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    Normose

    Neologismo criado por Jean-Yves Leloup, um dos pioneiros da psicologia transpessoal na Europa, o termo NORMOSE remete à perigosa realidade em que o hábito nocivo torna-se a norma de consenso. O resultado pode ser a doença, a destruição e a morte.

    Essa palavra representa, na realidade, um conceito fundamental para a psicologia, a sociologia, a antropologia cultural e a educação, entre outras áreas. Efetivamente, a normose é uma das origens das nossas frustrações, sofrimentos e morte. Mas como se formou ela? Quais os seus contornos?

    Quando todos estão de acordo em relação a uma opinião, atitude ou ação, forma-se um hábito. A grande maioria de nossos hábitos resultam de normas que adotamos de forma mais ou menos consciente, pela imitação de nossos pais e educadores ou - como diria Freud - por um processo de introjeção. Levantar, lavar o corpo, comer nas horas certas, trabalhar são hábitos que derivam de prescrições sociais bem definidas.

    Essas, em geral, têm a função de preservar nosso equilíbrio físico, emocional e mental, assim como a harmonia e a sobrevivência da sociedade em que vivemos. Algumas produzem sofrimento, doenças ou mesmo morte. Entretanto, como resultam de um consenso, são adotadas pela maioria, ou mesmo por todos, pois as pessoas não têm consciência de seu caráter anormal. Essa é uma característica patológica das regras.

    Quando algumas são questionadas, por causa de suas características patológicas, pode haver dissolução e mudança de comportamentos, embora isso raramente aconteça. A mudança de atitude das pessoas em relação ao hábito de fumar é um exemplo. Fumar era considerado um símbolo de masculinidade. Quanto mais forte fosse o tabaco, mais viril e "macho" seria o homem. O cigarro significava também «status» social, riqueza e conforto. Fumar cachimbo evocava um estado de profunda reflexão.

    Na medida em que foram descobertos os efeitos cancerígenos e respiratórios do fumo, começaram a aparecer nos aviões - e depois nos lugares públicos - os avisos de «proibido fumar», prática rapidamente difundida em quase todo o mundo. Surgiram as novas legislações, que obrigaram os fabricantes a alertar o público sobre os efeitos nocivos do cigarro. Felizmente, assistimos agora ao fim dessa normalidade
    patológica.

    O exemplo do cigarro proporciona certa compreensão e a possibilidade de aprofundar o sentido desse neologismo. Inicialmente, há o fato de que era considerado "normal", o que introduz a noção de normalidade. Existia também um consenso em torno do ato de fumar, que era valorizado como sinal de masculinidade. Essa característica está explícita na propaganda de certa marca de cigarro, em que os fumantes são representados como cawboys. Além disso, fumar é um comportamento estimulado por um sistema de valores e atitudes que, no nosso caso, giram em torno da virilidade e da sensualidade.

    Normose seria a doença que faz com que o indivíduo aceite comportamentos nocivos ou aja por sobre um plano ilusório de uma maneira normal. O sujeito se acostuma tanto com determinada situação que nem pensa em questioná-la. Ela passa a fazer parte do cotidiano, mesmo trazendo prejuízos significativos.

    Normose é assistir a escândalos políticos como corrupção e desvios de recursos de uma maneira normal. Embora reivindicações por mudanças sejam constantes, ficamos só no discurso. Ao invés de curar o mal pela raiz, somos tentados a simplesmente desviar do problema.

    Passiva, a sociedade aguarda providências das "autoridades" as quais, quem sabe, nunca chegarão.

    A falta de ética dos ambiciosos e o comodismo generalizado inibe credibilidade e bom senso, restringindo a iniciativa e o trabalho criador necessário a uma sociedade próspera e equilibrada. E isto não acontece somente no meio político-social.
    A normose é um mal que avassala o mundo inteiro, penetrando também em nossos lares, onde tanto somos influenciados pelas chamadas "propagandas enganosas" da mídia, como tornamo-nos vítimas de maus hábitos e modismos que denigrem cultura e valores sociais.

    Num mundo repleto de superficialidades, tornou-se comum assimilar referências vazias e sem sentido. Obsessão por consumo e manutenção de "status" são algumas condutas sutilmente interiorizadas, mesmo sem significado real para nosso próprio crescimento. Adquirimos padrões duvidosos apenas porque são considerados normais.

    A normose também está na sexualidade. A revolução cultural, mesmo rompendo com antigos e rígidos padrões de relacionamento, acabou por incentivar situações fúteis e passageiras. Tentando resgatar liberdade e sensualidade, muita gente acabou por trocar intimidade e espontaneidade por indiferença e promiscuidade.

    Substituímos inconscientemente nossos próprios valores, aderindo às transformações de uma maneira inerte - normal.

    Bem, sei que não é fácil exercitar auto-consciência frente a tantos estímulos. Mas, com sabedoria e vontade de crescer poderemos banir a normose, caminhando equilibradamente rumo a um futuro próspero, onde o progresso seja não só o resultado de transformações urgentes e transitórias, mas sobretudo baseado em valores sólidos e conscientes.
    Normose, a Peste do Sculo

    “Normose”, um desconforto emocional estatisticamente comum.
    O termo “Normose” é sugerido no livro “Normose: a patologia do normal”, do filósofo francês Jean-Yves Leloup. Trata-se de um desconforto emocional que acomete a pessoa, apesar de tudo estar absolutamente normal em sua vida, ou seja, apesar de estar tudo conforme as normas recomendadas para a felicidade. Aliás, estando tudo bem e normal, parece haver um fortíssimo apelo cultural para que a pessoa seja, obrigatoriamente, feliz.
    Segundo Pierre Weil, a normose pode ser definida como o conjunto de normas, conceitos, valores, estereótipos, hábitos de pensar ou agir aprovados por consenso geral ou pela maioria em determinada sociedade e que pode provocar sofrimento, doença e morte.
    A necessidade de se aprofundar na normose é exigência do cotidiano da clínica psiquiátrica. O paciente entra, senta na sua frente e diz: “- Doutor, de repente me vem um pensamento desconfortável, mais ou menos me questionando sobre o que estou fazendo aqui, uma angústia sobre o sentido de minha vida, um balanço meio pessimista sobre o que fiz esses anos todos...”.
    Assim os psiquiatras são incomodados com uma dúvida: como vamos tratar quem não tem um diagnóstico psiquiátrico? Antes disso, aparece a dúvida sobre o emprego das palavras terapia, terapêutica, tratamento para a pessoa que não tem diagnóstico ou não está doente.
    Apreciei o termo normose por ser adequado às situações do dia-a-dia de psiquiatras e psicólogos, no atendimento de pessoas queixosas de angústia, ansiedade, depressão e estresse sem que o quadro satisfaça critérios das classificações e manuais de psicopatologia, sem que se detecte uma causa aparente para esses transtornos. Não obstante, indiferentes aos critérios da psicopatologia esses pacientes se sentem mal ou, como me disse um deles, “- não que eu sinta algum mal estar doutor, mas sinto profundamente uma falta de bem estar”.
    O professor Sérgio Cruz Lima, em artigo publicado no Diário Popular fala sobre o “Conjunto de normas, conceitos, valores, estereótipos, hábitos de pensar e agir, aprovados por consenso ou pela maioria em uma determinada sociedade e que provocam sofrimento, doença e morte” Trata-se da normose que é patológica e letal, executada sem que seus autores e atores tenham consciência de sua natureza doentia.
    A despeito do consenso e conjunto cultural de normas existe, além da normose, a normalidade saudável, que enriquece o existir humano, assim como a normalidade neutra, que não leva ao sofrimento, mas também não acrescenta nada, como o hábito de almoçar ao meio-dia ou fazer amor aos sábados.
    A conseqüência da normose faz o paciente experimentar uma sensação de culpa pelo mal estar existencial que sente apesar de tudo estar funcionando normalmente; ele não tem problemas profissionais expressivos, não tem problemas familiares excepcionais, não tem problemas de saúde, sociais, financeiros, enfim, de acordo com o hábito de pensar, sentir e agir recomendado pelo consenso social, tudo deveria estar bem. Não obstante, apesar de tudo estar objetivamente normal essa pessoa sofre, tem angústia, experimenta sentimentos de natureza doentia diante de procedimentos subjetivos.
    O conflito e sensação de culpa por estar se sentindo mal apesar das coisas estarem aparentemente supernormais decorre da crença bastante enraizada, segundo a qual tudo o que a maioria das pessoas deseja, pensa, sente, acredita ou faz, deve ser considerado normal e, por conseguinte, deve servir de guia para a felicidade de todo mundo. Entretanto, a pessoa que está diante do psicólogo ou psiquiatra não se sente feliz, apesar de todos pensarem que ela deveria estar feliz.
    NIILISMO, FRUSTRAÇÃO E NORMOSE
    Diante desse mal estar normótico a pessoa pode apresentar um quadro emocional de frustração inespecífica ou um certo niilismo. Segundo Eunice Carvalho, niilismo significa uma perda de ideal pelo desaparecimento de uma referência desejável e mobilizadora, e se revela por uma atitude meramente contemplativa pelo desalento. O niilismo, segundo Rossano Pecoraro, é a desvalorização e morte do sentido, a ausência de finalidade e de resposta aos “porquês”. Como assinala ainda - "... (o niilismo), não só diagnostica a doença do nosso tempo, como tenta indicar um remédio".
    Por um lado, o niilismo provém do desencanto causado pela profanização da cultura ocidental do mundo moderno, visto que as concepções religiosas ou outros valores se desintegram, por outro lado, o nihilismo surge numa espécie de momento da modernidade (pós-romantismo), também marcada pela ausência de valores absolutos.
    Procuramos detectar uma atitude niilista em pacientes com o mal estar emocional normótico, parodiando esse niilismo da filosofia descrito brevemente acima. Principalmente porque o niilismo pode ser considerado um movimento negativo, quando faz prevalecer os traços destruidores, o declínio, o ressentimento, a incapacidade de avançar, a paralisia e o “vale-tudo” permitido.
    É o desencantamento e a desesperança do niilismo o que mais chama atenção na atitude emocional da normose. Apesar de tudo estar normal, assustadoramente normal, há um desencantamento e uma desesperança na afetividade da pessoa que apresenta uma atitude normótica. Parece haver uma frustração retroativa, referente às coisas que não saíram como pretendido, uma frustração futura, referente às perspectivas pessimistas e uma frustração atual, porque o destino não coincide simultaneamente com a vontade.
    Trazendo a afirmação de Pecoraro sobre “...a ausência de finalidade e de resposta aos “porquês” da normose, como conseqüência vemos que o paciente segue normas, conceitos, estereótipos e hábitos de pensar coletivos sem questionar a validade e o propósito disso tudo, sem procurar os “porquês”. Pessoas se conduzem como autômatos obedientes sem noção da finalidade de suas atitudes, com um grande espaço vazio onde deveria estar o ajuizamento e a valorização da existência. De fato, a frustração dispara de rédeas soltas.
    A normose, que resulta de um conjunto de crenças, opiniões, atitudes e comportamentos considerados normais e em torno dos quais existe um consenso de normalidade, acaba tendo conseqüências patológicas e/ou letais. Na realidade temos efeitos nocivos da normose no meio ambiente por conta do uso de agrotóxicos e inseticidas, na área da saúde geral através do consumo de drogas, cigarro ou álcool, na área social onde se considera normal a banalização da violência e em quase todas as áreas da atividade humana, passando pela informática e pela moral.
    Na psiquiatria os efeitos da normose dizem respeito à vacuidade existencial, ao vazio de valores, de propósitos, objetivos e metas. Alguns próprios sintomas anteriormente considerados francamente neuróticos hoje são tidos como normais.

    Psiqweb

    Venha de lá agora a cavalaria dizer que, quando não há mais... inventam de tudo...

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