
Originalmente Colocado por
DocJRA
Acho que estás-me a vestir a camisola de defensor da cesariana, porque leste na diagonal e passaste por cima das introduções onde eu disse que estava a fazer de "advogado do diabo".
Ou seja, como vi muita gente a defender o parto natural, porque sim, tentei trazer a ciência ao assunto e mostrar algumas das vantagens da cesariana.
Após isso, já vieram alguns colegas profissionais de saúde aflorar para além do "porque sim", e se analisares o que escrevi para trás, vais ver que concordei com eles e agradeci terem vestido a camisola oposta para contrapor o debate.
O meu objectivo era precisamente este ao criar o tópico. Tornar bem claro os prós e os contras de cada um.
É que ao contrário de que muita gente pensa, o parto vaginal não é só por um puto cá fora, pelo único orifício que ele tem disponível, e não sendo uma cirurgia é melhor.
É todo um processo fisiológico, que envolve mecanismos hormonais e mecânicos para meter o "mafarrico" cá fora, bem espremido para lhe remover as secreções e excitado, em stress, para ver se o mesmo abre os pulmões e dá um valente berro.
Quanto à minha formação, foi nos Hospitais da Universidade de Coimbra, cuja logística faz com que em qualquer dia da semana passem na Maternidade Daniel de Matos +/- 25 alunos do 5º ano, 15 do 6º, + de 10 de ano comum, + de 10 internos e ainda faltam os estudantes de enfermagem.
Portanto, se os astros se alinharem de forma a ires lá ter um filho num horário que coincida com a presença de todos os que enumerei em cima, e mais ninguém estiver "dilatada ao ponto", podes ter lá 2 alunos do 5º ano, 2 do 6º, 2 do ano comum, 1 interno, 1 especialista, corpo de enfermagem e respectivos estudantes na sala.
Claro que normalmente há o bom senso para evitar que estas situações ocorram, seja por ajuste de horários, seja por respeito pelos intervenientes, mas depois temos as excepções e como há sempre um lado imprevisível no parto, para mim esta é uma das muitas razões pelas quais eu vejo mais valia em ter o meu filho no privado.
Isto independentemente de ser parto natural ou cesariana, uma vez que este pormenor será decidido com base em critérios clínicos e não por caprichos ou quotas impostas de 25%.
