Oktober,
Eu preferia que as empresas fossem públicas mas, como o air mencionou e bem, está mais que visto que é um conceito que não funciona, em particular num país latino (30% da dívida pública é referente a elas).
Cumprimentos.
Oktober,
Eu preferia que as empresas fossem públicas mas, como o air mencionou e bem, está mais que visto que é um conceito que não funciona, em particular num país latino (30% da dívida pública é referente a elas).
Cumprimentos.
Por muito te custe ideologicamente, as empresas públicas historicamente são mal geridas por 2 razões:
1. A política sobrepõe-se ao que é economicamente viável. E isso traduz-se na manutenção de serviços sem viabilidade. Basta olhar para milhares de quilómetros de linhas da CP que têm número de passageiros ridiculamente baixos. Para a sobreposição de carreiras de autocarro com linhas de metropolitano tanto no Porto como em Lisboa. Basta olhar para um país que construiu uma extensa rede rodoviária e que continua a manter uma extensa rede ferroviária, decrépita e sem qualquer viabilidade. Tudo isto é política. E política para se ser popular com as populações. Ninguém soube tomar as decisões que não agradavam, que não eram populares.
2. A protecção laboral é tanta que os trabalhadores têm usado a greve sistemática para irem construindo "direitos" que não têm paralelo não só na situação interna das suas empresas como até no panorama da riqueza nacional. O poder político cede e a empresa afunda-se mais um pouco. Basta ver as regalias sociais e os vencimentos das empresas públicas de transportes para se perceber isto. As empresas existem para a sua força de trabalho e não para prestar um serviço, está tudo invertido.
Podes dar a volta que quiseres, mas assim é impossível empresas não irem construindo dívidas grotescas.
A famosa má gestão vai muito além de gastos excessivos das administrações (que os há, em particular nos últimos anos em que houve um rogabofe total nesse domínio). Vem, sobretudo (é uma questão de números, e tal como uma pessoa antes de vir falar das coisas deve dar uma olhadela não só no OGE como, por exemplo, num relatório de contas da CP para se ter noção onde está a hemorragia), da prestação de serviços sem, muitas vezes, sequer a procura.
Mais, empresas geridas de forma política dão sempre maus resultados. Basta ver os elefantes brancos que se construíram nos últimos anos.
O MST, o MP, o SATU e por aí fora. Todos feitos para agradar ao povo.
Tudo projectos onde ninguém ligou à viabilidade económica e onde a política se sobrepôs a tudo o resto.
E a gestão pública é necessariamente política. De outra forma mais vale ser privada porque o Estado nunca geriu nada, aqui ou em qualquer parte do mundo, melhor que ninguém (e aqui provavelmente discordas ideologicamente, mas a realidade é o que é).
E a factura está aí para ser paga.
O sector dos transportes públicos tem que dar uma volta muito grande porque a sua insustentabilidade é atroz. Despedimentos, redução de salários (particularmente da componente "extras" que em muitos casos representa a maior fatia), redução da oferta, concentração da oferta, bilhetes mais caros (sim).
A CP terá que reduzir a sua rede aos eixos onde existe procura, que é pouco mais que o Faro-Braga e os suburbanos. O resto do país deve ficar servido na base da rede expressos, aproveitando a rodovia que foi construída. O país não tem riqueza para ter sobreposição de serviços públicos de transporte, temos pena, mas não tem.
O ML terá que parar a expansão da rede, parar a renovação das suas luxuosas estações (alguém que conheça outros sistemas de metropolitano a nível europeu, sabe o que eu estou a falar).
E podia continuar.
Tudo isto não é popular.
E, infelizmente, os que mais criticam são os que mais contribuíram para a actual situação, apoiando política expansionistas em nome de um "investimento público que é sempre bom para a economia".
Última edição por Andre : 04-12-11 às 14:34:28
As contas que apresentei relativamente ao corte estão correctas... o pessoal é que nem ao trabalho se deu saber como são as contas, Se te cortaram é só ir ver o desconto que te fizeram. Mas o desconto é sobre o valor liquido depois de impostos. 770€, tiras, 84,7seg social+46,20 que dá liquido 639,10€-485=154,1€/2=77,05€
No resto do que dizes claro que tens razão, se estavas mal, mantendo ordenado e os preços subindo (2ou3% de inflação) obvio ficaste pior. O problema foi mesmo este, é que sem crise as pessoas na generalidade já não estavam bem, e isso é que custa a perceber(poucos souberam gerir os seus rendimentos, principalmente por causa dos créditos habitação)... faltando ainda um grande pormenor, os juros à habitação que continuam muito baixos, se sobem será um desastre e não haverá troika que nos valha! Tu com 1500 vais orientando a vida, mas há quem ache que 1500e por pessoa não chega...
Felizmente (para já), parece que no BCE há alguém que tem alguma consciência e está ciente que as taxas se têm de manter baixas.
Em relação à última frase há algo de notar. 1500€ para uma pessoa sozinha é muito diferente de 1500€ por pessoa (partindo do princípio que falamos de pessoas que vivem juntas).
A história do carro pelo pouco que ouvi, não tem nada a ver com a forma como foi apresentada, ouvi à pouco no eixo do mal que o carro nem sequer era para o ministro... e não foi ele que o comprou... mas claro isso não interessa para nada! O que fica bonito é dizer que o carro custou 80mil, quando não custou e que o ministro chegou de mota e vai de Audi de 80mil, tretas para entreter o pessoal, é disto que o povo gosta!
Se viste um carro novo a sair quem te diz que era um ministro? Foi isso que pus em causa... mas claro fica bonito dizer que era um ministro de carro novo! Dúvido muito mais ainda depois da polémica que o outro deu...
Claro que os governantes devem dar o exemplo, até ao momento acho que isso não tem sido posto em causa, é a compra de um carro ou um subsidio que põe isso em causa, para mim não! Tal como as poupanças nas viagens económicas não me dizia o contrário, são apenas fait divers para entreter. Claro que se poupa nuns casos centenas de euros e noutros se calhar um milhão, mas no fim nada disso influência o futuro do país, são pormenores que ajudam a distrair do essencial, até acho que estas discussões só ajudam o governo.
No final acabas por dizer que a culpa é de todos... ou será que foi o Cavaco e seguintes que receberam os subsidios da europa para trocar pescas por autoestradas e a agricultura por jipes! Quem pediu auto estradas? Quem ficou contente por as ter? Não foram elas com todas as outras obras megalomanas (muitas ou quase todas não o foram, antes foram feitas a um ritmo que o país economicamente não consegui suportar) que nos fizeram chegar aqui, com um nivel de vida 100 ou 200% superior ao que tinhamos há 20 anos? esquecemo-nos é que tinhamos que as pagar... e que os rendimentos de cada um foram pagos com esse dinheiro, não com dinheiro nosso, do estado ou das empresas! É só um pequeno pormenor.
Todas estas decisões foram mais que aprovadas pois em todos os governos conseguiram depois destas decisões ganhar com maiorias absolutas... e não me venham dizer que o povo foi enganado, que não sabiam e coisas do género! Só não sabia quem não queria. De dia para dia as coisas nasciam sem se saber de onde vinha o dinheiro.
A corrupção/favores sempre houve e continua a haver e isso é culpa de todos nós, nascemos com isso, para tudo o favor e o chico espertismo português dá jeito.
Para vida normal - por normal leia-se proporcional ao que se ganha com o que se gasta - os 1500 dão. No entanto, estamos a entrar numa fase em que as despesas se podem tornar completamente imprevisiveis e se torna dificil extrapolar para quanto irão. Já os ganhos costumam manter-se. Repara que a luz já está mais cara pelo aumento do IVA. Para o ano dizem que vai aumentar mais. Os transportes o mesmo. Já estou a ver que mais tarde ou mais cedo ainda aumentam mais o IUC, por exemplo. Na restauração o aumento do IVA. Se as taxas de juro também começarem a subir, como referiste, como é? É que as pessoas orientam a vida para o que ganham. Não me parece que alguém que ganha 1500€ vá fazer vida de quem ganha 500€ porque se calhar daqui a 3 ou 4 anos o IVA sobe mais, não é? Há cautelas mas não há bolas de cristal. Só as prestações da casa passam facilmente para o dobro no espaço de um ano.
Caro,
1500€ dão perfeitamente para viver sem sobreviver como já vimos, mesmo com os imprevistos / austeridade. A falar assim o que será de quem ganha 500/600 (não estou a dizer que uma familia com um orçamento de 1500 ganhe muito, só a contextualizar as coisas)?
Pode-se cortar brutalmente em tudo sem na prática perder qualidade de vida digna desse nome, e só vejo as pessoas fazerem-no em pintelhos, como dizia o outro.
Não percebo porque só se vê a coisa pelo lado da despesa quando qualquer um pode mexer no lado da receita, bastando para isso haver cultura financeira e empreendedorismo, mas já se sabe que o tuga não prima por isso. Qualquer cêpo com algumas noções de como os mercados funcionam pode conseguir rentabilidade líquidas das suas poupanças na ordem dos 10% ao ano, em vez de dar o dinheiro para um qualquer depósito a prazo pouco acima da inflação, ou para um fundo de investimento, que na grande maioria dos casos não batem o mercado, não sendo mais que meros cobradores de comissões.
E a mania da maioria das pessoas fazerem a compra da casa a taxa variável é mais um sintoma revelador da falta de cultura financeira do tuga.
Caro,
Exacto.![]()
Há muito a ideia que por ser o Estado a pagar as coisas são gratuitas ou mais baratas para o utilizador quando é o contrário, são mais caras, como se tem visto.
Cumprimentos.
Última edição por NMello : 04-12-11 às 20:27:38
Perder o emprego e a prestação da casa acho são as principais preocupações das pessoas, e com razão. Quem manteve o emprego/rendimentos e está e dificuldades é um sinal obvio que tomou decisões muito erradas no passado, ajustou os seus custos aos rendimentos a dada altura, maior erro é dificil. A desculpa dos aumentos no iva, electricidade, transportes não é suficiente para uma pessoa com as contas controladas entre em dificuldades.
A duplicação do valor das prestações das casas era previsivel já em 2006/2007 ou por aí, só não aconteceu devido à crise, e só isso salvou milhares de portugueses da bancarrota!
Muitos acharam que prestação de 400€ com taxas em 1% dava para pagar, esqueceram-se que o normal da taxa era 3/4%... e uma prestação de 800€. Mesmo depois da crise este problema subsistirá.
Em relação ao que está primeiramente a bold:
Não disse o contrário. Desde o início que digo apenas que não se pode considerar o valor como sendo algo maravilhoso. Naturalmente para quem ganha muito menos, seria. Da mesma forma que um pão com 5 dias é maravilhoso para quem não come há 3 e é lixo para quem compra pão acabadinho de fazer todos os dias. Perspectiva.
Segundo bold:
As oportunidades de investimento que existem, existem precisamente porque a grande maioria das pessoas não sabe que elas existem ou não as usa. Se todos formos médicos quem é que faz os outros trabalhos?
Ou a solução para a quebra de rendimento das familias é agora tornarem-se todos empreendedores? Temos de ser realistas. A vida é o que é e as pessoas são o que são. Ficaram com a vida dificultada de repente, mas o torna-la mais fácil não vai surgir por magia. E o aumento das despesas tornou-se muitissimo mais notório e "fácil" do que o aumento das receitas, ou não é?
Os contratos de crédito habitação são para 20, 30 ou mais anos, não são a 5 ou 6. Ninguém consegue saber com certeza como será a situação -qualquer situação - ao longo de tanto tempo.
O corte do subsídio de férias e de natal também era previsivel? Deve ser encarado como natural uma pessoa ir receber menos dois ordenados?
E se a culpa é dos erros das pessoas "comuns", então porque é que o Estado também está endividado?
Só quero clarificar uma coisa. É óbvio que eu não posso controlar o como as minhas palavras são interpretadas, mas eu penso que não "menosprezei" os 1500€. O que eu acho é que não é um valor do outro mundo e que facilmente se consegue consumir essa quantia. É plenamente óbvio que bem geridos chegam para uma vida normal e digna, e permitem algumas "extravagâncias" aqui e ali, mas não permitem muitas nem extraordinárias. Acho que não passei a ideia de que quem ganha 1500€ está "à rasca" (até referi o meu caso pessoal que com menos me safo bem). Simplesmente disse que nalgumas circunstâncias não permite que se poupe muito e que esse ritmo de poupança será lento. Só como exemplo, conheço pessoas que pagam apenas de infantário quase 500€. 1/3 do valor vai para tomar conta da criança porque não têm outras alternativas - pelo menos que sejam práticas.
Também em relação às pessoas queixarem-se quer tentem mudar ou não; é natural queixarem-se. Faz parte da natureza humana. Aliás é o nosso constante descontentamento que nos faz, como espécie, descobrir sempre mais e mais. Nunca estamos satisfeitos. Isso por vezes é bom, outras nem por isso. Lá está, para uns fa-los ir à luta, a outros ficar a resmungar.
Torres,
De acordo.
Se pagam isso e lhes faz mossa no orçamento é porque querem.
É natural as pessoas queixarem-me quando realmente procuram soluções para combater os problemas com que se debatem, na grande maioria dos casos não é isso que vejo acontecer e dessa forma não tem sentido reclamar.
Cumprimentos.
Última edição por NMello : 07-12-11 às 09:01:23