Esta noticia espelha bem o mau planeamento urbano e tambem o esquecimento que deficientes e idosos sao vetados em Portugal.
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Há uma década que não saem de casa por falta de uma rampa
Para os moradores dos prédios da Rua José Correia Pires, no Pragal, Almada, não há como fugir aos degraus que dão acesso à rua. Num lado há escadas e do outro também, o que dificulta as deslocações. Os mais doentes não saem de casa há uma década.
"Há 10 anos que estão presos. Até os bombeiros têm dificuldades em vir buscar as pessoas. Estas escadas são um problema", desabafa Manuel Fusco, de 63 anos, residente no Rés-do-Chão esquerdo o Nº12, juntamente com a mulher Assunção da Palma Fusco, de 58 anos.
É com tristeza que confessa não conseguir levar a passear a mulher, que está acamada desde 2000. "Seria muito diferente se pudesse sair nem que fosse até ali abaixo", aponta, frisando que é fundamental "ter qualquer coisa que dê acesso à rua".
Enterrados vivos
Este não é, contudo, caso único entre as mais de 100 famílias que vivem naquela correnteza. "Nunca saem de casa. É a minha irmã, é outro senhor e também uma pessoa deficiente. Estão enterrados vivos em casa", afirma Maria da Palma, 66 anos, preocupada com o facto de a irmã, que partiu a anca numa queda provocada por um ataque de epilepsia causado por medicamentos inadequados, ter dificuldades em sair de casa até para ir ao médico.
A moradora no rés-do-chão esquerdo do Nº 14 sofre do mesmo mal. Maria Aldina Neves, de 64 anos, não consegue tirar de casa o marido de 66, que está confinado a uma cadeira de rodas. "Já vai fazer 11 anos. Só os bombeiros o levam. Eu não consigo sair daqui com ele", lamenta.
"Preciso de um outro acesso. Até porque se quiser apanhar outro carro sem ser uma ambulância não posso", exalta, frisando que também para os elementos dos Bombeiros Voluntários de Almada, que vão buscar o marido duas vezes por semana para ir à fisioterapia, a tarefa é difícil.
"Esta escada quando está molhada é perigosa. Os bombeiros iam caindo no outro dia", relata, lembrando que são necessários dois homens para levar o marido até à viatura de transporte de doentes.
A média de idades dos habitantes destes prédios é de cerca de 60 anos, o que fez com que todos os administradores assinassem em Março de 2009 uma petição, enviada à presidente da Câmara de Almada, a pedir uma solução urgente.
Dizendo-se vítimas de "um erro frequente na construção de edifícios", os moradores denunciam, no documento, que "com o envelhecimento das populações aqui residentes, começa a ficar mais saliente de que nunca deveria dispensar-se rampas de acesso".
"Já se escreveu, já tivemos reuniões marcadas. Mandámos cartas e assinaturas, fizemos telefonemas. Andaram aqui a tirar medidas e tudo. Nós acreditámos que iam fazer alguma coisa, mas até agora nada", queixa-se Maria Aldina Neves.
Link aqui
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Há uma década que não saem de casa por falta de uma rampa
Para os moradores dos prédios da Rua José Correia Pires, no Pragal, Almada, não há como fugir aos degraus que dão acesso à rua. Num lado há escadas e do outro também, o que dificulta as deslocações. Os mais doentes não saem de casa há uma década.
"Há 10 anos que estão presos. Até os bombeiros têm dificuldades em vir buscar as pessoas. Estas escadas são um problema", desabafa Manuel Fusco, de 63 anos, residente no Rés-do-Chão esquerdo o Nº12, juntamente com a mulher Assunção da Palma Fusco, de 58 anos.
É com tristeza que confessa não conseguir levar a passear a mulher, que está acamada desde 2000. "Seria muito diferente se pudesse sair nem que fosse até ali abaixo", aponta, frisando que é fundamental "ter qualquer coisa que dê acesso à rua".
Enterrados vivos
Este não é, contudo, caso único entre as mais de 100 famílias que vivem naquela correnteza. "Nunca saem de casa. É a minha irmã, é outro senhor e também uma pessoa deficiente. Estão enterrados vivos em casa", afirma Maria da Palma, 66 anos, preocupada com o facto de a irmã, que partiu a anca numa queda provocada por um ataque de epilepsia causado por medicamentos inadequados, ter dificuldades em sair de casa até para ir ao médico.
A moradora no rés-do-chão esquerdo do Nº 14 sofre do mesmo mal. Maria Aldina Neves, de 64 anos, não consegue tirar de casa o marido de 66, que está confinado a uma cadeira de rodas. "Já vai fazer 11 anos. Só os bombeiros o levam. Eu não consigo sair daqui com ele", lamenta.
"Preciso de um outro acesso. Até porque se quiser apanhar outro carro sem ser uma ambulância não posso", exalta, frisando que também para os elementos dos Bombeiros Voluntários de Almada, que vão buscar o marido duas vezes por semana para ir à fisioterapia, a tarefa é difícil.
"Esta escada quando está molhada é perigosa. Os bombeiros iam caindo no outro dia", relata, lembrando que são necessários dois homens para levar o marido até à viatura de transporte de doentes.
A média de idades dos habitantes destes prédios é de cerca de 60 anos, o que fez com que todos os administradores assinassem em Março de 2009 uma petição, enviada à presidente da Câmara de Almada, a pedir uma solução urgente.
Dizendo-se vítimas de "um erro frequente na construção de edifícios", os moradores denunciam, no documento, que "com o envelhecimento das populações aqui residentes, começa a ficar mais saliente de que nunca deveria dispensar-se rampas de acesso".
"Já se escreveu, já tivemos reuniões marcadas. Mandámos cartas e assinaturas, fizemos telefonemas. Andaram aqui a tirar medidas e tudo. Nós acreditámos que iam fazer alguma coisa, mas até agora nada", queixa-se Maria Aldina Neves.
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