Antes de continuar o tópico quero endereçar uma palavra de respeito a eventuais familiares do Cabo Hugo Paulino, para os mesmos a minha palavra de condolências.
Alguém sabe ou ouviu falar dos desenvolvimentos finais deste caso, que resultaram das missões executadas pelos nossos militares no Kosovo ?
É que estes assuntos tendem a cair no esquecimento ...
Fica um artigo referente ao assunto:
Links:
«Síndrome dos Balcãs» continua a suscitar polémica
Conclusões detalhadas do relatório do ITN
O "não-problema" do urânio empobrecido e a impunidade da NATO
O que sabe a ciência sobre os efeitos
FONTE - Diário de Referência
Alguém sabe ou ouviu falar dos desenvolvimentos finais deste caso, que resultaram das missões executadas pelos nossos militares no Kosovo ?
É que estes assuntos tendem a cair no esquecimento ...
Fica um artigo referente ao assunto:
Perguntas e respostas sobre a autópsia de Hugo Paulino
Leonete Botelho, Luísa Pinto
18/04/2001
O relatório da autópsia anátoma-patológica ao cabo Hugo Paulino, realizada no Hospital Militar, apontou como causa de morte uma septicemia (infecção generalizada) que complicou um quadro grave de encefalite infecciosa. A família continua a considerar ter havido uma relação directa entre a morte do Hugo e a sua presença em missão no Kosovo. Uma hipótese rejeitada no relatório da autópsia, mas que não deve ser rejeitada liminarmente, segundo especialistas civis.
1- Há motivos científicos para rejeitar liminarmente que a morte de Hugo Paulino teve relações com a exposição ao urânio empobrecido no Kosovo?
Os especialistas em Medicina Legal ouvidos pelo PÚBLICO consideram que não. Mesmo que a causa directa de morte tenha sido a septicemia, isso não exclui a possibilidade de o sistema imunológico do militar português estar debilitado por efeito da exposição ao urânio empobrecido. "Nada me diz neste relatório que não foi o urânio que provocou as infecções", afirmou um dos médicos legistas, considerando que muitas das manifestações descritas na autópsia, nomeadamente "congestão leptomeníngea" (congestão das meninges), "fígado de estase" (sangue no fígado) ou "esplenomegalia diluente" (baço sobreaumentado) são também características da exposição ao urânio.
2 - Por que motivo esta hipótese não foi considerada pela autópsia feita no Hospital Militar?
Esta é uma das principais críticas dos especialistas civis: o facto de se ter afastado à partida qualquer relação entre a missão no Kosovo e a morte do Hugo Paulino. Mas pode ser compreendida pelo facto de na altura (Março de 2000) ainda não ser conhecida a possibilidade de exposição dos militares ao urânio empobrecido, nem casos de morte relacionados com essa missão.
3 - Ainda é possível saber o que esteve na origem da morte do cabo Paulino?
Sim, ou pelo menos tentar perceber se terá havido ou não uma relação com o urânio empobrecido. Para tal, é necessário fazer um estudo detalhado da sintomatologia que o militar apresentava em vida e conhecer os resultados dos exames complementares e de todas as análises feitos antes da sua morte. A ausência da informação acerca da sintomatologia manifestada em vida é outra das críticas dos médico-legistas ao relatório entregue à família, porque consideram ser esta uma das chaves para compreender a morte do militar português. Segundo um dos especialistas, os sintomas de Hugo Paulino serão em tudo semelhantes à dos militares estrangeiros que estiveram em missão no Kosovo e acabaram por falecer. Segundo outro, há que analisar até que ponto há coincidências entre este estudo retrospectivo da doença do primeiro-cabo e a sintomatologia dos restantes soldados [belgas, italianos] que faleceram vítima de cancro, e, se houver coincidências, admitir a hipótese de relação com o urânio empobrecido.
4 - Uma segunda autópsia, desta vez médico-legal, poderá ajudar a tirar todas as dúvidas sobre a exposição ou não ao urânio empobrecido?
Apesar do corpo se encontrar numa urna selada com chumbo, em princípio é já demasiado tarde para tirar conclusões definitivas com uma exumação do cadáver. Isto porque já passaram dez meses desde a morte do militar, que ainda por cima se deveu a uma septicemia, o que ajuda a acelerar a putrefacção do corpo. Mesmo a presença do urânio empobrecido nos ossos será já muito difícil de verificar, considera um dos especialistas ouvidos pelo PÚBLICO. De qualquer forma, a ser feita uma nova autópsia, ela deveria ser médico-legal (feita nos institutos civis para apurar o que originou a morte), e sempre em colaboração com especialistas em Medicina Nuclear estrangeiros, visto que em Portugal não existem estudos sobre os efeitos do urânio empobrecido.
5 - A autópsia anátoma-patológica realizada no Hospital Militar foi legal?
Em termos de direito civil, é completamente ilegal a realização de uma autópsia clínica como esta sem a autorização da família da vítima, que neste caso não existiu.
Leonete Botelho, Luísa Pinto
18/04/2001
O relatório da autópsia anátoma-patológica ao cabo Hugo Paulino, realizada no Hospital Militar, apontou como causa de morte uma septicemia (infecção generalizada) que complicou um quadro grave de encefalite infecciosa. A família continua a considerar ter havido uma relação directa entre a morte do Hugo e a sua presença em missão no Kosovo. Uma hipótese rejeitada no relatório da autópsia, mas que não deve ser rejeitada liminarmente, segundo especialistas civis.
1- Há motivos científicos para rejeitar liminarmente que a morte de Hugo Paulino teve relações com a exposição ao urânio empobrecido no Kosovo?
Os especialistas em Medicina Legal ouvidos pelo PÚBLICO consideram que não. Mesmo que a causa directa de morte tenha sido a septicemia, isso não exclui a possibilidade de o sistema imunológico do militar português estar debilitado por efeito da exposição ao urânio empobrecido. "Nada me diz neste relatório que não foi o urânio que provocou as infecções", afirmou um dos médicos legistas, considerando que muitas das manifestações descritas na autópsia, nomeadamente "congestão leptomeníngea" (congestão das meninges), "fígado de estase" (sangue no fígado) ou "esplenomegalia diluente" (baço sobreaumentado) são também características da exposição ao urânio.
2 - Por que motivo esta hipótese não foi considerada pela autópsia feita no Hospital Militar?
Esta é uma das principais críticas dos especialistas civis: o facto de se ter afastado à partida qualquer relação entre a missão no Kosovo e a morte do Hugo Paulino. Mas pode ser compreendida pelo facto de na altura (Março de 2000) ainda não ser conhecida a possibilidade de exposição dos militares ao urânio empobrecido, nem casos de morte relacionados com essa missão.
3 - Ainda é possível saber o que esteve na origem da morte do cabo Paulino?
Sim, ou pelo menos tentar perceber se terá havido ou não uma relação com o urânio empobrecido. Para tal, é necessário fazer um estudo detalhado da sintomatologia que o militar apresentava em vida e conhecer os resultados dos exames complementares e de todas as análises feitos antes da sua morte. A ausência da informação acerca da sintomatologia manifestada em vida é outra das críticas dos médico-legistas ao relatório entregue à família, porque consideram ser esta uma das chaves para compreender a morte do militar português. Segundo um dos especialistas, os sintomas de Hugo Paulino serão em tudo semelhantes à dos militares estrangeiros que estiveram em missão no Kosovo e acabaram por falecer. Segundo outro, há que analisar até que ponto há coincidências entre este estudo retrospectivo da doença do primeiro-cabo e a sintomatologia dos restantes soldados [belgas, italianos] que faleceram vítima de cancro, e, se houver coincidências, admitir a hipótese de relação com o urânio empobrecido.
4 - Uma segunda autópsia, desta vez médico-legal, poderá ajudar a tirar todas as dúvidas sobre a exposição ou não ao urânio empobrecido?
Apesar do corpo se encontrar numa urna selada com chumbo, em princípio é já demasiado tarde para tirar conclusões definitivas com uma exumação do cadáver. Isto porque já passaram dez meses desde a morte do militar, que ainda por cima se deveu a uma septicemia, o que ajuda a acelerar a putrefacção do corpo. Mesmo a presença do urânio empobrecido nos ossos será já muito difícil de verificar, considera um dos especialistas ouvidos pelo PÚBLICO. De qualquer forma, a ser feita uma nova autópsia, ela deveria ser médico-legal (feita nos institutos civis para apurar o que originou a morte), e sempre em colaboração com especialistas em Medicina Nuclear estrangeiros, visto que em Portugal não existem estudos sobre os efeitos do urânio empobrecido.
5 - A autópsia anátoma-patológica realizada no Hospital Militar foi legal?
Em termos de direito civil, é completamente ilegal a realização de uma autópsia clínica como esta sem a autorização da família da vítima, que neste caso não existiu.
«Síndrome dos Balcãs» continua a suscitar polémica
Conclusões detalhadas do relatório do ITN
O "não-problema" do urânio empobrecido e a impunidade da NATO
O que sabe a ciência sobre os efeitos
FONTE - Diário de Referência
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