Originalmente Colocado por CM
Quem trabalha e não vive numa redoma de cristal, conhece perfeitamente o que se passa nas nossas empresas, sobretudo nas PME que pensam (com razão) passar à margem da fiscalização que as maiores empresas tomam como certa.
Mais exploração, pura e dura, ilegal e parasitária. São os salários que se vão atrasando, são as inúmeras horas trabalhadas mas não pagas, são as folgas que não se conseguem gozar, as férias cujos mapas não se afixam e que se impedem de usufruir quando não dá jeito. Tudo acompanhado de um discurso de pressão, que anda por todo o lado, tentando reduzir os direitos de quem trabalha a um vestígio do passado. Vide a pressa em alterar as regras do despedimento para que se possa aumentar mais ainda a precariedade num país que, nitidamente, não tem nenhuma...
Isto tudo para questionar o grande desígnio que o centrão encontrou na oportunidade que a troika lhes proporcionou: a descida da taxa social única, que se pretende, pelo que nos é dito na cara, que desça talvez uns oito por cento e que terá de ser compensada com algum aumento brutal do IVA ou algo que o substitua (ou, melhor ainda, na perspetiva de alguns, com o colapso da segurança social). Objetivos muito mais ambiciosos que os preconizados pela troika...
Acredito plenamente que esta medida, com os empresários que temos e a filosofia de empreendedorismo que têm, só servirá para lhes aumentar os lucros e não terá qualquer significado no aumento da competitividade ou do emprego. O mesmo já foi dito por alguns economistas que não acreditam no efeito prático que nos tentam impingir.
Qual a vossa opinião: pode o nosso país dar-se ao luxo de prescindir desta verba, sem qualquer garantia de eficácia e com boas razões históricas para pensar que servirá apenas para encher mais os bolsos a quem tem aproveitado a crise para explorar mais ainda quem trabalha?
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