Pois é, já todos conhecemos o problema, já todos o discutimos aqui e ali, mas é de facto triste ver os dados que vão agora ser revelados...
Estudo demográfico
Portugal sem espaço para jovens jogadores
PUBLICO.PT Desporto - Portugal sem espaço para jovens jogadores
Ver infografia: http://static.publico.pt/desporto/in...aJogadores.swf
O nosso seleccionador de sub-21 diz que apenas 6 dos mais de 400 jovens seleccionáveis jogam na 1ª Liga...
Rui Jorge: "Temos dificuldades em encontrar jogadores portugueses"
PUBLICO.PT Desporto - Rui Jorge: "Temos dificuldades em encontrar jogadores portugueses"
E depois vemos jovens portugueses a serem os melhores nas equipas que apostam neles - Pizzi no Paços, João Ribeiro no Guimarães, B. Gama no Rio Ave, etc...
Algo vai muito mal no futebol português, e qualquer dia isto dá o estouro...
Estudo demográfico
Portugal sem espaço para jovens jogadores
Em média, apenas 6,4 por cento dos jogadores das equipas da I Liga portuguesa de futebol foram formados no clube que actualmente representam. Esta é uma das principais conclusões da terceira edição do Estudo Demográfico sobre Futebolistas na Europa, que será hoje apresentada e a que o PÚBLICO teve acesso.
Este dado sobre a falta de espaço para os jovens jogadores nacionais cruza-se também com o conhecido recurso a jogadores estrangeiros: a Liga portuguesa é a terceira que mais recorre a futebolistas de outros países (56,4 por cento), sendo só superada por Chipre e Inglaterra.
Outra característica comprovada por este estudo é a elevada rotação de jogadores nas equipas portuguesas: por um lado, os clubes nacionais estão no topo quando se compara o número de contratações efectuadas (média de 13,3 em 2010) e, por outro lado, os futebolistas permanecem, em média, pouco mais de dois anos nas respectivas equipas.
Uma das explicações para esta situação é o facto de Portugal ser também um país exportador. No universo de 36 campeonatos europeus analisados, os portugueses representam o quinto maior contingente de jogadores a actuar fora dos países de origem, atrás de Brasil, França, Argentina e Sérvia. Ao todo, eram 124 os portugueses que no início da temporada jogavam fora do país, em campeonatos europeus.
"Os futebolistas que emigram têm de ser substituídos por outros, o que explica a grande rotação", diz ao PÚBLICO Raffaele Poli, um dos autores do estudo demográfico. "Além disso, muitos clubes portugueses estão em má situação financeira, o que constantemente os leva a procurar novos jogadores, no sentido de os vender por preços mais elevados", acrescenta Poli, notando também a crescente intervenção de empresários que detêm percentagens de passes de jogadores - em Portugal e não só.
O Brasil continua a ser a origem preferencial dos jogadores contratados no exterior para o campeonato português e os clubes lusos demonstram particular interesse por futebolistas não europeus, especialmente da América do Sul, a ponto de o Benfica liderar o ranking dos clubes que mais contratam jogadores a emblemas de fora da Europa. Nessa lista, seis dos presentes no top ten são portugueses.
No contexto dos 534 clubes analisados, há também dois portugueses entre os que têm maior percentagem de estrangeiros: Marítimo (6.º, com 78,6 por cento) e Braga (11.º, com 76,9 por cento). No pólo oposto continuam o Athletic de Bilbau e mais 24 clubes (do Atletas Kaunas da Lituânia ao Finlal da Irlanda), que jogam sem atletas de outros países.
Preocupação na selecção
Os principais clubes portugueses até têm tradição na formação - a ponto de Sporting, FC Porto (ambos com nove atletas) e Benfica (oito) terem jogadores emprestados a outros clubes -, mas a falta de oportunidades para os jovens jogadores é quase transversal a todos as equipas nacionais. O Sporting é a excepção, tendo cinco jogadores (20 por cento) que saíram da sua formação. O FC Porto tem apenas dois e o Benfica um. Clubes como Académica e Nacional ficam mesmo a zero - sendo que, para ser considerado formado no clube, um futebolista tem de lá ter jogado pelo menos três épocas entre os 15 e os 21 anos.
Este cenário é fonte de grande preocupação na Federação Portuguesa de Futebol, onde já se sentem os efeitos nas selecções mais jovens. Rui Jorge, treinador dos sub-21, admitiu ao PÚBLICO que já sente dificuldades em encontrar jovens jogadores portugueses e revelou que do universo dos 481 seleccionáveis para a sua equipa apenas seis têm jogado na I Liga.
Este dado sobre a falta de espaço para os jovens jogadores nacionais cruza-se também com o conhecido recurso a jogadores estrangeiros: a Liga portuguesa é a terceira que mais recorre a futebolistas de outros países (56,4 por cento), sendo só superada por Chipre e Inglaterra.
Outra característica comprovada por este estudo é a elevada rotação de jogadores nas equipas portuguesas: por um lado, os clubes nacionais estão no topo quando se compara o número de contratações efectuadas (média de 13,3 em 2010) e, por outro lado, os futebolistas permanecem, em média, pouco mais de dois anos nas respectivas equipas.
Uma das explicações para esta situação é o facto de Portugal ser também um país exportador. No universo de 36 campeonatos europeus analisados, os portugueses representam o quinto maior contingente de jogadores a actuar fora dos países de origem, atrás de Brasil, França, Argentina e Sérvia. Ao todo, eram 124 os portugueses que no início da temporada jogavam fora do país, em campeonatos europeus.
"Os futebolistas que emigram têm de ser substituídos por outros, o que explica a grande rotação", diz ao PÚBLICO Raffaele Poli, um dos autores do estudo demográfico. "Além disso, muitos clubes portugueses estão em má situação financeira, o que constantemente os leva a procurar novos jogadores, no sentido de os vender por preços mais elevados", acrescenta Poli, notando também a crescente intervenção de empresários que detêm percentagens de passes de jogadores - em Portugal e não só.
O Brasil continua a ser a origem preferencial dos jogadores contratados no exterior para o campeonato português e os clubes lusos demonstram particular interesse por futebolistas não europeus, especialmente da América do Sul, a ponto de o Benfica liderar o ranking dos clubes que mais contratam jogadores a emblemas de fora da Europa. Nessa lista, seis dos presentes no top ten são portugueses.
No contexto dos 534 clubes analisados, há também dois portugueses entre os que têm maior percentagem de estrangeiros: Marítimo (6.º, com 78,6 por cento) e Braga (11.º, com 76,9 por cento). No pólo oposto continuam o Athletic de Bilbau e mais 24 clubes (do Atletas Kaunas da Lituânia ao Finlal da Irlanda), que jogam sem atletas de outros países.
Preocupação na selecção
Os principais clubes portugueses até têm tradição na formação - a ponto de Sporting, FC Porto (ambos com nove atletas) e Benfica (oito) terem jogadores emprestados a outros clubes -, mas a falta de oportunidades para os jovens jogadores é quase transversal a todos as equipas nacionais. O Sporting é a excepção, tendo cinco jogadores (20 por cento) que saíram da sua formação. O FC Porto tem apenas dois e o Benfica um. Clubes como Académica e Nacional ficam mesmo a zero - sendo que, para ser considerado formado no clube, um futebolista tem de lá ter jogado pelo menos três épocas entre os 15 e os 21 anos.
Este cenário é fonte de grande preocupação na Federação Portuguesa de Futebol, onde já se sentem os efeitos nas selecções mais jovens. Rui Jorge, treinador dos sub-21, admitiu ao PÚBLICO que já sente dificuldades em encontrar jovens jogadores portugueses e revelou que do universo dos 481 seleccionáveis para a sua equipa apenas seis têm jogado na I Liga.
Ver infografia: http://static.publico.pt/desporto/in...aJogadores.swf
O nosso seleccionador de sub-21 diz que apenas 6 dos mais de 400 jovens seleccionáveis jogam na 1ª Liga...
Rui Jorge: "Temos dificuldades em encontrar jogadores portugueses"
Rui Jorge, treinador da selecção portuguesa sub-21, considera muito preocupante o actual cenário e já sente dificuldades em recrutar jogadores para a sua equipa. Dos 481 seleccionáveis, apenas seis têm jogado na I Liga.
PÚBLICO: Este estudo europeu mostra que as equipas portuguesas são as que têm menor percentagem de jogadores formados no próprio clube e que estão no top 3 do recurso a futebolistas estrangeiros. Este cenário é uma surpresa para si?
RUI JORGE - As conclusões não me surpreendem. Num dos levantamentos que fizemos, vimos, por exemplo, que dos 481 jogadores seleccionáveis para a campanha dos sub-21 que vamos iniciar apenas seis foram utilizados na I Liga mais de 90 minutos. Ou seja, falando de jogadores nascidos entre 1990 e 1991, não temos jogadores indiscutíveis nos plantéis. Isto significa que os jovens jogadores não só não sobem aos seniores, como os que sobem não se impõem.
Nesse levantamento há mais alguma conclusão importante?
Há um decréscimo na utilização de jovens jogadores portugueses. É uma constante desde 2004-05, havendo uma ou outra excepção, como 2008-09. Nesta altura, e comparativamente a anos transactos, quando analisamos os seleccionáveis temos de olhar para divisões inferiores, porque na I Liga temos dificuldades em encontrar jogadores portugueses activos.
É preocupante?
É um cenário mesmo muito preocupante em relação à formação de jogadores portugueses.
O que pode alterar este cenário, tendo até em conta que a União Europeia tem travado todas as tentativas de limitar o número de estrangeiros?
Há várias explicações para esta situação. O nível competitivo até aos juniores, se calhar, tem de ser revisto, para não haver uma diferença tão grande entre um jogador que sai dos juniores e outro do plantel sénior. Isso talvez explique que as equipas procurem jogadores lá fora, por considerarem que os que saem da formação não têm a capacidade que poderiam ter. Isso tem a ver com calendários competitivos, condições de treino, qualidade dos treinadores. É urgente mudar a situação.
Por outro lado, há muitos jogadores portugueses que emigram, seja para as grandes Ligas ou para campeonatos menores. Isto traz benefícios?
Quanto aos que vão para Ligas menores, não vejo que traga benefícios. Não me lembro de nenhum jogador que tenha ido para um desses campeonatos e que tenha a partir daí entrado nas opções de um seleccionador. Obviamente que os grandes valores estão em campeonatos mais competitivos e treinar em grupos com melhores jogadores potencia as suas qualidades. Lembro-me que, quando Couto e Sérgio Conceição saíram para Itália e o Figo para Espanha, havia uma mentalidade diferente da que existia em Portugal. Apesar de hoje estarmos melhor a esse nível, ir para equipas fortes ajuda à evolução.
Julga que o benefício dessa elite não compensa os prejuízos para as selecções mais jovens?
A grande questão é que o nível dos jogadores portugueses pode baixar drasticamente. Há pouco tempo havia equipas de juniores com 13 e 14 estrangeiros, o que, na minha opinião, é algo impensável.
É possível alterar isso?
Tenho a certeza de que, se for apenas pelos interesses desportivos, a situação poderá ser alterada. O facto de Portugal se ter apurado consecutivamente para Mundiais e Europeus está a impedir as pessoas de entenderem o que se está a passar na formação. Mas é grave e mais cedo ou mais tarde vão tomar consciência disso.
A selecção A pagará a factura?
Sem dúvida. E quanto mais tarde reagirmos, pior. Se o nosso leque de escolhas for menor, será mais difícil.
Nas camadas jovens já se nota essa falta de escolhas?
Quando existe um padrão, como o não apuramento da selecção de sub-21 para os Europeus, as pessoas devem começar a pensar que não pode ser apenas culpa dos treinadores. Existem explicações mais profundas.
PÚBLICO: Este estudo europeu mostra que as equipas portuguesas são as que têm menor percentagem de jogadores formados no próprio clube e que estão no top 3 do recurso a futebolistas estrangeiros. Este cenário é uma surpresa para si?
RUI JORGE - As conclusões não me surpreendem. Num dos levantamentos que fizemos, vimos, por exemplo, que dos 481 jogadores seleccionáveis para a campanha dos sub-21 que vamos iniciar apenas seis foram utilizados na I Liga mais de 90 minutos. Ou seja, falando de jogadores nascidos entre 1990 e 1991, não temos jogadores indiscutíveis nos plantéis. Isto significa que os jovens jogadores não só não sobem aos seniores, como os que sobem não se impõem.
Nesse levantamento há mais alguma conclusão importante?
Há um decréscimo na utilização de jovens jogadores portugueses. É uma constante desde 2004-05, havendo uma ou outra excepção, como 2008-09. Nesta altura, e comparativamente a anos transactos, quando analisamos os seleccionáveis temos de olhar para divisões inferiores, porque na I Liga temos dificuldades em encontrar jogadores portugueses activos.
É preocupante?
É um cenário mesmo muito preocupante em relação à formação de jogadores portugueses.
O que pode alterar este cenário, tendo até em conta que a União Europeia tem travado todas as tentativas de limitar o número de estrangeiros?
Há várias explicações para esta situação. O nível competitivo até aos juniores, se calhar, tem de ser revisto, para não haver uma diferença tão grande entre um jogador que sai dos juniores e outro do plantel sénior. Isso talvez explique que as equipas procurem jogadores lá fora, por considerarem que os que saem da formação não têm a capacidade que poderiam ter. Isso tem a ver com calendários competitivos, condições de treino, qualidade dos treinadores. É urgente mudar a situação.
Por outro lado, há muitos jogadores portugueses que emigram, seja para as grandes Ligas ou para campeonatos menores. Isto traz benefícios?
Quanto aos que vão para Ligas menores, não vejo que traga benefícios. Não me lembro de nenhum jogador que tenha ido para um desses campeonatos e que tenha a partir daí entrado nas opções de um seleccionador. Obviamente que os grandes valores estão em campeonatos mais competitivos e treinar em grupos com melhores jogadores potencia as suas qualidades. Lembro-me que, quando Couto e Sérgio Conceição saíram para Itália e o Figo para Espanha, havia uma mentalidade diferente da que existia em Portugal. Apesar de hoje estarmos melhor a esse nível, ir para equipas fortes ajuda à evolução.
Julga que o benefício dessa elite não compensa os prejuízos para as selecções mais jovens?
A grande questão é que o nível dos jogadores portugueses pode baixar drasticamente. Há pouco tempo havia equipas de juniores com 13 e 14 estrangeiros, o que, na minha opinião, é algo impensável.
É possível alterar isso?
Tenho a certeza de que, se for apenas pelos interesses desportivos, a situação poderá ser alterada. O facto de Portugal se ter apurado consecutivamente para Mundiais e Europeus está a impedir as pessoas de entenderem o que se está a passar na formação. Mas é grave e mais cedo ou mais tarde vão tomar consciência disso.
A selecção A pagará a factura?
Sem dúvida. E quanto mais tarde reagirmos, pior. Se o nosso leque de escolhas for menor, será mais difícil.
Nas camadas jovens já se nota essa falta de escolhas?
Quando existe um padrão, como o não apuramento da selecção de sub-21 para os Europeus, as pessoas devem começar a pensar que não pode ser apenas culpa dos treinadores. Existem explicações mais profundas.
E depois vemos jovens portugueses a serem os melhores nas equipas que apostam neles - Pizzi no Paços, João Ribeiro no Guimarães, B. Gama no Rio Ave, etc...
Algo vai muito mal no futebol português, e qualquer dia isto dá o estouro...
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