais desfavorecidas, não dispondo de informação sobre os custos reais de um curso superior, tendem a sobreavaliar as despesas acabando por afastar os filhos das universidades.
    Na sua tese chegou à conclusão que o sistema de ensino superior português é elitista. Como é que chegou a essa conclusão na medida em que desde meados dos anos 90 assistimos a um processo de democratização do acesso à universidade?
    À primeira vista pode parecer contraditório porque há uma expansão da frequência. Todavia, quando se vai ver a proveniência dos estudantes verificamos que estreitou a faixa daqueles que são filhos de famílias de baixos rendimentos ou de nível habilitacionais mais baixos.
    Actualmente, a grande maioria dos estudantes que entra para a universidade continua a vir das classes média e média-alta, quando comparamos, por exemplo, com os Estados-membros da União Europeia.
    Portugal padece de um atraso estrutural no sector do ensino. Basta dizer que os países escandinavos no princípio do século XX eliminaram o analfabetismo, enquanto que em Portugal, em 1974, 30% a 40% da população não sabia ler nem escrever.
    Por isso digo que temos de estar atentos às medidas de apoio social. Torná-las reais para que mobilizemos os estudantes oriundos de famílias mais desfavorecidas porque, com certeza, são jovens com valor que, caso não os apoiemos, se perdem.
    (...)

    Mais apoios precisam-se
    Há alunos excluídos do ensino superior por insuficiência económica?
    A exclusão, a haver, não é directa. Quem reuniu as competências cognitivas e de desempenho para terminar o ensino secundário e entra no ensino superior pode ter acesso, por exemplo, a bolsas de estudo, mas a verdade é que muitos filhos de famílias desfavorecidas nem sequer chegam ao final do 12.º ano.
    Ora, interessa é saber se o valor da bolsa é suficiente para um aluno carenciado e ver a percentagem daqueles que atingem a bolsa máxima. A maioria dos bolseiros recebe a bolsa mínima que cobre pouco mais do que o valor da propina. Todas as outras despesas têm que ser suportadas pela família.
    Se os actuais escalões não forem revistos de acordo com economia real não será possível atingir o público-alvo que tem de ser apoiado. Os apoios de que dispomos são ainda muito precários quando comparados com outros países europeus.

    Uma das benesses ao alcance dos estudantes são os empréstimos. Aconselhava um empréstimo a um familiar?
    Os empréstimos podem ser uma boa ferramenta para as classes média e média-baixa, isto é, para pessoas que já perceberam que o investimento em educação tem retorno.
    Na minha opinião, os empréstimos não são os mecanismos adequados para as classes mais desfavorecidas. Em primeiro lugar porque têm aversão à dívida e podem considerar, por exemplo, que tal só se justifica se for para comprar uma casa.
    Diria que os empréstimos são para estratos que podem suportar algumas despesas mas estão momentaneamente descapitalizadas ou mesmo para os estudantes de segundo ciclo que decidem pagar um mestrado numa área científica diferente da licenciatura.

    Nos Estados Unidos, por exemplo, é comum as famílias pouparem durante vários anos para financiar os estudos dos filhos.
    Em Portugal não temos essa cultura e nos Estados Unidos acontece porque as famílias sabem que os valores das propinas, mesmo nas universidades públicas, são muito elevados e têm de começar cedo a fazer um plano de poupança que o Governo incentiva diminuindo a carga fiscal.
    Em Portugal, o nível de rendimento médio do país é tão baixo que sobra pouco para outras coisas. Acresce que as famílias portuguesas estão muito pouco habituadas a investir em educação. Analisei a estrutura de despesa das famílias e verifiquei que, em média, gastam mais em diversões do que em educação. Temos de mudar esta situação.

    Famílias têm de investir mais em educação - Expresso.pt
    Leiam o resto da entrevista que vale a pena .

    #2
    Quando vejo os pais comprarem uma ps3 para os filhos que ainda nem 10 anos têm, pior, telemóveis topo de gama para esses mesmos meninos, ao invés de comprarem algo verdadeiramente útil. As crianças também necessitam de brinquedos, e devem ter claro, mas há brinquedos que deveriam de estar em 2º plano e estão em 1º plano. Queixam-se que os livros escolares estão muito caros (estão), mas não se queixam dos 400€ que deram por uma ps3, colocam os filhos na SASE, mas os filhos levam para a escola telemóveis de 500€ para a escola.

    Comentário


      #3
      Por acaso até considero que desde o 25 de Abril, uma das áreas em que Portugal melhorou de forma dramática foi na oferta de formação superior, tanto em quantidade como em qualidade.

      Há umas décadas atrás era muito difícil ingressar no ensino superior; actualmente, só em alguns cursos muito específicos (medicina, ...) é que continua a haver restrições.

      Comentário


        #4
        Originalmente Colocado por Pitest Ver Post
        Quando vejo os pais comprarem uma ps3 para os filhos que ainda nem 10 anos têm, pior, telemóveis topo de gama para esses mesmos meninos, ao invés de comprarem algo verdadeiramente útil. As crianças também necessitam de brinquedos, e devem ter claro, mas há brinquedos que deveriam de estar em 2º plano e estão em 1º plano. Queixam-se que os livros escolares estão muito caros (estão), mas não se queixam dos 400€ que deram por uma ps3, colocam os filhos na SASE, mas os filhos levam para a escola telemóveis de 500€ para a escola.
        E depois há os graúdos...queixam-se das propinas, e depois gastam o valor delas numa noite de borga.

        Comentário


          #5
          Acresce que as famílias portuguesas estão muito pouco habituadas a investir em educação. Analisei a estrutura de despesa das famílias e verifiquei que, em média, gastam mais em diversões do que em educação. Temos de mudar esta situação.
          Esta frase é o resumo perfeito da mentalidade Portuguesa!!!


          Desculpem dar o exemplo da Irlanda mais uma vez mas além de ser o qu caso que conheço melhor continua a ser um bom país de comparação, nos anos 80, era a Irlanda bem mais pobre do que Portugal, o país mais pobre da UE (da altura), o rendimento disponível das famílias era baixíssimo, taxas de desemprego de 19%, todos os indicadores eram péssimos, enfim, aquilo que todos sabemos, mas era dos países do mundo que mais licenciados por habitante formava, e as famílias preferiam ter pouco pão na mesa mas apostar no futuro dos seus filhos.

          Para dar um exemplo, em 2006 a Irlanda formava 16.26 lics. Ciências e Engenharia/1000 habit. face aos 6.85 de média da UE-15 ou aos 6.27 dos USA.

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            #6
            Originalmente Colocado por Eco Ver Post
            E depois há os graúdos...queixam-se das propinas, e depois gastam o valor delas numa noite de borga.
            e depois há as pessoas como tu que fazem generalizações grosseiras como essa. e grandes borgas devem ser, para se gastar o valor das propinas devem ser borgas com o cristiano ronaldo... tu ao menos sabes quanto custam as propinas?

            Comentário


              #7
              Originalmente Colocado por LuisCapelo Ver Post
              e depois há as pessoas como tu que fazem generalizações grosseiras como essa. e grandes borgas devem ser, para se gastar o valor das propinas devem ser borgas com o cristiano ronaldo... tu ao menos sabes quanto custam as propinas?
              Pelo que se lê e vê,não são meia duzia de alunos que as fazem...

              Se não é em 1 noite, é em 2 ou 3,até quem faça da universidade uma profissão de tantos anos que lá andam....depois queixam-se, se são caras as propinas,acabem o curso á primeira...

              só para que conste,o valor varia de universidade para universidade, no estado, se calhar,pagas há volta de 1000€ ao ano,portanto gastar cerca de 100€ numa noite não deve ser difícil para esses "crâneos".Na privada além da matricula (que é avultada),pagas ,em média, o dobro do que pagas mensalmente na pública.

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                #8
                Os pais até investiriam mais se os seus salários fossem contextualmente maiores e os encargos proporcionalmente mais baixos. Mas também é verdade que se "estraga com mimos" os filhos, sobretudo quando naquelas situações em que se compram bens menos necessários, ou em alguns casos não essenciais, mas depois fica a faltar para as verdadeiras despesas de investimento na geração futura! Há pais que não sabem fazer opções na educação dos seus filhos, mas outros há que não têm orçamento que lhes permita errar!

                Comentário


                  #9
                  Originalmente Colocado por PeLeve Ver Post
                  Os pais até investiriam mais se os seus salários fossem contextualmente maiores e os encargos proporcionalmente mais baixos. Mas também é verdade que se "estraga com mimos" os filhos, sobretudo quando naquelas situações em que se compram bens menos necessários, ou em alguns casos não essenciais, mas depois fica a faltar para as verdadeiras despesas de investimento na geração futura! Há pais que não sabem fazer opções na educação dos seus filhos, mas outros há que não têm orçamento que lhes permita errar!
                  E quando os alunos chumbam, compram a sua ps3 na mesma?
                  A minha mãe só me dava o que eu queria quando pudesse E SE passasse de ano. O meu primeiro PC tive-o aos 17 anos, mas material escolar nunca me faltou, nunca mesmo. Mas também quando era criança não ligava muito a family games nem consolas do género, prefiria estar com os meus amigos a jogar à bola e brincadeiras da altura que hoje em dia é inexistentes nas nossas ruas (vulgo locais onde quando eramos crianças, costumavamos brincar).

                  Comentário


                    #10
                    Originalmente Colocado por Pitest Ver Post
                    E quando os alunos chumbam, compram a sua ps3 na mesma?
                    A minha mãe só me dava o que eu queria quando pudesse E SE passasse de ano. O meu primeiro PC tive-o aos 17 anos, mas material escolar nunca me faltou, nunca mesmo. Mas também quando era criança não ligava muito a family games nem consolas do género, prefiria estar com os meus amigos a jogar à bola e brincadeiras da altura que hoje em dia é inexistentes nas nossas ruas (vulgo locais onde quando eramos crianças, costumavamos brincar).
                    Exactamente. Dantes premiavam-se as crianças pelos seus sucessos. Hoje dão-se-lhes coisas para nos darem tempo livre... Assustador!

                    Comentário


                      #11
                      O investimento na Educação dos Filhos, pela parte dos pais, começa Em Casa, antes de qualquer esforço economico, e é aqui que o nosso País tem definhado nos ultimos 30 anos, com a completa incapacidade e desresponsabilização das familias em manterem valores de coeerencia, consistencia, e exigencia aos seus filhos, seja no pre-escolar, secundario,

                      A causa principal, não é condiçoes economicas, ou gastos superfulos, é Valores/ e os principais (o da Familia) ja nao existe nos progenitores!!!

                      Conheço numerosas familias de condiçoes economicas modestas, em que os filhos têm um aproveitamento escolar, e um comportamento de responsabilidade estudantil e social exemplar, apenas porque os seus Pais, sempre entenderam que não são os professores a jusante que têm essa obrigação.

                      estamos a discutir este topico ao contrario (!)

                      Comentário


                        #12
                        Originalmente Colocado por 330i Ver Post
                        O investimento na Educação dos Filhos, pela parte dos pais, começa Em Casa, antes de qualquer esforço economico, e é aqui que o nosso País tem definhado nos ultimos 30 anos, com a completa incapacidade e desresponsabilização das familias em manterem valores de coeerencia, consistencia, e exigencia aos seus filhos, seja no pre-escolar, secundario,

                        A causa principal, não é condiçoes economicas, ou gastos superfulos, é Valores/ e os principais (o da Familia) ja nao existe nos progenitores!!!

                        Conheço numerosas familias de condiçoes economicas modestas, em que os filhos têm um aproveitamento escolar, e um comportamento de responsabilidade estudantil e social exemplar, apenas porque os seus Pais, sempre entenderam que não são os professores a jusante que têm essa obrigação.

                        estamos a discutir este topico ao contrario (!)
                        Grande post!!!
                        Hoje em dia interessa mais parecer-se do que ser-se, existe mesmo uma degradação dos valores morais como sociedade, o que se traduz numa democracia manca, desresponsabilização social, etc.
                        O esforço que se deveria pedir aos Portugueses não é económico, seria mais no sentido de formar melhores cidadãos e um melhor país, o que por si só traria melhores condições económicas.

                        Comentário


                          #13
                          Originalmente Colocado por Pitest Ver Post
                          E quando os alunos chumbam, compram a sua ps3 na mesma?
                          A minha mãe só me dava o que eu queria quando pudesse E SE passasse de ano. O meu primeiro PC tive-o aos 17 anos, mas material escolar nunca me faltou, nunca mesmo. Mas também quando era criança não ligava muito a family games nem consolas do género, prefiria estar com os meus amigos a jogar à bola e brincadeiras da altura que hoje em dia é inexistentes nas nossas ruas (vulgo locais onde quando eramos crianças, costumavamos brincar).
                          Epá, "vocês" quando começam nunca mais acabam.

                          Tive o meu 1º computador aos 4 ou 5 anos (um 48K). Depois tive um PC aos 12 anos (um 286), and so on, and so on. Quando era criança jogava computador e brincava na rua e joagava à bola como outra criança normal. Se as crianças de hoje em dia podem ter PS3, computadores, PSPs, Wii, melhor para elas, que aproveitem muito. Eu na minha altura jogava Prince of Persia e já pensava que aquilo era o expoente máximo dos jogos.

                          Comentário


                            #14
                            Originalmente Colocado por cuica Ver Post
                            Grande post!!!
                            Hoje em dia interessa mais parecer-se do que ser-se, existe mesmo uma degradação dos valores morais como sociedade, o que se traduz numa democracia manca, desresponsabilização social, etc.
                            O esforço que se deveria pedir aos Portugueses não é económico, seria mais no sentido de formar melhores cidadãos e um melhor país, o que por si só traria melhores condições económicas.

                            enquanto cada um de nós nao interiorizar isto mesmo, não vamos conseguir "educar" nem esta nem as futuras geraçoes. nem construir melhores e mais responsaveis cidadãos.

                            Comentário


                              #15
                              Originalmente Colocado por Karma Ver Post
                              Epá, "vocês" quando começam nunca mais acabam.

                              Tive o meu 1º computador aos 4 ou 5 anos (um 48K). Depois tive um PC aos 12 anos (um 286), and so on, and so on. Quando era criança jogava computador e brincava na rua e joagava à bola como outra criança normal. Se as crianças de hoje em dia podem ter PS3, computadores, PSPs, Wii, melhor para elas, que aproveitem muito. Eu na minha altura jogava Prince of Persia e já pensava que aquilo era o expoente máximo dos jogos.
                              Eu não acho mal terem isso tudo, desde que depois os papás não reclamem que a vida escolar está cara.
                              Se há dinheiro para estes luxos, suponho que haja também para o que realmente interessa.

                              Comentário


                                #16
                                Depois também temos como já aqui disseram e muito bem, o incutir valores às crianças, ensinar-lhes como se comportar em sociedade, e não esperarem que aprendam isso na escola, pois são os pais que tem essa obrigação.

                                Comentário


                                  #17
                                  Originalmente Colocado por Karma Ver Post
                                  Epá, "vocês" quando começam nunca mais acabam.

                                  Desculpa a minha ignorância, mas não cheguei lá

                                  Comentário


                                    #18
                                    Originalmente Colocado por Pitest Ver Post
                                    Desculpa a minha ignorância, mas não cheguei lá
                                    É que começo a ficar farto da conversa de velho do Restelo. Mas as coisas são mesmo assim, as gerações depois da nossa nunca serão nada. Já é assim desde Aristóteles.

                                    Comentário


                                      #19
                                      Originalmente Colocado por Karma Ver Post
                                      É que começo a ficar farto da conversa de velho do Restelo. Mas as coisas são mesmo assim, as gerações depois da nossa nunca serão nada. Já é assim desde Aristóteles.
                                      Se achas que está tudo bem quem sou eu para discordar, cada um tem a sua linha de pensamento. Não te fartes muito depressa

                                      Comentário


                                        #20
                                        Vou um pouco mais longe:

                                        Se está tudo bem quando alunos agridem professores,
                                        Se está tudo bem quando alunos fazem o que querem nas aulas,
                                        Se está tudo bem quando os mais jovens não respeitam os mais velhos,
                                        Mas como Velho do Restelo me intitularam, orgulho-me muito da educação que tive, e como disse o Pé Leve, eu era premiado quando merecia, quando não merecia, tinha o oposto.

                                        Comentário


                                          #21
                                          Originalmente Colocado por Pitest Ver Post
                                          Vou um pouco mais longe:

                                          Se está tudo bem quando alunos agridem professores,
                                          Se está tudo bem quando alunos fazem o que querem nas aulas,
                                          Se está tudo bem quando os mais jovens não respeitam os mais velhos,
                                          Mas como Velho do Restelo me intitularam, orgulho-me muito da educação que tive, e como disse o Pé Leve, eu era premiado quando merecia, quando não merecia, tinha o oposto.
                                          “Children today are tyrants. They contradict their parents, gobble their food, and tyrannize their teachers.”

                                          Sócrates (470 a.C. - 399 a.C.)

                                          Comentário


                                            #22
                                            De aparências e invejas está o país cheio
                                            “É na educação dos filhos que se revelam as virtudes dos pais.” (Neto, Coelho)

                                            Uma parte da população tem dificuldades em aceder a um ensino que na constituição diz-se dever ser gratuito, mas que na prática não o é. Num país de baixos salários, o acesso à formação superior é privilégio das classes mais abastadas, sendo que muitas delas até optam pelo ensino privado. O fosso entre os ricos e os pobres que tem vindo a aumentar começa logo aí: na falta de oportunidades que tão bem satisfaz a classe abastada que prepara um enorme conjunto de filhos de pobres que pobres irão ser trabalhando para os filhos dos ricos que os explorarão através de baixos salários. No fundo, os mais abastados providenciam para que não exista concorrência da classe baixa aos lugares de chefia que deverão ser ocupados pelos seus descendentes. O excesso de desempregados irá favorecer a política de baixos salários e trabalho precário alimentada pela falta de trabalho que tanto favorece os empregadores que os exploram.

                                            Mas a nossa sociedade também está povoada de gente que vive apenas e só para as aparências. O objectivo dessas pessoas é o de ter um bom carro à porta de um castelo de “torres bem altas”, nem que para tal seja necessário endividarem-se ou passarem fome. Esta classe média de hábitos burgueses vive numa realidade falsificada. Vive para mostrar aos outros que tem aquilo que não tem. Por isso, é que só se fala de créditos bancários para casas e carros e nada de empréstimos ou contas poupança para os estudos universitários dos filhos. Não dá tanto nas vistas, além de que quando chegar o momento logo se verá. É assim que funciona a mentalidade tacanha do portuga.

                                            Os ucranianos que trabalham nas nossas obras, no seu país não costumavam ter casa própria ou um carro caro, mas tinham o hábito de colocar os filhos em escolas de ballet, dança, música e pintura. A formação dos filhos era o verdadeiro motivo de orgulho social, e não a ostentação de bens para causar a inveja dos vizinhos. No leste europeu esta é a prática corrente, e muitos dos que cá trabalham mandam dinheiro para que os filhos possam desfrutar dessa qualidade de formação pessoal nos seus países. Por cá, compram-se telemóveis topo de gama, computadores, PlayStations, roupas de marca (de preferência com a etiqueta bem à vista) e outros objectos vistosos para marcar a posição e o estatuto social que não conseguem alcançar doutra forma. É como eu costumo dizer: “Por baixo das aparências ostentosas, são casca dura; quando abrem a boca estalam logo o verniz.”

                                            O problema das nossas famílias é um problema cultural e de difícil solução. As escolas bem tentam mudar a mentalidade dos alunos, mas quando o que aprendem em casa é precisamente uma realidade faz-de-conta, tudo fica na mesma. Na escola apelamos às crianças e jovens para se formarem como pessoas e lutarem pelo seu futuro. Os pais vão às escolas saber se os filhos passaram de ano (não interessa com que notas) e vão distribuindo-lhes brinquedos para mostrar que dão mais aos seus filhos do que os outros. Não interessa que no pouco tempo que estes estão em casa nem sequer os vejam ou se falem. Mas têm computadores, jogos e televisão no quarto para não chatearem os pais. Na escola têm lá uns “baby sitters” para tomar conta dos filhos e só necessitam de açambarcar tudo o que é subsídio e ostentar bens que demonstrem o quão bons pais eles são. Podem dizer à boca cheia: “Ao meu filho não lhe falta nada. Tem tudo do bom e do melhor.” Mas provavelmente falta-lhes atenção, carinho e educação que não lhes é dada por quem não a tem. “Mas afinal para quê que pagam tanto aqueles professorzecos senão para educarem o meu filho e tomarem conta dele enquanto trabalho ou estou no café com os amigos (afinal também tenho direito a algum para mim). E deviam era de ficar lá a tomar conta deles até às 7 horas quando eu saio do trabalho. Os trabalhos de casa que os façam na escola que eles é que são os professores. E cá para mim nem deviam ter tantas férias, senão não tenho onde deixar os filhos. São todos uma cambada de malandros que não fazem nada. E se o meu filho não entrar na universidade a culpa é deles, que não lhe ensinaram o que deviam. Afinal de contas passam o dia todo na escola com o meu filho a fazer o quê?”
                                            Se calhar nem sabem as notas dos testes, a cor preferida dos filhos ou o quê que eles gostariam um dia de ser quando adultos. Mas dão-lhes tudo, e ai dos professores que digam o contrário. “O meu filho até tem um telemóvel melhor do que o seu, para quê que está para aí a dizer que nós não lhe damos o que ele precisa.”

                                            Posta esta realidade disfuncional de um país de filhos órfão de pais vivos… mas ausentes, só me resta acrescentar que por cá a “educação é aquilo que a maior parte das pessoas recebe, muitos transmitem e poucos possuem.”1

                                            1(Kraus, Karl)

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                                              #23
                                              os meus filhos estudaram no particular até à 4ª classe, depois foram para os salesianos, até ao 9º ano, seguindo então para o liceu de São João.

                                              nunca lhes faltou nada, desde muito novos que têm PC, impressora, sacnner, bicicletas, jogos, etc, etc.

                                              viagens? bom, para o guito dar para umas coisas, não dava para outras, limitando-nos a viagens/ferias mais para o económico.

                                              nunca chumbaram, as notas são medianas, respeitam os outros e nunca tive problemas com eles, nem na escola nem na vida.

                                              em comparação, colegas deles havia que, para alem de grandes viagens ao Brasil, Jamaica, etc., não tinham PC, scanner, etc., tendo de vir para minha casa fazer os trabalhos da escola. até que me chateei e disse que se havia guito para o Brasil, deveria haver para o resto. iam passar a pagar as despesas de papel, tinteiros, etc.

                                              foi remédio santo, só permiti quem realmente de todo não podia, que se servisse dos meus bens (frigorífico incluído), os outros, desapareceram.

                                              a EDUCAÇÃO começa em casa...

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                                                #24
                                                Tema muito interessante.

                                                Deixo aqui um link, "ligeiramente ao lado", mas também na área da educação.

                                                Quantos têm noção da necessidade deste tipo de "formas de estar" ?

                                                Educar para o Optimismo

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                                                  #25
                                                  Originalmente Colocado por zombil Ver Post
                                                  os meus filhos estudaram no particular até à 4ª classe, depois foram para os salesianos, até ao 9º ano, seguindo então para o liceu de São João.

                                                  nunca lhes faltou nada, desde muito novos que têm PC, impressora, sacnner, bicicletas, jogos, etc, etc.

                                                  viagens? bom, para o guito dar para umas coisas, não dava para outras, limitando-nos a viagens/ferias mais para o económico.

                                                  nunca chumbaram, as notas são medianas, respeitam os outros e nunca tive problemas com eles, nem na escola nem na vida.

                                                  em comparação, colegas deles havia que, para alem de grandes viagens ao Brasil, Jamaica, etc., não tinham PC, scanner, etc., tendo de vir para minha casa fazer os trabalhos da escola. até que me chateei e disse que se havia guito para o Brasil, deveria haver para o resto. iam passar a pagar as despesas de papel, tinteiros, etc.

                                                  foi remédio santo, só permiti quem realmente de todo não podia, que se servisse dos meus bens (frigorífico incluído), os outros, desapareceram.

                                                  a EDUCAÇÃO começa em casa...
                                                  Concordo contigo, não sou contra os putos terem estes divertimentos, desde que os pais não descurem do mais importante.

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                                                    #26
                                                    Originalmente Colocado por Omega Ver Post
                                                    Tema muito interessante.

                                                    Deixo aqui um link, "ligeiramente ao lado", mas também na área da educação.

                                                    Quantos têm noção da necessidade deste tipo de "formas de estar" ?

                                                    Educar para o Optimismo

                                                    "0 Bernardo tinha 11 anos quando chegou a casa com a sua primeira negativa.Vinha quase a chorar, de olhos no chão."


                                                    Esta frase diz tudo... ou quase tudo

                                                    Comentário


                                                      #27
                                                      Os meus pais (e eu) pouparam bastante para eu este Setembro poder ir para a faculdade. E olhem que não tenho um telemóvel de 200€ nem sequer uma PS3. Mas, infelizmente, há muita gente sem juízo.
                                                      Editado pela última vez por rks; 02 September 2009, 20:59.

                                                      Comentário


                                                        #28
                                                        Originalmente Colocado por Pitest Ver Post
                                                        "0 Bernardo tinha 11 anos quando chegou a casa com a sua primeira negativa.Vinha quase a chorar, de olhos no chão."


                                                        Esta frase diz tudo... ou quase tudo

                                                        Não percebi ... ?!?

                                                        Comentário


                                                          #29
                                                          Originalmente Colocado por Omega Ver Post
                                                          Não percebi ... ?!?
                                                          O que eu venho defendendo. Tirou uma nega, teve vergonha disso, actualmente vê-se muito pouco disso. Fruto de uma educação como deve de ser.

                                                          Entretanto estive a ler o resto, achei deveras interessante.

                                                          Comentário


                                                            #30
                                                            Originalmente Colocado por Pitest Ver Post
                                                            O que eu venho defendendo. Tirou uma nega, teve vergonha disso, actualmente vê-se muito pouco disso. Fruto de uma educação como deve de ser.

                                                            Entretanto estive a ler o resto, achei deveras interessante.


                                                            Vale a pena ler!

                                                            Comentário

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