As crianças de Cebu vivem um drama diário: para combater a pobreza extrema, os pais obrigam-nas a despirem-se em frente a uma webcam. Antes isso do que prostituição, dizem
O vídeo não tem mais do que três minutos mas é suficiente para deixar qualquer pessoa impressionada: três crianças, com 11, 8 e 3 anos, simulam actos sexuais com uma mulher. O cenário é o de uma casa vulgar e a protagonista é a própria mãe dos miúdos que, como acontece com milhares de famílias daquela região, obriga os filhos a despirem-se para uma câmara ligada à Internet. Gravado em 2011, este foi o primeiro de muitos filmes que transformaram a pequena ilha de Cebu, nas Filipinas, na capital mundial do cibersexo infantil.
Mary Rose começou por visitar a casa das vizinhas e durante dois anos despiu-se e dançou em frente de umawebcam, praticamente à porta de casa dos pais. Do outro lado do monitor estava sempre o mesmo cliente, que ela conhecia apenas por Garry. A relação virtual rapidamente evoluiu e, ao fim desses dois anos, o homem enviou-lhe dinheiro para comprar o seu computador pessoal. Rose, já com 20 anos, montou um negócio em casa dos pais, arranjou mais clientes e convidou outras jovens a juntarem-se a ela – por vezes chegavam a ser 10, emshows que se prolongavam noite dentro até à manhã seguinte.
Quando percebeu que alguns dos seus clientes queriam também ver crianças, pediu a uma das suas colegas que levasse a filha, recém-nascida. “A pressão foi tal que desatei a chorar”, contou aquela mulher à revista alemã 'Spiegel'. Poucos dias depois, a mãe de Rose descobriu o negócio da filha e fez queixa à polícia. Ela foi parar a um programa de protecção de jovens, e os vizinhos foram detidos. O desfecho deste caso, no entanto, está longe de ser uma regra nas Filipinas, onde a pobreza extrema contrasta com as infra-estruturas digitais modernas. A Internet é das mais rápidas de toda a Ásia, o que permitiu a explosão do negócio de cibersexo na ilha, que se tornou a principal fonte de receita das famílias. Estima-se que “dezenas de milhares de crianças” encenem diariamente actos sexuais parawebcams, iPads e smartphones. Cada sessão custa 2.000 pesos (32 euros), e não tem tempo limite: só termina quando o cliente desliga o computador. Segundo algumas organizações não governamentais, mais de 750 mil pessoas acedem diariamente a sites com salas de conversação para ter sexo com menores.
A lei filipina é severa para quem incentiva o cibersexo, equiparando-o em termos legais ao crime de tráfico de menores, cujas penas vão dos 15 anos à prisão perpétua. Mas os pais, principais impulsionadores da prática, defendem-se com o argumento de que tudo não passa de encenação. Dizem que não há abusos reais ou violações, e que “é melhor despir uma criança em frente de uma webcam do que ela prostituir-se de forma convencional”, escreve a 'Spiegel'.
Muitas destas crianças têm a esperança de que algum dos seus clientes as resgate de uma vida pobre e sem perspectivas. De acordo com a ONG Terre des Hommes, há homens que viajam até Cebu após algumas horas de conversação só para conhecer esse menor. Costumam passar alguns dias de férias num hotel do red light district. Mas não mais do que isso; quando regressam – vão sozinhos.
http://www.sabado.pt/Multimedia/FOTOS/Mundo/A-ilha-que-vive-de-cibersexo.aspx
O vídeo não tem mais do que três minutos mas é suficiente para deixar qualquer pessoa impressionada: três crianças, com 11, 8 e 3 anos, simulam actos sexuais com uma mulher. O cenário é o de uma casa vulgar e a protagonista é a própria mãe dos miúdos que, como acontece com milhares de famílias daquela região, obriga os filhos a despirem-se para uma câmara ligada à Internet. Gravado em 2011, este foi o primeiro de muitos filmes que transformaram a pequena ilha de Cebu, nas Filipinas, na capital mundial do cibersexo infantil.
Mary Rose começou por visitar a casa das vizinhas e durante dois anos despiu-se e dançou em frente de umawebcam, praticamente à porta de casa dos pais. Do outro lado do monitor estava sempre o mesmo cliente, que ela conhecia apenas por Garry. A relação virtual rapidamente evoluiu e, ao fim desses dois anos, o homem enviou-lhe dinheiro para comprar o seu computador pessoal. Rose, já com 20 anos, montou um negócio em casa dos pais, arranjou mais clientes e convidou outras jovens a juntarem-se a ela – por vezes chegavam a ser 10, emshows que se prolongavam noite dentro até à manhã seguinte.
Quando percebeu que alguns dos seus clientes queriam também ver crianças, pediu a uma das suas colegas que levasse a filha, recém-nascida. “A pressão foi tal que desatei a chorar”, contou aquela mulher à revista alemã 'Spiegel'. Poucos dias depois, a mãe de Rose descobriu o negócio da filha e fez queixa à polícia. Ela foi parar a um programa de protecção de jovens, e os vizinhos foram detidos. O desfecho deste caso, no entanto, está longe de ser uma regra nas Filipinas, onde a pobreza extrema contrasta com as infra-estruturas digitais modernas. A Internet é das mais rápidas de toda a Ásia, o que permitiu a explosão do negócio de cibersexo na ilha, que se tornou a principal fonte de receita das famílias. Estima-se que “dezenas de milhares de crianças” encenem diariamente actos sexuais parawebcams, iPads e smartphones. Cada sessão custa 2.000 pesos (32 euros), e não tem tempo limite: só termina quando o cliente desliga o computador. Segundo algumas organizações não governamentais, mais de 750 mil pessoas acedem diariamente a sites com salas de conversação para ter sexo com menores.
A lei filipina é severa para quem incentiva o cibersexo, equiparando-o em termos legais ao crime de tráfico de menores, cujas penas vão dos 15 anos à prisão perpétua. Mas os pais, principais impulsionadores da prática, defendem-se com o argumento de que tudo não passa de encenação. Dizem que não há abusos reais ou violações, e que “é melhor despir uma criança em frente de uma webcam do que ela prostituir-se de forma convencional”, escreve a 'Spiegel'.
Muitas destas crianças têm a esperança de que algum dos seus clientes as resgate de uma vida pobre e sem perspectivas. De acordo com a ONG Terre des Hommes, há homens que viajam até Cebu após algumas horas de conversação só para conhecer esse menor. Costumam passar alguns dias de férias num hotel do red light district. Mas não mais do que isso; quando regressam – vão sozinhos.
http://www.sabado.pt/Multimedia/FOTOS/Mundo/A-ilha-que-vive-de-cibersexo.aspx
Comentário