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Caso (cada vez mais!) "basico" de ensino basico

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    Sociedade Caso (cada vez mais!) "basico" de ensino basico

    Os ultimos tempos têm sido um verdadeiro teste às minhas e nossas (familia) capacidades como pais educadores de miudos em fase escolar de ensino basico.

    De forma muito sucinta, eu e a minha mulher somos familia de acolhimento de 2 crianças negligenciadas, com 7 e 9 anos respectivamente.
    Estavamos habituados a um fio condutor de ensino/brincadeira/aprendizagem com os nossos filhos "biológicos", que apresentam um grau de desenvolvimento cognitivo/emocional interessante para as idades.
    Com as crianças que recebemos, no entanto, as limitações e deficits são mais que muitos, o que nos impele para estratégias quase de pré-primaria.
    São crianças que vêm de um meio desestruturado, sem referencias, sem exigencias, com baixa auto estima, com familias origem semi-analfabetas que se descartaram desde cedo da tarefa da paternidade e tudo o que isso implica.

    E como está tanto na voga apregoar ( e com razão, diga-se) da necessidade dos pais fazerem o seu trabalho em vez de esperarem que sejam os professores os unicos intervenientes no formar/educar/socializar das crianças, fico espantado, por outro lado, no desapego ou desresponsabilização educativa por quem de direito, que tambem parece existir a nivel da educação no Ensino Básico: professores (leia-se).

    Podemos criticar opções meramente politicas que fazem com que uma das crianças, com 7 anos, tenha transitado para o 2º ano sem sequer reconhecer as letras do alfabeto. Ou que a outra, com 9 anos, tenha, para espanto meu, transitado para o 4º ano sem saber ler palavras com mais de 2 silabas e faça apenas contas de somar e subtrair com 1 numero.

    E por estar a utilizar (no bom sentido) todo o meu tempo livre e energias disponiveis a "recuperar" essas crianças, achei por bem ir falar com as professoras, dado que a mãe nunca o tinha feito antes. Para ser fundamentalmente orientado sobre o que expectavam e pretendiam para estes miudos. E para me orientarem sobre o que pretendiam que fizesse, para alem do que julgo necessario.

    O meu espanto foi bastante quando percebi que nao expectavam simplesmente nada. Apenas que os miudos incomodassem e perturbassem o minimo as aulas dos outros "que sabem", como me foi dito.

    "E não havia hipotese de terem programado trabalhos para casa, actividades de desenvolvimento, que fizessem os miudos recuperar ou pelos menos, nao se atrasarem ainda mais no periodo longo de férias?" - perguntei eu.
    "Nao lhes competia e nao sabiam que os miudos estavam a encargo de outras pessoas, pq a mãe nao se interessava...", resposta dada.

    Eu até posso fazer um esforço para entender o papel destes professores, quando têm um programa a cumprir, deliberações ministeriais a satisfazer (afinal agora não se reprova, pelos vistos, porque é contraproducente) e crianças com um determinado nivel homogeneo de aprendizagem, a ensinar. Mas daí a demitirem-se do esforço de incentivar, inserir, recuperar crianças com limitações de aprendizagem apenas e só porque estão "muito atrasadas" e atrasam os outros...é inconcebivel para mim. Segundo as doutas professoras, as crianças deviam ir para o "ensino especial", ainda que não lhes tenham sido descobertas razões fisiopatologicas para atraso de desenvolvimento.
    Apenas são miudos que nunca foram motivados ou orientados para o estudo e em que cada ficha ou actividade diária que fazem começa com a invariavel desculpa sinonimo de preguiça mental: "Não sei" ou "Não consigo", mesmo antes de olharem para os exercicios.

    De certa forma, desculpem-me o paralelismo com a minha profissão, era como me dizerem a mim para deixar de programar cuidados ou actividades ou administar terapeutica a um doente, porque ele já nao ia recuperar.
    Editado pela última vez por manucas; 08 June 2011, 13:50.

    #2
    Normalmente as retenções são ponderadas de acordo com a avaliação das expectativas de as crianças poderem recuperar, com vista a atingirem as competencias minimas no final do ciclo de ensino. Isto deve ser baseado nos conhecimentos adquiridos, e se estes constituem pré requisitos necessários para a frequência do ano seguinte.

    Os conhecimentos adquiridos podem ser manifestamente insuficientes, mas é ponderada também a situação das crianças, e se é benéfica ou eficaz a retenção para a sua evolução.

    O que não quer dizer que não possa ter ocorrido um certo facilitismo de transitar duas crianças negligenciadas, para evitar fazer mais 2 relatórios.

    Tens ainda a situação de turmas mistas, não sei se é o caso, em que tens 1º e 2º ano a trabalhar juntos com o mesmo professor, e 3º e 4º na mesma situação, o que torna pouco relevante a transição ou retenção, uma vez que se manteria a criança no mesmo grupo independentemente da situação.

    Cada caso é um caso, ao nível do 1º ciclo não te consigo dizer mais do que acabo de escrever.

    Comentário


      #3
      Bom, imagina que os professores de facto enviavam TPC, trabalhos suplementares, apoios, etc.

      Sejamos claros, essas crianças, no ambiente familiar onde estavam, nunca os fariam.

      Provavelmente os professores tentaram isso tudo que dizes, obviamente sem sucesso.

      Acho muito bem que os professores canalizem as suas energias para os alunos que são de facto interessados e que possuem uma estrutura familiar que os pode apoiar, porque tentar incentivar, inserir, o que lhe queiras chamar, jovens que à partida nunca o conseguirão ser, por impedimentos maiores, é uma perda de tempo e recursos.

      Agora, cabe a ti cometeres (mais) uma boa acção e colocares esses meninos com espírito escolar. De certeza que agora os professores, cientes da situação manifestamente diferente, tomarão outras atitudes. Quando falaste com os professores, disseste que podiam contar contigo para que em casa houvesse um apoio permanente no que toca à vida escolar? Referiste que se houvesse algum problema na escola com esses jovens, quererias ser imediatamente informado?

      Percebo a comparação que fazes com o teu trabalho, mas, se pensares um pouco, vais ver que são situações muito muito diferentes.

      Comentário


        #4
        Entendo esta questão, difícil, de vários ângulos e de certo modo corroboro com a opinião do Movyk.

        Sem qualquer dúvida que perante a situação que tem entre mãos, deveria disponibilizar o seu apoio para tentar recuperar as crianças e até ter com elas alguns cuidados especiais ainda que dissimulados.

        Eu não posso entender que um Professor seja simplesmente um execurtor de tarefas marcadas da 9 às 6! Um professor tem que ser muito mais do que isso. Um Professor tem que exercer por vocação e não por obrigação, como temos vindo a assistir. E a situação piora substancialmente quando encontramos professores do primeiro ciclo a dar erros ortográficos

        Bom, seja como for, perante o atraso que parece ser razoável, também não me ocorre nada mais que não passe por um grande esforço fora da escola.

        Comentário


          #5
          E' uma situacao complicada. E' complicado avaliar se o professor simplesmente nao quer saber ou se e' impossivel lidar com alunos assim.

          Penso que o que esta para tras deve ser esquecido, agora e' fazer uma "task force" para recuperar o tempo perdido. Com a vossa presenca de certeza que os professores agora vao sentir que o seu esforco pode valer a pena, ao contrario de antigamente.

          Comentário


            #6
            Originalmente Colocado por Movyk Ver Post
            Bom, imagina que os professores de facto enviavam TPC, trabalhos suplementares, apoios, etc.

            Sejamos claros, essas crianças, no ambiente familiar onde estavam, nunca os fariam.

            Provavelmente os professores tentaram isso tudo que dizes, obviamente sem sucesso.

            Acho muito bem que os professores canalizem as suas energias para os alunos que são de facto interessados e que possuem uma estrutura familiar que os pode apoiar, porque tentar incentivar, inserir, o que lhe queiras chamar, jovens que à partida nunca o conseguirão ser, por impedimentos maiores, é uma perda de tempo e recursos.

            Agora, cabe a ti cometeres (mais) uma boa acção e colocares esses meninos com espírito escolar. De certeza que agora os professores, cientes da situação manifestamente diferente, tomarão outras atitudes. Quando falaste com os professores, disseste que podiam contar contigo para que em casa houvesse um apoio permanente no que toca à vida escolar? Referiste que se houvesse algum problema na escola com esses jovens, quererias ser imediatamente informado?

            Percebo a comparação que fazes com o teu trabalho, mas, se pensares um pouco, vais ver que são situações muito muito diferentes.
            Não posso concordar com alguns aspectos q referes. Não estamos a falar de um arruaceiro ou javardo de 18 anos com história de desleixo ou desinteresse na escola, falamos de crianças q agora iniciaram o seu percurso, mas com muitas limitações. Bolas, se os professores desinvestem nestas idades, apenas pq a criança não acompanha o programa definido, então ha q redefinir estratégias p esses alunos. Passar-los de ano, fingindo q evoluem ou então colocar-los num canto a desenhar e a contornar enquanto os espertos aprendem a fazer contas... para mim não faz qualquer sentido. E será q o conteúdo programático não pode ser sacrificado uma hora por dia q seja, para ajudar a recuperar quem está atrasado? São questões que coloco, como leigo. Tb não concordo quando dizes que, se as crianças estavam votadas ao desleixo e não faziam os TPC então não valia a pena marcar nada. Mais uma vez soa-me a desinvestimento e desresponsabilização. Mesmo q não os fizessem, tinham q ter um sinal q o professor se preocupa. Senão, qualquer dia, façamos testes psicotécnicos à entrada no ensino básico e se forem crianças q se prevêem difíceis, é melhor nem estudar...(ironizando, claro). Mais uma vez, usando analogias, o utente até me pode garantir q quando for p casa não toma a medicação nem faz o tratamento mas compete-me, ainda assim, ensina-lo como a deve fazer. Claro que informei as professoras de que iria ser o responsável e encarregado educação dos miúdos. Mas Tb ainda não foram definidas quais as professoras do próximo ano lectivo, pelo que me resta ir incentivando durante 1-2 horas por dia, todos os dias, estes miúdos. Agora acho igualmente q essa tarefa terá q ter continuidade na escola e ser partilhada pelos varios intervenientes do ensino ou serei eu q tenho q recuperar sozinho 1 ou 3 anos de escolaridade de uma criança, pq ela aprende mal e atrasa os colegas?
            Editado pela última vez por manucas; 08 August 2010, 11:10.

            Comentário


              #7
              Compreendo o tua reprovação para com a atitude dos professores, mas também compreendo o comportamento e atitude dos professores.

              Primeiro é preciso ver como já disseram que existe um eixo estado-professor-família. No caso dessas crianças tanto estado como família não existiam e por arrasto professores...passo a explicar.

              Repara que não há nada que incentive um professor actual a puxar por alunos sem apoio familiar (porque vai ser muito difícil para não dizer impossível puxar por eles), depois existe o papel de professor na actualidade. A auto-estima e a motivação parece-me que andam por baixo de uma maneira geral, as regras actuais do ensino não favorecem professor ou aluno, resumindo parece-me que a classe dos professores tem vindo na última década ou duas a ser gradualmente arrascada na lama. Isto que acabei de descrever é responsabilidade do estado. Que de tudo fez para arrasar com os professores e outras classes diferenciadas da sociedade.

              Os resultados estão à vista e se antes aparecia um ou outro professor que não fazia um esforço maior para ver se o aluno que se arrastava recuperava...agora provavelmente temos uma percentagem bem grande.

              EDIT: Agora que te deste a conhecer e às tuas intenções pedagógicas se o professor(a) é capaz de pegar nesses alunos. Senão resta mudar para outro professor/escola.
              Editado pela última vez por ; 08 August 2010, 12:07.

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                #8
                Originalmente Colocado por tonyV Ver Post
                Compreendo o tua reprovação para com a atitude dos professores, mas também compreendo o comportamento e atitude dos professores.

                Primeiro é preciso ver como já disseram que existe um eixo estado-professor-família. No caso dessas crianças tanto estado como família não existiam e por arrasto professores...passo a explicar.

                Repara que não há nada que incentive um professor actual a puxar por alunos sem apoio familiar (porque vai ser muito difícil para não dizer impossível puxar por eles), depois existe o papel de professor na actualidade. A auto-estima e a motivação parece-me que andam por baixo de uma maneira geral, as regras actuais do ensino não favorecem professor ou aluno, resumindo parece-me que a classe dos professores tem vindo na última década ou duas a ser gradualmente arrascada na lama. Isto que acabei de descrever é responsabilidade do estado. Que de tudo fez para arrasar com os professores e outras classes diferenciadas da sociedade.

                Os resultados estão à vista e se antes aparecia um ou outro professor que não fazia um esforço maior para ver se o aluno que se arrastava recuperava...agora provavelmente temos uma percentagem bem grande.

                EDIT: Agora que te deste a conhecer e às tuas intenções pedagógicas se o professor(a) é capaz de pegar nesses alunos. Senão resta mudar para outro professor/escola.
                O que é que o estado ganha com isso?

                Comentário


                  #9
                  Movyk:

                  As crianças, independentemente da sua evolução escolar, empenho, dificuldades, ambiente familiar, estrutura socio-económica, etc... têm de ter uma evidente igualdade de oportunidades, e acompanhamento por parte dos professores.

                  Isto é evidente, e professor que "encoste para um canto" crianças que aprendem mais devagar, ou com mais dificuldades, não está a proporcionar-lhes as mesmas oportunidades.

                  Não conheço a situação concreta, nem o contexto das turmas em que as crianças do manucas estavam inseridas, mas se ocorreu uma diferenciação injustificada, que limitou as oportunidades de aprender daquelas crianças, então é uma acusação muito grave. É extremamente difícil de provar, mas penso que dê direito a processo disciplinar.

                  Comentário


                    #10
                    Originalmente Colocado por Israel Ver Post
                    O que é que o estado ganha com isso?
                    Dinheiro:

                    Aposentação de professores dos escalões mais altos com penalizações na reforma, entrando professores contratados a ganhar menos de metade.

                    Comentário


                      #11
                      Originalmente Colocado por 5k2tbm Ver Post
                      Dinheiro:

                      Aposentação de professores dos escalões mais altos com penalizações na reforma, entrando professores contratados a ganhar menos de metade.
                      Ganham uns euros para arrebentar com um país.

                      E ganham olhando a muito curto prazo, se olhares a longo prazo não ganham nada, só perdem.

                      Comentário


                        #12
                        Originalmente Colocado por Israel Ver Post
                        Ganham uns euros para arrebentar com um país.

                        E ganham olhando a muito curto prazo, se olhares a longo prazo não ganham nada, só perdem.
                        Como mudaram as progressões, os que entram na carreira dificilmente algum dia ganharão o mesmo que os que estão a saír.
                        Editado pela última vez por 5k2tbm; 08 August 2010, 13:23.

                        Comentário


                          #13
                          Originalmente Colocado por Israel Ver Post
                          Ganham uns euros para arrebentar com um país.

                          E ganham olhando a muito curto prazo, se olhares a longo prazo não ganham nada, só perdem.
                          Mas achas que algum político neste país tem visão a médio/longo prazo.

                          Como disse o 5k2tbm para além do factor monetário (ordenados, reformas, benesses), permitiu ao estado retirar independência laboral (existem regras ditadas por quem não sabe o que é ensinar e capam a acção de um professor), força social (capacidade de se fazerem ouvir), etc.

                          O mesmo se vai passar (está a passar) com a saúde and so on

                          Comentário


                            #14
                            Originalmente Colocado por Movyk Ver Post
                            Bom, imagina que os professores de facto enviavam TPC, trabalhos suplementares, apoios, etc.

                            Sejamos claros, essas crianças, no ambiente familiar onde estavam, nunca os fariam.

                            Provavelmente os professores tentaram isso tudo que dizes, obviamente sem sucesso.

                            Acho muito bem que os professores canalizem as suas energias para os alunos que são de facto interessados e que possuem uma estrutura familiar que os pode apoiar, porque tentar incentivar, inserir, o que lhe queiras chamar, jovens que à partida nunca o conseguirão ser, por impedimentos maiores, é uma perda de tempo e recursos.

                            Agora, cabe a ti cometeres (mais) uma boa acção e colocares esses meninos com espírito escolar. De certeza que agora os professores, cientes da situação manifestamente diferente, tomarão outras atitudes. Quando falaste com os professores, disseste que podiam contar contigo para que em casa houvesse um apoio permanente no que toca à vida escolar? Referiste que se houvesse algum problema na escola com esses jovens, quererias ser imediatamente informado?

                            Percebo a comparação que fazes com o teu trabalho, mas, se pensares um pouco, vais ver que são situações muito muito diferentes.
                            Já lá vai o tempo em que os "burros" eram colocados de lado! Pensava eu!!!

                            ...

                            Há duas coisas diferentes que é preciso ver. Eles tem dificuldades de aprendizagem ou tem problemas mentais? Já respondeste... problemas de aprendizagem resultantes da situação familiar anterior.

                            Para além do mais, professores que não sabem que o ensino especial não contempla as dificuldades de aprendizagem e ainda tem esse tipo de respostas. Só entendo uma coisa, estão lá para ganhar o deles, à imagem de muitos...

                            Essas crianças antes eram do tipo do desenrasca nas situações do dia, principalmente em brincadeiras? Se sim, podes crer que são bem inteligentes. "Dá-lhes" o que eles querem... computadores. Claro que tens de ter um cuidado na selecção nos programas que lhes vais dar, devem ser direccionados para a aprendizagem anda que dissimulada.
                            Incutir a vontade para fazer pode ser estimulada de várias formas, por vezes em actividades que não tem nada a ver, como por exemplo o desporto. Se vais fazer exercício físico puxa por eles, podem dizer que não lhe apetece mas tens de os convencer a fazer. O que lhes custa é o começar depois até gostam, tal como na aprendizagem. Tem um tipo de motivação extrínseca, não são capazes de se estimular mentalmente precisam de estímulos exteriores, tens de ser tu (e não só...) a incentivar à acção.

                            Já tinha lido noutro tópico sobre a situação... boa sorte, tem momentos que é complicado mas outros bem gratificantes.

                            Comentário


                              #15
                              A questão é que se está a tornar a escola uma linha de montagem, ignorando-se as diferenças inerentes a cada profissão, e está a desumanizar-se todo o sistema de ensino para se obter 2 tostões.

                              Se há coisa que a escola também tem de transmitir é valores, e não formatar seres humanos como quem está numa fábrica qualquer e o que conta é o número de unidades produzidas.

                              Manucas, quantos alunos tinham as turmas das crianças que acolheste?

                              Comentário


                                #16
                                Originalmente Colocado por Movyk Ver Post
                                Bom, imagina que os professores de facto enviavam TPC, trabalhos suplementares, apoios, etc.

                                Sejamos claros, essas crianças, no ambiente familiar onde estavam, nunca os fariam.

                                Provavelmente os professores tentaram isso tudo que dizes, obviamente sem sucesso.

                                Acho muito bem que os professores canalizem as suas energias para os alunos que são de facto interessados e que possuem uma estrutura familiar que os pode apoiar, porque tentar incentivar, inserir, o que lhe queiras chamar, jovens que à partida nunca o conseguirão ser, por impedimentos maiores, é uma perda de tempo e recursos.


                                Agora, cabe a ti cometeres (mais) uma boa acção e colocares esses meninos com espírito escolar. De certeza que agora os professores, cientes da situação manifestamente diferente, tomarão outras atitudes. Quando falaste com os professores, disseste que podiam contar contigo para que em casa houvesse um apoio permanente no que toca à vida escolar? Referiste que se houvesse algum problema na escola com esses jovens, quererias ser imediatamente informado?

                                Percebo a comparação que fazes com o teu trabalho, mas, se pensares um pouco, vais ver que são situações muito muito diferentes.
                                Por momentos, fiquei sem palavras.

                                Já agora, mandar matá-las, não?!!!

                                Já não são muitas, mas ainda se vêm crianças que são inteligentes em meios muito pobres e não estruturados.

                                Como já foi dito, uma coisa é não fazer esforço por um gajo de 15 anos ou mais, a quem já tiverem sido dadas várias oportunidades. Agora, ignorar, logo à partida, uma criança de 6 anos .

                                Quanto ao tópico, realmente deve ser agora bastante mais complicado incutir alguma coisa nas crianças, quando passaram 1 e 3 anos na escola sem que tenha sido feito qualquer esforço.

                                Adivinho um caminho muito duro. Mas se se conseguir alguma coisa, deve dar uma alegria enorme.

                                E que tal experimentar um sistema de recompensa? Do tipo, quando acabares estas contas, podes comer um gelado. Não é um sistema que goste, mas em casos "extremos" pode funcionar.

                                Comentário


                                  #17
                                  Originalmente Colocado por Movyk Ver Post
                                  ...
                                  Provavelmente os professores tentaram isso tudo que dizes, obviamente sem sucesso.

                                  Acho muito bem que os professores canalizem as suas energias para os alunos que são de facto interessados e que possuem uma estrutura familiar que os pode apoiar, porque tentar incentivar, inserir, o que lhe queiras chamar, jovens que à partida nunca o conseguirão ser, por impedimentos maiores, é uma perda de tempo e recursos.

                                  ...
                                  Ou seja quem já está na fossa, apenas pode perspectivar ficar mais.
                                  Até pode ser muito inteligente e ser a situação pessoal e familiar a não deixar expor o que sabe, mas o melhor é deixar de lado.

                                  Depois admiram-se e ficam indignados por haver bairros de lata/sociais e os assaltantes terem 10~12 anos.

                                  Comentário


                                    #18
                                    Originalmente Colocado por UmDois Ver Post
                                    Já lá vai o tempo em que os "burros" eram colocados de lado! Pensava eu!!!

                                    Manucas, se permites a intromissão de um pequeno texto retirado do meu Blog:

                                    Mas afinal, que espécie é essa de burros que teimamos clamar?...






                                    Já o dizia um conterrâneo nosso do outro lado do atlântico... “O burro sou eu?”, não! Para mim não existe burros, muitos querem o fazer parecer, ou assim, afirmar, é uma forma de desestabilizar e deitar a pessoa abaixo. Fazer desacreditar que uma pessoa é capaz das suas capacidades.

                                    Já em pequeno e nas escolas se incentivava a isso, colocar de parte, num cantinho, no seu castigo e com as orelhas de tal animal personificando aquilo que se lamentavelmente se associa a ele e não terá ele culpas nenhumas nisso, ainda bem que já vou tendo poucos conhecimentos de que isso aconteça, ou então que não me chegue a eles (conhecimento) que assim o é preferível.

                                    Temos de nos mentalizar de uma coisa, aquilo que muitos achamos não o é. Existe sim pessoas com maiores capacidades que outras, pessoas que as revelam em determinadas áreas ao contrário de outras, pessoas que por muito esforço e que por vezes seja limitativo conseguem atingir os seus objectivos, mesmo que necessitando de maior tempos, dedicação, e incentivo para o fazer isto é fundamental. E tão pouco nós vemos isso, é preferível ou mais fácil insultar os outros por não corresponder às expectativas que se exige, mas nós temos de moldar as expectativas em conformidade com cada pessoa e não podemos no geral forçar a que tudo corresponda a um padrão que se igualiza a todos. A diferença reside nas nossas caracteristicas próprias e não nas semelhanças. É certo que somos seres semelhantes, mas, tudo marca a nossa diferença, ao que para mim nunca existe comparação possível entre alguém.

                                    Deixemos de utilizar estas expressões que nada é de positivo, pelo contrário, o que custa, que dá trabalho, mas reflecte melhores resultados é incentivar, ler as capacidades que a própria pessoa consegue desempenhar, como e onde, saber indicar um caminho e dar liderança a que ela a própria consiga fazer, como assim, tomar as suas rédeas, é isto que falta para atingir os patamares que exigem.

                                    Deixemos também, estes animais viverem as suas vidas sossegados e não chamemos aquilo que não é.

                                    Nós não somos burros, somos pessoas, seres que com a nossa inteligência diversificada conseguimos atingir o nossos feitos com maior ou menor facilidade, mas o que conta é que os atinjamos.

                                    Até acho que este pobre animal se possa sentir ofendido, quanto mais nós homens, não dignificamos nós em nada, as capacidades de cada um como a valorização da própria pessoa e não passamos disto, a viver das ofensas que nos convém. Temos de nos retratar, retirar isso do nosso vocabulário, e que se for preciso que se faça um abaixo-assinado, mas burros não, não lhe vejo nem associo, qualquer semelhança com o homem, que, não ser que seja um ser vivo.

                                    Desculpem-me a sinceridade e não querer ter de usar a expressão ( que por vezes até cometa as minhas burrices, mas isso não faz de mim de todo que o seja) que estou a tentar negar que o que aqui digo, não o chamo a ninguém porque ninguém o é, mas, no meio de tudo é uma tremenda insensatez dizer que o sejamos, o burros estão no seu espaço como nós no nosso e não clamemos isso para onde não tem qualquer fundamentação, cuidem lá dos animais, deixem os ficar sossegados, e não os ofendam; melhor, ou mais ainda os homens

                                    Comentário


                                      #19
                                      Originalmente Colocado por manucas Ver Post
                                      Não posso concordar com alguns aspectos q referes. Não estamos a falar de um arruaceiro ou javardo de 18 anos com história de desleixo ou desinteresse na escola, falamos de crianças q agora iniciaram o seu percurso, mas com muitas limitações. Bolas, se os professores desinvestem nestas idades, apenas pq a criança não acompanha o programa definido, então ha q redefinir estratégias p esses alunos. Passar-los de ano, fingindo q evoluem ou então colocar-los num canto a desenhar e a contornar enquanto os espertos aprendem a fazer contas... para mim não faz qualquer sentido. E será q o conteúdo programático não pode ser sacrificado uma hora por dia q seja, para ajudar a recuperar quem está atrasado? São questões que coloco, como leigo. Tb não concordo quando dizes que, se as crianças estavam votadas ao desleixo e não faziam os TPC então não valia a pena marcar nada. Mais uma vez soa-me a desinvestimento e desresponsabilização. Mesmo q não os fizessem, tinham q ter um sinal q o professor se preocupa. Senão, qualquer dia, façamos testes psicotécnicos à entrada no ensino básico e se forem crianças q se prevêem difíceis, é melhor nem estudar...(ironizando, claro). Mais uma vez, usando analogias, o utente até me pode garantir q quando for p casa não toma a medicação nem faz o tratamento mas compete-me, ainda assim, ensina-lo como a deve fazer. Claro que informei as professoras de que iria ser o responsável e encarregado educação dos miúdos. Mas Tb ainda não foram definidas quais as professoras do próximo ano lectivo, pelo que me resta ir incentivando durante 1-2 horas por dia, todos os dias, estes miúdos. Agora acho igualmente q essa tarefa terá q ter continuidade na escola e ser partilhada pelos varios intervenientes do ensino ou serei eu q tenho q recuperar sozinho 1 ou 3 anos de escolaridade de uma criança, pq ela aprende mal e atrasa os colegas?
                                      Em relação ao que foi destacado a azul, diria antes irresponsabilidade!

                                      Em vermelho, acho que quem tem de fazer testes psicotecnicos são os professores. Se não têm perfil para serem bons professores e não deixarem ninguém de parte, que vão plantar batatas.

                                      É revoltante saber que estas coisas acontecem.

                                      Comentário


                                        #20
                                        Bom, como houve uma tentativa de virarem a cabeça do prego àquilo que eu disse, ou, no mínimo, um problema de interpretação, reformulo as minhas palavras.

                                        Não sei há quanto tempo andaram na primária, aqueles que se manifestaram contra a minha resposta.

                                        Eu andei há uns 15 anos. Lembro-me bem como era.

                                        Havia os que queriam aprender, e os outros. Os que queriam dar porrada nos mais novos no intervalo, os que faltavam durante semanas à escola, para depois voltarem e verem a escola a ser benevolentes com eles, e secalhar até a passá-los de ano.

                                        Sejamos francos, uma criança na primária, só não aprende, porque não está minimamente interessada. Não é função dos professores, conseguir incentivar uma criança que, no seu ambiente familiar, é incentivada para a ideia anti-escolar. Por muita teoria que debitem aqui, não é possível. Vão às escolas e confiram por vocês. Porque falar de fora é fácil...só quem está dentro sabe.

                                        Por isso sim, acho que os professores devem apostar nos alunos que querem realmente aprender, e aqui não há distinção entre pobres e ricos (como alguém quis fazer parecer que eu tivesse dito, mas não disse), porque eu nunca fui rico e sempre quis aprender.

                                        E apostar nos alunos que querem aprender, não é deixar os outros que não querem aprender de lado, porque eles mesmos se puseram de lado! Percebo que seja mais fácil culpabilizar o professor, o bode expiatório. Mas a culpa não foi deles. Foi dos pais, da família, que desde o ínicio, não incutiram à criança o espírito de estudo, de atenção nas aulas, de respeito pelos outros. São crianças que vão para a escola para desestabilizar, gozar com os outros, etc. Aprender não é o seu objectivo, de todo! Seria possível colocar essa criança ao nível das outras? Com certeza, com apoio permanente; não com um professor que tem de prestar atenção a 30 crianças, durante umas escassas 7 ou 8 horas diárias, durante uns 150 dias.

                                        Por isso digo, não falem de fora. Conheçam a realidade.

                                        PS:Já agora, manucas, perguntaste como seria possível uma criança no segundo ano não saber sequer as letras do alfabeto; acontece que, legalmente, não é possível chumbar uma criança no primeiro ano. E em breve, conforme a ministra da educação pretende, nem chumbos haverá. Uma ideia brilhante, apoiada por muitos...

                                        Poderás perguntar-te porque não houve apoios para essa criança; não sei se houve ou não. Não acho relevante. Na primeira classe a matéria não é de dificuldade extrema; ter esses deficits de conhecimento só demonstra que a criança não mostrou o mínimo interesse na escola.

                                        Por isso voltamos ao mesmo, o problema, não é da escola, dos professores. É dos educadores.
                                        Editado pela última vez por Movyk; 09 August 2010, 01:01.

                                        Comentário


                                          #21
                                          Não concordo com a tua opinião, o professor tem de saber usar pedagogias e estratégias para resgatar os alunos que mostram desinteresse nas aulas.

                                          Nem sempre se consegue, mas em miúdos de 6 a 10 anos não se pode desistir.

                                          A tua posição pode entender-se para alunos do secundário, que já são crescidinhos para pensar no que querem fazer na vida. No 1º ciclo não...

                                          Comentário


                                            #22
                                            Originalmente Colocado por 5k2tbm Ver Post
                                            Não concordo com a tua opinião, o professor tem de saber usar pedagogias e estratégias para resgatar os alunos que mostram desinteresse nas aulas.

                                            Nem sempre se consegue, mas em miúdos de 6 a 10 anos não se pode desistir.
                                            .
                                            Lá está, estás a falar, mas desconheces a realidade.

                                            Muitas vezes estes alunos são os que retiram mais tempo aos professores (no meu tempo era assim), recebem fichas de apoio, têm muitas vezes aulas de apoio, etc.

                                            É impossível, por mais pedagogias e estratégias teóricas, incentivar um aluno que não tem uma estrutura familiar responsável.

                                            Comentário


                                              #23
                                              Eu também acho que a educação deve ser dada em casa, os professores estão lá para formar e ensinar as matérias.

                                              Agora em crianças da idade que estamos a falar, não são alunos do preparatório ou secundário, os professores também tem um papel educacional e por muito trabalhoso que seja, A ESCOLA não deve virar as costas a uma criança nestas condições e nesta idade.

                                              Comentário


                                                #24
                                                Originalmente Colocado por Movyk Ver Post
                                                Lá está, estás a falar, mas desconheces a realidade.
                                                Olhe que não! Olhe que não!...

                                                Comentário


                                                  #25
                                                  Os Professores não têm 70/80 filhos, a sua função é transmitir conhecimentos e garantir que os seus alunos os recebem da melhor forma, além de fomentarem também a disciplina, sentido de responsabilidade e tantos outros aspectos estritamente escolares/pedagógicos.

                                                  Actualmente e generalizando, todos se acham no direito de dar lições de como ensinar e que até é bastante fácil mas a maioria nem sabe o que isso é e a prova disso são os filhos que têm em casa, por exemplo.

                                                  Neste caso específico eu percebo o ponto de vista mas os professores estão de mãos atadas, pura e simplesmente devem ter mais de 20/25 alunos por turma e deverão existir outros com problemas ainda mais graves como doenças mentais ou físicas crónicas.
                                                  Quanto muito pode ser pedido o apoio à escola no sentido de disponibilizar um psicólogo caso o tenha e ver que actividades extra-curriculares fazem parte da mesma, podem ser uma boa ajuda.

                                                  Querem atribuir culpas? Culpem aqueles que quiseram cortar na educação e fecharam vários recintos que davam especial suporte a vários casos especiais, agora é tudo ao mesmo.

                                                  Comentário


                                                    #26
                                                    Originalmente Colocado por Valium Ver Post
                                                    A ESCOLA não deve virar as costas a uma criança nestas condições e nesta idade.
                                                    Não foi a escola que virou as costas à criança, foi, em primeiro lugar, a criança (ou melhor, os seus educadores) que virou as costas à escola

                                                    Se é (ou seria) possível inverter esta situação? Talvez, mas com os cortes e cortes na educação, será que há capacidade para criar apoios permanente, psicólogos, etc?

                                                    Não cabe ao professor inverter a situação na sala de aula! Isso é simplesmente utópico.

                                                    Comentário


                                                      #27
                                                      Originalmente Colocado por Movyk Ver Post
                                                      Não foi a escola que virou as costas à criança, foi, em primeiro lugar, a criança (ou melhor, os seus educadores) que virou as costas à escola

                                                      Se é (ou seria) possível inverter esta situação? Talvez, mas com os cortes e cortes na educação, será que há capacidade para criar apoios permanente, psicólogos, etc?

                                                      Não cabe ao professor inverter a situação na sala de aula! Isso é simplesmente utópico.
                                                      Estás a confundir dificuldades de aprendizagem com problemas de comportamento.

                                                      O que tem a ver os cortes na educação com uma situação de sala?

                                                      Os professores não trabalham oito horas por dia nem onze meses por ano precisamente para trabalhar este tipo de situações, entre outras...

                                                      Comentário


                                                        #28
                                                        Originalmente Colocado por UmDois Ver Post
                                                        Estás a confundir dificuldades de aprendizagem com problemas de comportamento.

                                                        O que tem a ver os cortes na educação com uma situação de sala?

                                                        Os professores não trabalham oito horas por dia nem onze meses por ano precisamente para trabalhar este tipo de situações, entre outras...
                                                        Dificuldades de aprendizagem? Na primária?

                                                        Sejamos francos, ou a criança tem algum problema e necessita de apoio especial, ou quem sabe de ser inserido numa escola especial, ou então a única dificuldade de aprendizagem possível é devida à falta de trabalho, falta de método, falta de estudo, que deviam ser incentivados em casa.

                                                        Não percebi a última frase, mas creio que não estás a dizer que a culpa dos meninos não quererem aprender é dos professores, pois não?

                                                        Comentário


                                                          #29
                                                          Basta a criança ter carencias a vários níveis, seja de alimentação, ou de outra natureza qualquer, para isso se reflectir na sua aprendizagem.

                                                          Existem dificuldades de aprendizagem em qualquer ciclo de ensino, pelas mais diversas razões, nem que seja pelo facto de as crianças não serem todas iguais e aprenderem a ritmos diferentes.

                                                          Quanto à "escola especial", se ela está a ser abandonada a favor de um ensino integrado, a chamada "escola inclusiva", queres amndar crianças com dificuldades de aprendizagem para escolas de ensino especial?

                                                          Já viste a atrocidade que isso seria?

                                                          Comentário


                                                            #30
                                                            Os professores tinham o dever de referenciar essa situação à direcção da escola, que se encontra inserida na chamada "CPCJ alargada".

                                                            Quanto mais cedo o processo fosse iniciado, mais atempado teria sido o acompanhamento às crianças e evitar-se-ia, porventura, o atraso presente neste momento.

                                                            Manucas: Dou-te novamente os parabéns pela tua iniciativa, começa por traçares objectivos às próprias crianças em que sejam recompensadas, por exemplo com um passeio, um jogo, um chocolate...

                                                            Comentário

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