Os ultimos tempos têm sido um verdadeiro teste às minhas e nossas (familia) capacidades como pais educadores de miudos em fase escolar de ensino basico.
De forma muito sucinta, eu e a minha mulher somos familia de acolhimento de 2 crianças negligenciadas, com 7 e 9 anos respectivamente.
Estavamos habituados a um fio condutor de ensino/brincadeira/aprendizagem com os nossos filhos "biológicos", que apresentam um grau de desenvolvimento cognitivo/emocional interessante para as idades.
Com as crianças que recebemos, no entanto, as limitações e deficits são mais que muitos, o que nos impele para estratégias quase de pré-primaria.
São crianças que vêm de um meio desestruturado, sem referencias, sem exigencias, com baixa auto estima, com familias origem semi-analfabetas que se descartaram desde cedo da tarefa da paternidade e tudo o que isso implica.
E como está tanto na voga apregoar ( e com razão, diga-se) da necessidade dos pais fazerem o seu trabalho em vez de esperarem que sejam os professores os unicos intervenientes no formar/educar/socializar das crianças, fico espantado, por outro lado, no desapego ou desresponsabilização educativa por quem de direito, que tambem parece existir a nivel da educação no Ensino Básico: professores (leia-se).
Podemos criticar opções meramente politicas que fazem com que uma das crianças, com 7 anos, tenha transitado para o 2º ano sem sequer reconhecer as letras do alfabeto. Ou que a outra, com 9 anos, tenha, para espanto meu, transitado para o 4º ano sem saber ler palavras com mais de 2 silabas e faça apenas contas de somar e subtrair com 1 numero.
E por estar a utilizar (no bom sentido) todo o meu tempo livre e energias disponiveis a "recuperar" essas crianças, achei por bem ir falar com as professoras, dado que a mãe nunca o tinha feito antes. Para ser fundamentalmente orientado sobre o que expectavam e pretendiam para estes miudos. E para me orientarem sobre o que pretendiam que fizesse, para alem do que julgo necessario.
O meu espanto foi bastante quando percebi que nao expectavam simplesmente nada. Apenas que os miudos incomodassem e perturbassem o minimo as aulas dos outros "que sabem", como me foi dito.
"E não havia hipotese de terem programado trabalhos para casa, actividades de desenvolvimento, que fizessem os miudos recuperar ou pelos menos, nao se atrasarem ainda mais no periodo longo de férias?" - perguntei eu.
"Nao lhes competia e nao sabiam que os miudos estavam a encargo de outras pessoas, pq a mãe nao se interessava...", resposta dada.
Eu até posso fazer um esforço para entender o papel destes professores, quando têm um programa a cumprir, deliberações ministeriais a satisfazer (afinal agora não se reprova, pelos vistos, porque é contraproducente) e crianças com um determinado nivel homogeneo de aprendizagem, a ensinar. Mas daí a demitirem-se do esforço de incentivar, inserir, recuperar crianças com limitações de aprendizagem apenas e só porque estão "muito atrasadas" e atrasam os outros...é inconcebivel para mim. Segundo as doutas professoras, as crianças deviam ir para o "ensino especial", ainda que não lhes tenham sido descobertas razões fisiopatologicas para atraso de desenvolvimento.
Apenas são miudos que nunca foram motivados ou orientados para o estudo e em que cada ficha ou actividade diária que fazem começa com a invariavel desculpa sinonimo de preguiça mental: "Não sei" ou "Não consigo", mesmo antes de olharem para os exercicios.
De certa forma, desculpem-me o paralelismo com a minha profissão, era como me dizerem a mim para deixar de programar cuidados ou actividades ou administar terapeutica a um doente, porque ele já nao ia recuperar.
De forma muito sucinta, eu e a minha mulher somos familia de acolhimento de 2 crianças negligenciadas, com 7 e 9 anos respectivamente.
Estavamos habituados a um fio condutor de ensino/brincadeira/aprendizagem com os nossos filhos "biológicos", que apresentam um grau de desenvolvimento cognitivo/emocional interessante para as idades.
Com as crianças que recebemos, no entanto, as limitações e deficits são mais que muitos, o que nos impele para estratégias quase de pré-primaria.
São crianças que vêm de um meio desestruturado, sem referencias, sem exigencias, com baixa auto estima, com familias origem semi-analfabetas que se descartaram desde cedo da tarefa da paternidade e tudo o que isso implica.
E como está tanto na voga apregoar ( e com razão, diga-se) da necessidade dos pais fazerem o seu trabalho em vez de esperarem que sejam os professores os unicos intervenientes no formar/educar/socializar das crianças, fico espantado, por outro lado, no desapego ou desresponsabilização educativa por quem de direito, que tambem parece existir a nivel da educação no Ensino Básico: professores (leia-se).
Podemos criticar opções meramente politicas que fazem com que uma das crianças, com 7 anos, tenha transitado para o 2º ano sem sequer reconhecer as letras do alfabeto. Ou que a outra, com 9 anos, tenha, para espanto meu, transitado para o 4º ano sem saber ler palavras com mais de 2 silabas e faça apenas contas de somar e subtrair com 1 numero.
E por estar a utilizar (no bom sentido) todo o meu tempo livre e energias disponiveis a "recuperar" essas crianças, achei por bem ir falar com as professoras, dado que a mãe nunca o tinha feito antes. Para ser fundamentalmente orientado sobre o que expectavam e pretendiam para estes miudos. E para me orientarem sobre o que pretendiam que fizesse, para alem do que julgo necessario.
O meu espanto foi bastante quando percebi que nao expectavam simplesmente nada. Apenas que os miudos incomodassem e perturbassem o minimo as aulas dos outros "que sabem", como me foi dito.
"E não havia hipotese de terem programado trabalhos para casa, actividades de desenvolvimento, que fizessem os miudos recuperar ou pelos menos, nao se atrasarem ainda mais no periodo longo de férias?" - perguntei eu.
"Nao lhes competia e nao sabiam que os miudos estavam a encargo de outras pessoas, pq a mãe nao se interessava...", resposta dada.
Eu até posso fazer um esforço para entender o papel destes professores, quando têm um programa a cumprir, deliberações ministeriais a satisfazer (afinal agora não se reprova, pelos vistos, porque é contraproducente) e crianças com um determinado nivel homogeneo de aprendizagem, a ensinar. Mas daí a demitirem-se do esforço de incentivar, inserir, recuperar crianças com limitações de aprendizagem apenas e só porque estão "muito atrasadas" e atrasam os outros...é inconcebivel para mim. Segundo as doutas professoras, as crianças deviam ir para o "ensino especial", ainda que não lhes tenham sido descobertas razões fisiopatologicas para atraso de desenvolvimento.
Apenas são miudos que nunca foram motivados ou orientados para o estudo e em que cada ficha ou actividade diária que fazem começa com a invariavel desculpa sinonimo de preguiça mental: "Não sei" ou "Não consigo", mesmo antes de olharem para os exercicios.
De certa forma, desculpem-me o paralelismo com a minha profissão, era como me dizerem a mim para deixar de programar cuidados ou actividades ou administar terapeutica a um doente, porque ele já nao ia recuperar.
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