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O fenómeno do "achadismo".

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    O fenómeno do "achadismo".

    Ainda há dias li um post num blog de um senhor que sigo no Twitter, e achei o tema muito pertinente. Fala sobre o "achadismo" (termo cunhado pelo próprio, creio), sobre o facto de haver pessoas que "acham que" e que acham que o que acham é que está correcto, apenas porque acham que sim.



    Os Consumidores e o "achadismo"


    E de repente, como que por magia, há uma onda de consumidores que decide "passar a achar"... De há uns tempos a esta parte que tenho vindo a notar, numa das empresas onde opero, que está a crescer um sentimento um nadinha estranho dos consumidores face aos fornecedores. Um ambiente hostil, quase provocatório. Comecei por sentir esta onda curiosa nas reclamações, e uma das minhas primeiras conclusões é a de que os portugueses, na sua grande maioria, não sabe reclamar. O consumidor médio acha que uma reclamação será tanto mais eficaz quanto o volume de palavras escritas.

    Deve ser por isso que na elaboração de textos de reclamação as pessoas decidem escrever quase verdadeiras autobiografias cheias de pormenores NINAMJ. A sigla NINAMJ foi uma sigla que inventei há anos para classificar na minha vida privada alguns textos. Significa a mesma "Não interessa nem ao menino Jesus". Na análise de um texto reclamante interessam-me apenas factos. Dizer "Esta máquina está avariada e não funciona" tem bastante mais impacto que uma história de três páginas sobre uma máquina que-foi-para-casa-de-Metropolitano-e-que-só-foi-aberta-pelo-Carlinhos-três-dias-depois-do-Natal-em-que-por-acaso-até-lá-estava-a-minha-sogra-que-a-ajudou-a-pagar...". Não sei onde é que as pessoas vão buscar estes modelos mas são lindos e alguém podia na ASAE ou no Ministério da Economia fazer uma compilação dos ditos que era coisa para se tornar num best-seller. Já analisei um texto em que o consumidor diz (e cito) "Fui tratado abaixo de cão!". Não diz quando, não diz por quem, não diz onde. E quando inquirido sobre esses elementos aos costumes disse nada. No que ao meu caso diz respeito, não tenho nenhum problema em dar razão a um consumidor que efectivamente a tenha, e aceito até que do outro lado a pessoa pense que a minha missão na vida é prejudicar o próximo (isto aplica-se até a outras franjas da população e eu não perco o sono por causa disso...).

    Aquilo que não tolero é o "achadismo". As pessoas, nomeadamente os consumidores, passaram a "achar" coisas. É normal que um cliente aborde um fornecedor e branda a bandeira dos seus direitos, o que não é normal é que as empresas tenham de perder tempo com pessoas que nem sabem que direitos são esses e muito menos que desconheçam a porcaria da lei (sim, que é na sua base um emaranhado de belos equívocos). "Ah, porque eu tenho o direito de devolver o bem que comprei porque estou insatisfeito" é a última moda. Nos últimos três meses já analisei cerca de doze pedidos deste calibre. "Ah porque a lei me dá o direito de devolver no prazo de não sei quantos dias sem invocar a razão...". Não dá. Não dá para compras físicas e presenciais. Quando inquiro sobre se o bem foi violado, no que a software diz respeito a resposta é quase sempre "Como é que quer que eu experimente o bem se para isso tenho de abrir o software?". É nessa altura que gostava de ter o legislador ao meu lado para que fosse ele a responder. Manda a razão dizer que o legislador explicou no articulado da lei quais são os artigos que podem ou não gozar do direito de livre resolução. Na minha área lá está o software e o material informático. Na maior parte das situações explico pacientemente mas há sempre alguém que me diz "Eu acho que..." que me deixa a mim à beira do ataque de nervos. Em resumo e porque esta questão é recorrente, informo: O período legal mínimo para devolução de equipamentos adquiridos remotamente (online ou outros similares) sem necessidade de invocar o motivo é de 14 dias. Existem restrições a essa livre resolução, bem explicadinhas no articulado da lei e entre elas destaco os produtos " Fornecimento de gravações áudio e vídeo, de discos e de programas informáticos a que o consumidor tenha retirado o selo de garantia de inviolabilidade".


    Pode ser que com o aproximar da época natalícia, vos tire algumas duvidas

    Quanto à discussão sobre o achadismo, deixo aqui o mote, para os ilustres seguirem a discussão

    #2
    Reflexões de um cão com pulgas...: Os Consumidores e o "achadismo"

    «(...) Seria util deixar o link ou pelo menos a referencia para o DR em
    questao. Senao so posso dizer q "acho q e' assim" pq li neste blogue ;)
    (...)»

    Quem tem telhados de vidro, que não atire pedras...

    Comentário


      #3
      Acho natural que as pessoas "achem". Tentar saber os nossos direitos é uma coisa complicadissima neste país em que no mínimo todos deviamos tirar o curso de advogado para perceber minimamente as coisas em que nos metemos por mais simples que sejam. Como não somos todos advogados...

      Comentário


        #4
        Eu acho é que há pessoas que não se fartam de achar, mesmo quando sabem que não têm razão

        Acham-se melhores!

        Comentário


          #5
          Originalmente Colocado por Torres Ver Post
          Acho natural que as pessoas "achem". Tentar saber os nossos direitos é uma coisa complicadissima neste país em que no mínimo todos deviamos tirar o curso de advogado para perceber minimamente as coisas em que nos metemos por mais simples que sejam. Como não somos todos advogados...
          Então cá vai a minha primeira "achadela" (ou será "achaminha"?):

          Eu acho que é muito fácil criticar os outros.
          E que educar e promover a informação deve ser muito difícil...

          Mas esta "achaminha" também é uma "achadele/a":

          Reflexões de um cão com pulgas...: Os Consumidores e o "achadismo"

          «(...) Podem acusar-me de ser ignorante e querer simplificar as coisas ate
          a estupidificação geral, mas a minha opinião a este respeito é que o livre
          acesso ao Diário da República torna-se insuficiente porque o texto da Lei é
          feito de advogados para advogados.
          Para as pessoas não perderem tempo umas às outras e aos tribunais, é
          preciso que isso mude. Não sou o primeiro a pensar nisto, porque no Reino
          Unido há uma iniciativa oficial que se chama "plain English"
          http://www.plainenglish.co.uk/
          que serve este objectivo: a lei pode ser escrita em legalês, mas em paralelo
          escreve-se documentos para uso corrente, em inglês corrente. E quem
          precisar de consultar os casos mais específicos e complicados pode contratar
          um solicitador...
          (...)»

          Comentário


            #7
            Eu acho que conheço esse assunto desde 2004. Ano em que tive uma cadeira de Comunicação Social na Faculdade. A Doutora Isabel Ferin referiu na altura que era sobretudo uma posição dos comentadores e analistas.
            Ela pessoalmente como docente e investigadora critica essa posição do "achismo", em grande parte devido ao grande número de comentadores que hoje em dia existem e na maioria referem: "Acho que isto por este caminho é bom..."
            Outra razão e a mais importante que ela refere tem a ver com a diferença entre "Opinião Pública" e "Opinião Publicada". Pois a "Opinião Publicada" fica como "Opinião Pública"
            Editado pela última vez por LIC; 11 November 2009, 00:43. Razão: acrescento

            Comentário


              #8
              Originalmente Colocado por Nuno156 Ver Post
              Então cá vai a minha primeira "achadela" (ou será "achaminha"?):

              Eu acho que é muito fácil criticar os outros.
              E que educar e promover a informação deve ser muito difícil...

              Mas esta "achaminha" também é uma "achadele/a":

              Reflexões de um cão com pulgas...: Os Consumidores e o "achadismo"

              «(...) Podem acusar-me de ser ignorante e querer simplificar as coisas ate
              a estupidificação geral, mas a minha opinião a este respeito é que o livre
              acesso ao Diário da República torna-se insuficiente porque o texto da Lei é
              feito de advogados para advogados.
              Para as pessoas não perderem tempo umas às outras e aos tribunais, é
              preciso que isso mude. Não sou o primeiro a pensar nisto, porque no Reino
              Unido há uma iniciativa oficial que se chama "plain English"
              Homepage
              que serve este objectivo: a lei pode ser escrita em legalês, mas em paralelo
              escreve-se documentos para uso corrente, em inglês corrente. E quem
              precisar de consultar os casos mais específicos e complicados pode contratar
              um solicitador...
              (...)»

              De advogados para advogados, não é bem mas é quase. Quanto ao escrever as leis com linguagem corrente, acho isso impossível, mas acho que era completamente possivel e saudável haver versões da lei com remissões para uma espécie de "glossário" ou compêndio de significados, só que isto, lá está, quem tem poder para fazer isso é quem tem a ganhar com isso acham mesmo que os senhores da AR e do Governo querem tirar emprego aos amigos dos grandes escritórios?

              Comentário


                #9
                Nos meus tempos de "feijão-verde" (para quem não conhece o termo:
                a cumprir o serviço militar), dizia-se o seguinte:

                - Você na tropa não acha nada. E se achar, das duas uma: ou entrega ao
                oficial de dia, ou já meteu os pés!

                Comentário


                  #10
                  Originalmente Colocado por TheMoBsTeR Ver Post

                  De advogados para advogados, não é bem mas é quase. Quanto ao escrever as leis com linguagem corrente, acho isso impossível, mas acho que era completamente possivel e saudável haver versões da lei com remissões para uma espécie de "glossário" ou compêndio de significados, só que isto, lá está, quem tem poder para fazer isso é quem tem a ganhar com isso acham mesmo que os senhores da AR e do Governo querem tirar emprego aos amigos dos grandes escritórios?
                  Glossário pode ser útil, mas é possível mais que isso. Não só é possível como
                  existe.

                  O problema da legislação não é apenas uma questão de inteligibilidade, é
                  também uma questão de densidade e volume do articulado. Em poucas
                  palavras: muita parra e pouca uva (do ponto de vista do cidadão comum).

                  O que por aí não falta são compilações de códigos com aquilo que realmente
                  é importante para os consumidores (e cidadãos).
                  Dou um exemplo:
                  Millennium bcp
                  Se um simples cidadão tivesse de ler o CIRS para preencher uma simples
                  declaração...

                  Mas também é possível obter bons resultados com o simples destaque do
                  articulado mais importante para um dado tema.

                  Comentário


                    #11
                    É possível se sair já fora do âmbito do Estado e do INCM. O melhor exemplo disso é os livros do código da estrada. Aquilo tecnicamente não é o código da estrada (o anexo republicado pelo DL 44/2005), mas uma iniciativa privada de o simplificar com linguagem acessível e imagens.

                    Comentário


                      #12
                      Originalmente Colocado por TheMoBsTeR Ver Post
                      É possível se sair já fora do âmbito do Estado e do INCM. O melhor exemplo disso é os livros do código da estrada. Aquilo tecnicamente não é o código da estrada (o anexo republicado pelo DL 44/2005), mas uma iniciativa privada de o simplificar com linguagem acessível e imagens.
                      Mas olha que também existe no âmbito do Estado:
                      Portal do Consumidor
                      Ver opção "Direitos" no menu.

                      Comentário


                        #13
                        Originalmente Colocado por LIC Ver Post
                        Eu acho que conheço esse assunto desde 2004. Ano em que tive uma cadeira de Comunicação Social na Faculdade. A Doutora Isabel Ferin referiu na altura que era sobretudo uma posição dos comentadores e analistas.
                        Ela pessoalmente como docente e investigadora critica essa posição do "achismo", em grande parte devido ao grande número de comentadores que hoje em dia existem e na maioria referem: "Acho que isto por este caminho é bom..."
                        Outra razão e a mais importante que ela refere tem a ver com a diferença entre "Opinião Pública" e "Opinião Publicada". Pois a "Opinião Publicada" fica como "Opinião Pública"

                        Acho que a isso se junta a típica "conversa de café", onde algumas pessoas se juntam, baseando-se no que ouvem dizer, e estipulam a sua propria doutrina ou a sua própria lei, à margem do que está realmente estipulado.

                        Ao menos, na Opinião Publicada, se disseres algum disparate, a mesma Opinião Publicada cai-te em cima, e como é publico, a Opinião Publica apercebe-se, só que fica confusa.

                        Comentário


                          #14
                          Originalmente Colocado por Nuno156 Ver Post
                          Mas olha que também existe no âmbito do Estado:
                          Portal do Consumidor
                          Ver opção "Direitos" no menu.

                          Há casos recentes que são louváveis, mas infelizmente não é em tudo.
                          Não conhecia este portal.

                          Comentário


                            #15
                            Originalmente Colocado por TheMoBsTeR Ver Post

                            Há casos recentes que são louváveis, mas infelizmente não é em tudo.
                            Não conhecia este portal.
                            Há mais:
                            Portal do Cidadão - Dossiers

                            E este aqui, embora esteja mais virado para os procedimentos do que para
                            uma explicação simplificada dos direitos e deveres:
                            Portal da Justiça: Cidadãos

                            Há muita coisa interessante já feita... sofre é do defeito de estar tudo
                            disperso...

                            Comentário


                              #16
                              "-João Pinto, o que é que você achou do jogo?
                              -Eu não achei nada, mas o Aloísio achou um pente"




                              Eu não acho nada.. Deve ser das piores expressões do português que existem... Qual o problema de dizer penso que?

                              Comentário

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