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Semanário "O Independente" vai fechar

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    Semanário "O Independente" vai fechar

    Última edição na sexta-feira

    A directora do jornal O Independente anunciou hoje à redacção do jornal que o semanário vai publicar a sua última edição na próxima sexta-feira, disse à agência Lusa fonte da redacção do jornal.

    O jornal Público noticiou hoje que a venda d'O Independente ao empresário Alberto do Rosário falhou, "pondo em causa a continuidade do semanário".

    Uma fonte da direcção d'O Independente, citada pelo Público, disse que "a decisão quanto ao possível encerramento do jornal está dependente de um novo investidor".

    Fonte da redacção disse à Lusa que o quadro de pessoal do semanário é, neste momento, composto por cerca de 25 pessoas.

    Os últimos dados da Associação Portuguesa para o Controlo de Tiragem e Circulação (APCT), relativos ao primeiro trimestre deste ano e divulgados a 28 de Junho, mostram que O Independente protagonizou a maior descida do segmento dos jornais semanários generalistas.

    A circulação paga (vendas em banca e por assinatura) do jornal caiu 22,9 por cento, registando a cada sexta-feira vendas médias de 9.392 exemplares.

    fonte:

    http://jn.sapo.pt/2006/08/30/ultimas...ente_vai_.html

    #2
    Porque será que este jornal fechou?

    Comentário


      #3
      A circulação paga (vendas em banca e por assinatura) do jornal caiu 22,9 por cento, registando a cada sexta-feira vendas médias de 9.392 exemplares.

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        #4
        Finalmente, depois de tantas notícias "desesperadas", "ávidas" de leitores...

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          #5
          citação:Originalmente colocada por Pé Leve

          Finalmente, depois de tantas notícias "desesperadas", "ávidas" de leitores...
          Finalmente como? Satisfaz-te a situação?

          Comentário


            #6
            citação:Originalmente colocada por Mad Dragon

            Porque será que este jornal fechou?
            Porque em alguns casos foi sempre o contra poder.

            Acho que nenhum outro Jornal granjeou tantos inimigos e processos em tribunal, na sua curta existência.

            É uma página que se vira no Jornalismo Nacional.


            A Inês Serra Lopes, não foi o garante suficiente para que continuassem a vir á tona as noiticias escabrosas, e sórdidas de alguns casos nacionais.

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              #7
              Os bons vão-se...

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                #8
                citação:Originalmente colocada por serafas

                citação:Originalmente colocada por Pé Leve

                Finalmente, depois de tantas notícias "desesperadas", "ávidas" de leitores...
                Finalmente como? Satisfaz-te a situação?
                Não me satisfaz a situação, primeiro, de vários jornalistas ficarem desempregados e, segundo, de fechar um órgão de informação, pois a informação, a informação informativa (passo o pleonasmo) é uma das pedras basilares do Estado de Direito Democrático...

                Mas neste caso há outras nuances que, infelizmente, não poderei contar aqui, lamento!...

                Comentário


                  #9
                  citação:Originalmente colocada por Pé Leve

                  citação:Originalmente colocada por serafas

                  citação:Originalmente colocada por Pé Leve

                  Finalmente, depois de tantas notícias "desesperadas", "ávidas" de leitores...
                  Finalmente como? Satisfaz-te a situação?
                  Não me satisfaz a situação, primeiro, de vários jornalistas ficarem desempregados e, segundo, de fechar um órgão de informação, pois a informação, a informação informativa (passo o pleonasmo) é uma das pedras basilares do Estado de Direito Democrático...

                  Mas neste caso há outras nuances que, infelizmente, não poderei contar aqui, lamento!...
                  Apenas "estranhei" as tuas palavras, daí a minha pergunta!

                  Não tens nada que lamentar, pois também eu sei de algumas coisas que se passaram lá dentro ou não tivesse trabalhado (ainda que indirectamente) com o jornal, nos tempos de uma administração anterior.

                  Por outro lado, tenho uma familiar que ainda trabalha lá, o que de certa forma personaliza o problema.

                  Agora, que a verdade seja dita, é que fica um vazio muito grande no panorama jornalístico...

                  Comentário


                    #10
                    citação:Originalmente colocada por serafas

                    citação:Originalmente colocada por Pé Leve

                    citação:Originalmente colocada por serafas

                    citação:Originalmente colocada por Pé Leve

                    Finalmente, depois de tantas notícias "desesperadas", "ávidas" de leitores...
                    Finalmente como? Satisfaz-te a situação?
                    Não me satisfaz a situação, primeiro, de vários jornalistas ficarem desempregados e, segundo, de fechar um órgão de informação, pois a informação, a informação informativa (passo o pleonasmo) é uma das pedras basilares do Estado de Direito Democrático...

                    Mas neste caso há outras nuances que, infelizmente, não poderei contar aqui, lamento!...
                    Apenas "estranhei" as tuas palavras, daí a minha pergunta!

                    Não tens nada que lamentar, pois também eu sei de algumas coisas que se passaram lá dentro ou não tivesse trabalhado (ainda que indirectamente) com o jornal, nos tempos de uma administração anterior.

                    Por outro lado, tenho uma familiar que ainda trabalha lá, o que de certa forma personaliza o problema.

                    Agora, que a verdade seja dita, é que fica um vazio muito grande no panorama jornalístico...

                    Comentário


                      #11
                      Já não era sem tempo... agora só falta o 24horas e o correio da manha.

                      Comentário


                        #12
                        Fui um leitor semanal deste jornal nos tempos do Miguel Esteves Cardoso e do Paulo Portas.
                        Depois estes sairam e o jornal nunca mais teve qualidade....só sensacionalismo....

                        Comentário


                          #13
                          citação:Originalmente colocada por MrGrieves

                          Já não era sem tempo... agora só falta o 24horas e o correio da manha.
                          jornais como o 24horas so tendem e a multiplicar-se....

                          reflexos da sociedade que temos.


                          e absolutamente incrivel como num paiscomo o nosso existem 3 diarios desportivos


                          revistas cor de rosa sao aos pontapes....acho que estao sempre a sair novas,nem imagino quantas serao..[xx(]




                          jornais em portugal nao me cativam nada!


                          grande parte estao sempre ligados a algo,...ou a partidos,a governos,empresas,clubes de futebol....


                          enfim,seriedade e imparcialidade muito duvidosa.


                          entao quando vejo tanta gente dizer que o expresso e um grande jornal,....:D:D:D:D


                          so se for no tamanho absurdo e nas resmas de papel que traz atrelado...



                          aquilo e que sao lavagens cerebrais.

                          Comentário


                            #14
                            Veremos o que nos trará o novo semanário SOL, a partir de Setembro...

                            Comentário


                              #15
                              e deverá ser o primeiro de muitos...

                              passei os olhos por um artigo da "The Economist" e é um fenómeno à escala mundial.
                              Os jornais estão a perder leitores, e um pouco por todo o lado vão fechando portas.
                              E perdem leitores sobretudo nas camadas mais jovens, que o substituiram pela net.
                              Outra questão é a da receita de publicidade, que também tem vindo a decair na imprensa escrita. O investimento publicitário ganha novos rumos, mais uma vez, tendo a net como protagonista

                              A questão aqui é mesmo uma de adaptação a este novo meio.
                              Há que fazer a transição. Alguns jornais estão a consegui-lo fazê-lo com algum sucesso.
                              Por exemplo: o inglês "The Guardian", devido à net não ter fronteiras, conseguiu granjear um sucesso inédito nos EUA.

                              Outra questão que se põe é a do futuro da profissão do jornalista.
                              Fala-se numa tendência de ser o próprio publico a fornecer as noticias, numa espécie de jornalismo amador. é claro que haverá um fluxo brutal de infoprmação, mas com o tempo, acabará por sobressair a qualidade, mas no entanto, este será um jornalismo do tipo descrição de factos .
                              O problema reside no futuro do verdadeiro jornalismo de investigação, a essência deste 4º Poder. Basta relembrar casos como o Watergate.

                              Há que haver forma de sustentar o jornalismo de investigação, com a iminente decadência da imprensa escrita e a eminência da imprensa totalmente virtual.
                              Será que as receitas de pub. darão para sustentar toda esta mudança?

                              Comentário


                                #16
                                citação:Originalmente colocada por ostras
                                e absolutamente incrivel como num paiscomo o nosso existem 3 diarios desportivos
                                Se não me engano a Grécia tem 9 diários desportivos

                                Comentário


                                  #17
                                  o independente foi, em tempos, um bom jornal.

                                  ultimamente era mais "24horas" que outra coisa qqr.
                                  ser do contra apenas por ser, sem razao ou sentido....

                                  ao menos o 24horas dá-se ao trabalho de inventar tudo:D nao é nem contra nem a favor porque é tudo inventado:D

                                  Comentário


                                    #18
                                    citação:Originalmente colocada por jcpr

                                    citação:Originalmente colocada por ostras
                                    e absolutamente incrivel como num paiscomo o nosso existem 3 diarios desportivos
                                    Se não me engano a Grécia tem 9 diários desportivos
                                    Em Inglaterra não há ou só, estavam há pouco a pensar abrir um. ;)

                                    Comentário


                                      #19

                                      Se querem um palpite, outros jornais nacionais fecharão nos próximos tempos, do mesmo modo que, antes d'"O Independente", fecharam "A Capital" e "O Comércio do Porto". Mas outros jornais também vão surgindo, como é o caso do "Sol".

                                      De tempos a tempos, é um fenómeno que se vai repetindo. Se pensarmos bem, títulos mais ou menos importantes também já deram o berro - lembram-se do "Diário de Lisboa", "Diário Popular", "O Século", "O Jornal", "Euronotícias" e de mais uns quantos?

                                      Comentário


                                        #20
                                        Sol ?!?

                                        Comentário


                                          #21
                                          citação:Originalmente colocada por Omega

                                          Sol ?!?
                                          É um projecto que arranca agora em Setembro.

                                          A impresnas tende a possuir ciclos, tem de se adaptar á realidade social, claro que a forma como cada jornal (ou grupo editorial) é gerido também tem influencia.

                                          Comentário


                                            #22
                                            Não era um jornal que eu lesse muito, mas o panorama jornalístico nacional ficou mais pobre.

                                            Comentário


                                              #23
                                              O Independente teve o seu tempo.

                                              No seu auge, o jornal, vendia muito bem não por ser um bom jornal ou um jornal completo (oficialmente aspirava superar o Expresso mas nunca procurou ser homogéneo e "completo" como este) nem tão pouco pela "qualidade jornalística" mas pura e simplesmente porque era o sítio onde eram revelados e há que dizer, ampliados, os podres do cavaquismo.

                                              Mais nada, o Independente nunca foi um jornal onde se procurava qualidade (quem o diz, só o pode ter lido pouco ou nem sequer o ter lido uma vez), procurava-se e encontrava-se isso sim o escândalo político.
                                              O Independente foi, por assim dizer, o primeiro tablóide político em Portugal, dirigido especificamente para "arrasar" o Cavaquismo.

                                              Era rebelde e quebrou o seguidismo jornalístico que sempre existiu em Portugal face ao poder.

                                              Começou por dizer mal do Cavaquismo quando andava tudo deslumbrado e ninguém nos media ousava criticar fosse o que fosse.

                                              Foi o primeiro e até agora o único jornal a afirmar claramente ser contra uma maioria política, e afirmiu expressamente que o seu objectivo era destruí-la.

                                              Depois do Cavaquismo, deixou de fazer sentido a verdade é esta.

                                              Tinha a sua piada, até porque em Portugal o carneirismo e seguidismo é algo constante (veja-se o que se passou nos primeiros anos do Cavaquismo, Guterrismo e o que se passa agora no "Socratismo"...) e chato, diga-se [}]

                                              P.S. No meio disto tudo, chegou a ter uma revista bastante boa e num país e nuns media marcadamente de esquerda, era o único jornal onde cronistas de direita (conservadores, conservadores-liberais, liberais) se expressavam.

                                              Comentário


                                                #24
                                                citação:Originalmente colocada por c r a s h

                                                e deverá ser o primeiro de muitos...

                                                passei os olhos por um artigo da "The Economist" e é um fenómeno à escala mundial.
                                                Os jornais estão a perder leitores, e um pouco por todo o lado vão fechando portas.
                                                E perdem leitores sobretudo nas camadas mais jovens, que o substituiram pela net.
                                                Outra questão é a da receita de publicidade, que também tem vindo a decair na imprensa escrita. O investimento publicitário ganha novos rumos, mais uma vez, tendo a net como protagonista

                                                A questão aqui é mesmo uma de adaptação a este novo meio.
                                                Há que fazer a transição. Alguns jornais estão a consegui-lo fazê-lo com algum sucesso.
                                                Por exemplo: o inglês "The Guardian", devido à net não ter fronteiras, conseguiu granjear um sucesso inédito nos EUA.

                                                Outra questão que se põe é a do futuro da profissão do jornalista.
                                                Fala-se numa tendência de ser o próprio publico a fornecer as noticias, numa espécie de jornalismo amador. é claro que haverá um fluxo brutal de infoprmação, mas com o tempo, acabará por sobressair a qualidade, mas no entanto, este será um jornalismo do tipo descrição de factos .
                                                O problema reside no futuro do verdadeiro jornalismo de investigação, a essência deste 4º Poder. Basta relembrar casos como o Watergate.

                                                Há que haver forma de sustentar o jornalismo de investigação, com a iminente decadência da imprensa escrita e a eminência da imprensa totalmente virtual.
                                                Será que as receitas de pub. darão para sustentar toda esta mudança?
                                                É apenas um indício de que este mundo não vai no bom caminho. A cultura, a qualidade e o profissionalismo vai sendo substituída pelo imediatismo, pelo desleixo, pelo amadorismo, pelo vazio e futilidade no "ser humano" a cada nova geração.

                                                Falando nesta área, acho que o caso da internet tem a grande vantagem do baixo custo mas eu nunca leria um jornal num ecrã. Faz mal à vista, dá dores de cabeça e não esqueçamos, precisa de energia!

                                                O caso do jornalismo de investigação: em Portugal existirá assim tanto jornalismo de investigação? Porquê? Será porque é incómodo, será porque já não vende?

                                                Comentário


                                                  #25
                                                  CICLOS E MITOS (2)



                                                  O mini-debate sobre a "refundação da direita", que se esboçou há cerca de um mês, parece ter-se esvanecido como as rosas de Malherbe. É natural que assim seja, porque era já uma réplica de uma réplica de um pequeno tremor cujo epicentro data da fundação do PP. O tema carece de novidade, não no sentido jornalístico, o que seria menos importante, mas sim pela impossibilidade de algo de novo caber no invólucro da palavra, fora de alguns rearranjos, confinados à área política do CDS/PP, entre o bloqueamento desse partido até ao destino do infatigável PND, envolvendo personagens que ficaram desirmanadas com a queda do governo Santana Lopes, e alguns projectos mediáticos político-culturais nessa "movida".

                                                  Para além do Manifesto do dr. Monteiro e a sua interessante mistura de personagens à procura de um autor, sobra a coincidência com o fim do Independente, que revelou a construção mitológica de uma estória destinada a legitimar uma história ideológica bem diferente da que efectivamente aconteceu. O fim do Independente foi "lido" a partir das imagens e projectos dos dias de hoje e não do papel que realmente teve, construindo-se assim uma nostalgia não do objecto perdido no passado, mas do objecto desejado para o presente. Até por isto, por este papel mítico e onírico, a experiência do Independente foi importante na nossa história social, cultural e política.

                                                  Em que é que O Independente foi diferente? Que frutos deu o jornal? O que é que mudou? A voz do desejo diz, olhando para o presente, que "fundou a direita moderna", livre nos costumes e sem preconceitos ideológicos. A frase tem todas as ambiguidades, mas pode-se aceitar em parte, numa pequena parte. Não vale a pena concentrar o debate de forma estéril negando a pequena parte em que O Independente também deu esse fruto, mesmo aceitando com largueza de espírito que essa "direita" é aquilo que acha que é.

                                                  Vamos ao outro lado, ao fruto bem mais pesado e importante que nasceu do ventre do Independente, o reforço, a "modernização" se se quiser, do populismo usando novas formas mediáticas e instrumentos mais poderosos no plano social e cultural. Esse populismo realizou todas as amálgamas de todos os populismos, quer à "direita", quer à "esquerda", exprimindo um sentimento contra os "políticos", antiparlamentar e anti-sistémico, explorando a desconfiança face aos poderosos, descrevendo-os como corruptos, arranjistas, motivados apenas pelo interesse próprio, despejando sobre eles editoriais inflamados de agressividade moral e denunciando os "escândalos" uns atrás dos outros. Muita coisa que hoje faz o 24 Horas, com mais fundamento jornalístico mas menos legitimação "cultural", poderia ser colocada no Independente com os mesmos títulos e destaques, com o mesmo efeito político e a vantagem da novidade.

                                                  Este populismo anti-sistémico agradava a uma faixa muito vasta, que ia desde os saudosistas do salazarismo, para quem a política era a "porca da política", até aos reformados que jogavam dominó numa sede qualquer do PCP na Margem Sul e passavam o tempo a barafustar contra os poderosos e a escrever cartas para o Correio da Manhã. Agradava também, e muito, a uma pequena burguesia urbana que começava a fazer com o "cavaquismo" um upgrade das suas expectativas para padrões europeus e que nas repartições e escritórios se sentia mais solta e lúdica para achar graça a gozar com quem lhes dava o pão. Era uma forma pouco subtil de irem à mão dos chefes e de encontrar no jornal o espelho da inveja socializada que era, e é, o cerne da sua relação com a sociedade.

                                                  Por último, O Independente era também atractivo para os pequenos e médio intelectuais cínicos, então quase todos à esquerda, que estavam desiludidos da eficácia dos pilares jornalísticos do velho regime, O Jornal e o Expresso, que não tinham sido capazes de travar a maioria absoluta de Cavaco e queriam vingar-se da humilhação que era serem governados pelos "pessedês", essa gente provinciana e inculta que não lia jornais e parecia não precisar deles. Entre estes intelectuais, estavam muitos jornalistas, um grupo crucial na vida política dos dias de hoje, que passaram a admirar O Independente, em particular se nele não trabalhavam. Diante dos seus olhos cínicos passou invisível o projecto político de Paulo Portas, sem nunca o terem visto, o que mostra como o cinismo dos intelectuais é bem fácil de enganar.

                                                  Como é que O Independente conseguiu ser a expressão de todos estes sentimentos? Combinando dois factores, um, em grande parte de responsabilidade de Miguel Esteves Cardoso, que é do domínio do literário e do lúdico; outro, de Paulo Portas e tem a ver com o "programa social" inscrito no Independente. Quanto ao primeiro, ele é reconhecido e incontestado, quanto ao segundo, nele está a chave da eficácia política do Independente e da natureza do populismo que ele gerou. Em tudo isto é bem menos importante a distinção esquerda/direita do que se pensa e esta estava pouco presente nos tempos genéticos do jornal. Politicamente, à data da génese do jornal, se se quiserem usar as designações clássicas, Miguel Esteves Cardoso tinha apoiado o PPM de Ribeiro Telles, um grupo que rompera pela esquerda com os monárquicos tradicionalistas, e Portas, após passar pela JSD, a ala esquerda do PSD cujo jornal se chamava Pelo Socialismo, era um jovem lobo cínico e mordaz, com tiradas inflamadas ridicularizando o poder e os políticos, Portugal e os portugueses, cujas intervenções em vários debates televisivos circulam hoje pela Internet, com afirmações taxativas e irrefutáveis sobre como nunca seria político, nunca estaria no poder e muito menos se imaginaria... ministro do Mar. Hoje, vendo esses vídeos, Portas pareceria um típico intelectual do Bloco de Esquerda, bem longe do "Paulinho das feiras" em que se veio a tornar. Junto com eles, muitos que deram ao Independente o seu prestígio cultural, como é o caso de Vasco Pulido Valente, tinham escrito preto no branco que se havia lados, o deles era a esquerda, o lado dos meninos dos Esteiros de Soeiro Pereira Gomes.

                                                  O programa não-escrito do Independente era social, antes de ser político, agia na política pela crítica social e podia definir-se assim (repetindo o que há muitos anos já escrevi): O Independente atacava os "novos ricos", os políticos que vinham de baixo, os parvenus da democracia e poupava sempre os políticos poderosos que entendia caberem na categoria de serem do "velho dinheiro", das "velhas famílias", das "dinastias", como agora se diz dos toureiros. Atacava os deputados da província do PSD, os que não eram advogados lisboetas importantes, nem homens de negócios ilustres, nem socialites reconhecidos, usando todas as suas armas, a começar pela ridicularização social. O objectivo era torná-los o retrato da política portuguesa com os seus vícios, as suas pequenas corrupções reais ou imaginadas com a casinha, com a terrinha, com o carrinho, com as suas famílias rurais desajeitadas, mas acima de tudo com o "mau gosto" do seu trem provinciano de vida, os deputados da "meia branca" deslumbrados pelo Rosa e Teixeira.

                                                  Vivendo obcecado pela admiração pelo upstairs, O Independente varria os downstairs, numa atitude que um marxista ou Balzac, para o caso tanto faz, reconheceriam como típica da pequena burguesia urbana, a meio caminho das escadas e que pretende exorcizar a sua origem social renegando-a e fazendo-se passar por aquilo que não é. Por várias razões, que para a semana analisaremos, esta forma de irrequietude social é poderosa para olear o populismo em política... do downstairs.

                                                  JPP

                                                  (No Público de 14 de Setembro de 2006)

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                                                    #26
                                                    Boa análise do JPP.

                                                    Comentário

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