"Linguagem virtual" atrofia-nos o cérebro
06 | 12 | 2010 20.33H
Isabel Stilwell | editorial@destak.pt
Quantas vezes é que já foi tentado (e cedeu) a mandar uma SMS sobre um assunto delicado só porque não se sente com coragem de ver o impacto daquilo que tem a dizer na cara da outra pessoa?
E quantas vezes é que leu as palavras de um e-mail como um insulto, para depois descobrir que quem lhas escreveu “estava a brincar”? Apesar dos “lols” e dos “smiles” que se podem introduzir, a verdade é que a comunicação escrita é muito mais pobre, porque lhe falta as expressões do rosto e o tom da voz. Mas como é mais rápida e simples, e evita (ou adia) chatisses, tendemos a usá-la cada vez mais, para angústia dos especialistas em comunicação, que a consideram uma das responsáveis pelo decréscimo na empatia, qualidade que funciona como cola das nossas relações sociais.
Aliás, um estudo da Universidade do Michigan, divulgado pela Psychology Today, indica que os estudantes universitários registavam em 2009 menos 40% de empatia do que em 1997. As cobaias tinham de responder a perguntas sobre a sua preocupação com os menos afortunados e ainda a questões em que lhes era pedido que se colocassem no lugar do outro. Para explicar este decréscimo, os investigadores apontaram a crescente falta de treino nas relações interpessoais “ao vivo”.
Dan Hill, um especialista de comunicação citado pela PT, lembra que conversar é uma aprendizagem complexa, que envolve saber interpretar as expressões faciais de quem temos à frente. «Os seres humanos têm mais músculos faciais do que qualquer outra espécie no planeta (43) e o nosso cérebro está preparado para ler todas elas. Metade do cérebro tem como função processar informação visual.»
É o que fazemos, diz, sempre que dedilhamos SMS ou consultamos mails, enquanto falam connosco. Para além de má-educação e sinal de desinteresse, estamos a deixar atrofiar uma das maiores capacidades que os nossos antepassados nos deixaram em herança.
06 | 12 | 2010 20.33H
Isabel Stilwell | editorial@destak.pt
Quantas vezes é que já foi tentado (e cedeu) a mandar uma SMS sobre um assunto delicado só porque não se sente com coragem de ver o impacto daquilo que tem a dizer na cara da outra pessoa?
E quantas vezes é que leu as palavras de um e-mail como um insulto, para depois descobrir que quem lhas escreveu “estava a brincar”? Apesar dos “lols” e dos “smiles” que se podem introduzir, a verdade é que a comunicação escrita é muito mais pobre, porque lhe falta as expressões do rosto e o tom da voz. Mas como é mais rápida e simples, e evita (ou adia) chatisses, tendemos a usá-la cada vez mais, para angústia dos especialistas em comunicação, que a consideram uma das responsáveis pelo decréscimo na empatia, qualidade que funciona como cola das nossas relações sociais.
Aliás, um estudo da Universidade do Michigan, divulgado pela Psychology Today, indica que os estudantes universitários registavam em 2009 menos 40% de empatia do que em 1997. As cobaias tinham de responder a perguntas sobre a sua preocupação com os menos afortunados e ainda a questões em que lhes era pedido que se colocassem no lugar do outro. Para explicar este decréscimo, os investigadores apontaram a crescente falta de treino nas relações interpessoais “ao vivo”.
Dan Hill, um especialista de comunicação citado pela PT, lembra que conversar é uma aprendizagem complexa, que envolve saber interpretar as expressões faciais de quem temos à frente. «Os seres humanos têm mais músculos faciais do que qualquer outra espécie no planeta (43) e o nosso cérebro está preparado para ler todas elas. Metade do cérebro tem como função processar informação visual.»
É o que fazemos, diz, sempre que dedilhamos SMS ou consultamos mails, enquanto falam connosco. Para além de má-educação e sinal de desinteresse, estamos a deixar atrofiar uma das maiores capacidades que os nossos antepassados nos deixaram em herança.
Sem qualquer ironia, penso que este artigo explica em grande parte os conflitos que surgem frequentemente por aqui, mas por duas perspectivas principais:
1 - A comunicação virtual não permite, muitas vezes, perceber o "tom de voz", ou seja, a verdadeira intenção com que se diz algo. Os smilies ajudam, mas nem todos sabem ou querem utilizá-los. Para além disso, a comunicação virtual não permite ver expressões do rosto, que dizem muito mais do que as simples palavras (há um estudo qualquer que diz que a larga maioria da comunicação é não verbal).
2 - O facto de muitas pessoas passarem tempo excessivo na net e pouco tempo em relacionamentos pessoais e "reais" faz com que se tornem mais agressivas e menos tolerantes - em suma, menos capazes de comunicar com lealdade, correcção e isenção.
Este fenómeno é particularmente visível nos tópicos do futebol (embora aí haja vários outros factores à mistura) mas é um mal um pouco transversal a todo o fórum.
Qual a vossa opinião sobre isto?
Comentário