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"O ataque dos medíocres" - "Precisamos mais de estabilidade ou criatividade?"

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    "O ataque dos medíocres" - "Precisamos mais de estabilidade ou criatividade?"

    Será a mediocridade, a par de outros obstáculos (já aqui falados), mais uma das pechas que obsta ao desenvolvimento dos países?

    Precisamos mais de estabilidade ou criatividade?

    A incapacidade para criar e apreciar a excelência, ou seja, a mediocridade, é necessária para a estabilidade social: um mundo de génios seria ingovernável. Todavia, possui também uma vertente maligna que procura destruir qualquer indivíduo que se destaque.

    Quando surge um verdadeiro génio no mundo, podemos reconhecê-lo pelo seguinte sinal: todos os medíocres conspiram contra ele.” Foi assim que o médico, aventureiro e escritor irlandês Jonathan Swift (1667–1745), autor de As Viagens de Gulliver, resumiu a eterna tensão entre excelência e mediocridade, duas características da psicologia humana que exercem grande influência no funcionamento da sociedade. Cada uma se rege pelas suas próprias leis e ambas são necessárias: uma promove o progresso, a outra assegura a estabilidade social.

    Aspirar a ultrapassar-se a si próprio, quer através da própria criatividade, quer apoiando e admirando indivíduos notáveis, constitui uma qualidade intrínseca de um ser humano são. Sem essa tendência natural, não desejaría*mos ser melhores como pessoas, nem aprender bem um ofício; não existiria progresso ou desenvolvimento, nem nada de novo à face da Terra. Viveríamos em cavernas.

    Todavia, o valor oposto, a mediocridade, não é tão indesejável como pode parecer à primeira vista. De facto, desempenha uma função como parte de uma estratégia altamente evolutiva: proporciona o contraponto de estabilidade ao factor de mudança introduzido pelos génios (pensadores, artistas, inventores, investigadores...), que são, por definição, inovadores. Se todos fôssemos criadores geniais, o mundo seria um caos. Ninguém iria querer trabalhar nas fábricas, distribuir correio, lavar pratos nos restaurantes. No entanto, há uma variante de mediocridade maligna que tem como único objectivo prejudicar o talento alheio e quem se destaca pelos seus méritos.

    Luís de Rivera, catedrático espanhol de psiquiatria, define a mediocridade como a incapacidade para valorizar, apreciar ou admirar a excelência, e distingue três graus. A mediocridade comum é a forma mais simples e inócua. Os seus sintomas são a hiper-adaptação, a falta de originalidade e uma normalidade tão absoluta que poderia ser considerada patológica: a chamada “normopatia”. Os que a manifestam não têm ponta de criatividade e não sabem distinguir a excelência, mas respeitam as indicações que lhes dão e são consumidores bons e obedientes. O conformismo permite que se sintam razoavelmente felizes.

    O segundo tipo, a mediocridade pseudocriativa, acrescenta à anterior uma tendência pretensiosa para imitar os processos criativos normais. Enquanto o medíocre comum não se esforça para além do mínimo exigível, o pseudocriativo sente necessidade de aparentar e ostentar poder. A imagem é tudo para ele, mas, como não distingue o belo do feio, o bom do mau, não mostra inclinação para favorecer progressos de qualquer tipo e incentiva as manobras repetitivas e imitativas.

    Aqueles que se enquadram na síndrome da mediocridade inoperante activa (MIA) formam o terceiro grupo. Trata-se do mais prejudicial e agressivo, pelo que encaixa no perfil da maioria dos praticantes de assédio. Enquanto as categorias anteriores são simplesmente incapazes de reconhecer o génio, os MIA também se propõem destruí-lo por todos os meios ao seu alcance. O indivíduo afectado por esta síndrome desenvolve uma grande actividade que não é criativa nem produtiva, e possui um enorme desejo de notoriedade e influência. Por isso, tende a infiltrar-se em organizações complexas, nomeadamente as que já se encontram minadas por formas menores de mediocridade, com o objectivo de entorpecer ou aniquilar o progresso dos indivíduos brilhantes.



    Conspiração de néscios

    Foi o espírito MIA que esteve por detrás da morte do filósofo grego Sócrates, dos crimes da Inquisição, da perseguição das elites intelectuais pelas ditaduras, do exílio de Freud e de Einstein e de incontáveis outros judeus, da queima de livros, da marginalização e absoluta pobreza em que morreram tantos artistas, da censura, do assédio e do abandono que vitimaram personalidades notáveis de todas as épocas e cantos do mundo.

    Se o ser humano, como defendia o psicólogo norte-americano Abraham Maslow, tem inclinação para a excelência por natureza, então é preciso analisar o papel desempenhado pela cultura e pela educação. “Será possível que estejamos condicionados por uma espécie de selecção cultural que nos condena à imbecilidade?”, questiona o escritor italiano Pino Aprile no seu livro Elogio do Imbecil. Conclui que sim e que existe uma razão para todos os sistemas sociais advogarem a mediania: “A inteligência é como a areia que se introduz nas engrenagens: pode obstruir os mecanismos.” O génio é subversivo, não apenas por discutir a norma em vez de a aplicar, mas também por blo*quear, através da sua actuação, o percurso habitual de qualquer sistema burocrático. Por isso, segundo o autor, “o poder de uma organização social humana será tanto maior quanto maior for a quantidade de inteligência que conseguiu destruir”.

    Há sistemas políticos que o fazem de uma forma mais óbvia do que outros. No Camboja de Pol Pot, os khmers vermelhos matavam qualquer indivíduo que não tivesse calos nas mãos, sinal de que poderia ser um intelectual e pensar pela própria cabeça. Outras culturas gabam-se de fomentar o individualismo e a meritocracia, mito que os Estados Unidos, por exemplo, sempre procuraram vender. Era também o ideal do liberalismo inglês do século XIX: se uma única pessoa quiser empreender algo diferente do que fazem os restantes mortais, tem o mesmo direito de escolher o caminho do que o conjunto maioritário, dizia o filósofo inglês John Stuart Mill, na obra Sobre a Liberdade.

    Todavia, o mais frequente é que a imposição da mediocridade e a perseguição da excelência continuem a ser exercidas de forma insidiosa e subtil nas sociedades democráticas, e isso desde a mais tenra infância. O indivíduo me*díocre representa uma jóia para o sistema, pois é o consumidor ideal, fácil de manipular, e não questiona a autoridade nem as normas.

    Talvez por esse motivo, o modelo educativo dominante não se dá geralmente ao trabalho de fomentar a excelência, a criatividade ou a iniciativa. As crianças usam o mesmo uniforme, preenchem as mesmas fichas e quase não tomam apontamentos; acompanham a lição num livro, igual para todos. Não interessa se uma delas é óptima a matemática e odeia línguas, ou se tem talento para desenhar mas não se interessa por álgebra. Têm todas de fazer o mesmo: adaptar-se sem se destacar demasiado, não causar conflitos. O que se espera delas é que sejam “normais”.



    A excepção finlandesa

    Chama a atenção, como caso isolado, um discreto país nórdico em que quase não existe insucesso escolar. Na Finlândia, ser brilhante não é excepção. Os jovens concluem o ensino secundário com notas excelentes, a saber falar duas ou três línguas e com um saudável interesse pela leitura. De facto, é o país europeu com maior índice de consumo de livros e lidera a lista, na categoria de excelência educativa, do programa PISA para a avaliação internacional dos resultados dos estudantes da OCDE. Motivos? Para começar, a profissão de professor possui grande prestígio social; é um dos cursos universitários mais difíceis e que mais requisitos exige aos candidatos. Apenas os melhores conseguem chegar a dar aulas, e o método de ensino nada tem a ver com o que conhecemos: dá-se prioridade ao ensino individualizado e à liberdade criativa, e os alunos têm verdadeiro poder de decisão na escola, onde abundam as reuniões e os debates.

    E na esfera laboral? Já houve quem tentasse explicar a forma como a mediocridade se impõe no trabalho através de uma série de princípios destinados a impedir a eficiência. Cyril Northcote Parkinson, historiador inglês com grande conhecimento do sistema burocrático britânico de meados do século XX e autor do livro A Lei de Parkinson, afirmava que “a tarefa a ser efectuada será insuflada de importância e complexidade na proporção directa do tempo disponível”. Na opinião deste observador da realidade social, o número de horas consagrado ao desempenho de uma actividade nada tem a ver com a qualidade do resultado (Paul McCartney corroborou o facto ao assegurar que os Beatles nunca investiram mais de duas horas a compor qualquer dos seus temas). Segundo Parkinson, quanto mais tempo alguém tiver para executar uma tarefa, mais irá demorar a fazê-la. Propôs mesmo uma equação para cacular o ritmo de crescimento da burocracia.

    “O incompetente procura ocultar a própria incompetência através do aumento das suas competências”, assinalava Parkinson, que descreveu a forma como os chefes gostam de multiplicar o número de subordinados, pelo que contratam pessoas para dividir as tarefas, e como os funcionários arranjam sempre trabalho para os colegas. Isso significa que o resultado de determinada incumbência será o mesmo, quer seja feita por uma ou cinco pessoas, embora o processo, no segundo caso, seja mais longo e complexo: no prazo de dez dias, B tem de fazer aquilo de que encarregou A, para depois ser revisto por C, pelo que necessita de se reunir com A; D e E terão de aprovar, mas não sem antes lerem os relatórios escritos por C e B, após as respectivas secretárias terem enviado cópias aos primeiros, a fim de que A possa finalmente assinar o que poderia ter escrito e rubricado desde o início, concluindo a tarefa em apenas um dia. Por exemplo...

    Ascensão imparável?

    Por sua vez, o pedagogo canadiano Laurence J. Peter (1919–1990) explicou o êxito profissional dos medíocres através do que denominou “princípio de Peter”: “Numa empresa ou organização, qualquer trabalhador tende a ascender até atingir o seu nível de incompetência.” Se nos promoverem devido aos nossos méritos, acabaremos por ocupar um cargo para o qual não temos competência e deixaremos de nos destacar (e de ascender), permanecendo enquistados no nosso nicho de mediocridade. Uma das consequências é que quem alcança o seu nível de incompetência poderá sentir-se tentado a boicotar os subordinados de forma a não serem promovidos (ou mesmo a serem despedidos); assim, acaba por agir como uma espécie de tampão involuntário para as próximas gerações. Os norte-americanos, que levam muito a sério a questão da eficiência, adiantaram algumas soluções, como a de premiar um bom trabalhador com um aumento salarial em vez de uma promoção. Todavia, parece que entram em jogo outros factores no complexo sistema da mediocridade.

    De acordo com o princípio de Dilbert, “as empresas promovem sistematicamente os trabalhadores menos competentes a cargos directivos, a fim de limitar os danos que eles podem provocar”. O termo foi inventado por um economista nova-iorquino, Scott Adams, que é também autor da banda desenhada humorística protagonizada por Dilbert, um excelente engenheiro ao serviço de um chefe despótico. Os desenhos, publicados originalmente no Wall Street Journal, inspiraram posteriormente um livro e, para além do aspecto lúdico, demonstraram constituir um fiel reflexo da organização empresarial nos Estados Unidos (seguramente extensível a outros países). Numa entrevista à revista Funny Business, Adams explicava: “Muitas vezes, promove-se a pessoa menos competente apenas para afastá-la do verdadeiro trabalho. É preferível que se dedique a coisas simples, como pedir café ou gritar com os outros. Os programadores e os cirurgiões, pessoas verdadeiramente brilhantes, não costumam figurar no quadro de administração das empresas.”

    A percentagem de medíocres é sempre maior do que a proporção de pessoas notáveis. O que aconteceria se fosse ao contrário e os criativos dominassem? Pois, ninguém vestiria de acordo com os ditames da moda, nem iria querer trabalhar nas fábricas que materializam os inventos dos inventores; haveria frequentes revoluções políticas, os departamentos dos organismos públicos estariam vazios e não haveria best-sellers. Em Ao Farol, de Virginia Woolf, uma das personagens interroga-se se o mundo seria diferente se Shakespeare não tivesse existido, e conclui: “Provavelmente, não. Talvez o bem geral exija a existência de uma massa de servos. O condutor do metro, esse sim, é uma necessidade eterna.”

    Em busca de um ideal

    Nesse caso, estará a excelência reservada a uma pequena minoria? Se definirmos a mediocridade, não pelas suas conquistas, mas como sendo uma atitude (a incapacidade de valorizar a excelência), então também poderíamos definir o oposto nos mesmos termos. Isto é, uma pessoa excelente é aquela capaz de reconhecer e apreciar o bom, o notável, o brilhante, o belo ou o original, quer seja ou não artífice do objecto apreciado. Não é preciso ser Aristóteles, Dalí ou Einstein; a excelência também está presente nos que sabem admirar o talento dos outros e tomá-lo, subtilmente, por modelo.
    Não depende das notas na escola, nem da classe socioeconómica, nem da profissão. Um humilde lavador de pratos pode pender para a excelência se for capaz de reconhecê-la e respeitá-la; nesse caso, terá bom gosto para se vestir, embora a roupa seja barata, e saberá escolher os amigos, distinguir um bom filme de um fraco e apreciar a beleza de um pôr-do-sol. Do mesmo modo, é possível que um rei, um líder político ou um multimilionário seja um medíocre, sem capacidade para distinguir o excepcional. Por muito dinheiro, fama ou poder que tenha, a decoração da sua casa não terá grande estilo, dificilmente saberá escolher pessoal bem preparado para o auxiliar e não conseguirá distinguir sozinho uma verdadeira obra de arte de uma variação oportunista sobre os temas da moda.

    A procura da excelência implica uma tensão interior que faz o indivíduo suplantar-se, acelerando o seu desenvolvimento ou potenciando e admirando o progresso dos outros. O excelente é idealista, rebelde, aventureiro, altruísta, incansável, mas pode também ser egocêntrico, insatisfeito, maníaco e viciado no trabalho, ou manifestar dificuldade em adaptar-se e socializar. Quando a pressão para nos ultrapassarmos a nós próprios é excessiva, conduz ao perfeccionismo. Quanto mais alguém tiver inclinação para a excelência, menos satisfeito estará consigo próprio, enquanto o medíocre raras vezes é vítima de uma sensação de fracasso e sente-se, geralmente, satisfeito com a vida que leva.

    O filósofo inglês Bertrand Russell sabia, por experiência própria, como é difícil adaptar-se à “tirania da ignorância”; no livro A Conquista da Felicidade, aconselha os génios incompreen*di*dos a emigrarem para um lugar onde as suas ideias sejam mais bem recebidas, a fingirem aceitar os preconceitos e os costumes dominantes ou a tentarem que a sua independência de espírito não seja interpretada como uma provocação. Na realidade, por muito que custe admiti-lo, ser tomado por louco traz muito menos problemas.

    L.G.R.
    O ataque dos medíocres

    #2


    Vamos lá a ver, é normal ser-se mediano. Mas o texto fala também de incompetencia e burocracia que nada tem a ver com ser-se mediano.

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      #3
      A mediania da incompetência e do botabaixismo...

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        #4
        O meu marido mostrou-me isto. E a triste realidade é que todos conhecemos pessoas assim, que tentam destruir o génio porque se sentem bem na mediocridade e como medíocres.

        Portugal será um caso muito particular de mediocridade, dada a forma como se vota, como se estabelece o treinador de bancada como o expoente máximo do exemplo a seguir, pela forma como se gerem empresas e organismos públicos e pela forma como se atacam os competidores no sector empresarial.

        Pessoalmente tenho tido mais problemas com rivais que pagam mal, exigem demasiado e acabam por perder colaboradores altamente capacitados para a minha empresa, do que com a incompetência deste governo. Ainda que os dois tipos de idiotas referidos, sejam como uma ancora que impede o país de avançar, parecem multiplicar-se como coelhos (um mau exemplo eu sei ).

        Pessoalmente, concordo que num mundo com mais gente genial, estaríamos bem melhor, do que num mundo onde a vasta maioria segue os três tipos de mediocridade citados no texto (mediocridade comum, mediocridade pseudocriativa, mediocridade inoperante activa) e que tantas vezes encontramos por todo o lado, desde os fóruns, aos blogs e tecido empresarial nacional.

        A mediocridade combate-se com educação, mais e melhor educação e nesse sentido creio ser importante frisar que as mentalidades e as culturas mudam precisamente com a educação e a inclusividade. Já falei por aqui no livro "Porque Falham as Nações , As origens do Poder, da Prosperidade e da Pobreza de Daron Acemoglu, James A. Robinson" e uma parte do artigo reflecte aquilo que todos sabemos e é referido no livro, o saber intuitivo de que só com educação um povo pode ser tudo o que pode ser, mas também que um tal povo não se deixa governar por gente menor.

        O exemplo que devemos seguir:

        A excepção finlandesa

        Chama a atenção, como caso isolado, um discreto país nórdico em que quase não existe insucesso escolar. Na Finlândia, ser brilhante não é excepção. Os jovens concluem o ensino secundário com notas excelentes, a saber falar duas ou três línguas e com um saudável interesse pela leitura.

        De facto, é o país europeu com maior índice de consumo de livros e lidera a lista, na categoria de excelência educativa, do programa PISA para a avaliação internacional dos resultados dos estudantes da OCDE.

        Motivos? Para começar, a profissão de professor possui grande prestígio social; é um dos cursos universitários mais difíceis e que mais requisitos exige aos candidatos. Apenas os melhores conseguem chegar a dar aulas, e o método de ensino nada tem a ver com o que conhecemos: dá-se prioridade ao ensino individualizado e à liberdade criativa, e os alunos têm verdadeiro poder de decisão na escola, onde abundam as reuniões e os debates.
        Editado pela última vez por Peste; 13 April 2014, 17:33.

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          #5
          Não deixa de ser curioso a semelhança com a nossa (triste) realidade:

          Os normais e os outros

          A mediocridade e o seu oposto, a excelência, surgem ligadas a uma série de características contraditórias: a primeira costuma ter por aliados a inveja, a imitação, o conformismo, a adaptação, a tradição, a inércia e a rotina; a segunda é amiga da admiração, da criatividade, do inconformismo, da rebeldia, da inovação, da curiosidade e da iniciativa.

          Instinto de sobrevivência – A prioridade do medíocre é sobreviver, custe o que custar. Mais vale ser parvo do que morto, como dizia o escritor escocês Robert-Louis Stevenson. É o oposto do instinto de suplantar, que procura alargar os horizontes, mesmo que se tenha de arriscar a vida. Será que Colombo pensava no risco que corria ao atravessar o oceano na sua frágil embarcação?

          Terror do infinito – O medíocre não só não consegue imaginar o infinito, como sente náuseas só de pensar nisso. Em contrapartida, o excelente acolhe a espiritualidade e procura um sentido para a vida.

          Egoísmo – Ao “salve-se quem puder” opõe-se o altruísmo do indivíduo excelente, que dá prioridade à ideia do progresso e ao bem da humanidade.

          Normopatia – O medíocre receia e detesta sair dos carris, ser diferente. O excelente encoraja o individualismo para desenvolver as suas qualidades inatas.

          Comodismo – Como se está bem no sofá a ver televisão! O oposto é o apelo da aventura: vou ficar na modorra quando há tanto por descobrir?

          Materialismo – Ao “sou o que tenho” do medíocre contrapõe-se o idealismo, motor do génio.

          Comentário


            #6
            E a propósito deste tema, hoje encontrei este desabafo no face da Raquel Varela:


            No Brasil colocaram o maravilhoso romance de Padura O Homem que Gostava de Cães, uma epopeia sobre as grandes opções revolucionárias e políticas do século XX, na secção cães.

            Já vi em Portugal o nosso Quem Paga o Estado Social na secção...contabilidade. Em breve, para nos lembrarmos que cultura e literacia não é o mesmo que frequência da escolaridade, veremos O Vermelho e o Negro na secção artes plásticas.

            Não é muito importante, mas para quem um livro é uma parte de si, do mundo que aprendeu, fica chocado com a destruição da riqueza cultural. Quem tem sorte pode continuar a ir à Letra Livre, à Pó dos Livros, etc., mas convínhamos que não se resolve assim o problema de fundo da cultura enquanto bem profundamente elitista.

            É urgente organizar a sociedade para criar uma cultura de excelência para todos e não para uma elite que teve a sorte de nascer no meio de livros e saber - isso faz-se com liberdade e igualdade no acesso a todos ao melhor - não há outra maneira.

            Raquel Varela

            Comentário


              #7
              Originalmente Colocado por Peste Ver Post
              E a propósito deste tema, hoje encontrei este desabafo no face da Raquel Varela:


              No Brasil colocaram o maravilhoso romance de Padura O Homem que Gostava de Cães, uma epopeia sobre as grandes opções revolucionárias e políticas do século XX, na secção cães.

              Já vi em Portugal o nosso Quem Paga o Estado Social na secção...contabilidade. Em breve, para nos lembrarmos que cultura e literacia não é o mesmo que frequência da escolaridade, veremos O Vermelho e o Negro na secção artes plásticas.

              Não é muito importante, mas para quem um livro é uma parte de si, do mundo que aprendeu, fica chocado com a destruição da riqueza cultural. Quem tem sorte pode continuar a ir à Letra Livre, à Pó dos Livros, etc., mas convínhamos que não se resolve assim o problema de fundo da cultura enquanto bem profundamente elitista.

              É urgente organizar a sociedade para criar uma cultura de excelência para todos e não para uma elite que teve a sorte de nascer no meio de livros e saber - isso faz-se com liberdade e igualdade no acesso a todos ao melhor - não há outra maneira.

              Raquel Varela
              O problema é quando a cultura produzida só interessa a alguns e nao a todos.

              Comentário


                #8
                Originalmente Colocado por Peste Ver Post
                Os normais e os outros

                A mediocridade e o seu oposto, a excelência, surgem ligadas a uma série de características contraditórias: a primeira costuma ter por aliados a inveja, a imitação, o conformismo, a adaptação, a tradição, a inércia e a rotina; a segunda é amiga da admiração, da criatividade, do inconformismo, da rebeldia, da inovação, da curiosidade e da iniciativa.

                Instinto de sobrevivência – A prioridade do medíocre é sobreviver, custe o que custar. Mais vale ser parvo do que morto, como dizia o escritor escocês Robert-Louis Stevenson. É o oposto do instinto de suplantar, que procura alargar os horizontes, mesmo que se tenha de arriscar a vida. Será que Colombo pensava no risco que corria ao atravessar o oceano na sua frágil embarcação?

                Terror do infinito – O medíocre não só não consegue imaginar o infinito, como sente náuseas só de pensar nisso. Em contrapartida, o excelente acolhe a espiritualidade e procura um sentido para a vida.

                Egoísmo – Ao “salve-se quem puder” opõe-se o altruísmo do indivíduo excelente, que dá prioridade à ideia do progresso e ao bem da humanidade.

                Normopatia – O medíocre receia e detesta sair dos carris, ser diferente. O excelente encoraja o individualismo para desenvolver as suas qualidades inatas.

                Comodismo – Como se está bem no sofá a ver televisão! O oposto é o apelo da aventura: vou ficar na modorra quando há tanto por descobrir?

                Materialismo – Ao “sou o que tenho” do medíocre contrapõe-se o idealismo, motor do génio.
                Não deixa de ser curioso a semelhança com a nossa (triste) realidade:
                Estava a ver que ninguém reparava!...

                Comentário


                  #9
                  quando não existe avaliação não há estímulo para os geniais emergirem e acabam por cair na mediocridade dos restantes

                  Comentário


                    #10
                    Originalmente Colocado por PeLeve Ver Post
                    Estava a ver que ninguém reparava!...
                    E há tanta forma de olhar para aquelas palavras... deixo aberto á reflexao.

                    Comentário


                      #11
                      Originalmente Colocado por jimbo Ver Post
                      quando não existe avaliação não há estímulo para os geniais emergirem e acabam por cair na mediocridade dos restantes
                      Motivação.

                      Comentário


                        #12
                        Infelizmente os portugueses são mais medíocres em algumas áreas que outros povos e isso nota-se muito no país real:

                        Estudantes portugueses com dificuldades em aplicar a Matemática à vida real

                        http://www.jn.pt/PaginaInicial/Sociedade/Educacao/Interior.aspx?content_id=3790145

                        Comentário


                          #13
                          Originalmente Colocado por 500c Ver Post
                          Infelizmente os portugueses são mais medíocres em algumas áreas que outros povos e isso nota-se muito no país real:

                          Estudantes portugueses com dificuldades em aplicar a Matemática à vida real

                          Estudantes portugueses com dificuldades em aplicar a Matemática à vida real - JN
                          Já reparei nisso, mas julgo que o problema tem solução.

                          Temos é de seguir o exemplo acima citado, acabar com as cunhas nas empresas e com a forma como se dão equivalências em algumas universidades.

                          Comentário


                            #14
                            Originalmente Colocado por PeLeve Ver Post
                            Será a mediocridade, a par de outros obstáculos (já aqui falados), mais uma das pechas que obsta ao desenvolvimento dos países?

                            O ataque dos medíocres
                            Este artigo é demasiado confuso na apresentação de ideias concretas. Ok, o tema é altamente volátil e subjectivo, mas ou por culpa de quem elaborou estas teorias, ou por culpa de quem fez estas "colagens" e lhe chamou de artigo, há coisas q não fazem mesmo (nenhum) sentido.

                            Entre muitas coisas, parece-me a descrição de um horóscopo. Misturamos tudo e tudo vai dar ao mesmo. Os excelentes ou notáveis são criativos, altruístas, inconformados, etc, mas também podem ser misantropos, egocêntricos, maníacos, etc. Pois. Ou seja, medíocres.

                            TODAS as pessoas albergam em si a mediocridade e a excelência dos tempos em q vivem. Catalogar pessoas de medíocres segundo um critério de apreciação estética, e sem ter em conta todo o resto de uma vida é algo completamente irracional. Ou seja, alguém de excelência é alguém q consegue perceber a beleza de um pôr de sol, mas falha em tudo o resto ao ponto de não conseguir fazer mais nada na vida do q lavar pratos. Que não me interpretem mal, não existe nenhum mal em lavar pratos, mas alguém de excelência não pode SÓ lavar pratos. Só se aspirar a isso, e nesse caso não há nada a apontar. Mas aqui há o factor intenção.

                            Voltando aos conceitos, como se os conceitos de beleza, justiça, verdade, etc, não tivessem mudado ao longo da nossa história, e estejam, atrever-me-ia a dizer, em eterna mutação. Basta olharmos para a arte (já q um dos critérios de excelência parece ser a sensibilidade artística) e para a introdução do horrível e da arte como catarse e absurdo, principalmente no séc. XX. A arte já não vive do conceito de beleza mas sim de um conjunto de critérios que pouco ou nada necessitam da beleza para se afirmarem viáveis como obra de arte.

                            Mais, muitos artistas e outros "inventores" tiveram tanto de medíocres como de génios, e "deixar obra feita" não é sinónimo de "avanço civilizacional ou cultural". Quem já leu Kafka percebe q o Kafka culturalmente não inventou nada. O Kafka era um tipo extremamente inseguro, completamente normal e apático, q escrevia para descrever o absurdo da existência. E quem aprecia Kafka e se identifica sabe q o Kafka não apresenta respostas para nada, simplesmente expõe o absurdo da sua vida, o vazio do homem moderno.

                            Mas o que mais me chocou foi o questionário no final do artigo. No artigo fala-se da mediocridade no mundo laboral e nesse questionário há uma clara tentativa em fazer passar por medíocre quem não é "cool". Pessoalmente as minhas respostas até davam quase todas 0 e 1 porque me considero um tipo pouco ambicioso e honesto, como tal, muitas das opções que estavam para escolha nem me passavam pela cabeça, mas achei esta deliciosa:

                            16. Continuamos na escola. Imagina que um colega lhe pede para o deixar copiar a sua prova num exame.
                            a) Acede a que ele o faça (0)
                            b) Denuncia-o ao professor, pois não é justo que uns estudem e outros copiem (1)
                            c) Não aceita, mas aproveita para fazer chantagem com o colega, mais tarde (3)
                            d) Diz-lhe que o problema é dele, devia ter estudado! (2)

                            Ou seja, deixem-me cá ver: fala-se na mediocridade no emprego, em lugares de topo, e depois quem não deixa copiar é medíocre. Boa! Quem copia fá-lo porque existe conivência ou da parte dos colegas ou dos professores. Ao fim de contas é uma cunha e um acto imoral com consequências graves: quem faz cursos a copiar e com boas notas vai entrar no mercado de trabalho como alguém altamente especializado, e q futuramente irá ocupar... lugares de topo. Se todos formos coniventes com isso então estamos a alimentar a corrupção, a mediocridade laboral e intelectual. Mas não: aqui parece que quem não deixa copiar é invejoso, como tal, medíocre. As coisas q um tipo descobre!
                            Editado pela última vez por cjr; 16 April 2014, 13:45.

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