Esperemos para ver, de louvar estas pessoas caso estejam certos e correctos nos seus actos.
Ex-comandante da GNR de Braga
Capitão preso por deserção
Secundino Cunha
Capitão José Pires é acusado de ter desertado da GNR
O ex-comandante do Destacamento de Braga da GNR, capitão José Pires, foi ontem detido pela PJ Militar depois de ter acusado publicamente o Comando da Brigada Norte da GNR de “traição, desrespeito pela legalidade democrática e falta de isenção”, na sequência de um diferendo em torno do policiamento dos jogos de futebol no Estádio Municipal de Braga.
Segundo fonte policial, o oficial foi libertado após ter sido ouvido no Departamento de Investigação e Acção Penal do Porto, por estar acusado de deserção na sequência de um complicado processo burocrático resultante do diferendo com o Comando da Brigada 4 (Norte).
Perante situações que considerou indiciarem “tráfico de influências, irregularidades e favorecimento” (conforme participou ao Comando Geral da GNR, Ministério da Administração Interna e PJ Militar), José Pires solicitou no final do ano passado a passagem à reserva e dispensa de funções, mas o pedido ficou sem resposta.
A desvinculação da GNR deverá agora ter lugar, mas o capitão vai ter de aguardar sentença militar. “Se tiver de cumprir pena na cadeia, irei com muita honra, porque sou preso para defender a minha liberdade e dignidade”, afirmou ontem.
Na base do conflito está a decisão do capitão Pires em recusar o policiamento do jogo do Sporting de Braga frente ao Penafiel – a 28 de Agosto de 2005 – depois de no início da época ter deparado com dívidas do clube relativamente ao policiamento de mais de 22 mil euros.
Contudo, o capitão foi desautorizado após uma reunião no gabinete do Comando da Brigada 4, no Porto, com a presença do presidente da Assembleia Geral do Braga, o advogado e antigo GNR João Marques, em que este terá invocado a influência ministerial do presidente da Câmara de Braga, Mesquita Machado.
O conflito foi agravado em Outubro, quando o capitão Pires se encontrou com o coronel Gaiolas (ex-adjunto do comandante da Brigada 4, António Figueiredo), que terá exibido convites para o Braga-Benfica.
O ex-comandante da GNR de Braga – substituído no cargo pelo tenente Cosme – esteve depois em baixa médica por stress nervoso, mas faltou à Junta Médica e foi alvo de um processo disciplinar, que foi concluído a 11 de Abril e o apontou como “desertor por ausência injustificada”.
VERSÕES CONTRÁRIAS
O presidente do Sporting de Braga, António Salvador, negou qualquer atraso nos pagamentos à GNR ou tráfico de influências para garantir o policiamento dos jogos. No entanto, vários soldados da GNR contactados pelo CM garantiram que está em atraso a recepção de verbas devidas pelo serviço prestado no Estádio Municipal de Braga. Os atrasos atingem os quatro meses. Também o Comando Geral da GNR confirma a existência de atrasos generalizados. A falta de policiamento num jogo pode levar à derrota da equipa da casa.
PERFIL
Com 44 anos de idade e natural do Campo do Gerês, José Carlos Pires era um oficial muito bem conceituado entre hierarquias e bases da GNR. É descrito como um perfeccionista e de grande dedicação ao trabalho.
Passou pela Guarda Fiscal e pelos postos dos Arcos de Valdevez e da Póvoa de Lanhoso, antes de chegar ao comando do Destacamento de Braga. Conciliava a rigidez e o respeito pelas regras com o bom senso.
Mantinha grande cordialidade, tanto nos bons como nos maus momentos.
Para além de ser um operacional de grande eficácia, o capitão (filho do proprietário do Parque de Campismo de Cerdeira) é um ‘ás’ em orientação, tendo sido mesmo responsável pela formação de agentes e organização de provas nacionais de orientação na montanha.
Mário Fernandes, Braga
In Cm Hoje
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