A propósito disto:
Diz-nos o Jornal "I" o seguinte:
(Governo passa à lupa as nomeações de Sócrates dos últimos anos)
Entretanto, um pouco de background histórico, para quem não conhece a verdadeira origem da expressão "jobs for the boys":
(António Guterres arrasou Fernando Nogueira com a frase no jobs for the boys)
E vocês, o que acham? É desta que se acabam os compadrios ou trata-se apenas de um "vira o disco e toca o mesmo"?
Este governo tem dado alguns indícios positivos, mas eu ainda tenho muitas reservas...
Diz-nos o Jornal "I" o seguinte:
Governo passa à lupa as nomeações de Sócrates dos últimos anos
Quem, onde, o que faz e se é útil. São estas as questões que os ministérios vão ter de responder sobre todas as nomeações do anterior executivo desde 2005
Passos Coelho prometeu, durante a campanha eleitoral, não levar os boys do PSD para o governo, mas, aparentemente, o primeiro-ministro também não está disponível para manter os boys de Sócrates no poder. Num dos primeiros Conselhos de Ministros deste executivo, foram dadas indicações precisas para que todos os ministérios fizessem o levantamento de todas as nomeações socialistas, desde o início do primeiro governo de José Sócrates (2005). A radiografia completa engloba toda a orgânica do executivo: ministérios, secretarias de Estado, direcções--gerais e regionais, institutos, gabinetes e departamentos. Quem, onde trabalha, o que faz e se é útil nas funções que desempenha. São estas as questões às quais os ministérios vão ter de dar respostas sobre todas as nomeações desde 2005 e, preferencialmente, até ao final desta semana. A radiografia pode parecer pidesca, mas é profundamente necessária, garante ao i fonte do executivo de Passos.
Alguns ministérios mais pequenos, como a Cultura (actualmente secretaria de Estado) ou a Defesa, estão prestes a concluir o inventário. Mais atrasados estão a Economia e o Emprego, as Finanças e a Segurança Social. "Milhares de nomeações" foi o número até ao momento apurado e avançado ao i.
O período de caça ao boy socialista foi aberto no dia da tomada de posse do novo governo. Passos Coelho anunciou na altura a exoneração dos governadores civis: "O Estado dará o exemplo de rigor e contenção para que haja recursos para os que mais necessitam. E o meu governo será o líder desse exemplo, como, de resto, a decisão de não nomear novos governadores civis já sinaliza."
Mais tarde, já durante a discussão do programa do governo na Assembleia da República, foi a vez de Paulo Portas retomar o discurso de combate ao clientelismo e anunciar o fim dos directores adjuntos distritais da Segurança Social. "Para acabar com os jobs for the boys, o melhor é mesmo acabar com a profusão de jobs", afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros no parlamento. Tendo em conta dados do executivo, a extinção destes cargos permite poupanças anuais de 1,1 milhões de euros.
Esta radiografia está a ser feita ao mesmo tempo que o executivo prepara a orgânica dos diferentes ministérios e tem na mira a necessidade de extinção e fusão de serviços.
Há ainda um objectivo moralizador por trás deste trabalho que vai ao encontro de uma preocupação mais alargada de despartidarização do aparelho do Estado manifestada pelo governo. No programa do executivo, Passos Coelho compromete-se "a promover o mérito no acesso aos cargos" e a preparar uma nova legislação que estabeleça um sistema independente de recrutamento e selecção. O governo quer ainda "despolitizar os processos de recrutamento dos cargos dirigentes mais importantes, atendendo às melhores práticas internacionais na matéria".
Quem, onde, o que faz e se é útil. São estas as questões que os ministérios vão ter de responder sobre todas as nomeações do anterior executivo desde 2005
Passos Coelho prometeu, durante a campanha eleitoral, não levar os boys do PSD para o governo, mas, aparentemente, o primeiro-ministro também não está disponível para manter os boys de Sócrates no poder. Num dos primeiros Conselhos de Ministros deste executivo, foram dadas indicações precisas para que todos os ministérios fizessem o levantamento de todas as nomeações socialistas, desde o início do primeiro governo de José Sócrates (2005). A radiografia completa engloba toda a orgânica do executivo: ministérios, secretarias de Estado, direcções--gerais e regionais, institutos, gabinetes e departamentos. Quem, onde trabalha, o que faz e se é útil nas funções que desempenha. São estas as questões às quais os ministérios vão ter de dar respostas sobre todas as nomeações desde 2005 e, preferencialmente, até ao final desta semana. A radiografia pode parecer pidesca, mas é profundamente necessária, garante ao i fonte do executivo de Passos.
Alguns ministérios mais pequenos, como a Cultura (actualmente secretaria de Estado) ou a Defesa, estão prestes a concluir o inventário. Mais atrasados estão a Economia e o Emprego, as Finanças e a Segurança Social. "Milhares de nomeações" foi o número até ao momento apurado e avançado ao i.
O período de caça ao boy socialista foi aberto no dia da tomada de posse do novo governo. Passos Coelho anunciou na altura a exoneração dos governadores civis: "O Estado dará o exemplo de rigor e contenção para que haja recursos para os que mais necessitam. E o meu governo será o líder desse exemplo, como, de resto, a decisão de não nomear novos governadores civis já sinaliza."
Mais tarde, já durante a discussão do programa do governo na Assembleia da República, foi a vez de Paulo Portas retomar o discurso de combate ao clientelismo e anunciar o fim dos directores adjuntos distritais da Segurança Social. "Para acabar com os jobs for the boys, o melhor é mesmo acabar com a profusão de jobs", afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros no parlamento. Tendo em conta dados do executivo, a extinção destes cargos permite poupanças anuais de 1,1 milhões de euros.
Esta radiografia está a ser feita ao mesmo tempo que o executivo prepara a orgânica dos diferentes ministérios e tem na mira a necessidade de extinção e fusão de serviços.
Há ainda um objectivo moralizador por trás deste trabalho que vai ao encontro de uma preocupação mais alargada de despartidarização do aparelho do Estado manifestada pelo governo. No programa do executivo, Passos Coelho compromete-se "a promover o mérito no acesso aos cargos" e a preparar uma nova legislação que estabeleça um sistema independente de recrutamento e selecção. O governo quer ainda "despolitizar os processos de recrutamento dos cargos dirigentes mais importantes, atendendo às melhores práticas internacionais na matéria".
Entretanto, um pouco de background histórico, para quem não conhece a verdadeira origem da expressão "jobs for the boys":
António Guterres arrasou Fernando Nogueira com a frase "no jobs for the boys"
Debate televisivo para as eleições legislativas de 5 de Outubro de 1995 foi decisivo para a vitória socialista
Cavaco Silva tinha saído de cena com o célebre tabu desfeito em Janeiro de 1995. Sucedeu-lhe Fernando Nogueira, então ministro da Defesa e um dos homens fortes do aparelho social-democrata, a par de Dias Loureiro, ministro da Administração Interna. O célebre congresso do Coliseu de Lisboa, completamente condicionado por Cavaco Silva, assistiu a um duelo dramático entre Fernando Nogueira e Durão Barroso. Ganhou o primeiro, com uma ligeira vantagem. Estávamos em Fevereiro de 1995. As eleições foram marcadas para 5 de Outubro. Nogueira arrancou bastante cedo para a campanha. Tinha de vencer o desgaste provocado por dez anos de cavaquismo, o secretário- -geral socialista António Guterres e uma oposição surda dentro do PSD de muitos cavaquistas que tinham apostado forte e feio em Durão Barroso. Mas o principal adversário de Fernando Nogueira acabou mesmo por ser Cavaco Silva e os muitos boys e girls que tinham invadido o aparelho de Estado nos dez anos de poder laranja,
António Guterres aproveitou muito bem uma e outra coisa. Um homem que teve o destino traçado no Outono de 1994, quando Mário Soares patrocinou um congresso para preparar a sua substituição à frente do PS. O tabu de Cavaco salvou-o e António Guterres partiu como favorito para as eleições. Com a ajuda preciosa do então primeiro--ministro, que numa entrevista afirmou que o melhor para o país seria uma maioria absoluta, do PS ou do PSD. Tanto fazia. O PSD de Fernando Nogueira ficou amarelo, mas o golpe fatal aconteceu no debate televisivo que marcou toda a campanha. Foi aí que Guterres atirou a Fernando Nogueira a célebre frase: "Com o PS no poder não há jobs for the boys." O pobre candidato do PSD, com o fardo de ter sido um dos responsáveis pela invasão do Estado pelos boys laranjas, balbuciou qualquer coisa mas tinha não só perdido o debate como as próprias eleições.
É evidente que a história mostra que a promessa era apenas isso. Uma promessa que o PS esqueceu rapidamente nos anos que esteve no governo. De Outubro de 1995 a Março de 2002, muitos foram os boys e as girls que se instalaram no Estado, uma prática que o PSD e o CDS de Durão Barroso mantiveram nos dois anos e meio que estiveram no poder e que José Sócrates repetiu na sua primeira maioria absoluta e provavelmente acelerou quando o PS ficou com maioria relativa e começou a pensar que, mais tarde ou mais cedo, iria pagar caro os seis anos de governo, os erros, os ódios e uma crise que atirou a União Europeia para o lixo.
Debate televisivo para as eleições legislativas de 5 de Outubro de 1995 foi decisivo para a vitória socialista
Cavaco Silva tinha saído de cena com o célebre tabu desfeito em Janeiro de 1995. Sucedeu-lhe Fernando Nogueira, então ministro da Defesa e um dos homens fortes do aparelho social-democrata, a par de Dias Loureiro, ministro da Administração Interna. O célebre congresso do Coliseu de Lisboa, completamente condicionado por Cavaco Silva, assistiu a um duelo dramático entre Fernando Nogueira e Durão Barroso. Ganhou o primeiro, com uma ligeira vantagem. Estávamos em Fevereiro de 1995. As eleições foram marcadas para 5 de Outubro. Nogueira arrancou bastante cedo para a campanha. Tinha de vencer o desgaste provocado por dez anos de cavaquismo, o secretário- -geral socialista António Guterres e uma oposição surda dentro do PSD de muitos cavaquistas que tinham apostado forte e feio em Durão Barroso. Mas o principal adversário de Fernando Nogueira acabou mesmo por ser Cavaco Silva e os muitos boys e girls que tinham invadido o aparelho de Estado nos dez anos de poder laranja,
António Guterres aproveitou muito bem uma e outra coisa. Um homem que teve o destino traçado no Outono de 1994, quando Mário Soares patrocinou um congresso para preparar a sua substituição à frente do PS. O tabu de Cavaco salvou-o e António Guterres partiu como favorito para as eleições. Com a ajuda preciosa do então primeiro--ministro, que numa entrevista afirmou que o melhor para o país seria uma maioria absoluta, do PS ou do PSD. Tanto fazia. O PSD de Fernando Nogueira ficou amarelo, mas o golpe fatal aconteceu no debate televisivo que marcou toda a campanha. Foi aí que Guterres atirou a Fernando Nogueira a célebre frase: "Com o PS no poder não há jobs for the boys." O pobre candidato do PSD, com o fardo de ter sido um dos responsáveis pela invasão do Estado pelos boys laranjas, balbuciou qualquer coisa mas tinha não só perdido o debate como as próprias eleições.
É evidente que a história mostra que a promessa era apenas isso. Uma promessa que o PS esqueceu rapidamente nos anos que esteve no governo. De Outubro de 1995 a Março de 2002, muitos foram os boys e as girls que se instalaram no Estado, uma prática que o PSD e o CDS de Durão Barroso mantiveram nos dois anos e meio que estiveram no poder e que José Sócrates repetiu na sua primeira maioria absoluta e provavelmente acelerou quando o PS ficou com maioria relativa e começou a pensar que, mais tarde ou mais cedo, iria pagar caro os seis anos de governo, os erros, os ódios e uma crise que atirou a União Europeia para o lixo.
E vocês, o que acham? É desta que se acabam os compadrios ou trata-se apenas de um "vira o disco e toca o mesmo"?
Este governo tem dado alguns indícios positivos, mas eu ainda tenho muitas reservas...
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