Foi isto ("Estás na rua?") que há uns anos (p'raí uns 20 :D), quando era puto, uma rapariga da "minha rua" me perguntou estando eu, obviamente, na "rua".
O que ela queria saber é se eu estava na rua, mas para brincar. Desde esse dia passou-se a chamar Tânia Tás Na Rua...
Infelizmente, à minha filha nunca lhe vão perguntar se "estás na rua"... nem nunca irá ter a "rua dela".
http://diariodigital.sapo.pt/news.as...id_news=233158
Brincar na rua é actividade em vias de extinção nas cidades
Brincar na rua está em vias de extinção em muitas cidades do mundo e as crianças têm agora um tempo de brincadeira organizado e planeado que lhes diminui a autonomia, segundo um trabalho de um professor universitário
Carlos Neto, docente da Faculdade de Motricidade Humana de Lisboa que hoje apresentará as conclusões do seu estudo no 3º congresso sobre Espaços de Jogo e Recreio, fez um trabalho sobre o jogo e o tempo livre nas rotinas de vida quotidiana de crianças e jovens.
Segundo o docente universitário e presidente do conselho científico da faculdade, os hábitos quotidianos transformaram-se radicalmente, os ritmos e as rotinas das crianças também.
Hoje, o tempo espontâneo, da aventura, do risco e do confronto com o espaço físico natural, deu lugar ao tempo organizado, planeado, uniformizado.
De acordo com Carlos Neto, esta mudança teve como consequência a diminuição do nível de autonomia das crianças, com implicações graves na esfera do desenvolvimento motor e emocional.
«Sem a imunidade que lhe é conferida pelo jogo espontâneo, pelo encontro com outras crianças num espaço livre, onde se brinca com a terra, se inventam jogos, se vivem aventuras, a criança revela menos capacidade de defesa e adaptabilidade a novas circunstâncias», refere Carlos Neto no documento.
A cultura de rua, adianta, é fundamental no processo de desenvolvimento da criança, nomeadamente em experiências de jogo informal decisivas nas aquisições motoras e sociais.
«A rua não é só um espaço onde circulam carros e gente apressada, mas também de encontro, descoberta e desordem. Tudo isto é importante para crescer», defende.
Contudo, refere, a rua é um espaço potencial de jogo que está em desaparecimento progressivo da cultura lúdica infantil.
Segundo Carlos Neto, algumas investigações demonstram também o efeito da alta habitação (prédios) no padrão de jogo de crianças de pouca idade e os resultados são considerados alarmantes.
As crianças que vivem em prédios altos descem sozinha para jogar/brincar na rua numa idade mais tardia do que aquelas que vivem em casas baixas.
Por outro lado, as crianças que vivem em prédios também não saem para a rua com tanta frequência e têm dificuldade de contacto com os amigos.
As crianças portuguesas entre os 06 e os 12 anos vivem o seu quotidiano com uma agenda preenchida com actividades orientadas ou institucionalizadas para além do tempo escolar, principalmente centrada em actividades desportivas e artísticas.
Esta tendência é observada nos grandes centros urbanos e em agregados familiares de classe média e alta.
No seu trabalho, Carlos Neto defende que devem ser redimensionados novos modelos de construção das áreas residenciais, procurando definir condições para as crianças jogarem em liberdade e segurança e aproveitadas as potencialidades das escolas e edifícios públicos para o desenvolvimento lúdico da comunidade.
Por outro lado, o professor universitário considera ainda que o futuro do planeamento urbano deve considerar as culturas específicas de infâncias e de jovens quanto ao acesso aos espaços de jogo perto das áreas residenciais.
Arquitectos, engenheiros, médicos, educadores, técnicos de desporto, seguradoras e autarquias reúnem-se durante três dias na Faculdade de Motricidade Humana, na Cruz Quebrada, Oeiras, num congresso sobre espaços de jogo e recreio.
O objectivo do encontro, promovido pela Associação para a Promoção da Segurança Infantil (APSI), é avaliar o impacto da lei de 1997 que regulamenta as condições de segurança dos espaços de jogo e recreio com vista a produzir recomendações ao Governo.
O que ela queria saber é se eu estava na rua, mas para brincar. Desde esse dia passou-se a chamar Tânia Tás Na Rua...
Infelizmente, à minha filha nunca lhe vão perguntar se "estás na rua"... nem nunca irá ter a "rua dela".
http://diariodigital.sapo.pt/news.as...id_news=233158
Brincar na rua é actividade em vias de extinção nas cidades
Brincar na rua está em vias de extinção em muitas cidades do mundo e as crianças têm agora um tempo de brincadeira organizado e planeado que lhes diminui a autonomia, segundo um trabalho de um professor universitário
Carlos Neto, docente da Faculdade de Motricidade Humana de Lisboa que hoje apresentará as conclusões do seu estudo no 3º congresso sobre Espaços de Jogo e Recreio, fez um trabalho sobre o jogo e o tempo livre nas rotinas de vida quotidiana de crianças e jovens.
Segundo o docente universitário e presidente do conselho científico da faculdade, os hábitos quotidianos transformaram-se radicalmente, os ritmos e as rotinas das crianças também.
Hoje, o tempo espontâneo, da aventura, do risco e do confronto com o espaço físico natural, deu lugar ao tempo organizado, planeado, uniformizado.
De acordo com Carlos Neto, esta mudança teve como consequência a diminuição do nível de autonomia das crianças, com implicações graves na esfera do desenvolvimento motor e emocional.
«Sem a imunidade que lhe é conferida pelo jogo espontâneo, pelo encontro com outras crianças num espaço livre, onde se brinca com a terra, se inventam jogos, se vivem aventuras, a criança revela menos capacidade de defesa e adaptabilidade a novas circunstâncias», refere Carlos Neto no documento.
A cultura de rua, adianta, é fundamental no processo de desenvolvimento da criança, nomeadamente em experiências de jogo informal decisivas nas aquisições motoras e sociais.
«A rua não é só um espaço onde circulam carros e gente apressada, mas também de encontro, descoberta e desordem. Tudo isto é importante para crescer», defende.
Contudo, refere, a rua é um espaço potencial de jogo que está em desaparecimento progressivo da cultura lúdica infantil.
Segundo Carlos Neto, algumas investigações demonstram também o efeito da alta habitação (prédios) no padrão de jogo de crianças de pouca idade e os resultados são considerados alarmantes.
As crianças que vivem em prédios altos descem sozinha para jogar/brincar na rua numa idade mais tardia do que aquelas que vivem em casas baixas.
Por outro lado, as crianças que vivem em prédios também não saem para a rua com tanta frequência e têm dificuldade de contacto com os amigos.
As crianças portuguesas entre os 06 e os 12 anos vivem o seu quotidiano com uma agenda preenchida com actividades orientadas ou institucionalizadas para além do tempo escolar, principalmente centrada em actividades desportivas e artísticas.
Esta tendência é observada nos grandes centros urbanos e em agregados familiares de classe média e alta.
No seu trabalho, Carlos Neto defende que devem ser redimensionados novos modelos de construção das áreas residenciais, procurando definir condições para as crianças jogarem em liberdade e segurança e aproveitadas as potencialidades das escolas e edifícios públicos para o desenvolvimento lúdico da comunidade.
Por outro lado, o professor universitário considera ainda que o futuro do planeamento urbano deve considerar as culturas específicas de infâncias e de jovens quanto ao acesso aos espaços de jogo perto das áreas residenciais.
Arquitectos, engenheiros, médicos, educadores, técnicos de desporto, seguradoras e autarquias reúnem-se durante três dias na Faculdade de Motricidade Humana, na Cruz Quebrada, Oeiras, num congresso sobre espaços de jogo e recreio.
O objectivo do encontro, promovido pela Associação para a Promoção da Segurança Infantil (APSI), é avaliar o impacto da lei de 1997 que regulamenta as condições de segurança dos espaços de jogo e recreio com vista a produzir recomendações ao Governo.
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