Boas a todos.
Criei este tópico com o intuito de obter algum aconselhamento dos caros foristas.
Peço desde já desculpa pela longa espécie de autobiografia, mas é a única forma de me certificar que sou entendido e devidamente aconselhado.
Vivo numa moradia V3 familiar. Ocupo o terceiro piso da moradia com a minha esposa.
Eu e a minha esposa temos cerca de 30 anos de idade
Esta casa foi comprada pelo meu avô materno há mais de 60 anos, e era apenas V1. Há 18 ou 19 anos atrás, o meu avô que já era viúvo, acedeu aos pedidos dos meus pais para passar a casa para o nome deles, com a finalidade destes contraírem um empréstimo de perto de 100 000€ para a demolição da casa existente e construção de uma nova V3, em que cada piso é um apartamento T2/T3 e em que apenas os últimos dois pisos partilham as escadas de acesso, mas todas as casas têm entrada independente. O meu avô só acedeu a este pedido ainda em vida, e ainda contribuiu com algumas das suas poupanças, com a condição de que no futuro seria um “apartamento” para os meus pais, outro para o meu irmão, e outro para mim.
Alguns anos depois, o meu avô faleceu.
O meu irmão desde os 17 anos que saiu para estudar, e nunca mais habitou nem a casa dos meus pais nem a “sua”, diz que vai viver sempre em Lisboa, pelo que justamente nunca contribuiu com nada para o pagamento do empréstimo para a construção, embora ao contrário de mim um dia também poderá ter uma casa sem contribuir com nada. A sua casa tem sido alugada a turistas durante todo o ano através de plataformas de alojamento e a clientes habituais, com bons lucros. Contudo só de há dois anos para cá, antes disso os lucros eram bem mais modestos e apenas no Verão. Fui eu que coloquei tudo on-line e tenho administrado as páginas, e aproveitando o boom e a localização turística, encontrei aqui uma forma de ajudar a família a pagar a divida da construção, com médias de 800€ de lucro bruto mensal no Inverno e muito mais no Verão.
Já eu, em 2010 arranjei emprego no sector marítimo. O meu pai que sempre foi uma pessoa muito “ambiciosa” quando toca a dinheiro, menos de um ano depois disse-me que fosse viver para a “minha” casa, mas que deveria contribuir com 200€ para as despesas. Ainda que eu passasse 6 meses fora de casa, e 2 meses em casa para depois voltar para mais 6 meses de trabalho, eu acedi. Tal como agora, o meu salário não sendo milionário era bom e acima da média nacional. É de salientar que as 3 casas partilham o mesmo contador de água, luz e gás natural.
Alguns meses depois, o meu pai achou que eu deveria contribuir com 250€, o que segundo ele não era nada mau para um T3 com despesas incluídas.
Quando eu estava em casa, almoçava e jantava com os meus pais sendo eles a pagar praticamente toda a alimentação. Quando eu estava de férias não dava nada para a casa, e normalmente ao segundo meus, começavam os problemas com o meu pai. Não me pedia dinheiro, mas começavam as implicâncias.
A minha mãe que era também titular da minha conta, todos os meses religiosamente fazia os levantamentos.
Passou menos de um ano, termina a isenção do IMI, e sendo uma moradia de três pisos o novo imposto causou moça em casa. O meu pai pede-me que comece a contribuir com 320€ mensais, começa a falar em entregar a casa ao banco que não dava e tal… Na altura sem eu saber, o meu pai auferia mais de 1000€ de salário e a minha mãe o ordenado mínimo. Eu como bom filho, e com interesse na minha casinha acedi.
Aí por meados de 2012, o empregador do meu pai abre falência, e ele cai no desemprego.
Passa a pedir-me 400€ ao que eu acedo. Mais tarde ele arranja emprego a ganhar apenas 600€ por mês e ainda lá continua.
Entretanto aparece uma imobiliária a dizer que a casa valia 350 000€ e o meu pai louco por dinheiro coloca de imediato a casa à venda, sem sequer me dizer nada!!
Eu começo a pensar se não seria muito melhor comprar uma casa só para mim, mas como passava muito tempo fora, e era solteiro, erradamente achei melhor ficar com os meus pais.
Começa a falar-se em passar a “minha” casa para meu nome.
Em 2012 fico 5 meses em casa por causa de uma operação, e como estupidamente não contribuía para Portugal nem para lado nenhum, não ganhava dinheiro, e as implicâncias em casa foram muitas mesmas e tive de começar a comprar a minha comida e pela primeira os meus pais pedem-me dinheiro mesmo sem eu ganhar nada. Nesses 5 meses gastei muito dinheiro.
Já em 2013, passado esses 5 meses, arranjo emprego noutro tipo de navios que me permite passar 2 meses em casa e 2 fora. E toca a contribuir com 400€ de novo…
Em 2014 casei, e passar a casa para meu nome fica completamente fora de questão, porque segundo os meus pais, eu tinha um emprego de alto risco, podia morrer a qualquer momento, e ainda não tinham confiança na minha esposa que não é conhecida na terra.
No primeiro Verão de casado, sob pressão, tive de deixar a minha casa com a minha esposa e ir para um anexo de menos de 30m2 no quintal, para que alugassem a “minha” casa aos turistas como era hábito todos os anos. Ainda pediu que eu continuasse a contribuir com os 400€, mas eu neguei-me a fazê-lo. Nos anos seguintes após muita discussão já não saímos da “nossa” casinha.
Aí eu começo a ponderar comprar casa, mas a minha esposa não queria ser a “causa” aparente da divisão familiar e como felizmente durante dois anos ninguém comprou a casa pelos 350 000, e eu impus-me por estar a pagar algo que não sabia se ia perder de um dia para o outro, e ele lá acedeu a cancelar a possibilidade de venda, com a minha garantia que eu não o deixava perder a casa para o banco. Por comodismo, e após muita conversa lá ficámos, e foi um grande erro. Nesse tempo perdi uma excelente oportunidade de negócio: apartamentos T3 R/C com quintal grande por 110 000€ a pagar diretamente ao empreiteiro apenas 400€ ao mês valor fixo por 25 anos. Tudo por causa da divida do empreiteiro à banca e finanças. Um grande amigo meu aproveitou!
Tudo aparentava estar na normalidade, e eu e a minha esposa começámos a investir na nossa casa, em novo mobiliário, tintas e outros tais…Eu depois de ter comprado carro, os 5 meses em casa, o nosso modesto casamento – sem qualquer contributo de pais ou sogros - e uma vida de solteiro despreocupado não tinha muito dinheiro junto, mas tinha uma quantia muito modesta.
No final de 2015 há uma grande crise no sector marítimo, e eu passo a auferir 50% menos. Com o emprego da minha esposa, ainda assim era pouco para as despesas, e lá negociámos com os meus pais para pagar apenas 300€ por mês.
Só no final de 2016 a minha situação melhorou e toca a dar 350€. Nessa altura a minha esposa ingressa num curso universitário que ainda lhe faltam 4 anos para terminar.
Eu desde o inicio deste ano passo um mês a trabalhar, e um mês em casa.
Os meus pais nunca gostaram muito da minha esposa. Já para mim, é a mulher da minha vida e cada dia a amo mais. Penso que a mãe por influencia do pai, que a viu como alguém que lhe estava a tirar algo, quer do meu dinheiro, quer da casa. Muito antes de casar eu falava que ia começar a amortizar-lhe o empréstimo o que nunca fiz.
Eu sempre estimulei o convívio entre todos, e talvez o tenha feito demais. Nós partilhamos o quintal e um dos anexos para guardar ferramentas e outras coisas. De há algum tempo para cá, os meus pais meteram na cabeça que a minha esposa lhes trazia azar, e que sempre que convivem com ela algo de mau acontece.
Agora após um jantar de aniversário da família em que eu não estive presente porque estar no mar, uma pessoa que os meus pais transportavam no carro partiu uma perna ao sair do carro, foram para o hospital e o carro do meu pai com mais de 20 anos e fraca manutenção, ficou sem embraiagem ao sair do primeiro hospital que foram. E voilá, táxi, reboque, tudo e toca de ir para o hospital distrital com outros familiares.
De madrugado quando chegam a casa o meu pai passou-se e foi dizer à minha esposa que não a queria mais na sua casa, nem perto deles e que ela é a culpada de tudo de mal que lhes acontece. A minha esposa nessa noite ouviu os gritos deles a dizerem que o melhor era pô-la na rua!!
A minha mãe chegou ao cumulo de andar a dizer à família que a minha esposa tem o espirito da sua sogra incorporado e que só deseja que ela saia de casa, mas que eu fique! Enfim…
Para completar, quero dizer que não tive uma adolescência fácil para os meus pais. Ainda andava no 9º ano colocaram-me a trabalhar aos fins de semana, mas só para ganhar para mim. Assim acabou aí para eles despesas com roupas e outros tais… foi bom para mim, mas é pouco usual para jovens da minha geração começar a trabalhar aos 14 anos.
Mas talvez por ter sempre dinheiro, fui um jovem um pouco problemático. Com cerca de 18 anos fumava haxixe, o que deixei muito cedo, nem o poderia fazer mais com os despistes que passo no sector marítimo, mas o meu pai lidou pessimamente quando descobriu, embora ele também o fizesse. Nunca reprovei na escola, mas depois do 9º decidi não estudar mais e ingressei num curso de um ano para uma área que nunca exerci. Resolvi continuar a estudar e fui para outro curso profissional o qual desisti por não gostar só ao fim de ano e meio. Depois contra a vontade do meu pai, mas ainda assim com autorização ingressei noutro curso profissional de 3 anos o qual conclui e me permitiu exercer a profissão que exerço. Depois de terminar o curso ainda estive quase 2 anos sem trabalho. Na área que vivo os empregos são muito sazonais e só há oferta de Verão. Nessa altura, já com 20 anos, um verdadeiro parasita em casa dos pais me confesso. Ainda assim trabalhava na pesca, ganhava muito pouco para um café, tabaco e pouco mais, mas sempre que ganhava algo de jeito dava pelo menos 30% para a casa. Eles sempre aceitaram, mas o meu pai tinha vergonha que eu trabalhasse na pesca, queria à força que eu arranjasse outro emprego, mas não eu não conseguia no local onde vivia e na época da crise. Muitas vezes quando eu vinha depois da meia noite não tinha chave na porta e ficava pelo quintal mesmo no Inverno até que ele fosse trabalhar de manhã e me permitisse a entrada. Era essa a sua forma de dissuadir que eu andasse com o que ele apelidava de “escumalha e gente reles” da pesca. Se eu fosse a um jantar de grupo ou sair à noite com outro tipo de gente, era na boa e podia vir a que horas entendesse.
Devo ainda dizer que a minha avó paterna – o avô não conheci, e a avó, entretanto faleceu– sempre censurou fortemente e odiava o amor pelo dinheiro do meu pai. Tanto chamou a atenção que ele se afastou imenso dela
Com tudo isto, queria perguntar se alguém consegue definir quais os meus direitos e da minha esposa para com esta habitação. Podem se lhes apetecer despejar-nos de um dia para o outro?
É claro que só penso em sair, e comprar a minha casa deixar os meus pais para trás. Mas sem emprego fixo perante os bancos, uma vez que costumo assinar contratos de alguns meses que se vão renovando, a minha esposa estudante, sem fiadores e sem grande coisa para dar de entrada, deverá ser quase impossível obter financiamento para comprar. Arrendar também não nos atrai de todo, porque tenho umas dezenas de milhares de € no empréstimo da “minha” casa, mais em mobiliário, eletrodomésticos e pequenas obras.
Ainda assim quando chegar a casa, vou tentar ver imóveis de bancos que poderá ser mais fácil.
Há dias que tenho medo que despejem a minha esposa enquanto estou aqui, ou mudem fechaduras ou algo do género. Já telefonei, mas dizem não querer falar do sucedido ao telefone e que não vão fazer nada, mas… No caso disso o que devo ou posso fazer?
Ps: praticamente desde que casei a minha contribuição para com os meus pais tem sido feita por transferência bancária.
Por 3 vezes que fomos de férias, os "problemas" começaram logo após! O meu pai mostra visivelmente que odeia que vamos de férias, coisa que ele nunca faz. Talvez por achar que deviamos pagar mais dinheiro e não pagamos e ainda vamos de férias!
Criei este tópico com o intuito de obter algum aconselhamento dos caros foristas.
Peço desde já desculpa pela longa espécie de autobiografia, mas é a única forma de me certificar que sou entendido e devidamente aconselhado.
Vivo numa moradia V3 familiar. Ocupo o terceiro piso da moradia com a minha esposa.
Eu e a minha esposa temos cerca de 30 anos de idade
Esta casa foi comprada pelo meu avô materno há mais de 60 anos, e era apenas V1. Há 18 ou 19 anos atrás, o meu avô que já era viúvo, acedeu aos pedidos dos meus pais para passar a casa para o nome deles, com a finalidade destes contraírem um empréstimo de perto de 100 000€ para a demolição da casa existente e construção de uma nova V3, em que cada piso é um apartamento T2/T3 e em que apenas os últimos dois pisos partilham as escadas de acesso, mas todas as casas têm entrada independente. O meu avô só acedeu a este pedido ainda em vida, e ainda contribuiu com algumas das suas poupanças, com a condição de que no futuro seria um “apartamento” para os meus pais, outro para o meu irmão, e outro para mim.
Alguns anos depois, o meu avô faleceu.
O meu irmão desde os 17 anos que saiu para estudar, e nunca mais habitou nem a casa dos meus pais nem a “sua”, diz que vai viver sempre em Lisboa, pelo que justamente nunca contribuiu com nada para o pagamento do empréstimo para a construção, embora ao contrário de mim um dia também poderá ter uma casa sem contribuir com nada. A sua casa tem sido alugada a turistas durante todo o ano através de plataformas de alojamento e a clientes habituais, com bons lucros. Contudo só de há dois anos para cá, antes disso os lucros eram bem mais modestos e apenas no Verão. Fui eu que coloquei tudo on-line e tenho administrado as páginas, e aproveitando o boom e a localização turística, encontrei aqui uma forma de ajudar a família a pagar a divida da construção, com médias de 800€ de lucro bruto mensal no Inverno e muito mais no Verão.
Já eu, em 2010 arranjei emprego no sector marítimo. O meu pai que sempre foi uma pessoa muito “ambiciosa” quando toca a dinheiro, menos de um ano depois disse-me que fosse viver para a “minha” casa, mas que deveria contribuir com 200€ para as despesas. Ainda que eu passasse 6 meses fora de casa, e 2 meses em casa para depois voltar para mais 6 meses de trabalho, eu acedi. Tal como agora, o meu salário não sendo milionário era bom e acima da média nacional. É de salientar que as 3 casas partilham o mesmo contador de água, luz e gás natural.
Alguns meses depois, o meu pai achou que eu deveria contribuir com 250€, o que segundo ele não era nada mau para um T3 com despesas incluídas.
Quando eu estava em casa, almoçava e jantava com os meus pais sendo eles a pagar praticamente toda a alimentação. Quando eu estava de férias não dava nada para a casa, e normalmente ao segundo meus, começavam os problemas com o meu pai. Não me pedia dinheiro, mas começavam as implicâncias.
A minha mãe que era também titular da minha conta, todos os meses religiosamente fazia os levantamentos.
Passou menos de um ano, termina a isenção do IMI, e sendo uma moradia de três pisos o novo imposto causou moça em casa. O meu pai pede-me que comece a contribuir com 320€ mensais, começa a falar em entregar a casa ao banco que não dava e tal… Na altura sem eu saber, o meu pai auferia mais de 1000€ de salário e a minha mãe o ordenado mínimo. Eu como bom filho, e com interesse na minha casinha acedi.
Aí por meados de 2012, o empregador do meu pai abre falência, e ele cai no desemprego.
Passa a pedir-me 400€ ao que eu acedo. Mais tarde ele arranja emprego a ganhar apenas 600€ por mês e ainda lá continua.
Entretanto aparece uma imobiliária a dizer que a casa valia 350 000€ e o meu pai louco por dinheiro coloca de imediato a casa à venda, sem sequer me dizer nada!!
Eu começo a pensar se não seria muito melhor comprar uma casa só para mim, mas como passava muito tempo fora, e era solteiro, erradamente achei melhor ficar com os meus pais.
Começa a falar-se em passar a “minha” casa para meu nome.
Em 2012 fico 5 meses em casa por causa de uma operação, e como estupidamente não contribuía para Portugal nem para lado nenhum, não ganhava dinheiro, e as implicâncias em casa foram muitas mesmas e tive de começar a comprar a minha comida e pela primeira os meus pais pedem-me dinheiro mesmo sem eu ganhar nada. Nesses 5 meses gastei muito dinheiro.
Já em 2013, passado esses 5 meses, arranjo emprego noutro tipo de navios que me permite passar 2 meses em casa e 2 fora. E toca a contribuir com 400€ de novo…
Em 2014 casei, e passar a casa para meu nome fica completamente fora de questão, porque segundo os meus pais, eu tinha um emprego de alto risco, podia morrer a qualquer momento, e ainda não tinham confiança na minha esposa que não é conhecida na terra.
No primeiro Verão de casado, sob pressão, tive de deixar a minha casa com a minha esposa e ir para um anexo de menos de 30m2 no quintal, para que alugassem a “minha” casa aos turistas como era hábito todos os anos. Ainda pediu que eu continuasse a contribuir com os 400€, mas eu neguei-me a fazê-lo. Nos anos seguintes após muita discussão já não saímos da “nossa” casinha.
Aí eu começo a ponderar comprar casa, mas a minha esposa não queria ser a “causa” aparente da divisão familiar e como felizmente durante dois anos ninguém comprou a casa pelos 350 000, e eu impus-me por estar a pagar algo que não sabia se ia perder de um dia para o outro, e ele lá acedeu a cancelar a possibilidade de venda, com a minha garantia que eu não o deixava perder a casa para o banco. Por comodismo, e após muita conversa lá ficámos, e foi um grande erro. Nesse tempo perdi uma excelente oportunidade de negócio: apartamentos T3 R/C com quintal grande por 110 000€ a pagar diretamente ao empreiteiro apenas 400€ ao mês valor fixo por 25 anos. Tudo por causa da divida do empreiteiro à banca e finanças. Um grande amigo meu aproveitou!
Tudo aparentava estar na normalidade, e eu e a minha esposa começámos a investir na nossa casa, em novo mobiliário, tintas e outros tais…Eu depois de ter comprado carro, os 5 meses em casa, o nosso modesto casamento – sem qualquer contributo de pais ou sogros - e uma vida de solteiro despreocupado não tinha muito dinheiro junto, mas tinha uma quantia muito modesta.
No final de 2015 há uma grande crise no sector marítimo, e eu passo a auferir 50% menos. Com o emprego da minha esposa, ainda assim era pouco para as despesas, e lá negociámos com os meus pais para pagar apenas 300€ por mês.
Só no final de 2016 a minha situação melhorou e toca a dar 350€. Nessa altura a minha esposa ingressa num curso universitário que ainda lhe faltam 4 anos para terminar.
Eu desde o inicio deste ano passo um mês a trabalhar, e um mês em casa.
Os meus pais nunca gostaram muito da minha esposa. Já para mim, é a mulher da minha vida e cada dia a amo mais. Penso que a mãe por influencia do pai, que a viu como alguém que lhe estava a tirar algo, quer do meu dinheiro, quer da casa. Muito antes de casar eu falava que ia começar a amortizar-lhe o empréstimo o que nunca fiz.
Eu sempre estimulei o convívio entre todos, e talvez o tenha feito demais. Nós partilhamos o quintal e um dos anexos para guardar ferramentas e outras coisas. De há algum tempo para cá, os meus pais meteram na cabeça que a minha esposa lhes trazia azar, e que sempre que convivem com ela algo de mau acontece.
Agora após um jantar de aniversário da família em que eu não estive presente porque estar no mar, uma pessoa que os meus pais transportavam no carro partiu uma perna ao sair do carro, foram para o hospital e o carro do meu pai com mais de 20 anos e fraca manutenção, ficou sem embraiagem ao sair do primeiro hospital que foram. E voilá, táxi, reboque, tudo e toca de ir para o hospital distrital com outros familiares.
De madrugado quando chegam a casa o meu pai passou-se e foi dizer à minha esposa que não a queria mais na sua casa, nem perto deles e que ela é a culpada de tudo de mal que lhes acontece. A minha esposa nessa noite ouviu os gritos deles a dizerem que o melhor era pô-la na rua!!
A minha mãe chegou ao cumulo de andar a dizer à família que a minha esposa tem o espirito da sua sogra incorporado e que só deseja que ela saia de casa, mas que eu fique! Enfim…
Para completar, quero dizer que não tive uma adolescência fácil para os meus pais. Ainda andava no 9º ano colocaram-me a trabalhar aos fins de semana, mas só para ganhar para mim. Assim acabou aí para eles despesas com roupas e outros tais… foi bom para mim, mas é pouco usual para jovens da minha geração começar a trabalhar aos 14 anos.
Mas talvez por ter sempre dinheiro, fui um jovem um pouco problemático. Com cerca de 18 anos fumava haxixe, o que deixei muito cedo, nem o poderia fazer mais com os despistes que passo no sector marítimo, mas o meu pai lidou pessimamente quando descobriu, embora ele também o fizesse. Nunca reprovei na escola, mas depois do 9º decidi não estudar mais e ingressei num curso de um ano para uma área que nunca exerci. Resolvi continuar a estudar e fui para outro curso profissional o qual desisti por não gostar só ao fim de ano e meio. Depois contra a vontade do meu pai, mas ainda assim com autorização ingressei noutro curso profissional de 3 anos o qual conclui e me permitiu exercer a profissão que exerço. Depois de terminar o curso ainda estive quase 2 anos sem trabalho. Na área que vivo os empregos são muito sazonais e só há oferta de Verão. Nessa altura, já com 20 anos, um verdadeiro parasita em casa dos pais me confesso. Ainda assim trabalhava na pesca, ganhava muito pouco para um café, tabaco e pouco mais, mas sempre que ganhava algo de jeito dava pelo menos 30% para a casa. Eles sempre aceitaram, mas o meu pai tinha vergonha que eu trabalhasse na pesca, queria à força que eu arranjasse outro emprego, mas não eu não conseguia no local onde vivia e na época da crise. Muitas vezes quando eu vinha depois da meia noite não tinha chave na porta e ficava pelo quintal mesmo no Inverno até que ele fosse trabalhar de manhã e me permitisse a entrada. Era essa a sua forma de dissuadir que eu andasse com o que ele apelidava de “escumalha e gente reles” da pesca. Se eu fosse a um jantar de grupo ou sair à noite com outro tipo de gente, era na boa e podia vir a que horas entendesse.
Devo ainda dizer que a minha avó paterna – o avô não conheci, e a avó, entretanto faleceu– sempre censurou fortemente e odiava o amor pelo dinheiro do meu pai. Tanto chamou a atenção que ele se afastou imenso dela
Com tudo isto, queria perguntar se alguém consegue definir quais os meus direitos e da minha esposa para com esta habitação. Podem se lhes apetecer despejar-nos de um dia para o outro?
É claro que só penso em sair, e comprar a minha casa deixar os meus pais para trás. Mas sem emprego fixo perante os bancos, uma vez que costumo assinar contratos de alguns meses que se vão renovando, a minha esposa estudante, sem fiadores e sem grande coisa para dar de entrada, deverá ser quase impossível obter financiamento para comprar. Arrendar também não nos atrai de todo, porque tenho umas dezenas de milhares de € no empréstimo da “minha” casa, mais em mobiliário, eletrodomésticos e pequenas obras.
Ainda assim quando chegar a casa, vou tentar ver imóveis de bancos que poderá ser mais fácil.
Há dias que tenho medo que despejem a minha esposa enquanto estou aqui, ou mudem fechaduras ou algo do género. Já telefonei, mas dizem não querer falar do sucedido ao telefone e que não vão fazer nada, mas… No caso disso o que devo ou posso fazer?
Ps: praticamente desde que casei a minha contribuição para com os meus pais tem sido feita por transferência bancária.
Por 3 vezes que fomos de férias, os "problemas" começaram logo após! O meu pai mostra visivelmente que odeia que vamos de férias, coisa que ele nunca faz. Talvez por achar que deviamos pagar mais dinheiro e não pagamos e ainda vamos de férias!
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