http://jn.sapo.pt/2006/09/17/tema_de...educadore.html
Febre juvenil alarma pais e educadores
Sérgio Almeida, Pedro Correia
Os pais do pequeno João só despertaram para o problema quando viram o filho, de seis anos, chegar a casa arrasado após um dia de aulas. "Queixava-se de ter sido excluído das brincadeiras com os colegas por não estar a par dos episódios da Floribella", explica Augusto Teixeira, um engenheiro electromecânico de 33 anos residente em Guimarães.
E se, no caso do João, o problema foi resolvido sem dramas de maior - bastou-lhe assistir a um par de horas da aposta forte da SIC para voltar a ser integrado no grupo -, noutros casos a dependência de largos milhares de jovens face aos programas "Floribella" e "Morangos com açúcar" (TVI), líderes de audiência na televisão portuguesa, assume contornos insólitos. A quarta série da novela juvenil da TVI arranca amanhã.
O episódio mais célebre ocorreu há poucos meses, quando dezenas de pré-adolescentes, em histeria colectiva, foram internados de urgência por julgarem estar infectados pelo mesmo vírus que atingiu os jovens actores na série transmitida pela TVI.
Doutor em Sociologia da Comunicação e autor do livro "A televisão no quotidiano das crianças", Manuel Pinto admite que os estudos científicos sobre as consequências da sobreexposição não são concludentes - "há vários factores intervenientes, como o grau de dependência da TV, a existência de outras actividades concorrentes ou a influência de adultos", adianta -, mas, socorrendo-se da sabedoria popular, sempre vai reconhecendo que "tudo o que é demais é moléstia".
"Não sou contrário ao facto de ser este o tipo de conteúdos programados em 'prime time'. Sou crítico do facto de termos um conteúdo tão 'prato único'. Não será de estranhar que se trate de uma fase transitória e que, por efeito de saturação junto do público-alvo, este estado de coisas se venha a modificar", opina o professor da Universidade do Minho.
Já para a investigadora Sara Pereira, cuja tese de doutoramento versou sobre "A televisão para crianças em Portugal", os riscos de dependência incluem "a reduzida interacção social" e "a falta de abertura a outras realidades culturais", o que, em último caso, pode conduzir até ao "isolamento".
Manuel Pinto e Sara Pereira concordam também que, do lote de medidas a adoptar pelos pais para limitar o visionamento, a proibição pura e simples é, de longe, a mais ineficaz. "Mediar" é a palavra-chave.
"Não se trata tanto de restringir, mas de diversificar. Com imaginação, encontrar alternativas interessantes e competitivas", sustenta o ex-Provedor do Leitor do "Jornal de Notícias", enquanto que, para Sara Pereira, "o mais importante é que os pais expliquem os motivos pelos quais não é conveniente que os filhos assistam a tantas horas seguidas os mesmos conteúdos".
O apogeu dessa exposição mediática sem precedentes aconteceu no Verão, altura em que a SIC e a TVI exibiram um total de oito horas diárias dos seus trunfos, repetindo episódios de manhã à noite. "O objectivo é, antes de mais, económico. Pega-se no custo de um programa por dois ou três", defende o crítico de televisão e investigador Eduardo Cintra Torres.
E se é certo que a 'batalha' fratricida não se circunscreve à TV - dos discos aos livros, os produtos licenciados ultrapassam a centena -, não é menos verdade que a continuação da "Flor" e dos "Morangos" dependerá sempre dos resultados das audiências. "Com o regresso às aulas, a 'febre' deverá diminuir", vaticina Sara Pereira.
Sou 100% a favor da limitação destas séries dirigidas ao público juvenil, a 1 episódio por dia durante 5 dias por semana.
O que acham?!
Devia-se fazer uma petição para isto ser limitado!
Fiquei impressionado este verão a ver um jovem "normal" de 13 anos sempre colada à porcaria da televisão, nem saía de cada, com piscina disponível, praia a 500m; nem sequer convivia.
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