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Ex Combatentes . Após 35 anos. Haja honra e não esquecimento

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    Ex Combatentes . Após 35 anos. Haja honra e não esquecimento

    Por acaso e de certa forma relacionado com este tópico

    http://forum.autohoje.com/topic.asp?TOPIC_ID=75848

    sobre os mutilados dos EUA nos conflitos mais recentes, saiu hoje no uma reportagem sobre os nossos mutilados nas guerras coloniais, convem dar uma vista de olhos a bem da realidade e do esquecimento a que sao sujeitos estes Homens, que na flôr da idade deram o corpo pela pátria.


    ""
    Regresso dos antigos combatentes
    A casa da vergonha

    São antigos combatentes da Guerra Colonial. Regressaram dos campos de batalha em África mutilados no corpo e na alma. Vivem em situação degradante no Lar Militar da Cruz Vermelha.

    A porta de vidro é opaca. Finge estar fechada. Abrimo-la com a mesma facilidade como se estivesse descaradamente aberta. Entramos no Lar Militar da Cruz Vermelha, sediado na Avenida Rainha Dona Amélia, fundado, garante a placa, em 1971. Na recepção, um indivíduo interrompe uma côdea com manteiga para nos atender. Pede-nos o Bilhete de Identidade. Promove-nos a “doutores”. Preferimos os nomes a títulos. Ele gargalha.

    O resto do mini-lanche apressa-se no estômago para mostrar lucidez: chama-se Manuel. É angolano. Por sorte, vive. Sorte. Coisa rara em Angola. O barco onde seguia afundou-se. O mar engoliu todos os ocupantes, “menos eu. Menos eu.” Duas vezes para ter a certeza que ainda permanece no reino dos vivos. A guerra não lhe roubou os braços, não lhe amputou as pernas. Corre e abraça. Mas, a contenda, esse choque de sangues, matou-lhe o que não nos quer dizer.

    “Já vivi neste lar.” Alivia a lembrança. Quando a sua estadia expirou o prazo, teve que mudar de poiso.

    Enquanto traz de volta as balas e os tiros que ouviu e viu em África, as cadeiras de rodas parecem presenças divinas; estão em todos os lados. São guiadas por homens de semblantes iguais. Rostos desmaiados. Com dores e segredos que, à partida, serão idênticos, ou com o mesmo fio doloroso. Seguimos o estrupido do comando das rodas. Manuel faz as honras da casa: enuncia as alcunhas dos deficientes. Num ápice faz o historial da tragédia física de cada um. Seguidamente, fala da sua. Mas não pode adiantar mais. “É confidencial. Eu também fui militar.”

    A luz não consegue furar o espaço. Estamos num corredor cinzento. Um corredor com vivos mortos. Passamos por portas com maçanetas irregulares. Portas fechadas. Outras, nem por isso. Vemos: quartos. Cabem três camas. Têm televisões desligadas. Fotografias tão antigas que rejeitam a moldura. O silêncio deixa cair sempre um sonido, menos no Lar Militar da Cruz Vermelha. Ninguém abre a traqueia. Ninguém geme. Aqui, neste beco do mundo, ninguém tem nome. Pode-se entrar e sair sem ninguém dar por isso. Sem que ninguém se importe com isso.

    O Governo que pretende proibir a nicotina nos restaurantes e nas discotecas, nesta residência não terá hipótese. Cigarros. Fumo. É névoa assídua.

    No refeitório, no canto de uma prateleira de madeira, jazem garrafas e garrafões de vinho, vazios ou por abrir. Um cão de cor indefinida pastoreia na sala. Não ladra. Uma maca encaixou bem de frente ao televisor. Um militar, provavelmente o mais jovem dos internados, estava a servir Portugal numa comissão da ONU e um acidente de carro laminou-lhe os sentidos. Entretém o tédio com o vai-e-vem do ecrã.

    São cinco da tarde. A mesa para o jantar está pronta. Pão num saco de plástico. Jarros brancos tapados com guardanapos lívidos. Destapamo-los. Lá dentro vive vinho, “Briol tinto que é o mais eficaz para suportar a noite”, afiança quem se recusa a revelar identidade. “A comida da janta é peru.” Mas tanto lhe faz a ementa de hoje e de há trinta anos.

    Os braços e as pernas pararam antes dessa aritmética. A medula quebrou em África. A culpa não foi da pólvora. As minas não foram as culpadas. “Só pelo que vi fiquei assim.” “Só” são os horrores que presenciou e que lhe desencadearam ataques epilépticos. “Mas não quero falar disso.” A sua voz prende-se. Da garganta quer sair um choro. Ele não permite. Acciona a primeira mudança. A cadeira arranca e fica como todas as que resistem na sala: virada para a janela num doloroso abandono.

    Alguém faz sinal com os olhos. Cumprimos a discrição. Vamos até à ponta do salão. Um saco a transbordar de totolotos e Euromilhões preenchem a mesa. Saiu ileso do combate em África. É reformado bancário. A reforma de mil euros vai absoluta para o lar. Adormeceu ao volante e o corpo não aguentou o embate. “Bebe-se muito. Aqui bebe-se muito!” Para esquecer ou para aguentar o arco do ponteiro do relógio. Para o que seja, a bebida faz a vez dos analgésicos e alivia os socos do tempo velho.

    “Um dia eu contarei tudo o que se passa cá dentro.” Um dia que podia ser já. Mas, chegámos fora de horas. “Um dia. Hoje não.”

    Manuel largou o seu posto e aparece à nossa beira. “Vão ao quarto n.º 5. Falem com o Bento.” Não nos esquecemos: confidencial. E agradecemos a confiança.

    Os corredores, afinal, também são labirintos de escuridão. E para agravar o mapa, a numeração dos compartimentos é aleatória. Enquanto procuramos uma bendita porta que tenha o número cinco cravado na ombreira, deparamo-nos com a casa de banho. Aberta. Às claras. Uma criatura tenta a custo fazer um gesto simples. Em vão. O corpo não obedece. Ajudar é algo urgente. A cadeira com rodas milagrosas diz-nos que não: vira-nos as costas.

    Aceleramos o passo. O cão fugiu do corredor. Continua sem latir. Talvez tenha pressentido qualquer coisa. Temos vergonha de poder fazer essas coisas simples. Temos vergonha deste cemitério doído. Fazemos a curva coxos de humanidade. A vergonha não arreda pé.

    Até que enfim que, nesta mansão derrelicta, esbarramos com um empregado. Vem de cigarro pendurado nos dedos.

    À parte da senhora que cuidava do prematuro jantar, os empregados, médicos, enfermeiros, são invisíveis. Devem ter hibernado. Daí a surpresa. A pronúncia do Leste sai seca. Bolça ordens: temos que esperar para ir ao referido quarto cinco. É o que fazemos. Depois, quando a impaciência se torna atrevida, batemos à porta. “Façam o favor de entrar.” É o Bento. Uma mulata de bata branca leva--lhe a sopa à boca.

    Brincamos com o privilégio: tem uma miss só para ele. O riso traz-lhe saudades e orgulho. “Estou aqui, já faz uns pares de anos.” Combateu em Angola, “faz outros pares de anos.” O tempo, a duração de quando e como foi, quem estava e não estava, não fazem falta para uma conversa.

    Na sua dianteira, um espelho emite o presente. Debaixo dos lençóis, repousa inquieto um físico autista. Combatente em Angola. Entre 1965 e 1968. Uma garrafa enxuta de Porta da Ravessa faz de bibelô. “Fui soldado em Angola. Mas não quero falar disso.” Angola é a palavra de ordem. Uma fotografia pendurada na parede ilustra os anos em que podia conduzir o carro mágico: cadeira de rodas. Se gosta, ou não, de estar internado no Lar, em nada lhe altera a rota. Aqui está e aqui ficará. A memória não traz saúde.

    Encaminhamo-nos para a saída. Tropeçamos com o gelo da casa de banho. A impossibilidade humana não sofreu mutação. Um homem de laringe muda, vê-nos e desiste. O fragor agudo do motor manda mais do que tudo. Os empregados terão ido mesmo de férias. Um negro de cabelo grisalho não se separa da proximidade. As pernas voaram, mas os músculos dos braços rodam o assento.

    Manuel está no seu posto – a entrada. Olha afincadamente para um frasco de perfume. Não sabemos a razão, nem ele. Mas sem querer, aquele odor anestesiou o bafo de solidão e de esquecimento que trazíamos do interior. “É confidencial.” Nem tudo. Como as três folhas onde estão inscritos vinte e um doentes. O vocábulo tetraplégico ganha em incondicional maioria.

    As promessas cumprem-se. Voltámos num domingo. Dia da folga de Manuel – fraca pontaria. Este porteiro pertenceu à Polícia. O ritual não sofre alterações. O Bilhete de Identidade é o passaporte. Já fintámos o labirinto. No corredor esvaziado de luz, as caras reconhecem-nos. Os homens sem asas dão as boas-vindas: não viram as cadeiras de rodas. A mãe do militar que viu a sua coluna esmigalhada numa missão na ONU, dá de fumar ao filho.

    O futebol expele os dois ‘tês’: o da timidez e o da tristeza. O cão teima em não ganir. O álcool nos copos escondidos e nas veias fazem a rotina. Milagrosamente, a dicção ucraniana amoleceu. Abraça-nos com um cotovelo.

    Decorámos o exílio de Bento, esse quarto com o algarismo cinco que tem um espelho a reflectir o calendário. O Bento é o único que não rasgou o diário. Hoje, o passado, apesar de continuar em carne viva, larga mais eco. Em 1968, quando estava pronto para regressar ao seu Algarve, uma bala atingiu-lhe a liberdade motora. No dia 7 de Março a vida estremeceu. De Angola veio para Portugal numa maca. Veio metade. “É assim.” Cortamos a mágoa. Distraímos a mácula com a ausência da Porta da Ravessa. “Nem todos os dias são dias. Mas gosto. Temos que fazer alguma coisa.” Indagamos se é costume receberem visitas de representantes do Estado português ou de dirigentes da Cruz Vermelha. O sim sai-lhe a saca-rolhas. “Não me ponha em barulhos.”

    No caminho para a fronteira da humanidade – o acesso para sair do Lar Militar da Cruz Vermelha – lá estava a casa de banho abandonada com gente abandonada a viver num depósito. Os nossos pés pesam e aceleram. Ainda na saída, cruzamo-nos com o amante dos jogos de sorte. Ganhou nove euros. A família foi para a terra.

    Ele ficou ali. Insiste no que anteriormente nos disse: “Um dia eu conto tudo o que se passa nesta casa. Ainda não é hoje. Repare nestas paredes. Estão imundas. Não temos ninguém.” Do seu bolso caem duas amêndoas. São nossas. Deixamos a porta aberta.

    DATAS COM HISTÓRIA

    GUERRA DO ULTRAMAR (1961-1974)

    O período de confrontos entre as Forças Armadas Portuguesas e as forças organizadas pelos movimentos de libertação das antigas regiões ultramarinas de Angola, Guiné e Moçambique.

    REVOLUÇÃO 25 DE ABRIL DE 1974

    Arquitectado e realizado por militares das Forças Armadas Portuguesas, edificaria, sob a direcção do Movimento das Forças Armadas uma época revolucionária que converteria definitivamente o Estado e a sociedade. Embora muitos factores tenham contribuído para a Revolução dos Cravos, a Guerra Colonial foi, desde sempre, apontada como a fundamental justificação para o fim do Estado Novo em Portugal.

    ASSOCIAÇÃO DOS DEFICIENTES DAS FORÇAS ARMADAS (ADFA)

    No contexto da Revolução de Abril de 1974, foi constituída a Associação dos Deficientes das Forças Armadas. Esta instituição teve como primeiro acto a apresentação à Junta de Salvação Nacional de um conjunto de princípios reivindicativos, que admitiam a prestação de serviços de apoio aos associados, desde os processos burocráticos e administrativos, aos cuidados de saúde, reabilitação física e integração social. A ADFA tem mais de 13.500 associados, apesar de algumas estatísticas apontarem para os 25 milhares, durante os 13 anos de guerra. Em relação ao stress de guerra, a ADFA estima números muito superiores aos apontados pelas fontes oficiais (560).

    LAR MILITAR DA CRUZ VERMELHA

    Estabelecido a 24 de Junho de 1971 sob a responsabilidade da Cruz Vermelha Portuguesa e tutela do Ministério da Defesa Nacional, com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa e da Fundação Calouste Gulbenkian. Constituída como Instituição Particular de Residência Permanente para indivíduos adultos do sexo masculino com deficiência motora grave devido a causa traumática inerente à sua carreira militar.

    A TRISTE HISTÓRIA DE UM ASTRONAUTA

    Na juventude, os amigos chamavam-no “astronauta”. Epíteto justo e apropriado à data do seu nascimento: 16 de Julho de 1969, dia e ano em que o norte-americano Armstrong se tornou num homem sobejamente célebre no Mundo inteiro por ter sido o primeiro homem a pisar o solo lunar. Na terra, a história de Luís Miguel Pereira podia finalmente começar.

    O pai, natural da cidade da Beira, Moçambique, quando deixou momentaneamente África para vir estudar na universidade em Lisboa, conheceu uma mulher linda de morrer – “a minha mãe”, diz ele com os olhos banhados de orgulho. Voltou casado com a bela-aparecida. Tiveram filhos. Luís veio ao mundo na antiga colónia portuguesa do Índico, nessa dourada Beira africana. Em 1976, devido à violenta guerra civil que tinha deflagrado e que cada vez mais se tornava incompatível com a sobrevivência diária, a família faz as malas e ruma a Portugal. Adaptou-se à ponta da Europa. “Que remédio.” Um remédio chamado “sem alternativa.”

    Na altura de cumprir o serviço militar obrigatório, Luís não deu a volta, foi à inspecção. Ficou apto. Fez a tropa. Nunca gostou de contendas, de tiros e de balas, mas em 1993, já concluído o dever cívico, recém-casado, alistou-se para ingressar numa comissão militar da Organização das Nações Unidas. A missão ONU-MOZ levou-o a Moçambique. O destino é assim. Não avisa.

    A 15 de Agosto de 1994, a uma semana de, finalmente, rever a cidade que o viu nascer, um acidente de viação nos arredores de Maputo, roubou-lhe com todos os dedos a liberdade. O destino não só não avisa como é traiçoeiro. Da brutal colisão não tem memórias. “Não me lembro de nada.” Contam-lhe que era ele o condutor e que um camião sem luzes ia engolir o seu veículo. Para se desviar do choque, guinou o volante para sair da estrada.

    A malograda pontaria estava num camião cisterna. Acordou, um mês mais tarde, numa unidade hospitalar em Joanesburgo. Da África do Sul veio para o Hospital Militar na Estrela, e posteriormente, esteve em Alcoitão.

    De todos os ocupantes da viatura acidentada, Luís foi aquele que ficou mais magoado. “Fiquei assim” – frase habitual no Lar Militar da Cruz Vermelha. “Assim” é tetraplégico. Dito num jeito resignado, que chega a ser meigo.

    Há quatro anos divorciou-se. Ainda viveu na residência dos pais, mas o facto da casa não estar preparada para um corpo dependente, e a saúde da mãe não ter a força necessária para alguém “que não se mexe”, levou-o, há um ano e meio, à resolução: “Vir viver para aqui.” É a sua última morada.
    ""

    Miriam Assor
    IN CM Revista Domingo

    A estes homens
    [^]

    um singelo aplauso e uma justa homenagem.
    Editado pela última vez por Excalibur; 26 July 2008, 12:31.

    #2
    [^] [^] [^]




    Comentário


      #3
      Um UP para não esquecerem.

      Tão poucos acessos e leitura deste tópico são sintomáticos da atenção que a sociedade no geral dispensa a este caso em Portugal.

      Comentário


        #4
        citação:Originalmente colocada por Excalibur

        Um UP para não esquecerem.

        Tão poucos acessos e leitura deste tópico são sintomáticos da atenção que a sociedade no geral dispensa a este caso em Portugal.
        Não é só em Portugal, mas em todo o mundo!
        Vi uma reportagem sobre ex-combatentes e feridos/traumatizados em guerra nos EUA. São mais que muitos e normalmente nunca mais conseguem ter uma vida normal e são ignorados pela sociedade e familia de uma maneira desumana... Só interessam enquanto podem combater, são carne para canhão... [|)]

        Comentário


          #5
          O meu pai é ex-combatente e mutilado... recordo-me em miúdo acordar com os gritos dele durante a noite e muitas mais coisas que prefiro guardar para mim... neste momento com 70 anos mal ouve e tem problemas de coluna uma vez que é am****do da perna esquerda... sente-se um pouco injustiçado e apesar de adorar a liberdade recorda-se com saudade dos tempos da "outra senhora" em que eram tratados de forma diferente... com respeito... nunca me premitiu atitudes racistas perante outros - apesar de se calhar "poder" ter mais razões do que eu... porém há certas coisas que não compreendo como por exemplo obrigá-lo a ter - escolher um tipo de prótese apenas porque existe problemas de orçamento nas Forças Armadas... bem mas isso são outras políticas...

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            #6
            As pessoas que falam sempre em opções bélicas para a solução dos diversos problemas neste planeta, deveriam ter consciência de que não há guerras limpas e que os mortos e estropiados não são sempre os outros.

            O meu pai andou por lá e apesar de ser muito reservado no que aos traumas diz respeito, nota-se que há marcas profundas, não sei se por ele, se pelos amigos e companheiros.

            Este é um problema.

            Depois há o modo como lidamos com estes problemas.

            E nós como sociedade já manifestámos por inúmeras vezes a nossa incapacidade de sermos solidários em pleno. Damos uma esmola envergonhada e voltamos a cara para o lado, como se tivéssemos cumprido com as nossas obrigações para com os outros.
            Os nossos velhos, as nossas crianças, os nossos doentes, os nossos carenciados em geral.

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              #7
              Tenho vários Ex-combatentes na família.
              Que se saiba... dois com sequelas: Um com defeciência auditiva (ouvido esquerdo - mina ou granada??) e outro mais grave com Stress de Guerra, caiu numa enboscada, escapou pó capim e esteve toda a noite a ouvir os companheiros a serem torturados e mortos.
              De manhã viu o "cenário" qd apareceu um grupo de combate de socorro.

              Só muito recentemente começaram a falar.... agora que a vida já vai avançada.
              E eu, obviamente, sou um ouvinte interessado.
              A maior parte das histórias são engraçadas... o nonsense da vida militar e da guerra. As outras...


              Como em tudo na vida, em Portugal a ADFA virou "política".
              Em vez de defender apenas e só os direitos dos Ex-combatentes.... apoliticamente.
              O costume.

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                #8
                o meu pai é um ex combatente, felizmente não lhe aconteceu nada

                Comentário


                  #9

                  Alguem que está identificado ESTRAGOU UMA GERAÇÃO estagnou um País e deu de beber á dor

                  Mas a geração seguinte está convicta que a Democracia não se constrói, pura e simplesmente floriu de uma geração espontânea

                  Eles não sabem, está na altura de serem educados, pois nunca é tarde

                  Reportagem destas não atingem o público alvo, pois o que interessa é o consumismo ( ter um leitor de mp3 melhor que o do vizinho, um telefone mais caro, uma roupa de marca, etc ), discutir o lugar mais in da noite e muitas mais inutilidades

                  Comentário


                    #10
                    Muito bem Excalibur!

                    [^]


                    Na minha família tb tenho vários ex-combatentes... Entre eles o meu pai que foi ferido com bastante gravidade durante a guerra colonial.

                    Felismente conseguiu superar quase a 100% as graves maselas psicológicas e físcas. (pelo menos assim parece, porque na realidade muito raramente fala sobre o assunto!)

                    Foi galardoado com a condecoração militar cruz de guerra 1ª classe por actos de bravura durante combate e por missões cumpridas... enfim tenho um rambo "disfarçado" na família.... :D

                    (se não soubesse nunca imaginaría.... lol... o meu pai é muito pacífico)

                    Comentário


                      #11
                      O meu pai também é um Ex-Combatente...

                      Um Ex-Bóina Vermelha (Comandos)...
                      fez parte da 2ªcompanhia de comandos a ir para Angola.


                      Não conta muito dsa coisas que por lá aconteceram e quando conta, são coisas engraçadas...

                      Comentário


                        #12
                        O meu pai foi furriel (Atirador de Infantaria) em Angola onde teve 27meses(65,66,67) no mato e no controle da fronteira do Congo, felizmente nunca foi ferido, mas viu gente morrer ao seu lado e teve em bastantes cenários de guerra.
                        Qdo veio teve bastantes prob de stress e de suores frios...[:I]

                        No entanto os anos se passaram e fala disso como se fosse hoje

                        Comentário


                          #13
                          o meu pai foi fuzileiro especial em Moçambique. Era militar de carreira logo quando rebentou - os primeiros massacres nas ex-colónias foi dos primeiros a lá chegar... deve ter visto coisas horrendas... nunca fala muito sobre o que se lá passou mas sei de umas quantas operações "ilegais" nos países vizinhos uma vez que eram esses que abasteciam de armas os "outros"... coisas que estão bem escondidas nso arquivos militares claro... foi ferido por uma mina tendo sido necessário am****r a perna esquerda... segundo diz o problema foi não havia uma boa assistência médica - e uma vez que eram operações algo secretas estavam um pouco longe dos locais de auxilio. já fui por diversas vezes à Associação de Deficientes e digo-vos que é faz-me pensar um pouco como é possível tantos anos depois ainda haver pessoas com problemas - stress pós-guerra...

                          Comentário


                            #14
                            citação:Originalmente colocada por dr_tuborg

                            O meu pai também é um Ex-Combatente...

                            Um Ex-Bóina Vermelha (Comandos)...
                            fez parte da 2ªcompanhia de comandos a ir para Angola.


                            Não conta muito dsa coisas que por lá aconteceram e quando conta, são coisas engraçadas...
                            Desculpa mas nunca se é um ex BOINA VERMELHA, um grande [u]MAMA SUMA</u> para o teu pai e todos o que tiveram a honra de ser uns dignos portadores da BOINA VERMELHA[^]

                            ;)A SORTE PROTEGE OS AUDAZES;)

                            Comentário


                              #15
                              Eu como filho de Militar de Carreira - Exército - e Ex Militar da FAP, como podem compreender convivi com alguns ex combatentes e mesmo militares que estiveram nas Ex colónias.

                              Felizmente o meu pai não sofreu sequelas fisicas e que me aperceba nenhuma a nivel psicologico, mas os relatos de companheiros de armas mortos,e pessoal mutilado sempre me transmitiram uma sensação enorme de respeito.

                              Vi e estive bem perto de alguns desses combatentes no Hospital da Estrela nos anos longinquos da decada de 1970, eu era ainda muito novo mas era impressionante a debilidade com que muitos deambulavam pelas instalações e anexos do Hospital, em cadeiras de rodas, muletas e amparados por militares acabados de sair das recrutas.

                              Muitos recuperaram a mobilidade graças ao excelente hospital ortopedico que existia, proteses recuperação de membros puderam dar uma nova qualidade de vida a estes homens.

                              Mas as sequelas de doenças pulmonares e traumas psicológicos esses ficaram invisiveis e esquecidos.

                              Impressionante e dá que pensar se quem ordena uma intervenção militar - algumas vezes de forma errada e precipitada - alguma vez se aperceberá dos dramas humanos inerentes a conflitos, a sociedade essa esqueceu-os.

                              A sociedade esquece os seus filhos que não como voluntários, mas sim como meros cidadão respondiam ao apelo da pátria para um Serviço Militar Obrigatório, respondiam porque a patria lhes pedia que defendessem a sua bandeira o seu passadao e lutassem pelo futuro.

                              Responderam porque muitos acreditaram que a luta era justa e por causas nacionais.

                              Outros escudaram-se no Croissant e ... refugiaram-se ... quais grandes lutadores da Liberdade, como gostam de se proclamar. [8)]


                              Por isso mete-me muita confusão mas principalmente pena por aqueles que não percebem a inerencia de uma vida militar e que nada fazem para a compreender.

                              Quando virem estes homens pensem nisto

                              Comentário


                                #16
                                Já disse noutro topico, mas cá vai, o meu pai foi para-quedista em Angola, nao lhe tendo advido daí nenhuma sequela fisica, e se tem psicológicas tambem não se notam muito.
                                Os problemas fisicos, se os tem, são devidos a outra luta a do "dia-a-dia".
                                Fala pouco desse tempo, e maioritariamente dos aspectos positivos, embora no album militar tenha lá a foto de uma ou duas pessoas carbonizadas [xx(], e tambem já contou as circunstancias da morte de um dos seus melhores amigos lá, tirando isso, só fala das cervejas, dos combates de boxe (onde se destacava lool), das futeboladas etc ;)

                                Comentário


                                  #17
                                  Um UP.

                                  Porque hoje é O DIA DOS GRANDES LUTADORES PELA LIBERDADE.(sim hoje é dia dos lutadores do croissant falarem e aparecerem nas paradas) [8][xx(]


                                  Estes HOMENS TÊM TANTO OU MAIS DIREITO DE SEREM RELEMBRADOS HOJE.

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                                    #18
                                    O comedor de croissants não é aquele que defendia diálogo com os terroristas da al-qaeda mas foi incapaz de cumprimentar o vencedor de umas eleições democráticas em Portugal?

                                    bem me parecia... devia era engasgar-se a sério com um croissant. [xx(]

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                                      #19
                                      Uma Guerra como ainda não foi Contada

                                      A propósito do tema deste tópico, e porque a acção destes Filhos da Pátria Portuguesa não deve ser esquecida.

                                      Que a memória dos homens não se apague !





                                      Uma Guerra como ainda não foi contada

                                      Passaram 40 anos, mas os homens, agora na casa dos 60, que fizeram a guerra em África, não esquecem. Eram rapazes, muitos deles nados e criados em pequenas aldeias – poucos teriam ideia de como o Mundo era grande – quando foram chamados a defender a integridade territorial da nação, então considerada pluricontinental e multirracial. É porque eles se lembram que a Domingo os convida a participar na rubrica “A Minha Guerra.”


                                      Estas páginas são reservadas aos testemunhos dos militares portugueses que combateram em Angola, Guiné-Bissau e Moçambique. Nelas publicaremos as histórias e as imagens dos que lutaram em África entre 1961 e 1974. Entre eles, houve quem, nesses anos, mantivesse a lucidez suficiente para alinhar palavras num diário ou em cartas enviadas para a metrópole. Mesmo se é da história de cada um que se trata, ali conta-se igualmente uma parte, das mais importantes e dolorosas, da História contemporânea portuguesa. Na primeira pessoa.

                                      Os homens que não escreveram esses diários e evitavam expressar sentimentos nas cartas, limitando-se a tranquilizar a família, calando a ansiedade, guardaram, ainda assim, a memória.

                                      Podem agora passá-la a palavras e partilhá-la. Não só porque contar apazigua. Também para que outros, não nascidos ou menos conscientes naqueles anos, saibam o que sentiram e viram os jovens que partiam da Rocha Conde de Óbidos, em Alcântara.

                                      OS PAQUETES

                                      Os paquetes faziam-se ao rio e depois ao oceano atafulhados de militares. Em terra, acenando, ficavam as mulheres, as namoradas e as mães. Em “A Minha Guerra” cabem as impressões da viagem no ‘Vera Cruz’, ‘Império’, ‘Niassa’, ‘Uíje’... O que sentiram rapazes que mal tinham saído das aldeias em tão grandes barcos? O que viram quando chegaram ao destino? O que pensaram? Não são precisas palavras caras nem frases rebuscadas. Não se sintam assim desmotivados os que se crêem menos preparados para a escrita. Os sentimentos, as emoções, a coragem, o medo, a ansiedade contam-se com palavras simples.

                                      Os combates, a acção propriamente dita, desempenham parte importante em “A Minha Guerra”. Mas nem por isso interessa menos o relato do quotidiano dos combatentes – os dias de calma, o tempo de ócio possível ou até os momentos de alguma felicidade entre camaradas de armas. Também os antigos combatentes que entretanto partiram podem ser aqui recordados.

                                      "A MINHA GUERRA"

                                      Memórias da Guerra de África. Os leitores do Correio da Manhã podem agora contar-nos as suas histórias de guerra – em Angola, em Moçambique ou na Guiné. Queremos ouvi-las. O CM publica as melhores. Contacte-nos por telefone (213185200), mail (historiasdaguerra@correiomanha.pt) ou carta (Avenida João Crisóstomo, n.º 72, 1069-043 Lisboa).


                                      Só de uma vez perdemos 23 homens


                                      O meu navio transportou soldados mortos

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                                        #20
                                        Funny como ha tantos a sofrerem e mesmo assim ainda hoje ha guerra...a malta n aprende...

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                                          #21
                                          Meu pai, q foi Alferes, tb esteve nesta guerra, felizmente hoje esta bem, mesmo q tenha apanha com uns estilhaços de granada, e ver soldados e amigo deles morreram ao teu lado.
                                          Qd ele conta as historias sou um atento ouvinte, as coisas q estes soldados passaram... o homem na guerra não um ser humano, mas sim um ANIMAL q tenta sobreviver por todos os meios.

                                          Ainda hoje, religiosamente, todos os anos o batalhão encontra-se para um grande almoço.

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                                            #22
                                            Originalmente Colocado por Jacare Ver Post
                                            O comedor de croissants não é aquele que defendia diálogo com os terroristas da al-qaeda mas foi incapaz de cumprimentar o vencedor de umas eleições democráticas em Portugal?

                                            bem me parecia... devia era engasgar-se a sério com um croissant. [xx(]
                                            Esse mesmo

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                                              #23
                                              Originalmente Colocado por C4 Ver Post
                                              Esse mesmo
                                              Pois, mas quando esse gajo for à vida, até pareçe que fez algo por nós, e os que lá andaram continuam a ser tratados sem grande respeito nem dignidade, pelo menos quanto a nivel de saúde, mas quem anda,........ hoje em dia?

                                              Quando já não houver 1 único ex-combatente do Ultramar VIVO, vão reconhecer e reformar por stress pós guerra, coisa que hoje em dia só mesmo defendido pelo populismo, mas.....

                                              Comentário


                                                #24
                                                É muito frequente ser assim, reconhecimento depois de morrer, até porque sai muito mais barato assim...

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                                                  #25
                                                  O meu pai é DFA - Deficiente das Forças Armadas.

                                                  Não desejo a ninguém o que ele sofre, nem o que eu e a minha família sofremos com a situação

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                                                    #26
                                                    Ainda hoje fui "presenteado" com mais uma excelente reportagem SICN

                                                    Reportagem SIC: Vietname em Português, repete às 00:30 quem quiser já sabe.

                                                    Comentário


                                                      #27
                                                      O meu pai também esteve na guerra do ultramar, em Angola, e, como muitos aqui escreveram, muito raramente fala do assunto, e quando o faz, só fala das coisas menos más.

                                                      Comentário


                                                        #28
                                                        Alguém sabe quando começa a 2ª série documental «A Guerra», na RTP?

                                                        Comentário


                                                          #29
                                                          França e Inglaterra, de modo geral, trataram os seus combatentes decentemente, fosse na recepção, na reintegração, como na retribuição do seu serviço.

                                                          Em Portugal houve hordas de povo (até nas aldeias!) a chamar assassinos aos tropas regressados, e o Estado fez-lhes pior que Judas, Caifás e Pilatos juntos ao famoso nazareno...

                                                          Comentário


                                                            #30
                                                            Conheço vários ex-combatentes e um comportamento que me parece comum a todos é que muito raramente falam sobre assuntos de guerra e nas suas experências de guerra.

                                                            A minha homenagem a estes heróis.

                                                            Cumprimentos,

                                                            Comentário

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