O ser humano sempre lutou contra a fatalidade inalterável que é a morte, que mais cedo ou mais tarde sempre acabará por chegar.
Desde há muito que se procura a fonte da vida eterna, o elixir da juventude e outras formas de enganar a morte. Nesse contexto, a mitologia inventou gnomos, fadas, sereias, vampiros, deuses e semi-deuses como figuras que possuem a capacidade de viver para sempre.
As religiões propõem o prolongamento da vida depois da morte. Assim acontece com algumas religiões monoteístas que prometem o paraíso ou com as religiões espírita ou budista que acreditam na reencarnação da alma num processo de aperfeiçoamento progressivo da mesma.
Com os avanços da tecnologia procura-se que um dia se consiga atingir a imortalidade biológica em que as células deixem de morrer, perpetuando-se a vida.
Existe também o factor curiosidade que está impregnado no ser humano: a curiosidade de saber como será o mundo daqui por 100, 500 ou 1000 anos quando já cá não estivermos, não deixa de ser tentador.
Mas vencer a morte seria uma dádiva ou um castigo?
Segundo José Saramago, a “Eternidade é continuar por algum tempo mais quando aqueles que amamos e conhecemos não existem mais.”
Por este motivo, e por muita curiosidade que possa ter relativamente ao futuro, pessoalmente, eu não gostaria de viver para sempre. Este seria o maior castigo que me poderiam dar: ter de ver perecer todos aqueles que mais amo e no fim acabar sozinho num mundo estranho povoado apenas pelas memórias daqueles que partiram e que tanto amei. Por este mesmo motivo, julgo que se existir um Deus, só posso sentir muita pena dele, pelo facto de ter de assistir a tanta coisa que provavelmente não gostaria de ver. De ter de se apaixonar pelas obras que criara, envolver-se emocionalmente com elas e depois vê-las perecer.
No fundo, a dúvida prende-se com aquilo que a vida eterna possa representar: a satisfação da curiosidade sobre o futuro pagando-se a factura com a tristeza da solidão.
E vocês gostariam de viver para sempre?... ou mais algumas décadas do que o agora habitual?
Gostariam que a vossa estrada da vida não tivesse um fim?
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