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Denúncia de "medo" e "escravatura" nos barcos do Douro

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    Sociedade Denúncia de "medo" e "escravatura" nos barcos do Douro

    Denúncia de "medo" e "escravatura" nos barcos do Douro sai à rua

    Medo, precariedade, escravatura laboral. O que se esconde por detrás dos negócios de milhões dos barcos do Douro? Plataforma Laboral e Popular organiza uma manifestação este sábado nos cais de Gaia e Porto.
    MARIANA CORREIA PINTO 8 de setembro de 2017, 7:57 actualizado a 8 de setembro às 13:02


    Salários baixos. Contratos maioritariamente temporários, quase sempre de três ou de seis meses. Sazonalidade. Jornadas laborais de 60 horas semanais. Contínuas. Folgas em plano b. Dormidas a bordo em espaços exíguos, sem privacidade. Refeições feitas de restos. O cenário é traçado pela Plataforma Laboral e Popular (PLP) - e corroborado por vários trabalhadores e ex-trabalhadores dos barcos turísticos do Douro, ainda que sob anonimato. Fala mais alto o medo de represálias e das portas do turismo fechadas para sempre. Amanhã, nos cais de Gaia (10h) e do Porto (15h), a plataforma criada em 2016 manifesta-se e tenta uma “organização dos trabalhadores” para combater “a vergonha da precariedade”. Afinal, o que esconde o glamoroso negócio de milhões dos barcos do Douro?

    O turismo fluvial chegou ao rio nos anos 90 — e em quase três décadas não há registo de manifestações com impacto ou greves entre os trabalhadores. Sinal de paz a bordo? Não, responde Gonçalo Gomes, porta-voz da PLP e ex-trabalhador de três empresas de passeios fluviais: consequência de “um clima de medo” instalado. Por causa dele, a plataforma “não conta com muita adesão” na manifestação deste sábado, uma primeira tentativa de fazer sair o tema da sombra. Mas acredita que, aos poucos, mais gente se juntará. “O meu caso é paradigmático. Queriam-me fora do rio e a verdade é que conseguiram. Mas calar-me não”.

    “O que se passa nos barcos do Douro é um escândalo. Nunca vi nada igual”
    Há várias operadoras a actuar nas águas durienses. Além da líder Douro Azul, do empresário Mário Ferreira, há outras como a Tomaz Douro, a Douro Acima, a Manos do Douro, a Rota do Douro, a Três Séculos, a Croisi Europe, a Viking Cruise, a Barcadouro, a Feeldouro. Neste ano devem alcançar um milhão de passageiros, estima a Administração dos Portos de Douro e Leixões (APDL), que revela que são 61 os operadores turísticos no rio, com 143 embarcações, 20 delas navios-hotel. “Todos exploradores”, acusa Gonçalo Gomes. Trabalhadores serão à volta de 500, estima a PLP. Marinheiros, maquinistas, mestres, cozinheiros, ajudantes de cozinha, copeiros, empregados de mesa e bar, camaroteiros, auxiliares administrativos, vendedores de cruzeiros, assistentes de bordo. “Quase todos precários”.

    Já esta sexta-feira, o PÚBLICO contactou as empresas Tomaz do Douro e Douro Azul, duas das mais representativas nas travessias do Douro, mas os responsáveis não estavam disponíveis no momento, estando o PÚBLICO à espera de respostas a questões colocadas por e-mail. Esta manhã, o empresário Mário Ferreira reagiu na sua página pessoal do Facebook, dizendo que o noticiado são “práticas não existentes” e acusando o porta-voz da PLP de “ameaças e calúnias” a vários operadores turísticos do Douro.

    Por estes dias, a PLP — já com um “número significativo de simpatizantes e militantes” e presença no Porto e em Lisboa — andou pelos cais do Porto e Gaia a distribuir panfletos, a tentar criar um burburinho. A lista de reivindicações é longa. “Acabar com a precariedade laboral, substituindo os contratos de três e seis meses por vínculos efectivos, pôr fim aos ordenados miseráveis de salários mínimos e exigir que nenhum trabalhador receba menos do que 750 euros mensais, terminar as jornadas laborais de 60 horas sem direito a folgas.”

    Este combate “deve ser encarado do ponto de vista da luta de classes”, diz Gonçalo Gomes, apontando o dedo a PCP e Bloco, que “dizem ser de esquerda mas não são revolucionários”. A PLP, promete, irá “até ao fim”: “Se todo o legalismo não funcionar podemos até passar à clandestinidade.” O discurso mais extremado carrega, no caso de Gonçalo Gomes, nove anos de “exploração” no rio. Passou por três empresas diferentes, mas a diferença entre elas não era grande. “Estive sempre precário. Vi coisas que julguei impossíveis. O Douro é ouro para estas empresas, mas não para quem trabalha nelas.”

    Promessas falsas
    Os bons salários e óptimas condições de trabalho nunca passaram de promessas. Os contratos foram quase todos de três ou seis meses. Quando chegava o período em que teria obrigatoriamente de passar a efectivo era mandado para casa. Tempos depois chamavam-no de novo.

    A bordo, as jornadas de Gonçalo Gomes eram duras. Nos barcos por onde passou, os trabalhadores entravam ao serviço para fazer a preparação do pequeno-almoço e continuavam até depois do jantar. Faziam pequenas pausas, às vezes. A maioria das empresas não fazia registos de horários. “Agora já fazem, mas é tudo forjado”. Pagamento de feriados e fins-de-semana "nunca foram feitos". As gorjetas eram “divididas de forma injusta”. As dormidas improvisadas em “beliches colocados em espaços minúsculos, sem qualquer privacidade”, denuncia: “Num dos barcos onde trabalhei nem sequer se conseguia estar de pé na zona onde se dormia.” As refeições eram feitas com restos dos buffets dos clientes.

    “A escravatura laboral é clara e aberta.” E, acusa a PLP, ninguém faz nada por isso. Dedo apontado às estruturas sindicais: “Os sindicatos afectos à UGT e à CGTP fornecem as respostas do costume aos problemas de sempre”, lamentam num dos panfletos que têm andado a distribuir. Gonçalo Gomes não é de meias palavras: “Não tenho qualquer dúvida de que há conluios com o patronato.”

    A estas embarcações, explicou ao PÚBLICO Francisco Figueiredo, da Federação dos Sindicatos de Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal (FESAHT), pertencente à CGTP, “aplica-se o Contrato Colectivo de Trabalho da hotelaria e alojamento”. Ou, pelo menos, assim deveria acontecer: “Muitas empresas não estão a aplicar, incluindo a Douro Azul que assinou um Acordo Colectivo de Trabalho com outras organizações”. Por isso, justifica, “tem disso difícil organizar estes trabalhadores”. Diagnóstico anotado: “Há muita precariedade, quase 100%.”

    Era a Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores do Mar (FESMAR), afecta à UGT, quem estava nos barcos por onde Gonçalo Gomes passou. A sindicalização, conta, é até incentivada. Mas não pelos melhores motivos. “Estão alinhados com os patrões e a prova disso foi o que se passou em 2016”.

    Foi o ano da primeira luta laboral no Douro. Ou tentativa dela. Gonçalo Gomes estava então na Tomaz Douro e, entre os 24 trabalhadores, nove quebraram o silêncio e o medo. Organizaram-se. “Escrevemos um manifesto reivindicativo e pedimos à FESMAR para convocar uma greve.” No dia seguinte, conta, “os responsáveis declararam férias sem, deixar o assunto entregue a ninguém”. Semanas depois, acabaram por reunir-se com um representante sindical no Porto. Não estiveram na mesma sala mais do que 15 minutos. “Começou por nos dizer que só iam representar quem descontasse 1% do salário, quando há a possibilidade de descontar 0,75. Uma discriminação.”

    Houve uma ruptura com o sindicato. Gonçalo Gomes pediu para se desvincular. Mas o máximo que conseguiu foi passar da contribuição de 1% do salário para 0,75. “Eles não dizem que as pessoas são sindicalizadas, dizem que estão a descontar para um acordo de empresas executado por eles e pelo patronato.” O PÚBLICO tentou ouvir o sindicato afecto à UGT, mas não obteve resposta em tempo útil.

    Nos quase dez anos no Douro, o portuense viu passar pelos barcos as finanças, a segurança social, a Autoridade para as Condições de Trabalho. “De todas as vezes soube antecipadamente que eles iam visitar o barco”, lamenta, descrente no sistema. “Se era a ASAE deitava-se a carne borda fora, se era a ACT havia que fazer outras diligências.”

    Enamorado do Douro, mas expulso dele, Gonçalo não esconde a mágoa. “Ninguém quer saber dos precários do Douro, o turismo dá jeito a muita gente”, regista como quem faz um diagnóstico. Mas há um fio solto — talvez capaz de desencadear um “boicote” ao turismo fluvial — que a PLP procura puxar: “Estas empresas ganham milhões todos os anos, não há qualquer justificação para manterem os trabalhadores precários. Acredito que se os turistas soubessem o que se passa a bordo dos barcos onde passeiam não seriam cúmplices disto.”

    “O que se passa nos barcos do Douro é um escândalo. Nunca vi nada igual.”
    Teve vontade de fugir no primeiro dia de trabalho. Mas aguentou quatro meses. Jornadas contínuas, sem folgas, espaços exíguos para dormir, refeições feitas de restos. B. Costa não dá a cara mas quer denunciar o que se passa no Douro: “Para que outros não passem pelo que passei”:

    “Tudo começou com um telefonema. A minha ex-namorada estava a trabalhar num barco no Douro e prometeram-lhe 1100 euros líquidos por mês, com 70 horas semanais e duas folgas por semana. Para o cenário que temos em Portugal aquilo era um balúrdio. Fui a uma primeira entrevista com uma empresa de recrutamento. Prometiam alojamento, três refeições por dia, salário e subsídio de embarque.

    Disse que sim. Viajei de Lisboa para o Porto e de lá para o Pinhão. Quando cheguei, a minha ex-namorada já tinha desistido. Aguentou uma semana. Entrei no barco um pouco antes das seis da tarde. Pediram-me para fazer a barba e começar imediatamente. Nem sequer me deram tempo de ler e assinar o contrato. Tinha de começar logo. Nem uniforme tinha. A sorte foi que tinha vestido calças pretas, sapatos pretos e camisa.

    Comecei às 18h30 e terminei à 1h30 da manhã. Era quase sempre assim. Despertar pelas 6h30 da manhã para tratar dos pequenos-almoços. Depois, pelas 11h45, estava terminado. Às 12h30 já estávamos a começar os almoços, até às 15h/16h. Alguns de nós iam directos para o serviço de bar, fazer cocktails. A seguir, era preciso abrir o restaurante. Para acabar pela meia-noite e meia no mínimo.

    O contrato só assinei no segundo dia. Vinham explícitas as 40 horas semanais mas havia uma alínea no fim, que eu não reparei na altura, que obrigava o trabalhador a fazer mais horas caso fosse necessário. Com a indicação de que esse período seria pago posteriormente. Obviamente isso nunca aconteceu.

    Ao primeiro dia tive vontade vir embora. Foi assustador. Os quartos eram minúsculos, dois beliches colados um ao outro, uma casa de banho pequeníssima. Condições terríveis. O ar-condicionado não funcionava, era um calor enorme. Não havia comida para os trabalhadores. Ou, quando havia, era horrível e não tínhamos tempo para nos sentar a comer. Comíamos os restos dos buffets dos clientes. Havia pessoas que iam às compras quando o barco atracava. Compravam atum, bolachas, pão.

    O salário que prometeram era mentira. Falaram em 700 euros líquidos. Acenaram com as gorjetas. Mas essas nunca eram divididas à nossa frente. Aos clientes era dito para não deixarem gorjetas aos empregados de mesa porque já recebíamos um balúrdio. Era-lhes dito para deixarem num envelope no quarto. Havia clientes que me diziam que queriam dar-me uma gorjeta e que, como pedido, tinham deixado num envelope no quarto. Comecei a dizer-lhes para não darem. Não fazia qualquer sentido.

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    Vida de cruzeiro não tem folgas. Foi-nos prometido um dia de duas em duas semanas. Nos quatro meses em que lá estive nunca aconteceu. Recebia 700 euros por mês brutos. Mais uns 60 euros por semana de gorjetas — mas isso não pode entrar nas contas.

    Ali, uma pessoa ali vai rapidamente à loucura. Mesmo. No barco onde estive no Douro os portugueses começaram a desistir muito rapidamente. Quando cheguei havia vários e, quando saí, só quatro meses depois, estava eu e mais dois. Eram quase só trabalhadores estrangeiros. Aquilo não era vida. Foi uma experiência muito má. Na altura não tinha hipótese de ficar sem emprego e fui ficando. Mas foram meses terríveis. Já trabalhei noutros cruzeiros fora de Portugal. O que se passa nos barcos do Douro é um escândalo. Nunca vi nada igual. Lá fora não é bom, mas comparando com o que cá se passa é um luxo. Falo disto para que outros não passem pelo que passei.”

    Notícia actualizada às 13h02, com resultado dos contactos feitos para as empresas Tomaz do Douro e Douro Azul
    https://www.publico.pt/2017/09/08/lo...-a-rua-1784736

    #2
    Poupem-me, escravatura é quando as pessoas não se podem demitir.

    A esquerdalha continua em força neste forum.

    Comentário


      #3
      Originalmente Colocado por mok Ver Post
      Poupem-me, escravatura é quando as pessoas não se podem demitir.

      A esquerdalha continua em força neste forum.
      A verdade é que centenas de milhar de pessoas não se podem demitir.

      Comentário


        #4
        Originalmente Colocado por Munny Ver Post
        A verdade é que centenas de milhar de pessoas não se podem demitir.
        Se têm melhores condições noutro lado que vão... se não, é porque querem ficar, então que não se queixem. Básico...

        Comentário


          #5
          Originalmente Colocado por mok Ver Post
          Se têm melhores condições noutro lado que vão... se não, é porque querem ficar, então que não se queixem. Básico...
          OK.

          Perda de tempo. Next.

          Comentário


            #6
            Originalmente Colocado por mok Ver Post
            Se têm melhores condições noutro lado que vão... se não, é porque querem ficar, então que não se queixem. Básico...
            Só o facto de se queixarem e denegrir a imagem dessas empresas já vale a pena para quem nada tem a perder.

            Comentário


              #7
              Originalmente Colocado por mok Ver Post
              Poupem-me, escravatura é quando as pessoas não se podem demitir.

              A esquerdalha continua em força neste forum.
              Essa da "esquerdalha" é para quem...?

              Comentário


                #8
                A minha mulher já trabalhou em duas das empresas aí citadas. Ainda hoje em dia trabalha como freelancer de guia de turismo, principalmente para essas mesmas duas empresas. Numa delas, o trabalho era menos duro, e ganhava menos, na outra, era mais duro e ganhava mais. Comum a ambas, mostraram-lhe claramente as regras do jogo antes de iniciar a trabalhar. Entre as duas trabalhou 5 anos na área. É desgastante, claro que é. Não é para qualquer um. Entendi gorjetas e ordenado, ganhava uns salários simpáticos. Neste momento, como freelancer, ganha bem mais, mas tb trabalha mais. Levantar as 5 da manhã e por vezes chegar a casa às 8 da noite e no dia seguinte repetir a dose, não haver feriados nem fins de semana e folgas quando calha, é duro. No entanto, está de novembro a Março em casa. esse fulano que aparece na entrevista é um aprendiz de anarquista, o que vale ninguém lhe passa grande cartão. No passado sábado, tentou fazer uma manifestação, estiveram 4 gatos pingados.

                Neste momento, no turismo não falta trabalho. Mesmo as empresas, se não agarrarem os funcionários, eles saem e teem trabalho logo noutro lado. Não há "medo".

                Já agora, não é Cruise Europe mas sim Croisieurope.😉

                Comentário


                  #9
                  Originalmente Colocado por darkwings Ver Post
                  A minha mulher já trabalhou em duas das empresas aí citadas. Ainda hoje em dia trabalha como freelancer de guia de turismo, principalmente para essas mesmas duas empresas. Numa delas, o trabalho era menos duro, e ganhava menos, na outra, era mais duro e ganhava mais. Comum a ambas, mostraram-lhe claramente as regras do jogo antes de iniciar a trabalhar. Entre as duas trabalhou 5 anos na área. É desgastante, claro que é. Não é para qualquer um. Entendi gorjetas e ordenado, ganhava uns salários simpáticos. Neste momento, como freelancer, ganha bem mais, mas tb trabalha mais. Levantar as 5 da manhã e por vezes chegar a casa às 8 da noite e no dia seguinte repetir a dose, não haver feriados nem fins de semana e folgas quando calha, é duro. No entanto, está de novembro a Março em casa. esse fulano que aparece na entrevista é um aprendiz de anarquista, o que vale ninguém lhe passa grande cartão. No passado sábado, tentou fazer uma manifestação, estiveram 4 gatos pingados.

                  Neste momento, no turismo não falta trabalho. Mesmo as empresas, se não agarrarem os funcionários, eles saem e teem trabalho logo noutro lado. Não há "medo".

                  Já agora, não é Cruise Europe mas sim Croisieurope.
                  Suponho que não a tua esposa não seja a senhora da limpeza, nem a senhora que serve os copos de vinho, nem o senhor da manutenção...

                  Comentário


                    #10
                    Era animadora de bordo. Levantava-se as 6, deitava-se cerca da meia noite, 1 hora. Fazia receção, atendia na loja, fazia animação com eles, animação após o jantar, acompanhava nas visitas guiadas (quando a tripulação tinha algum descanso) etc, etc, etc...

                    Comentário


                      #11
                      Tantos portugueses jovens formados na área da hotelaria e turismo pelas escolas profissionais, tanto turismo que cá há, é normal que haja muita oferta e as condições não devem ser as melhores.

                      O mesmo acontece em outras áreas.

                      O ano passado fiz um passeio de barco do Alto Douro e as condições dentro do barco não eram as melhores, os funcionários transpiravam a potes, mas enfim, é preciso é que ganhem o justo e não excedam o horário ou caso seja, que seja recompensado financeiramente.

                      É que isto dos ordenados em Portugal não está nada famoso.

                      É injusto um operador de call center , de limpeza ou empregado de balcão de pastelaria ganhar 550 euros, assim como é injusto um contabilista ganhar 800 ou um agente da PSP ganhar 1100 euros liquidos.

                      Não vejo grandes melhorias pelo menos nos próximos anos.

                      Comentário


                        #12
                        Originalmente Colocado por darkwings Ver Post
                        Era animadora de bordo. Levantava-se as 6, deitava-se cerca da meia noite, 1 hora. Fazia receção, atendia na loja, fazia animação com eles, animação após o jantar, acompanhava nas visitas guiadas (quando a tripulação tinha algum descanso) etc, etc, etc...
                        Estava portanto um "degrau" acima...

                        ...1+1=2...

                        Comentário


                          #13
                          Conheço pessoas que decidiram trabalhar nesses barcos e aquilo não é para qualquer um, como muitos dos empregos que andam por aí.
                          Conheço quem rapidamente desistiu desse emprego, outros lá continuam. Em termos familiares é mais complicado a gestão do que alguém que entra às 9 e sai às 5, mas as pessoas já sabem ao que vão.
                          É normal que trabalhem tantas horas, mas também passam grandes temporadas em casa, não vejo onde está o problema.

                          Li o texto por alto, e sinceramente parece-me mais uma tentativa de pressionar um sector que aparentemente está em alta, e acho bem que o façam como qualquer cidadão, e todos merecemos ganhar mais e ver os nossos contratos melhorados. No entanto falar em medo e escravatura parece-me um pouco demais e estão a entrar por um caminho que não deveriam. Se os contratos não estão a ser cumpridos ou se não se enquadram na lei, é sobre isso que têm de falar.

                          Comentário


                            #14
                            Originalmente Colocado por EscapeLivre Ver Post
                            Tantos portugueses jovens formados na área da hotelaria e turismo pelas escolas profissionais, tanto turismo que cá há, é normal que haja muita oferta e as condições não devem ser as melhores.

                            O mesmo acontece em outras áreas.

                            O ano passado fiz um passeio de barco do Alto Douro e as condições dentro do barco não eram as melhores, os funcionários transpiravam a potes, mas enfim, é preciso é que ganhem o justo e não excedam o horário ou caso seja, que seja recompensado financeiramente.

                            É que isto dos ordenados em Portugal não está nada famoso.

                            É injusto um operador de call center , de limpeza ou empregado de balcão de pastelaria ganhar 550 euros, assim como é injusto um contabilista ganhar 800 ou um agente da PSP ganhar 1100 euros liquidos.

                            Não vejo grandes melhorias pelo menos nos próximos anos.
                            Pois isso é muito bonito, a questão é: como?

                            Isto é pernicioso no nosso contexto, porque se é verdade que um empregado pode mandar à fava a entidade patronal, não é menos verdade que quase todos os que lá estão, precisam mesmo. E quem fala dos empregados de limpeza ou de mesa dos barcos do Douro, fala de qualquer área pouca qualificada em geral.

                            Não queres? Não há problema, há uma fila de 1000 para ocupar o teu lugar...

                            Ganhas 700 ? Arranjo quem faça o mesmo por 600!

                            Não gostas de fazer 60h semanais? Arranjo quem faça 70.

                            É assim, não há volta a dar, pelo menos para já.

                            É a lei da oferta e da procura. E a verdade é que há muiiiiita oferta.

                            Que neguem um princípio básico da economia como este, é que não percebo...

                            Comentário


                              #15
                              Originalmente Colocado por Munny Ver Post
                              Estava portanto um "degrau" acima...

                              ...1+1=2...
                              E que tem isso que ver?
                              Conheço uma guia interprete que até há poucos anos não sabia o que eram férias.
                              Agora sim e tem montes de trabalho que não consegue passar por falta de malta com o curso. Este ano é em Viseu. Mas conseguiu isso à custa de não ter férias, fins de semana, folgas...

                              Comentário


                                #16
                                Não tenho essa noção... convivo quase diariamente com o dono do "Barcadouro", que... curiosamente, foi quem vendeu o primeiro "barco" ao actual dono do Douro Azul... e com vários funcionários... e não tenho a imagem que aqui é "pintada".

                                Comentário


                                  #17
                                  Eu como marinheiro há vários anos com passagem por navios de cruzeiro na minha carreira, penso ter toda a legitimidade para denunciar o sensacionalismo deste artigo.
                                  Ora bem, não reli aqui no tópico porque já tinha lido o artigo há alguns dias, mas as reivindicações do fulano são absurdas, e eu até sou bastante reivindicador no mar.
                                  E ainda se trata de alguém que já passou por 3 companhias no Douro, por isso...

                                  Comentário


                                    #18
                                    Originalmente Colocado por Munny Ver Post
                                    Estava portanto um "degrau" acima...

                                    ...1+1=2...
                                    Relativamente aos horários, as camaratas dos barcos, e as refeições, não estava um degrau acima, era igual aos outros ou estava um degrau abaixo. Nos horários estava um degrau abaixo. O pessoal ficava a descansar e ela tinha de ir nas visitas ou a atender na loja ou na recepção. Os marinheiros eram os que estavam menos apertados de trabalho. Por isso, não venhas falar de degraus acima ou abaixo.
                                    Originalmente Colocado por LIC Ver Post
                                    E que tem isso que ver?
                                    Conheço uma guia interprete que até há poucos anos não sabia o que eram férias.
                                    Agora sim e tem montes de trabalho que não consegue passar por falta de malta com o curso. Este ano é em Viseu. Mas conseguiu isso à custa de não ter férias, fins de semana, folgas...
                                    Sei o que é isso. A minha mulher é guia interprete e este ano teria sido capaz de preencher 2 agendas, se tal fosse possível. Tivemos de parar uma semana, para bem da sanidade mental dela e da minha, e dos nossos filhos, lol. Às vezes tem algum compromisso de última hora e vê-se a nora para passar o serviço. E depois a arte monetária. Cada serviço que não faz, são menos x € que não entra na conta.

                                    Mas dinheiro não é tudo.

                                    Comentário


                                      #19
                                      Existem contratos, se não são respeitados devem ser denunciados.

                                      As leis devem ser cumpridas.

                                      Quanto aos contratos temporários, também acho que não deveria ser possível, estarem sempre a recorrer a esse tipo de contratos.

                                      Comentário


                                        #20
                                        Originalmente Colocado por Munny Ver Post
                                        Pois isso é muito bonito, a questão é: como?

                                        Isto é pernicioso no nosso contexto, porque se é verdade que um empregado pode mandar à fava a entidade patronal, não é menos verdade que quase todos os que lá estão, precisam mesmo. E quem fala dos empregados de limpeza ou de mesa dos barcos do Douro, fala de qualquer área pouca qualificada em geral.

                                        Não queres? Não há problema, há uma fila de 1000 para ocupar o teu lugar...

                                        Ganhas 700 ? Arranjo quem faça o mesmo por 600!

                                        Não gostas de fazer 60h semanais? Arranjo quem faça 70.

                                        É assim, não há volta a dar, pelo menos para já.

                                        É a lei da oferta e da procura. E a verdade é que há muiiiiita oferta.

                                        Que neguem um princípio básico da economia como este, é que não percebo...
                                        Há muita oferta e tb muita procura. E se as empresas não agarrarem os bons funcionários só teem a perder. Depois acontece como na Douro Azul que estão sempre a saltar de lá para fora. Basta ver o site deles na parte de recrutamento.

                                        Comentário


                                          #21
                                          Originalmente Colocado por LIC Ver Post
                                          E que tem isso que ver?
                                          Conheço uma guia interprete que até há poucos anos não sabia o que eram férias.
                                          Agora sim e tem montes de trabalho que não consegue passar por falta de malta com o curso. Este ano é em Viseu. Mas conseguiu isso à custa de não ter férias, fins de semana, folgas...
                                          Eu explico: uma organização tende a tratar, na pior das hipóteses, pelo menos, um pouco melhor os funcionários de acordo com a subida no degrau. O que se formos a ver é perfeitamente compreensível e racional.

                                          O incentivo para o fazer é grande.

                                          Tanto assim é que podemos ver depois as chatices resultantes de alturas loucas...

                                          Repara no enorme problema que muitas empresas herdaram dos anos de vacas gordas.

                                          Têm gajos que não evoluíram a ponta dum chavelho desde então, a ganhar o dobro ou o triplo dos que entram agora, muitas vezes para posições superiores. Pois é...

                                          O encarregado medíocre dos anos 90, lá atingiu aquele patamar elevado(porque precisavam dele e não tinham mais ninguém, mas muito porque não havia qualquer problema em satisfazer qualquer capricho, na altura) e lá ficou.

                                          E agora ganha o triplo do engenheiro responsável por todas as m»rdices e mais algumas, que trabalha das 7.00 às 22.00, de segunda a sábado. Enquanto a vaca sagrada faz o seu trabalho das 9 às 5 e olha lá não me chateies...

                                          Podes pegar em qualquer função do género

                                          Comentário


                                            #22
                                            Mostrem lá agora estes relatos aos gajos da AutoEuropa que não querem trabalhar apenas 38 h em turnos rotativos.
                                            Claro que não há nada como as 35 h, horário certinho das 9 às 17 da função pública, mas comparando com o turismo, restauração, agricultura, pescas, etc, é quase um passeio.

                                            Comentário


                                              #23
                                              "Medo, precariedade, escravatura laboral. O que se esconde por detrás dos negócios de milhões dos barcos do Douro? Plataforma Laboral e Popular organiza uma manifestação este sábado nos cais de Gaia e Porto."


                                              Este País tem a cada dia que passa um cheiro crescente e nauzeabundo a PREC. Quem é esta PLP?

                                              Comentário


                                                #24
                                                Originalmente Colocado por darkwings Ver Post
                                                Há muita oferta e tb muita procura. E se as empresas não agarrarem os bons funcionários só teem a perder. Depois acontece como na Douro Azul que estão sempre a saltar de lá para fora. Basta ver o site deles na parte de recrutamento.
                                                Mas apesar da grande rotatividade de funcionários, continuam a faturar milhões porque existe imenso trabalho no turismo.

                                                Não precisam de agarrar os bons.

                                                Comentário


                                                  #25
                                                  Originalmente Colocado por BFCM Ver Post
                                                  Mas apesar da grande rotatividade de funcionários, continuam a faturar milhões porque existe imenso trabalho no turismo.

                                                  Não precisam de agarrar os bons.
                                                  Sim, mas é uma confusão do caneco sempre que se tem de trabalhar com eles. Mesmo os turista queixam-se disso. De qualquer forma, é problema da empresa, não nosso.

                                                  Comentário


                                                    #26
                                                    Em países latinos, sempre que uma empresa mostra pujança e/ou o patrão é um bocadinho mais high profile, aparecem sempre estas histórias para "sacar mais algum".

                                                    Pena que estes grupos de trabalhadores, com todo o seu know how, e que segundo os mesmos levam a empresa às costas, não criem a sua própria empresa, justa (segundo os próprias), e tentem competir no mercado de trabalho.

                                                    Comentário


                                                      #27
                                                      O que deve ser confirmado é se os contratos são respeitados.

                                                      Se são, ótimo, se não são então deve-se tomar medidas.

                                                      O mais fácil é começar pela questão dos contratos temporários, se necessitam de pessoal, devem ter contratos sem termo, para mais com as alterações efetuadas pelo governo anterior as indemnizações baixaram drasticamente, não existindo por isso agora o argumento de ser caro despedir.

                                                      Comentário


                                                        #28
                                                        Originalmente Colocado por darkwings Ver Post
                                                        Relativamente aos horários, as camaratas dos barcos, e as refeições, não estava um degrau acima, era igual aos outros ou estava um degrau abaixo. Nos horários estava um degrau abaixo. O pessoal ficava a descansar e ela tinha de ir nas visitas ou a atender na loja ou na recepção. Os marinheiros eram os que estavam menos apertados de trabalho. Por isso, não venhas falar de degraus acima ou abaixo.Sei o que é isso. A minha mulher é guia interprete e este ano teria sido capaz de preencher 2 agendas, se tal fosse possível. Tivemos de parar uma semana, para bem da sanidade mental dela e da minha, e dos nossos filhos, lol. Às vezes tem algum compromisso de última hora e vê-se a nora para passar o serviço. E depois a arte monetária. Cada serviço que não faz, são menos x € que não entra na conta.

                                                        Mas dinheiro não é tudo.
                                                        Vamos lá ver, o trabalho de guia intérprete não é propriamente desgastante física ou psicologicamente, se comparado com a lavadora do chão ou com o contabilista lá do tasco...

                                                        Pode custar, claro, mas são coisas diferentes.

                                                        Originalmente Colocado por darkwings Ver Post
                                                        Há muita oferta e tb muita procura. E se as empresas não agarrarem os bons funcionários só teem a perder. Depois acontece como na Douro Azul que estão sempre a saltar de lá para fora. Basta ver o site deles na parte de recrutamento.
                                                        Teoricamente sim...na prática, por conta do que disse acima, a teoria é outra.

                                                        E tu sabes isso perfeitamente, não vale a pena estar com coisas.

                                                        Emprego pouco especializado, carne para canhão...

                                                        É assim e é...

                                                        Comentário


                                                          #29
                                                          Normalmente o trabalho no sector privado (tirando fábricas de multinacionais) nunca se sai à hora certa, é quando o patrão/chefe acha que já não precisa do trabalhador ou já não há mais trabalho. E a maior parte dos trabalhadores em Portugal nem tem grandes problemas com isso.
                                                          Para quem já foi a um supermercado no centro ou norte da Europa, se o supermercado fecha às 18, às 18 menos 10 já estão a pôr os clientes na rua e arrumar tudo para se irem embora à horinha certa. Por cá ainda se deixa entrar depois da hora, depois fica-se às espera que os clientes façam descansadamente a suas compras, e os funcionários só vão embora depois. Maneiras de estar diferentes. Neste aspecto somos mais parecidos com os japoneses do que com o resto da Europa. Se calhar é por isso que os emigrantes portugueses em geral, têm sucesso lá fora.

                                                          Comentário


                                                            #30
                                                            Originalmente Colocado por Munny Ver Post
                                                            Vamos lá ver, o trabalho de guia intérprete não é propriamente desgastante física ou psicologicamente, se comparado com a lavadora do chão ou com o contabilista lá do tasco...

                                                            Pode custar, claro, mas são coisas diferentes.



                                                            Teoricamente sim...na prática, por conta do que disse acima, a teoria é outra.

                                                            E tu sabes isso perfeitamente, não vale a pena estar com coisas.

                                                            Emprego pouco especializado, carne para canhão...

                                                            É assim e é...
                                                            Ela é guia-interprete agora. Não na altura. Mas mesmo como guia-interprete não venhas falar de desgaste psicológico, que aí digo-te que não sabes mesmo nada do que falas. Tenta fazer uma visita guiada em duas línguas em que quando começas a falar na outra língua metade do grupo começa a fazer barulho. Ou quando tens aqueles 3 ou 4 nojentos dentro do autocarro determinados a criticar e a sabotar sempre o que tu dizes, ou a velha boca de que o que temos foi a UE que financiou, ou no mesmo grupo, teres queixas em que falaste demais e outros a queixarem-se que falaste de menos na visita... ou quando veem descarregar em cima de ti as suas frustrações pessoais. Ou quando há problemas no barco e vêem fazer queixa pra cima de ti...

                                                            Ou então, estás num circuito, chegas ao hotel, meio inacabado, fios ainda pendurados, e o serviço de restaurante não tem talheres para todos. Ligas para a agência e ninguém te atende.

                                                            Ou então teres de andar meses atrás da agência para te pagar o serviço. Já agora, estes dois casos não tem nada a ver com o Douro, nem nenhum operador turístico no Douro.

                                                            Não, não me venhas falar em desgaste psicológico, por favor.

                                                            Comentário

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