Muitos moradores da Benedita ficaram sem dinheiro das contas
Os clonadores de cartões multibanco terão voltado a atacar, desta vez em Benedita, Alcobaça, onde nos últimos dois dias a GNR recebeu dezenas de queixas de moradores que foram prejudicados num total estimado em milhares de euros.
Os levantamentos ilegais começaram a ser detectados durante a tarde de sábado, quando os donos dos cartões perceberam que desconhecidos tinham retirado dinheiro das suas contas. Pelo menos uma parte em máquinas instaladas nas regiões de Leiria e Algarve, onde não tinham estado nas horas e datas indicadas nos extractos bancários.
Na GNR Benedita, ao fim da tarde de ontem, o número de queixas “não chegaria às duas dezenas”. No entanto, havia ainda quem não tivesse apresentado a denúncia do crime, como era o caso de Filipe Sardinha, que ficou sem 200 euros: “Foram lesadas muitas pessoas. Dois amigos ficaram um sem 200 euros e o outro 350. E os levantamentos foram feitos em Albufeira, Portimão, Lagos e Leiria.”
Em pelo menos uma das situações o mesmo cartão foi utilizados duas vezes pelos criminosos. Quando João Ramalho, outra das vítimas, foi à GNR – pelas 00h30 de ontem – já era “a nona pessoa” e durante o dia muitas outras foram participar o sucedido. “Chegou a formar-se fila no posto”, adianta Filipe Sardinha. As primeiras denúncias chegaram às autoridades pelas 20h00 de sábado e o movimento no posto ainda ontem era “um pouco acima do normal” para um fim-de-semana.
Em princípio, os criminosos terão utilizado um dos métodos de clonagem de cartões, numa ou várias máquinas multibanco instaladas na Benedita, num período anterior aos levantamentos ainda por determinar. A Polícia Judiciária de Leiria assumiu de imediato a investigação deste caso e já desenvolveu as primeiras investigações na vila.
“Eles [os ladrões] devem ter filmado as pessoas a digitar os códigos e conseguido os dados dos cartões com algum aparelho colocado nas ranhuras das máquinas”, procura explicar uma das pessoas do grupo reunido no largo central da Benedita, onde este assunto era tema generalizado de conversa.
Algumas vítimas apercebiam-se do sucedido pelo falatório que ia na rua e porque todas as caixas multibanco exteriores estavam desligadas, o que fazia antever que algo de anormal se tinha passado. Muita gente foi retirar extractos das suas contas para verificar se iam ou não engrossar o rol de vítimas. “Safei- -me!”, diz António Silva, ao sair de uma caixa instalada no interior da agência do BPI. “Estes bandidos inventam de tudo para nos roubar”, adianta enquanto olha para o talão. Outros foram buscar o documento porque era necessário para a queixa.
Entretanto, os bancos optaram por avisar os clientes sobre o que se estava a passar, concelando-lhes – como medida de segurança – os cartões multibanco e aconselhandos-os a apresentar queixa na GNR. Noutros casos foram as vítimas que optaram por tomar aquelas medidas.
Segundo os relatos dos populares, as perdas das vítimas oscilam entre “40 e 350 euros”, mas como o valor máximo dos levantamentos por dia/cartão é de 400 euros pode haver clientes lesados em verbas superiores. Até porque não é de excluir que tenham sido efectuados saques às contas em dias diferentes.
TÉCNICA E CONSELHOS
O truque mais utilizado pelos falsificadores é a colocação de dispositivos – nomeadamente uma microcâmara de vídeo e caixilhos em plástico – nas máquinas multibanco, o que permite a leitura da banda magnética dos cartões introduzidos e faz a gravação dos respectivos códigos secretos quando digitados pelos titulares dos verdadeiros cartões. Estes são depois clonados e utilizados pelos burlões para efectuar levantamentos fraudulentos.
Em alguns casos os bancos conseguem detectar a situação a tempo e avisar os clientes. As autoridades aconselham as pessoas a efectuar os movimentos no interior das agências ou a esconder os dígitos com a mão.
CASOS RECENTES
SETÚBAL
A PJ de Setúbal deteve no dia 25 de Julho um indivíduo romeno que clonava cartões através de uma microcâmara de vídeo e caixilhos em plástico que depois adaptava nas caixas multibanco. Levantou dinheiro de contas bancárias em Portugal e no estrangeiro.
DO MINHO AO ALGARVE
No inicio de Julho alguns bancos da região do Alentejo optaram por cancelar milhares de cartões aos seus clientes devido a este tipo de crime. No mês anterior o ‘CM’ também noticiou casos semelhantes ocorridos nas regiões do Minho e do Algarve.
Carlos Ferreira, Leiria
http://www.correiomanha.pt/noticia.a...Canal=10&p=200
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