Dois prédios ruíram na Baixa de Coimbra
Dois dias depois de ter sido afastada a possibilidade de derrocada, o prédio de cinco andares na Rua dos Gatos veio abaixo, provocando ainda o desabamento do edifício contíguo. Buscas efectuadas com cães dos bombeiros de Albergaria-a-Velha afastaram a possibilidade de haver vítimas entre os escombros
Dois prédios na Rua dos Gatos ruíram ontem, a meio da tarde, causando o pânico em plena Baixa de Coimbra, numa altura em que centenas de famílias aproveitavam o feriado para fazer compras de Natal. Dois dias depois de os técnicos camarários terem garantido que o edifício de cinco andares naquela artéria, junto ao Largo da Portagem, não corria risco de derrocada, aconteceu o que muitos moradores há muito temiam. Pouco depois das 16h00, além do prédio que se encontrava em obras desde o início da semana, desabou também o edifício do lado, danificando vários estabelecimentos comerciais daquela área.
Apesar do aparato, o desabamento apenas causou ferimentos ligeiros a duas pessoas que passavam no local. E o pior não aconteceu muito graças aos trabalhadores que se encontravam no prédio. «Eles aperceberam-se que o prédio ia ruir. Começaram a ouvir umas pedrazinhas a cair e, 10 segundos depois, o prédio ruiu», contou António Sousa, do quiosque do Largo da Portagem.
Sem perder tempo, conseguiram avisar a proprietária da loja “Lena” e o responsável da “Toca do Gato”, que abandonaram os respectivos estabelecimentos comerciais antes da derrocada.
Mesmo ali ao lado, na loja “Zig-Zag” viveram-se momentos de pânico. Quando se aperceberam da iminência da derrocada, os proprietários e os clientes apenas tiveram tempo de se refugiar no «fundo da loja», que sofreu vários danos. «Vi pessoas a fugir e corremos para o fundo. Não deu tempo para sair», relatou o comerciante aos jornalistas.
Na ourivesaria do Largo da Portagem, António Pessoa Tarelho apercebeu-se do que estava a acontecer pelo barulho e pelas vibrações. «Não percebo é como não detectaram que o prédio estava a cair», estranhou o comerciante.
Marco Capelo encontrava- -se no quiosque Sousa, a registar o Euromilhões, quando se deu a derrocada. Logo à partida, este funcionário do café Montanha percebeu que não teria ficado ninguém soterrado nos escombros.
No entanto, o presidente da Junta de Freguesia de S. Bartolomeu, Carlos Clemente, não descansou enquanto não chegaram os cães dos Bombeiros Voluntários de Albergaria-a-Velha, que viriam a confirmar a inexistência de vítimas sob os destroços dos edifícios. A equipa de buscas manteve-se no local para uma «terceira intervenção», a decorrer durante as operações de limpezas, que se iniciaram de imediato, adiantou o vice-presidente da Câmara Municipal de Coimbra, João Rebelo.
No local, sucederam-se as críticas à autarquia e Protecção Civil. «Isto é tudo culpa dos engenheiros», declarou um morador. Em tom de revolta, um outro morador, José Nunes da Silva, disse que há já dois anos entregou um requerimento ao Departamento de Habitação dando conta da degradação do edifício.
Como os moradores do prédio que ameaçou desabar terça-feira já tinham sido realojados nessa altura e o segundo edifício não tinha habitação, houve necessidade ontem de realojar entre uma a duas famílias do prédio contíguo, por precaução, adiantou aos jornalistas Carlos Clemente.
Recorde-se que na madrugada de terça para quarta-feira foi realizada no edifício de cinco andares uma operação que Carlos Gonçalves, responsável pela Protecção Civil, considerou de «altíssimo risco». Fernando Repolho, chefe de Divisão de Reabilitação de Edifícios da Câmara Municipal de Coimbra, comandou a operação de escoramento, executada pelo empreiteiro, tendo sido anunciado, no final, que a estrutura do edifício não estaria em causa.
Nesse período e até quarta-
-feira de manhã foi vedada a circulação pedonal e encerradas as lojas, regressando a situação à normalidade na quarta-feira à tarde. Ontem, no local, estiveram os Bombeiros Sapadores de Coimbra, com seis viaturas e 15 homens, e os Voluntários com quatro.
Patrícia Isabel Silva
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