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O Império Português e a descolonização.

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    O Império Português e a descolonização.

    Após ter participado no tópico, a Guerra http://forum.autohoje.com/showthread.php?t=41940, e por sugestão do user CLIO_thoris, abro este tópico sobre o Império -colonial- Português e o processo que levou à descolonização.

    Segundo a história recente, do mundo ocidental e das potências Europeias, Portugal foi o primeiro, e o mais duradouro Império Colonial.


    Império Colonial Português
    Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

    O Império Português ou Império Colonial Português foi o primeiro e o mais duradouro dos impérios coloniais (1415-1999) da Era dos Descobrimentos. Com o culminar da Reconquista moura da Península Ibérica, Portugal ocupou-se da sua expansão territorial, explorando terra desconhecida e estabelecendo rotas comerciais a uma escala global, obtendo um dos maiores, senão o maior e mais influente império da altura.

    Para tal, fazendo uma resenha da história temos

    História

    Século XV e XVI

    Com a tomada de Ceuta em 1415 e a descoberta das ilhas da Madeira (1418) e das Canárias (1432), que eram territórios de colonização e exploração agropecuária, atestada a sua pobreza mineral, Portugal marcava assim o início da sua expansão territorial.

    Os conquistadores portugueses começaram a explorar a costa de África em 1419, impulsionando desenvolvimentos nos campos da navegação, como a cartografia, e nas próprias embarcações, como a caravela, de maneira a encontrar um caminho marítimo que intersectasse o lucrativo comércio de especiarias que se fazia no Oriente.

    Conquistam-se mais praças a partir de 1458 em Ceuta - pontos de apoio logístico e material às navegações portuguesas ou mesmo entrave ao corso e pirataria dos mouros. Estabelecendo em Arguim uma feitoria comercial, com guarnição militar, os portugueses fundam uma nova plataforma de acção e comércio em plena área de navegação, sondando e obtendo as riquezas necessárias para o financiamento e continuidade da gesta marítima.

    Grandes navegadores como Diogo Cão e Bartolomeu Dias exploraram a costa africana, o último passando, em 1487, o Cabo das Tormentas, mais tarde renomeado para Cabo da Boa Esperança pelo rei João II de Portugal. Mais tarde, Vasco da Gama aproveitou os traçados marítimos para estabelecer uma rota marítima para a Índia, em 1498. Pouco depois, Pedro Álvares Cabral, em 1500, chegava ao Brasil. Outros navegadores importantes como Fernão de Magalhães, a serviço da Coroa de Castela, Pedro Fernandes de Queirós e Luís Vaz de Torres exploraram o Oceano Pacífico ao serviço do Império Espanhol.

    As embarcações portuguesas sulcavam o Oceano Índico, tomando conhecimento de novas terras, conquistando pontos-chave do comércio regional, estendendo-se o domínio de Ormuz, no Golfo Pérsico, ou Quíloa, na África Oriental, até Malaca, Ceilão, Insulíndia, Molucas, alcançando mais tarde a China e o Japão, para além de expedições e viagens no interior asiático e africano e a descoberta do continente australiano.

    Construiu-se uma rede de feitorias, entrepostos, e fortalezas, captando riquezas e irradiando a língua portuguesa e a religião católica, num esforço de criação de uma unidade civilizacional portuguesa, quer através da ação missionária quer da miscigenação, e sobretudo pela força das armas. Do Índico e Extremo Oriente vieram as especiarias, os metais preciosos, os tesouros artísticos, as porcelanas, sedas e madeiras, entre outros produtos para venda na Europa, e Lisboa se tornou o empório da Europa.

    O século XVI foi o "século de ouro" para Portugal que se tornou a maior das potências europeias - da economia e do conhecimento científico e geográfico à gastronomia e à literatura. O poeta Luís Vaz de Camões escreveu sua famosa epopeia "Os Lusíadas", em que imortaliza os feitos gloriosos, corajosos e heróicos do povo marinheiro (tenta transformar o povo português num herói que até os deuses têm de os ajudar e temer e até os monstros têm de se inclinar e desaparecer do caminho dos portugueses), exaltando os marinheiros, os guerreiros e os Reis que contribuíram para dilatar o império e a fé (Católica).

    Século XVII

    Portugal partilhou o mesmo rei com Espanha entre 1580 e 1640. Os problemas de Espanha com outras potências coloniais de época (Império Holandês, Império Francês, Império Britânico) traduziram-se no constante ataque a possessões coloniais portuguesas, muitas das quais não mais foram recuperadas, nem após a restauração da independência de 1640. Exemplos são Arguim, Cochim, Surate, Ceilão e Nagasaki.

    Século XVIII

    No século XVIII, as ambições coloniais centraram-se no Brasil. A princípio abandonado, rapidamente tornou-se a "jóia" do Império Português, com o declínio comercial no Oriente e a ascensão de novas potências da Europa (Inglaterra e Holanda) e após a derrota da Armada Invencível espanhola. Pau-brasil, açúcar, ouro, diamantes, cacau e tabaco alimentaram os cofres do erário nacional durante três séculos.

    Século XIX

    Com o reconhecimento da declaração de independência do Brasil, em 1825, mediante pagamento, Portugal ficou obrigado a acentuar sua expansão territorial para o interior de África para manter-se a par com as outras potências. A independência do Brasil, porém, criou uma imensa onda de choque emocional e material, pois era o baluarte do império, símbolo de orgulho nacional.

    A manutenção dos territórios na Índia, de Macau e de outros pontos-chave do antigo domínio colonial português na Ásia, cada vez mais diluído, era outro ponto de honra. Mas o desígnio era a África, nomeadamente Angola e Moçambique, para além do imenso e rico território que as separava. Guarnições militares, missões católicas, formas e instituições de governo colonial foram transplantadas para África, assegurando a presença efectiva portuguesa de forma a afastar outros concorrentes. Apesar das dificuldades econômico-financeiras e climáticas, conseguiu-se ampliar alguns aglomerados urbanos e construir outros, já no interior, apoiando plantações ou zonas de mineração.

    A expansão colonial africana parou com o Ultimato britânico de 1890. A Grã-Bretanha pretendia criar um grande corredor no sul da África, comunicando esta com seus territórios do nordeste do continente. A Grã-Bretanha, a maior potência do Mundo no séc. XIX, afasta os seus concorrentes menos poderosos e pequenos (no caso de Portugal) com ultimatos, ameaças, pressões econômicas e inclusivamente com alguns conflitos militares.

    Século XX

    O regime de Salazar designa os territórios d'além-mar como províncias ultramarinas (em teoria, seriam parte contínua do território português) após a Segunda Guerra Mundial (1951), com o intuito de manter os antigos domínios e deter as pressões políticas que condenavam o colonialismo. Em 1954, a União Indiana anexa os territórios de Dadra e Nagar-Haveli, que desde 1779 faziam parte do Estado da Índia. No início da década de 60 inicia-se a guerra colonial portuguesa em face à recusa de Portugal de garantir a independência de seus territórios africanos. O restante do Estado Português da Índia é anexado em Dezembro de 1961 à União Indiana. À altura da Revolução dos Cravos, processo revolucionário que ditou o fim do Estado Novo e do colonialismo português, é reconhecida a independência da Guiné-Bissau (10/9/1974) e garantida a independência a Moçambique (25/6/1975), Cabo Verde (5/7/1975), São Tomé e Príncipe (12/7/1975), Angola (11/11/1975) e Timor-Leste (28/11/1975).

    Em Dezembro de 1999 Portugal entrega Macau à República Popular da China, o seu último território ultramarino (após a Revolução dos Cravos, Macau passou a ser designada por "Território Chinês sob Administração Portuguesa" ou simplesmente "Território de Macau"). Com esta entrega, foi ditado o fim do Império Português.
    Portugal sempre se mostrou mais conciliador e mais flexivel no trato com os povos indigenas, houve abusos - ainda hoje os há, perguntem aos aborigenes Australianos, a determinadas ex republicas soviéticas o dominio e influencia da Russia, e porque não a alguns paises invadidos e dominados militarmente.

    Contudo e apesar de tudo, Portugal foi forçado a abdicar, ou a abrir mão dos seus territórios ultramarinos.

    Porque uma onda de marxismo era usada para instigar e destabilizar, ou porque interesses de determindas potências estrangeiras, com o unico fito dos recursos naturais, assim impeliam que determinados povos se rebelassem contra as potencias administrantes/coloniais.

    No especial caso de Angola é visível quem lucrou nos negócios com Diamantes e Petróleo.

    E no caso da descolonização Portuguesa, Portugal e o governo Português pela mão de alguns politicos, abandonou simplesmente os seus filhos à sua - má - sorte.
    Um processo atabalhoado, mal conduzido, que privou muitos dos seus cidadãos de liberdade e direitos, mas sobretudo e havendo acima de tudo a lamentar, a alguns privou-os da sua própria vida.

    Esses politicos, que foram práticamente elevados ao estatuto de intocáveis, impolutos e meros "sobas" de brancos.
    Portugal, certamente pelo mudar dos tempos teria que descolonizar, mas o processo conduzido no pós 25 de Abril, significou simplesmente:

    Perda
    Dor
    Vergonha
    Descredito
    Desonra e Traição

    Portugal pode agradecer aos seus amigos EUA, ao PCP e a mais uns quantos interesseiros Europeus, mas sobretudo Portugal deve lembrar o rosto e o nome dos políticos nacionais que se portaram como autênticos vendidos a soldo de interesses externos, no topo e encabeçando a lista temos o Dr. Mário Soares.

    A minha sincera visão, de um processo, que, cheirou a podre, e a ainda hoje repugna muitos filhos da pátria lusitana.

    Agradeço, todas as participações, e opiniões sobre o assunto.

    Editado pela última vez por Yamato; 29 October 2007, 16:59.

    #2
    Territórios do Império Português

    Estes foram os territórios, que Portugal descobriu, colonizou, desenvolveu e educou.

    É visível, que em alguns casos as invejas e interesses de potências Europeias já vem de longe, Portugal na década de 60 era um gigante com pés de barro que orgulhosamente só, acreditava candidamente que o seu mundo, não tinha tubarões ávidos de sangue e riqueza.

    Acreditou, que o mundo ao abrigo da sociedade das nações e da ONU, não disputava territórios.

    Enganou-se




    Territórios do Império Português

    A

    * Acra (1557-1578)
    * Açores - colónia (1427-1766); capitania-geral (1766-1831); antigo distrito além-mar (1831-1976).

    Região autónoma desde 1976.

    * Angola - colónia (1575-1589); colónia real (1589-1951); província ultramarina (1951-1971); estado (1971-1975). Tornou-se independente em 1975.
    * Arguim - Feitoria, foi ocupada pelos Holandeses (1455-1633).

    B

    * Bahrein (1521-1602)
    * Bandar Abbas (Irão) (1506-1615)
    * Barbados - colonia portuguesas de (1536-1620) conhecida como Ilha Os Barbados, invadida pelos Britanicos em 1620 e conquistada em 1662
    * Brasil - possessão conhecida como Ilha de Vera Cruz, mais tarde Terra de Santa Cruz (1500-1530); Brasil Colónia (1530- 1714); Vice-Reino do Brasil (1714-1815); Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves (1815-1822), tornou-se independente em 1822.

    C

    * Cabinda - protectorado (1883-1887); distrito do Congo (Português) (1887-1921); intendência subordinada a Maquela (1921-1922); dependência como distrito do Zaire (Português) (1922-1930); intendência do Zaire e Cabinda (1930-1932); intendência de Angola (1932-1934); dependência de Angola (1934-1945); restaurada como distrito (1946-1975). Controlada pela Frente Nacional para a Libertação de Angola como parte da Angola tornada independente em 1975 não reconhecida por Portugal nem Angola.
    * Cabo Verde - colonização (1462-1495); domínio das colónias reais (1495-1587); colónia real (1587-1951); província ultramarina (1951-1974); república autónoma (1974-1975). Independência em 1975.
    * Ceilão - colónia (1597-1658). Os holandeses apoderaram-se do seu controlo em 1656, Jaffna usurpada em 1658.
    * Cisplatina - colónia (1715-1822) Restituida á Portugal em 1715 pelo Tratado de Utrecht, Capitania do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves em 1817, aderiu como província ao Império do Brasil em 1822 e tornou-se independente em 1827 com o nome de Uruguai.
    * Costa do Ouro Portuguesa - (1482-1642), cedida à Costa do Ouro Holandesa em 1642

    F

    * Fernando Pó e Ano Bom - colónias (1474-1778). Cedidas à Espanha em 1778.

    G

    * Guiana Francesa - ocupação (1809-1817). Restituída à França em 1817.
    * Guiné Portuguesa (actual Guiné-Bissau) - colónia (1879-1951); província ultramarina (1951-1974). Independência unilateral declarada em 1973, reconhecida por Portugal em 1974.
    o Cacheu - capitania (1640-1879). União com Bissau em 1879.
    o Bissau - colonização sob Cacheu (1687-1696); capitania (1696-1707); abandonada (1707-1753); colónia separada de Cabo Verde (1753-1879). União com Cacheu em 1879.

    I

    * Índia Portuguesa - província ultramarina (1946-1962). Anexada à Índia em 1961 e reconhecida por Portugal em 1974.
    o Baçaim - possessão (1535-1739)
    o Bombaim (também chamada de "Mumbai") - possessão (1534-1661)
    o Cananor - possessão (1502-1663)
    o Calecute - posto fortificado (1512-1525)
    o Cochim - possessão (1500–1663)
    o Chaul - possesão (1521-1740)
    o Chittagong (1528-1666)
    o Cranganor - possessão (1536-1662)
    o Damão - aquisição em 1559. União com a província ultramarina em 1946, Anexada à província ultramarina em 1946, Anexada à Índia em 1961 e reconhecida por Portugal em 1974.
    o Dadrá e Nagar Haveli - aquisições em 1779. Ocupadas pela Índia em 1954.
    o Goa - colónia (1510-1946). Tornou-se parte de província ultramarina em 1946, Anexada à Índia em 1961 e reconhecida por Portugal em 1974.
    o Hughli (1579-1632)
    o Coulão (1502-1661)
    o Masulipatão (1598-1610)
    o Mangalore (1568-1659)
    o Nagapattinam (1507-1657)
    o Paliacate (1518-1619)
    o Salsette (1534-1737)
    o São Tomé de Meliapore - colonização (1523-1662; 1687-1749)
    o Surate (1540-1612)
    o Thoothukudi (1548-1658)
    * Indonésia (enclaves) Possesões portuguesas entre os séculos XVI-XIX.
    o Bante - Feitoria portuguesa (Século XVI-XVIII)
    o [Indonésia (Indonésia)|Flores]] - Possesão portuguesa (século XVI-XIX)
    o Macassar - Feitoria portuguesa (Século XVI-XVII)

    L

    * Laquedivas (1498-1545)
    * Liampó (1533-1545)

    M

    * Macau - estabelecimento (1553-1557), território cedido por China subordinado a Goa (1557-1844); província ultramarina conjunta com Timor-Leste (1844-1883); província ultramarina conjunta com Timor-Leste em relação a Goa (1883-1896); província ultramarina em relação a Goa (1896-1951); província ultramarina (1951-1975); território macaense sob administração portuguesa (1975-1999). Restituída à República Popular da China como região administrativa especial em 1999.
    o Península de Macau - estabelecimento dos portugueses em 1553 ou em 1554
    o Coloane - ocupação em 1864
    o Taipa - ocupação em 1851
    o Ilha Verde - incorporada em 1890
    o Ilhas Lapa, Dom João e Montanha - ocupação oficial (1938-1941). Tomada de novo ao Japão e restituída à China.
    * Madeira - possessão (1418-1420); colónia (1420-1580); colónia real (1580-1834); distrito (1834-1976). Declarada região autónoma em 1976.
    * Malaca - conquistada (1511-1641); perdida para os holandeses.
    * Maldivas - ocupação (1558-1573)
    * Marrocos (enclaves):
    o Ceuta - possessão (1415-1668). Foi cedida à Espanha em 1668.
    o Aguz (1506-1525)
    o Alcácer-Ceguer/El Qsar es Seghir (1458-1550)
    o Arzila (1471-1550; 1577-1589). Retituída a Marrocos em 1589.
    o Azamor (1513-1541). Cidade restituída a Marrocos em 1541.
    o Essaouira (antigamente chamava-se "Mogador") (1506-1525)
    o Mazagão/El Jadida (1485-1550); possessão (1506-1769). Incorporação em Marrocos em 1769.
    o Safim (1488-1541)
    o Santa Cruz do Cabo de Gué/Agadir (1505-1541)
    o Tânger (1471-1662). Cedida à Inglaterra em 1662.
    * Mascate (Omã) - possesão portuguesa subordinada ao Vice-Reino de Goa (1500-1650).
    * Melinde - Feitoria portuguesa (1500-1630).
    * Moçambique - possessão (1498-1501); subordinada a Goa (1501-1569); capitania-geral (1569-1609); colónia subordinada a Goa (1609-1752); colónia (1752-1951); província ultramarina (1951-1971); estado (1971-1974); governo de transição integrando representantes de Portugal e da Frelimo (1974-1975). Independência em 1975.
    * Molucas
    o Amboina - colonização (1576-1605)
    o Ternate - colonização (1522-1575)
    o Tidore - colónia (1578-1605). Pilhada pelos holandeses em 1605.
    * Mombaça (Quénia) - ocupação (1593-1638); colónia subordinada a Goa (1638-1698; 1728-1729). Sob a soberania do Omã desde 1729.
    N

    * Hiroshima (1571-1639). Perdida aos holandeses.
    * Nova Colónia do Sacramento - colónia (1680; 1683-1705; 1715-1777). Cedida à Espanha em 1777.

    O

    * Ormuz - possessão subordinada a Goa (1515-1622). Incorporada no Império Persa em 1622.
    o Forte de Queixome - construído na ilha de Qeshm, no Estreito de Ormuz (1621-1622)
    o Forte de Nossa Senhora da Conceição de Ormuz - ilha de Gerun, no Estreito de Ormuz (1615-1622)

    Q

    * Quíloa - possessão (1505-1512)

    S

    * São João Baptista de Ajudá - forte subordinado ao Brasil (1721-1730); subordinada a São Tomé e Príncipe (1865-1869). Anexado a Daomé em 1961.
    * São Jorge da Mina (1482-1637). Ocupação holandesa em 1637.
    * São Tomé e Príncipe - colónia real (1753-1951); província ultramarina (1951-1971); administração local (1971-1975). Independência em 1975. União com a Ilha do Príncipe em 1753.
    o São Tomé - possessão (1470-1485); colónia (1485-1522); colónia real (1522-1641); administração durante a ocupação holandesa (1641-1648). Ocupação francesa em 1648.
    o Sete Povos das Missões - colónia (1750-1808)
    o Ilha do Príncipe - colónia (1500-1573). União com São Tomé em 1753.
    * Socotorá - possessão (1506-1511). Tornou-se parte do Sultanado Mahri de Qishn e Suqutra.

    T

    * Timor-Leste - colónia subordinada à Índia Portuguesa (1642-1844); subordinada a Macau (1844-1896); colónia separada (1896-1951); província ultramarina (1951-1975); república e proclamada independência unilateral, anexada à Indonésia (1975-1999), reconhecimento da ONU como território português. Administração da ONU de 1999 até à Independência em 2002.
    * Tanganica (Actual Tanzânia) - Estabelecimentos portugueses estabelecidos no litoral (1500-1630).

    Z

    * Zanzibar - possessão (1503-1698). Tornou-se parte de Omã em 1698.
    * Ziguinchor (1645-1888). Cedido aos franceses em 1888.
    Editado pela última vez por Yamato; 29 October 2007, 17:15.

    Comentário


      #3
      Foi um erro por KAÚLZA DE ARRIAGA

      Fica a transcrição do texto de Kaluza de Arriaga

      O FIM DO ULTRAMAR PORTUGUÊS

      ERRO E TRAIÇÃO



      Abril de 1994

      Kaúlza de Arriaga



      A DESCOLONIZAÇÃO

      SÍNTESE



      A chamada descolonização do Ultramar Português, realizada logo após o "25 de Abril", foi, na sua essência, um erro, diria um erro maior, e , no relativo à Pátria Portuguesa, que era, e às populações portuguesas metropolitanas e ultramarinas, que o eram, uma traição, diria, uma alta traição.



      I. O ERRO



      O erro maior, resulta de duas realidades que, na ocasião, dominavam a conjuntura – o grau de desenvolvimento das populações ultramarinas e a situação internacional.

      1. As Populações

      A primeira realidade contém a verdade, verdade importante, das populações ultramarinas da época, não só não terem o menor sentimento nacional próprio, mas apenas sentimentos fortemente tribais, como terem por única ligação consistente, entre si, a sua qualidade portuguesa.

      Também, nesta realidade, se contém outra verdade, esta certamente decisiva. As mesmas populações usufruiam de um esforço imenso que se fazia, nos anos 60 e começo dos anos 70, no sentido da sua promoção em geral e especialmente nos planos da educação, civismo, saúde, nível de vida e desempenho de cargos políticos, este sempre que a qualidade o aconselhava. Mas, mesmo assim, essas populações não possuíam, ainda, características que lhes permitissem autodeterminações minimamente autênticas e governações, se disso fosse o caso, minimamente capazes. As autodeterminações seriam forçosamente uma obtusidade e, no caso das independências, estas seriam fatalmente o caos.

      Como, de resto, sucedeu factualmente e por forma trágica. Aqui há que afirmar, com nitidez e desmentindo frontalmente quem, por ignorância ou má fé, propagandeie o contrário, que se mais cedo tivesse sido feita a descolonização, mais generalizado e profundo teria sido o caos.

      Dentro de cerca de três décadas, a partir de 1960, isto é, nos anos 90, e se continuasse o esforço de promoção referido, talvez, sim, as populações, principalmente as de Angola e Moçambique, tivessem atingido um grau de desenvolvimento permissivo de autodeterminações autênticas no bastante e de governações, se fosse esse o caso, suficientemente capazes.

      A não consideração das verdades acabadas de expôr foi o erro.
      2. A Situação Internacional

      A segunda realidade dizia respeito à situação internacional então vivida, mas vivida intensamente. Era a confrontação Leste-Oeste no seu auge, que, na estratégia indirecta da URSS e durante algum tempo também da China Continental, continha, como grande objectivo, a conquista do controle da África Austral, fonte importantíssima de minérios essenciais à vida normal do Ocidente e ao seu esforço militar, e base de possíveis intervenções no fluxo do petróleo, não menos essencial, que vindo do Golfo Pérsico, abastecia a Europa e mesmo os EUA. Esse controle era, até então e na ocasião, exercido pelo Ocidente, através de Portugal - Angola e Moçambique - , da República da África do Sul e da Rodésia.

      Nesse sentido da conquista do controle da África Austral e independentemente de um curto período em que os EUA - administração Kennedy - paternizaram uma infeliz intervenção no Noroeste de Angola, a URSS e a China Continental transformaram, em seus tele-satélites, os países fronteiriços a Norte da África Austral, os, hoje, Congo, Zaire, Zâmbia e Tanzânia. E, a partir destes países, lançaram-se na promoção, apoio e condução de ofensivas subversivas em Angola e Moçambique, com a finalidade de atacarem a África do Sul e o que, hoje, é a Namíbia, e conseguirem o seu objectivo anti-ocidental – o referido controle da África Austral.

      Deste modo, qualquer autodeterminação ou independência de Angola ou Moçambique teria, como consequência imediata e inexorável, o seu domínio pela URSS e pela China Continental.

      Como, de resto, sucedeu factualmente e por forma dramática em relação à URSS, dada a desistência da China Continental. Aqui, há, igualmente, que afirmar, com nitidez e desmentindo frontalmente quem, por ignorância ou má fé, apregoe o contrário, que se mais cedo tivesse sido a descolonização, mais depressa se teria verificado esse domínio de Angola e Moçambique pela URSS.

      Dever-se-ia, em Angola e Moçambique, aproveitando e reforçando a paralização da guerra, verificada por impossibilidade do MPLA e da FRELIMO, isto é, o sucesso português em termos de contra-subversão, ter esperado pelo fim da URSS, o que teve lugar em 1991 e que era, mais década menos década, previsível, como eu próprio o previ, em conferência pública, proferida em 1966, no então Secretariado Nacional de Informação. E ter esperado, também, pela desistência da China Continental, o que teve lugar mais cedo.

      A não consideração da realidade acabada de expôr foi mesmo erro maior.



      II. A TRAIÇÃO

      A Pátria é uma entidade estrutural, mais espiritual do que física, indiscutível e perene, e que se sobrepõe às diversas e sucessivas situações conjunturais nacionais que se vão vivendo.

      E há Pátrias com vocação para gerarem outras Pátrias. É o caso de Portugal. Porém, isso só, exclusivamente, quando as Pátrias em gestação tenham já possibilidades factuais de realmente o serem, quer no relativo a sentimentos nacionais, quer no relativo ao seu desenvolvimento e quer no relativo ao seu enquadramento político internacional. E isso, também, só, exclusivamente, quando as populações da Pátria mãe, na execução da sua vocação, e as populações das Pátrias em gestação, o expressarem conscientemente, maioritariamente e empenhadamente.

      Sempre que alguém pretenda afectar a estrutura da Pátria, no seu espírito ou no seu âmbito físico, sem que as populações interessadas se tenham expressado, como se disse, em consciência, maioritáriamente e com empenho, esse alguém está a praticar ou a tentar praticar um acto de traição ou de alta traição.

      No caso do Conjunto Português, vigente em 1974, além de se não verificarem, como já se considerou, as condições citadas relativas a sentimentos nacionais próprios, ao desenvolvimento e ao enquadramento político internacional, as populações não expressaram minimamente qualquer desejo de que se formassem novas Pátrias. Isto, no referente às populações metropolitanas, com excepção de alguns, muito poucos: medíocres em demasia, ou cegos pelo ódio político; ou, ainda, servidores de interesses estrangeiros. E, no referente às populações ultramarinas, com excepção talvez em parte das da Guiné e de algumas pequenas parcelas de etnias de Angola e Moçambique, cujo "habitat" se situava de um e de outro lado das fronteiras com países tele-satélites da URSS e da China Continental, onde eram sujeitas a intensas lavagens cerebrais, verdadeiras intoxicações políticas. Assim, a esmagadora maioria das populações interessadas considerava-se bem, muito bem, na sua condição portuguesa.

      E a descolonização em causa, efectivada, traiu a Pátria Portuguesa e traiu aquelas populações. A descolonização foi, pois, uma traição. O grau de traição elevou-se quando essa descolonização apenas consistiu na entrega, que se lhe sabia inerente e, deste modo, premeditada, dos territórios em causa à URSS. A descolonização foi mesmo alta traição.



      III. OS ANOS 90

      Se o "25 de Abril" não tivesse feito desaparecer os estadistas do Poder em Portugal, não teria tido lugar a descolonização efectivada e ter-se-ia esperado pelos Anos 90, nos quais se poderia oferecer a autodeterminação às populações de Angola e Moçambique, com a certeza de que, se tivesse continuado o esforço de sua promoção exercido nos anos 60 e começo dos anos 70, estas saberiam tomar as opções certas e de que não haveria intervenção alguma da URSS e da China Continental.

      Cabo Verde e S. Tomé e Príncipe poderiam ser Regiões Autónomas Portuguesas, segundo o modelo da Madeira e dos Açores.

      Idêntica solução talvez fosse de encarar para Timor e Macau.

      Para que se saiba quem foi Kaulza de Arriaga


      Kaúlza de Arriaga

      Kaúlza de Arriaga (Porto, 18 de Janeiro de 1915 —3 de Fevereiro de 2004) foi um general português, escritor, professor e político, descendente de família açoriana, onde completou o curso superior de Matemática e Engenharia. Formar-se-ia com distinção, mais tarde, nos cursos de Estado-Maior de Altos Comandos, no Instituto de Altos Estudos Militares.

      Foi ministro da Defesa Nacional entre 1953 e 1955 entre outros cargos políticos de relevo. Sob ordens de Salazar e do Marcello Caetano, foi comandante das Forças Terrestres em Moçambique (1969-1970) durante a Guerra do Ultramar nas regiões moçambicanas. Foi membro do Conselho da Ordem Militar de Cristo (1966/1974).

      Depois de concluir os seus estudos em Matématica e Engenharia, foi para o Exército Português, como voluntário a 1 de Novembro de 1935, tendo acabado o curso de Engenharia Militar e Civil da Academia Militar, em 1939.Em 1949, terminou o curso do Estado-Maior e dos Altos Comandos do Instituto de Estudos Militares.

      Como militar, esforçou-se na reforma dos sistemas de recrutamento e de treino, preocupou-se com a modernização dos transportes aéreos militares e incentivou o Corpo de forças Pára-quedistas e a sua integração na Força Aérea. Ficou conhecido principalmente pelas campanhas militares que comandou em Moçambique, durante a Guerra do Ultramar, sobretudo na grandiosa Operação Nó Górdio (1970), que resultou num enorme sucesso militar que chegou a ser publicamente admitido pela FRELIMO que como consequência dessa operação moveu o seu esforço de guerra para a zona de tete.[carece de fontes?]

      Colaborador fiel de Oliveira Salazar e de Marcelo Caetano, chegando a ser decisivo no aborto do golpe de Estado de 1961, Kaúlza teve várias funções de carácter civil e militar, como a de Chefe de Gabinete do Ministério da Defesa , de Subsecretário de Estado da Aeronáutica, de professor do Instituto de Altos Estudos Militares, presidente da Junta de Energia Nuclear, de presidente executivo da empresa de petróleos Angol SA, de comandante das forças terrestres em Moçambique. Depois do 25 de Abril de 1974 criou o Movimento para a Independência e Reconstrução Nacional (MIRN) em 1977, partido de Extrema-direita do qual foi presidente e que foi extinto a seguir as eleições legislativas de 1980.

      A partir de 10 de Junho de 1994, o general Kaúlza de Arriaga integra a Comissão de Honra dos Encontros Nacionais de Combatentes, junto ao Monumento Nacional alusivo frente ao Forte do Bom Sucesso. Em 21 de Janeiro de 2004, desde há alguns anos afectado pela doença de Alzheimer, dá entrada nos Cuidados Intensivos do HMP-Estrela, onde passaria os seus últimos dias até falecer, às 19h30m de 2 de Fevereiro de 2004; às 13:00 de 4 de Fevereiro fica sepultado no cemitério dos Prazeres em Lisboa.

      Como escritor, escreveu vários livros como a "Energia Atómica" (1948), "The Portuguese Answer" (1973), "Coragem, Tenacidade e Fé" (1973), "No Caminho das Soluções do Futuro (1977), "Estratégia Global (1988), "Maastricht"-Pior ainda que o 25 de Abril?" (1992). Também recebeu vários títulos honoríficos e condecorações militares, tanto em Portugal como no estrangeiro: Oficial da Ordem Militar de Avis, Grande Oficial da Ordem de Mérito Militar (Brasil), Grau de comendador da Legião de Mérito (EUA), Oficial da Ordem Militar de Cristo, Oficial da Legião de Honra (França), Oficial da Ordem do Infante D. Henrique e a Medalha de Mérito Aeronáutico da Força Aérea, entre outras.

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        #4
        Para variar mais um excelente tópico. Parabéns!

        Depois, para comentar, que Portugal, que foi sempre pioneiro nas coisas positivas por esse mundo fora, de alguma forma tentando corrigir algumas asneiras que também fez, acabou por abrir mão de praticamente todo o seu império, império esse que honrava "os seus egrégios avós", da forma mais estapafúrdia possível, deixando "ao Deus dará", numa suspensão inadmissível, povos e territórios que sofreram agruras mil logo após e em consequência disso mesmo.

        A descolonização foi, assim, talvez das maiores vergonhas da História portuguesa, cujos protagonistas e responsáveis presume-se que são bem conhecidos, os quais tiveram o desplante de salvaguardar os seus bens e, logo após, entregar esses territórios!...

        O resultado foi a miséria e o abandono de património que ali construímos, em vantajosa e recíproca colaboração com os autóctones, património esse desbaratado e surripiado, quer pelo povo que ficou sem forma de ganhar o seu pão (e que ninguém se iluda, pois que cá se acontecer algo semelhante o comportamento será o mesmo), quer pelos tiranos que se apoderaram das grandes riquezas e condenaram os seus concidadãos à fome, à doença e à miséria.

        O resultado para nós, em Portugal Continental (antigamente referida como a Metrópole), foi um brutal aumento demográfico de que ainda hoje estamos a sofrer as consequências (afinal as pessoas tinham de fazer pela vida), e para eles a destruição daquilo que eram territórios fartos em riqueza e plenos de abundância, onde se colhia quatro vezes no mesmo período de tempo em que cá apenas se colhe uma vez. A destruição provocada pela "conveniente" e fratricida guerra que se instalou entretanto fez o resto...

        E podia ter sido tudo tão mais simples, sem complexos colonialistas (mais um chavão do PREC... ), e com uma retirada digna e vantajosa para todos (já que seria inevitável a descolonização), portugueses e africanos, afinal povos irmãos!

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          #5
          Concordo com tudo! Principalmente com a referencia ao Dr. Mario Soares..

          Abraço e este assunto tem muito muito que falar. Bom topico!

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            #6
            gostava também de realçar aqui uma coisa.

            o que denominamos de descolonização foi definitivamente inquinado após a guerra.


            ate porque uma grande parte das pessoas fugidas foram nesse pariodo pré 1974.

            No entanto isto não desculpabiliza a maneira idiota e atabalhoada como as coisas foram feitas.


            Somos um dos poucos países do mundo que não pôs o interesse dos seus cidadãos em primeiro lugar.

            E depois há muitas "estórias" muito mal contadas sobre esse periodo.


            cumprimentos

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              #7
              Originalmente Colocado por Yamato Ver Post
              Estes foram os territórios, que Portugal descobriu, colonizou, desenvolveu e educou.

              É visível, que em alguns casos as invejas e interesses de potências Europeias já vem de longe, Portugal na década de 60 era um gigante com pés de barro que orgulhosamente só, acreditava candidamente que o seu mundo, não tinha tubarões ávidos de sangue e riqueza.

              Acreditou, que o mundo ao abrigo da sociedade das nações e da ONU, não disputava territórios.

              Enganou-se

              Acho que estas a subestimar, não nos esqueçamos que o governo da altura contava com seus serviços de inteligencia devidamente treinados. Acredito que o governo já na epoca do Salazar sabia (e previa)perfeitamente do que estava acontecer e lutou com as armas possiveis, e por incrivel que pareça, ganhamos!

              O golpe fatal veio de dentro como bem sabes, fomos traidos pelos nossos, a luta foi perdida no Terreiro do Paço.

              A função da PIDE ia muito mais além da de polícia política, sendo igualmente responsável pelo controlo de estrangeiros e fronteiras, pela informação e contra-espionagem, pelo combate ao terrorismo e pela investigação de crimes contra a segurança do estado.

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                #8
                Originalmente Colocado por Pé Leve Ver Post
                Para variar mais um excelente tópico. Parabéns!

                Depois, para comentar, que Portugal, que foi sempre pioneiro nas coisas positivas por esse mundo fora, de alguma forma tentando corrigir algumas asneiras que também fez, acabou por abrir mão de praticamente todo o seu império, império esse que honrava "os seus egrégios avós", da forma mais estapafúrdia possível, deixando "ao Deus dará", numa suspensão inadmissível, povos e territórios que sofreram agruras mil logo após e em consequência disso mesmo.

                A descolonização foi, assim, talvez das maiores vergonhas da História portuguesa, cujos protagonistas e responsáveis presume-se que são bem conhecidos, os quais tiveram o desplante de salvaguardar os seus bens e, logo após, entregar esses territórios!...

                O resultado foi a miséria e o abandono de património que ali construímos, em vantajosa e recíproca colaboração com os autóctones, património esse desbaratado e surripiado, quer pelo povo que ficou sem forma de ganhar o seu pão (e que ninguém se iluda, pois que cá se acontecer algo semelhante o comportamento será o mesmo), quer pelos tiranos que se apoderaram das grandes riquezas e condenaram os seus concidadãos à fome, à doença e à miséria.

                O resultado para nós, em Portugal Continental (antigamente referida como a Metrópole), foi um brutal aumento demográfico de que ainda hoje estamos a sofrer as consequências (afinal as pessoas tinham de fazer pela vida), e para eles a destruição daquilo que eram territórios fartos em riqueza e plenos de abundância, onde se colhia quatro vezes no mesmo período de tempo em que cá apenas se colhe uma vez. A destruição provocada pela "conveniente" e fratricida guerra que se instalou entretanto fez o resto...

                E podia ter sido tudo tão mais simples, sem complexos colonialistas (mais um chavão do PREC... ), e com uma retirada digna e vantajosa para todos (já que seria inevitável a descolonização), portugueses e africanos, afinal povos irmãos!
                A culpa é de quem? Dos que descolonizaram à pressa (mas bolas, o país estava em revolução permanente, não se podia esperar grande coisa) ou de quem adiou a decolonização?

                Comentário


                  #9
                  O malta é jovem, ouve umas coisas e depois repete-as...

                  Não ganhámos a Guerra Colonial!
                  Estava "empatada" em Angola e Moçambique (aqui menos favorável para nós), mas a tendência era para perdermos controlo físico dos territórios.
                  A Guiné estava absolutamente perdida para o PAIGC. Aliás, a declaração de independência faz-se nas matas com Bissau à vista, o que mostra o controlo que tínhamos do território .

                  E já agora, se uns anos antes alguém no Terreiro do Paço tivesse avançado com uma autonomia dos territórios, em vez de matraquear com o conceito de província...talvez o futuro tivesse sido diferente.

                  Comentário


                    #10
                    Originalmente Colocado por Karma Ver Post
                    A culpa é de quem? Dos que descolonizaram à pressa (mas bolas, o país estava em revolução permanente, não se podia esperar grande coisa) ou de quem adiou a decolonização?
                    A resposta está contida no que dizes. Descolonizou-se à pressa e os responsáveis foram os que assim determinaram. A descolonização deveria ter sido ainda mais adiada, para ter sido bem feita, sobretudo "a frio", em altura mais propícia a que fosse bem planeada!...

                    Comentário


                      #11
                      Originalmente Colocado por Pé Leve Ver Post
                      A resposta está contida no que dizes. Descolonizou-se à pressa e os responsáveis foram os que assim determinaram. A descolonização deveria ter sido ainda mais adiada, para ter sido bem feita, sobretudo "a frio", em altura mais propícia a que fosse bem planeada!...
                      Não podias adiar a descolonização. Ninguém queria continuar a ir para a guerra.

                      Comentário


                        #12
                        Originalmente Colocado por Pé Leve Ver Post
                        A resposta está contida no que dizes. Descolonizou-se à pressa e os responsáveis foram os que assim determinaram. A descolonização deveria ter sido ainda mais adiada, para ter sido bem feita, sobretudo "a frio", em altura mais propícia a que fosse bem planeada!...

                        Por exemplo, uns anos antes...

                        Comentário


                          #13
                          Originalmente Colocado por ebay Ver Post
                          Por exemplo, uns anos antes...
                          Sim, admito que sim!...

                          Comentário


                            #14
                            Originalmente Colocado por Karma Ver Post
                            Não podias adiar a descolonização. Ninguém queria continuar a ir para a guerra.
                            Eu lembro-me disso e, de facto, era uma chaga! Mas também me lembro de ouvir alguns dos alegados protagonistas do "teatro de guerra" terem referido que a guerra se prolongava artificialmente porque interessava, quando podia ter sido terminada rapidamente!...

                            Comentário


                              #15
                              Originalmente Colocado por Pé Leve Ver Post
                              Eu lembro-me disso e, de facto, era uma chaga! Mas também me lembro de ouvir alguns dos alegados protagonistas do "teatro de guerra" terem referido que a guerra se prolongava artificialmente porque interessava, quando podia ter sido terminada rapidamente!...

                              Há sempre alguém que ganha com a guerra e aquela não foi excepção...desde as empresas nacionais que forneciam a FA, até aqueles cujas carreiras dependiam da manutenção do conflito. Quem andava lá a malhar com os ossos duvido que lhe interessasse um prolongar do conflito.

                              Comentário


                                #16
                                Originalmente Colocado por ebay Ver Post
                                O malta é jovem, ouve umas coisas e depois repete-as...

                                De uma certa maneira todos repetimos o que ouvimos, só que uns procuram filtrar a informação que recebem outros não.

                                Não ganhámos a Guerra Colonial!
                                Estava "empatada" em Angola e Moçambique (aqui menos favorável para nós), mas a tendência era para perdermos controlo físico dos territórios.
                                A Guiné estava absolutamente perdida para o PAIGC. Aliás, a declaração de independência faz-se nas matas com Bissau à vista, o que mostra o controlo que tínhamos do território .

                                Ganhamos, ganhamos... Tanto em Angola como em Moçambique respirava-se tranquilidade, os "turras" estavam completamente
                                D-O-M-I-N-A-D-O-S.

                                Só na Guine a situação estava mais dificil porem longe de estar perdida, talvez ai sim ouvesse um empate, que poderiam ter sido perfeitamente alterado se o desfecho tivesse sido outro em Lisboa... É o que tenho lido por ai... as nossas fontes são diferentes certamente.

                                E já agora, se uns anos antes alguém no Terreiro do Paço tivesse avançado com uma autonomia dos territórios, em vez de matraquear com o conceito de província...talvez o futuro tivesse sido diferente.

                                Seria diferente como? Em muitos paises africanos as independencias foram alcanzados entre os anos 50 e principio de 60... e o que aconteceu com esses paises? Esta a vista...

                                Uma grande verdade no meio disto tudo é que Portugal era um "mau exemplo" (bom exemplo) para os paises da região, as grandes potencias não estavam dispostas a tolerar concorrencia e uma influencia como a portuguesa em Africa (a unica), como deves saber certas materias primas são preciosas de mais como para ser dividido por muitos, monopolizar a exploração dos recursos naturais é a chave para a hegemonia mundial. Portugal era um empecilho para os planos expanssionistas de certas potencias.

                                Vamos analisar o que diz o nosso querido Oscar Cardoso ex-agente da PIDE:

                                HISTÓRIAS SECRETAS DA PIDE/DGS: a guerra de África

                                1961: ano que marca o início do conflito nos territórios africanos.
                                Em Angola dá-se o arranque de toda uma situação só terminada após a queda do regime em 25 de Abril de 1974.
                                Vejamos o que sobre África e a guerra travada nos diz Óscar Cardoso, ex-inspector da PIDE.

                                ENTREVISTA COM ÓSCAR CARDOSO

                                Bruno Oliveira Santos: Como é que viveu o início do terrorismo em Angola?

                                Óscar Cardoso: Quando o terrorismo começa em Angola, eu estava ao serviço da GNR. O terrorismo em Angola não era mais nem menos do que a cobiça de quatro potências pela Ágrica Portuguesa: a União Soviética, a China, os Estados Unidos da América e o Vaticano. Os movimentos de libertação eram apenas marionetas manobradas por terceiros.

                                (...)

                                B.O.S: O que eram os Flechas?

                                O.C: Eu fui para Angola em 1966 e, como era normal, fiz um curto estágio em todos os serviços da delegação- investigação, administrativos, etc. Depois disso, o director São José Lopes mandou-me fazer um périplo por todas as subdelegações do território. Isso permitiu-me ter um conhecimento profundo sobre todos os problemas que havia em Angola. A dado momento, fui para o Luso. Quem estava a chefiar a subdelegação era o inspector Fragoso Allas, um homem que traiu a PIDE no 25 de Abril. O Fragoso Allas, que depois desteve na Guiné, dava-se muito bem com o Spínola. No 25 de Abril estava feito com ele. Mas não era o único! O inspector superior Rogério Dias Coelho,
                                antigo colega de Spínola no Colégio Militar, era outro que tal. No 25 de Abril já estava indigitado por Spínola para ser o novo director-geral!
                                O Fragoso Allas tinha organizado o chamado Corpo de Auxiliares, indivíduos recrutados e pagos por nós e que eram utilizados como intérpretes, guias e até mesmo como guardas prisionais. Ora, nessa altura eu conheci um velhote- o Manuel Pontes Júnior- que me fala nas Terras do Fim do Mundo, cuja existência eu já conhecia por ser referida em vários livros. Aliás, a designação de Terras do Fim do Mundo é da responsabilidade do Henrique Galvão, que assim as classifica no seu admirável livro Outras Terras, Outras Gentes.

                                B.O.S: Não estava à espera de o ouvir tecer grandes elogios à obra literária do Henrique Galvão!...

                                O.C: Eu sei, mas olhe que esse livro é extraordinário! Aliás, as pessoas estão mal informadas sobre o Galvão. Nos seus últimos anos de vida, ele arrependeu-se de tudo, estava mesmo muito arrependido de todas aquelas conspirações. Sabe quem é que pagou o funeral do Galvão? A PIDE. Mas eu estava a dizer que nesse livro do Galvão há referências às chamadas Terras do Fim do Mundo. Nessas terras habitavam os bosquímanos. Eu comecei logo a idealizar o recrutamento desses homens para o Corpo de Auxiliares, até um bocado influenciado pela tropa de guardas de fronteira do KGB. Era conhecido o ódio que os bosquímanos tinham aos negros. Foram sempre escravizados pelos pretos, trocados e vendidos como se fossem objectos ou cabeças de gado. Não era preciso gastar praticamente dinheiro nenhum em alimentação- os bosquímanos encontravam comida em qualquer sítio. Eram rápidos, eram pequenos, conheciam bem o terreno.
                                Enviei um memorando ao São José Lopes a propor o recrutamento daqueles homens e ele lá me deixou ir para o Cuando-Cubango organizar tudo aquilo. Levei a minha mulher e um velho Land Rover. Foram os melhores tempos da minha vida! Os bosquímanos detestavam mesmo os pretos! Olhe que, ainda em 1969, eram trocados e vendidos a abatidos pelos negros sem dó nem piedade. Bem, comecei por recrutar três ou quatro. No início, utilizavam apenas arcos e flechas, sobretudo flechas envenenadas, o que causava um grande Pãnico entre os turras. É por isso que receberam a designação de Flechas. Comecei a ter bons resultados com a incorporação daqueles bosquímanos, tão bons resultados que cheguei a ter mais de 400 flechas treinados, só no Cuando-Cubango. Mais tarde, criaram-se flechas por toda a província de Angola e em Moçambique.

                                B.O.S: Eram só bosquímanos?

                                O.C: Depois foram incorporados homens de outras minorias. Os bosquímanos eram uma minoria do Cuando-Cubango, que era uma savana quase deserta. (...)

                                B.O.S: Foram recuperados vários guerrilheiros da FNLA, do MPLA e da UNITA?

                                O.C: Sim, sim. Muitos dos terroristas andavam lá contrariados- eram obrigados a fazer aquela guerra para evitar que as famílias sofressem represálias.

                                B.O.S: É verdade que Jonas Savimbi foi assistido por médicos do exército português no princípio dos anos 70?

                                O.C: É. A UNITA tinha sido abandonada pela China e sabia que não tinha quaisquer hipóteses de implantação em Angola sem o nosso apoio. Como aspirava a integrar um futuro governo de Angola, os seus guerrilheiros aceitaram colaborar com o exército português em diversas acções contra os outros movimentos. Vários portugueses com interesses económicos na zona do Luso, sobretudo os madeireiros, pagavam à UNITA para não serem molestados no transporte de mercadorias.
                                Isto ajuda a compreender as razões pelas quais Jonas Savimbi foi assistido pelo Serviço de Saúde Militar, no Luso. O oficial encarregado das ligações com Savimbi era o major Passos Ramos, da Zona Militar Leste. Foi ele quem tratou de tudo. Já não me recordo da doença de que Savimbi padecia...Julgo que era uma apendicite, mas não tenho a certeza.

                                B.O.S: A PIDE teve alguma participação no assassínio de Eduardo Mondlane?

                                O.C: A carta armadilhada que provocou a morte de Eduardo Mondlane foi preparada pelo Casimiro Monteiro, que era de facto um grande especialista em explosivos. Mas o Casimiro Monteiro não agiu sozinho, teve a colaboração do chefe de segurança do Mondlane, o Joaquim Chissano, actual Presidente da República de Moçambique. Portanto, esse trabalho foi feito com a própria Frelimo, que estava muito interessada em eliminar o Mondlane.

                                B.O.S: Teve acesso aos relatórios sobre Wiryamu?

                                O.C: Não conheço essa história. De resto, na província de Tete, que eu conheci bem, não existia nenhuma terra chamada Wiryamu. Nem existia em Moçambique nenhuma terra começada por W. Eu não gosto de falar sobre esses assuntos, numa guerra há sempre massacres... O que lhe posso dizer é que nas instruções das Forças Armadas, da PIDE e demais forças da ordem havia a preocupação de evitar os massacres. As instruções eram muito claras: não molestar a população, evitar todo e qualquer tipo de barbaridad, etc. Era exactamente o contrário do que sucedia nos manuais dos terroristas, que aterrorizavam a população.
                                É evidente que há sempre excepções. Um soldado, cansado de fazer a guerra, farto de ver os seus camaradas estropiados por minas, pode, às tantas, tomar tudo por igual e cometer um erro qualquer...

                                B.O.S: Que relações mantinha a PIDE com o general Costa Gomes?

                                O.C: O Costa Gomes era muito amigo do meu inspector superior, Aníbal de São José Lopes. Era tão amigo que, a seguir à revolução, enquanto nós fomos todos presos, o São José Lopes foi mandado para Timor. O Costa Gomes arranjou maneira de ele ir para lá e escapar assim à detenção. Nem outra coisa era de esperar. O São José Lopes conhecia muitos dos podres do Costa Gomes. É que o Costa Gomes prezava muito o dinheiro e falava-se à boca pequena que gostava muito de umas pedrinhas, de uns diamantes, de que o solo angolano é fértil...É muito provável que o São José Lopes estivesse a par de umas negociatas quaisquer.
                                De resto, as relações que mantivemos com o Costa Gomes, quando ele era comandante-chefe em Angola, foram da maior cordialidade. Não havia festa para a qual não fosse convidado: o Dia do Flecha, o aniversário do São José Lopes, e por aí fora. Foi-lhe oferecido o crachat de ouro da PIDE, que ele aceitou com todo o gosto. Pessoalmente, mantive sempre as melhores relações com ele. Aliás, o Costa Gomes namorou a minha tia, irmã de minha mãe, e tratou-me sempre com muito respeito. Como vê, para além de ter sido meu professor, podia ter sido meu tio.

                                B.O.S: A PIDE delineou algum plano secreto para matar Amílcar Cabral?

                                O.C: Não. Assim como lhe disse abertamente que a PIDE colaborou na eliminação de Eduardo Mondlane, também lhe garanto que nunca existiu nenhum plano para matar Amílcar Cabral. Quam matou Cabral foram dissidentes do PAIGC, a PIDE não teve nada a ver com aquilo. Essas histórias estão todas muito mal contadas. E na altura do 25 de Abril havia já um acordo entre o Nino Vieira e o nosso governo para aquele vir para Portugal, com a mulher e a filha, cuja colocação na Universidade estava já assegurada. Ora, quem conta essa história muito bem é o coronel Vaz Antunes, que estava então na Guiné, num opúsculo chamado Uma Diligência Interrompida. Os guerrilheiros do PAIGC estavam cansados, queriam acabar com a guerra e sobretudo não admitiam a sua subordinação aos cabo-verdianos.

                                B.O.S: A PIDE era um bom serviço de inteligência?

                                O.C: Como sabe, todas as Forças Armadas têm serviço de inteligência. Em África, a PIDE desempenhou essas funções. O melhor serviço de informação que existia no país era o nosso. A GNR tinha o seu serviço de informação. A PSP tinha também um serviço de informação, mas o melhor de todos era o da PIDE.
                                Prestámos serviços importantíssimos às Forças Armadas. Salvámos muitas vidas. Alguns dos oficiais que se notabilizaram no 25 de Abril foram salvos pela acção corajosa e abnegada de funcionários da polícia. (...)
                                Os militares, por natureza, não gostam de informação. Aquilo para eles é uma chatice. Mas a verdade é que o nosso serviço de inteligência funcionava muito bem. É isso que explica que, já depois do 25 de Abril e tendo em conta que as nossas tropas continuavam a fazer a guerra, alguns quadros da PIDE foram libertados para integrar a POlícia de Informação Militar (PIM), então criada.
                                Os militares revolucionários sabiam perfeitamente que, sem esse serviço de informação, era impossível continuar a guerra. Há até um caso, naturalmente pouco conhecido, mas que vale a pena contar: um dos quadros da PIDE chamado para integrar a nova polícia foi o inspector José Vítor Carvalho. Em 1975, em pleno PREC, foi promovido a inspector-adjunto!

                                B.O.S: Os serviços de informação da polícia dispunham de informadores nos países vizinhos?

                                O.C: A verdadeira história das nossas relações com esses países ainda está por fazer. Muito do que se tem dito não corresponde à verdade. O Malawi não nos era hostil. Era-o o Zaire, teoricamente, mas na prática obtínhamos tudo quanto queríamos desse país. De resto, dispúnhamos de vários informadores ao mais alto nível. Na Zâmbia era mais difícil, mas também tínhamos informadores. O mesmo acontecia no Congo-Brazzaville.

                                B.O.S: E na Rodésia?

                                O.C: Na Rodésia não precisávamos de informadores porque colaborávamos directamente com o CIO (Central Intelligence Organisation). O mesmo se passava em relação à Africa do Sul: havia uma colaboração estreita com as polícias e os serviços de informação sul-africanos. Repare que todos os países situados entre Angola e Moçambique não nos podiam ser hostis porque a sua sobrevivência dependia dos abastecimentos que chegavam, exclusivamente, pelas linhas férreas da Beira e do Lobito.

                                (...)

                                B.O.S: Como é que reagiu à publicação de Portugal e o Futuro do general Spínola?

                                O.C: Muito mal. Ficámos todos com a sensação de que aquilo era o prncípio do fim. Aliás, não foi o Spínola quem escreveu o livro- foi o coronel Pereira da Costa. O Spínola era um oficial de Cavalaria, era um eguariço, como se costumava dizer. Tinha um vocabulário de duzentas palavras. Não tinha capacidade para escrever nada. Talvez as ideias tenham sido fornecidas pelo Spínola, mas quem redigiu o livro foi o outro.

                                B.O.S: E como militar?

                                O.C: Era bom militar.

                                B.O.S: Acha que sim?! Então não era só fachada? O Spínola era vaidoso como um pavão, dispunha de vários sacos azuis para pagar a sua própria propaganda. Olhe, é à custa disso que ainda hoje o julgam um grande estratega militar...

                                O.C: Eu conheço essas histórias, mas pelo menos em Angola foi um bom coronel. Era, sobretudo, um militar com prestígio, tinha carisma, era o homem que aparecia lá em cima com pose autoritária, com as luvas e o pingalim... Sabe que as Forças Armadas vivem também da fachada, dos tambores, das cornetas.

                                B.O.S: Os missionários causavam-lhe problemas?

                                O.C: Em África, existiam missionários católicos e missionários protestantes. De um modo geral, aqueles que nos eram mais favoráveis eram os católicos. Entre os missionários protestantes havia de tudo- uns eram agentes da CIA, outros do MI6, alguns do próprio SDECE francês...
                                Lembro-me de que na missão de Catata, perto de Serpa Pinto, existia um missionário que era- soubemo-lo através de intercepção de correspondência- um agente da CIA. Escrevia cartas para os Estados Unidos descrevendo a situação, o ambiente da população, as tendências da população, os ataques, etc. Por tudo o que ele escrevia percebia-se que era hostil à presença portuguesa. Eu fiz esse missionário mudar rapidamente de ideias com a ajuda de alguns flechas. Vesti os flechas com fardas da UNITA e organizámos um ataque à missão: provocámos uns distúrbios, partimos uns vidros. O certo é que o missionário mudou logo de ideias em relação à presença dos portugueses em África.
                                Lembro-ne também de que existia no Cuando-Cubango, numa terra chamada Chama Vera, uma congregação de frades franceses, na qual seguimos a mesma estratégia. Eles até estavam a fazer uma obra engraçada. Olhe, eram os únicos brancos que falavam correctamente o dialecto dos bosquímanos!
                                Mas a verdade é que também apoiavam claramente os terroristas: davamlhes roupas, alimentação, etc. E, repare, numa altura em que nós tínhamos já alguns conflitos com a Santa Sé, a simples expulsão desses missionários não era a melhor solução. Era preciso fazê-los mudar de ideias. Organizámos também um ataque, vestindo os flechas com as fardas dos terroristas, e os padres decidiram ir embora...
                                Mas não se julgue que as missões tinham apenas aspectos negativos. Lembro-me muito bem da madre Cristina, da missão do Cuchi, uma missão linda, muito bem organizada. A madre Cristina era brasileira e dirigia naquela missão várias freiras, que tinham a seu cargo a educação de inúmeras meninas. Uma ou outra vez, os terroristas chegaram mesmo a entrar na missão, tendo mesmo violado algumas meninas. (...)
                                (...), podemos dizer que os serviços de informação dos diversos países infiltravam agentes seus em diversas missões. Os americanos, os ingleses, os franceses, todos faziam isso. E se calhar o Vaticano também lá devia ter alguns! Aliás o Vaticano tem o serviço de informações mais bem organizado do mundo inteiro!

                                B.O.S: Qual era a situação militar nas três frentes de guerra, em Abril de 1974?

                                O.C: Na Guiné, havia um cansaço geral das duas partes. Era a mais dura das frentes de guerra. De qualquer modo, a situação não era desastrosa para os portugueses, como alguns tentaram fazer crer. Havia graves divergências no seio do PAIGC, onde a facção cabo-verdiana, mais intelectualizada, dominava os guineenses, que não se conformavam com essa situação.

                                Ao contrário do que se diz, nem os terroristas dominavam a maior parte do território, nem as nossas tropas abandonavam algumas zonas em favor do inimigo. O que se passava é que a Guiné não tinha população em várias áreas do interior e, a partir de determinada altura, entendeu-se retirar os militares que ocupavam essas zonas desertas. Os historiadores de pacotilha que temos vêem nessas retiradas a prova de que o nosso exército estava completamente batido. Não é verdade!

                                Em Moçambique, a situação estava controlada. Havia alguns problemas com os macondes, mas dominávamos o território.
                                Em Angola, a guerra estava ganha. A UNITA cooperava connosco, o MPLA estava falido e não fazia guerrilha e a FNLA limitava-se a fazer algumas incursões esporádicas no norte.
                                Editado pela última vez por Mendes77; 29 October 2007, 20:12.

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                                  #17
                                  Originalmente Colocado por Karma Ver Post
                                  A culpa é de quem? Dos que descolonizaram à pressa (mas bolas, o país estava em revolução permanente, não se podia esperar grande coisa) ou de quem adiou a decolonização?
                                  A culpa foi de quem não deu Autonomia aos territorios.
                                  O grande erro foi quando as colonias tinham uma economia estavel e em progresso, assim como paz social, não ter criado um governo autonomo para gerir as colonias localmente, mesmo que continuassem a ser colonias portuguesas dependentes do governo portugues.
                                  Como foi, por exemplo com Macau.

                                  Comentário


                                    #18
                                    !Ganhamos, ganhamos... Tanto em Angola como em Moçambique respirava-se tranquilidade, os "turras" estavam completamente
                                    D-O-M-I-N-A-D-O-S. "


                                    Claro que se respirava tranquilidade...então em Mueda...


                                    Só na Guine a situação estava mais dificil porem longe de estar perdida, talvez ai sim ouvesse um empate, que poderiam ter sido perfeitamente alterado se o desfecho tivesse sido outro em Lisboa... É o que tenho lido por ai... as nossas fontes são diferentes certamente

                                    São de certeza...não me baseio no " nosso querido Oscar Cardoso ex-agente da PIDE"

                                    Comentário


                                      #19
                                      O destino dos impérios é a ruína...

                                      Comentário


                                        #20
                                        Originalmente Colocado por Zen Ver Post
                                        O destino dos impérios é a ruína...
                                        Os destinos das colonias é continuarem a ser dominados, mas por outros.

                                        Comentário


                                          #21
                                          Originalmente Colocado por Alpiger Ver Post
                                          Os destinos das colonias é continuarem a ser dominados, mas por outros.
                                          A maior parte dos governos do mundo estão "colonizados", e a nação que não se submete a esse dominio é convidada a entrar no restricto clube do "eixo do mal"

                                          Comentário


                                            #22
                                            Sobre a relativização, que é usual ser feita a propósito da legitimidade, ou não de as colónias serem território Português, e a legitimidade de os POrtugueses possuirem esses territórios, que teriam, ou não, sido usurpados aos indigenas, tenho como referência este artigo

                                            África e Sarsfield Cabral


                                            Njoão de Mendia

                                            Não há dúvida de que tudo se vai relativizando nesta vida, acabando mesmo isso por acontecer naqueles que mais se queixam que isso aconteça nos outros. Ou então já estarão as coisas num tal estado que já nem se percebe que as opiniões que se têm serão já a consequência de se relativizarem bem mais coisas do que se admite. O Dr. Sarsfield Cabral, que tenho o prazer de conhecer há muitos anos, mas mal, pelos vistos, acaba de me surpreender não pelas opiniões que tem, que são as da moda, mas pelo artigo que escreveu neste jornal "África". Não o tinha por uma pessoa com posições próximas de Mário Soares no que diz respeito ao nosso antigo Ultramar, tê- -las-á noutros domínios, mas neste parecia-me que não fizesse esse erro. Mas fez. E se isso é esquisito no que respeita à colonização, no que diz respeito à descolonização o erro é grave. Bastante grave.

                                            Se a pretexto da inevitabilidade se relativiza o que não é relativizável, ao menos que o façam a propósito e quando fizer sentido. Relativizar a importância da colonização, e sobretudo da descolonização, porque mais recente, não é a mesma coisa que relativizar a reacção das pessoas com o Ultramar nas mais várias épocas. Achar que a presença portuguesa, por todo o espaço onde isso se passou, se esgota num mercado de escravos que nem sempre éramos nós que o fazíamos, e numa fase "como que irrelevante e esquecida" que foi a descolonização, não só é redutor como gravemente injusto e insultuoso até. E é em relação não apenas ao tal País, onde, pela parte do Dr. Cabral, está definitivamente relativizada a sua gloriosa memória, mas às pessoas, que foram bem mais do que aquelas que diz, embora bastasse que fora apenas uma. À jornalista que apanhou um tiro no rabo em consequência do que lhe disseram para não fazer, e a um fazedor de filmes que, deliberadamente, se drogava onde sabia que era proibido, mandaram-nos buscar de Falcon; aos ultramarinos, pelo simples facto de serem ultramarinos, faz-se deles o que nem De Gaulle fez dos argelinos.

                                            Com a Guerra Civil espanhola, com os republicanos a traírem com a ajuda do governo vermelho de Madrid, com a necessidade de ser neutro nas guerras mundiais, com o estado em que Portugal ficou saído da tragédia da Primeira República e com o dinheiro que não tínhamos, só passou a ser possível mandar pessoas para o Ultramar, com erros, eventualmente, quando foram. E sabendo isto, não se percebe como alguém razoável compare as dificuldades de ir para Angola às facilidades de ir para o Brasil. Claro que era assim. Mas de propósito, dado que só se mandariam pessoas para as Províncias, como mandaram, depois de haver coisas para elas lá fazerem. Como acabou por haver. E bom, muito e para todos.

                                            Veja, Dr. Cabral, os números do desenvolvimento do Ultramar, uma vez que os sabe ler melhor que muitos. E se muito nascia de geração espontânea naquelas riquíssimas terras, acha que tudo era espontâneo? Não era. O que lá está fomos nós que fizemos. E sabe onde tudo isso ficou? Lá. E sabe de quem era tudo aquilo? Dos seus legítimos donos. Daqueles contra quem as armas do MFA se voltaram, e que 14 anos antes para lá tinham ido para os defender. Brancos e pretos. E não eram desprezíveis pequenas elites. Como refere, era povo. Mas fosse quem fosse, éramos nós.

                                            Como se explicam os fracos laços com a nossa África, como pretende, quando muitos dos que de lá foram expulsos, e que nem sabiam onde era a Metrópole, assim que se vislumbrou uma réstia de esperança antes das últimas eleições de que resultou o assassínio da direcção da UNITA, para lá se precipitaram com fundos, maquinaria pesada e vontade quase filosófica de recomeçar? Muito depois da independência.

                                            Os laços com Angola e Moçambique nada têm a ver com uma retórica oficial. Nunca foi com base naquilo que dizia o inimigo que se encontravam as razões e os motivos para gostar da "nossa" África. Quase toda a gente que vivia no Ultramar tinha por aquela Terra um amor incompatível com os critérios do inimigo, que nos sucedeu. A África portuguesa, Sr. Dr., "conta muito para nós", contrariamente ao que diz. Mas para nós, os que de lá eram há várias gerações ou os que de lá fizeram a sua Terra de adopção, como o meu caso, não os que relativizam a tragédia da descolonização e acham que decidir da vida e da morte de milhões de pessoas não "beliscou o orgulho nacional". Como diria o Dr. Alberto João, "é preciso ter lata". Foi longe de mais o Dr. Sarsfield Cabral.

                                            Quinhentos anos de coexistência não ligam as pessoas umas às outras e estas aos sítios? Que raio de gente pensa o Dr. Cabral que nós somos para admitir, sequer, que a obra deixada em África, e de que ainda vivem os que lá estão, possa ter sido feita sem o que de mais alto e sublime pode haver que é o amor pelo chão que se moldou? O Dr. Cabral poderá esquecer a descolonização; é pena, mas é lá com ele. Mas as vítimas não esquecem, Dr. Cabral. E a diferença entre uns e outros é essa a que vai da relatividade de tudo, do desprezo pela memória e do desplante com que se insulta ao que, em termos modernos, se poderá considerar como as vítimas e os sobreviventes da maior e mais grave traição e injustiça que alguma vez terá sido feita em toda a história da nossa existência. O homicídio de milhões, directo ou indirectamente ligado à descolonização, "não nos passa ao lado", Dr. Sarsfield Cabral. Tratar-se-á mesmo de crime contra a humanidade. Mas se acha, então perceber-se-ão muitas das suas posições.

                                            jmportugal@hotmail.com
                                            http://dn.sapo.pt/2005/05/26/opiniao...ld_cabral.html


                                            E enquanto, quem tudo relativiza, não me conseguir responder a este ultimo excerto.


                                            Quinhentos anos de coexistência não ligam as pessoas umas às outras e estas aos sítios? Que raio de gente pensa o Dr. Cabral que nós somos para admitir, sequer, que a obra deixada em África, e de que ainda vivem os que lá estão, possa ter sido feita sem o que de mais alto e sublime pode haver que é o amor pelo chão que se moldou? O Dr. Cabral poderá esquecer a descolonização; é pena, mas é lá com ele. Mas as vítimas não esquecem, Dr. Cabral. E a diferença entre uns e outros é essa a que vai da relatividade de tudo, do desprezo pela memória e do desplante com que se insulta ao que, em termos modernos, se poderá considerar como as vítimas e os sobreviventes da maior e mais grave traição e injustiça que alguma vez terá sido feita em toda a história da nossa existência. O homicídio de milhões, directo ou indirectamente ligado à descolonização, "não nos passa ao lado", Dr. Sarsfield Cabral. Tratar-se-á mesmo de crime contra a humanidade. Mas se acha, então perceber-se-ão muitas das suas posições.

                                            Direi sem sombra de duvida que Portugal, tem mais direito ás suas colónias ultramarinas que os EUA têm ao Texas e Novo México - só para citar dois inequivocos estados dos EUA -, que Portugal tem mais direito às suas colónias ultramarinas que a Espanha têm a Olivença.

                                            E que na realidade, sob a administração de Portugal os indigenas de África, tiveram sem sombra de duvidas mais progresso, e evolução do que sob o dominio dos sobas tribais.

                                            Sobas, que se revelavam mais tiranos e exploradores, do que se calhar o foram alguma vez os Portugueses.

                                            Sobas que na era pós descolonização, tomaram o nome de Jonas Savimbi ou José Eduardo dos Santos.

                                            Sobre isso, valerá, certamente ter um olhar deveras critico.


                                            Sobre a traição dos políticos nacionais, e o atabalhoado processo de descolonização, sempre gostaria de saber porque razão Portugal não solicitou a mediação presencial no terreno de capacetes Azuis da ONU.

                                            Evitavam-se massacres e tantos dramas humanos que ocorreram, os países evitariam ficar a saque, a transição seria assegurada, e a ONU que tanto pressionou Portugal ficaria com o ÓNUS final de um processo que iniciou sob pressões Americanas, Russas e Europeias.

                                            Assim imperou a bandalheira, tão a gosto de uns quantos.

                                            Editado pela última vez por Yamato; 29 October 2007, 21:30.

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                                              #23
                                              O governo portugues nunca aceitou nada que não fosse a manutenção das colonias.
                                              Se pedisse a intervenção das NU, isso era o reconhecimento que não conseguia controlar as colonias e ia contra as intenções do governo naquele momento.
                                              Não esquecer que o governo enfrentou as NU quando este orgão criticou o governo portugues por manter as colonias.

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                                                #24
                                                Originalmente Colocado por Alpiger Ver Post
                                                O governo portugues nunca aceitou nada que não fosse a manutenção das colonias.
                                                Se pedisse a intervenção das NU, isso era o reconhecimento que não conseguia controlar as colonias e ia contra as intenções do governo naquele momento.
                                                Não esquecer que o governo enfrentou as NU quando este orgão criticou o governo portugues por manter as colonias.

                                                Meu caro, foi já na era Soarista e Abrilista que os Portugueses foram práticamente abandonados à sua sorte nas colónias ultramarinas.

                                                Convém dizer e relembrar as vezes que forem necessárias, que morreram cidadãos portugueses de pleno direito, pelas negociatas do DR. mArio Soares e os acordos de Alvor.

                                                Acordos de Alvor

                                                Os acordos de Alvor são acordos estabelecidos entre o governo de Portugal e os movimentos nacionalistas angolanos (MPLA, UNITA e FNLA), assinados em 1975 em Alvor (Algarve), durante o processo de democratização em Portugal, e que estabelecia os parâmetros para a partilha do poder na ex-colónia entre esse movimentos, após a concessão da Independência de Angola.
                                                E convém não esquecer, o útil anarquismo imposto pela esquerda democrática nas nossas forças armadas, pelo que lutar e defender cidadão nacionais nas colónias passou a ser algo que ninguém fazia.
                                                Editado pela última vez por Yamato; 29 October 2007, 21:41.

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                                                  #25
                                                  Originalmente Colocado por Yamato Ver Post
                                                  Meu caro, foi já na era Soarista e Abrilista que os Portugueses foram práticamente abandonados à sua sorte nas colónias ultramarinas.

                                                  Convém dizer e relembrar as vezes que forem necessárias, que morreram cidadãos portugueses de pleno direito, pelas negociatas do DR. mArio Soares e os acordos de Alvor.
                                                  O chamado shit happens...e então? Antes disso também morreram portugueses de pleno direito numa terra que não era a deles, enquanto outros a gozavam economicamente...

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                                                    #26
                                                    Originalmente Colocado por Mendes77 Ver Post
                                                    A maior parte dos governos do mundo estão "colonizados", e a nação que não se submete a esse dominio é convidada a entrar no restricto clube do "eixo do mal"

                                                    Be afraid... The Bilderberg Club is on the move...

                                                    Comentário


                                                      #27
                                                      São os estudiosos da descolonização portuguesa, sobretudo historiadores, portugueses e estrangeiros, que repetem há mais de uma década que se há pessoa que em muito minorou o que poderia ter sido uma catástrofe descolonizadora foi precisamente... Mário Soares.

                                                      Já ouvi Ramalho Eanes dizer o mesmo, bem como Freitas do Amaral e Adriano Moreira.

                                                      Comentário


                                                        #28
                                                        Se em Portugal já há pessoas que não apreciam muito esta colonização soft encapotada de globalização e euroadesão, imagine-se uma colonização feita nos moldes que nós impusemos em África...

                                                        Comentário


                                                          #29
                                                          Originalmente Colocado por Zen Ver Post
                                                          São os estudiosos da descolonização portuguesa, sobretudo historiadores, portugueses e estrangeiros, que repetem há mais de uma década que se há pessoa que em muito minorou o que poderia ter sido uma catástrofe descolonizadora foi precisamente... Mário Soares.

                                                          Já ouvi Ramalho Eanes dizer o mesmo, bem como Freitas do Amaral e Adriano Moreira.
                                                          Há que não tenha ideia nem saiba que a seguir ao 25A os portugueses que viviam em Africa tiveram laivos de independência..e que corriam os apelos para a auto-defesa contra os negros e as tropas portuguesas!

                                                          Comentário


                                                            #30
                                                            Originalmente Colocado por Zen Ver Post
                                                            São os estudiosos da descolonização portuguesa, sobretudo historiadores, portugueses e estrangeiros, que repetem há mais de uma década que se há pessoa que em muito minorou o que poderia ter sido uma catástrofe descolonizadora foi precisamente... Mário Soares.

                                                            Já ouvi Ramalho Eanes dizer o mesmo, bem como Freitas do Amaral e Adriano Moreira.
                                                            Por acaso até tenho essa opinião, sendo que até considero que os responsáveis foram outros, embora essa minha opinião valha aquilo que vale...

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