Desemprego alto veio para ficar
O desemprego atingiu um novo máximo e vai continuar a subir. Reestruturação da economia é a principal razão.
Luís Reis Ribeiro
O desemprego continua a aumentar em Portugal e, doravante, já não deverá recuar face à média dos últimos anos o que espelha uma alteração estrutural para pior do mercado de trabalho nacional.
Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), no primeiro trimestre, a taxa de desemprego subiu para 8,4% da população activa no primeiro trimestre, o valor mais alto das últimas duas décadas, reflectindo a reestruturação da economia e a retoma frágil que permanece aquém do ritmo dos restantes parceiros europeus.
Ontem o ministro do Trabalho, José Vieira da Silva, preferiu citar os números favoráveis dos centros de emprego, mas os do INE indicam que o fenómeno do desemprego não está em recuperação. Também os especialistas ouvidos pelo DE e instituições como a Comissão Europeia atiram uma inversão da tendência de agravamento para o próximo ano.
Se aos quase 470 mil desempregados que actualmente existem em Portugal somarmos os 108 mil indivíduos que o INE identifica como inactivos desencorajados e disponíveis para trabalhar, a taxa de desemprego fica acima dos 10%, pelo segundo trimestre consecutivo.
Os números ontem publicados mostram uma degradação em toda a linha dos principais indicadores do mercado de trabalho.
Para Cristina Casalinho, economista-chefe do Banco BPI, “o mais preocupante é ter havido destruição de emprego [o volume de emprego caiu pelo segundo trimestre seguido]. “Só isso, mostra que a alteração do tecido empresarial, que tem levado ao encerramento de muitas fábricas, não terminou. Só no próximo ano é que o desemprego deverá cair”, junta. Gonçalo Pascoal, do Millennium BCP, sublinha os efeitos da crise do investimento na dinâmica do mercado laboral: “O dinamismo económico está assente nas exportações. Sem investimento significativo também não há criação de emprego”. E, mesmo quando o “bom investimento” se tornar o motor da economia, não é de esperar uma recuperação extraordinária do mercado de trabalho, dado o baixo nível de qualificações dos milhares que vão para o desemprego.
De facto, a alta exposição dos sectores tradicionais (intensivos em mão-de-obra) à concorrência das economias de baixo custo, como a China ou Índia, continua a causar sérias baixas na economia: a destruição de emprego/aumento do desemprego atinge sobretudo as mulheres mais jovens, com escolaridade mais baixa, que trabalham na indústria transformadora, os operários e artífices do sexo feminino. É, basicamente, o ‘retrato-robot’ “de quem está a ser mais penalizado pelo fecho de fábricas de têxteis, vestuário e calçado”, repara Cristina Casalinho.
O próprio Banco de Portugal não nega que há “debilidades estruturais” ao nível das qualificações das pessoas, ou da legislação laboral, dois factores que dificultam a afectação dos recursos humanos de acordo com as necessidades do ciclo económico.
Futuro incerto
- Economistas dizem que dados revelam que uma degradação em toda a linha dos principais indicadores do mercado de trabalho.
- A alta exposição dos sectores tradicionais à concorrência das economias de baixo custo, como a China ou Índia, continua a causar baixas.
- A reestruturação das empresas portuguesas ainda não chegou ao fim. São de esperar mais encerramentos.
http://diarioeconomico.sapo.pt/edici...lo/995647.html
O mexilhão é quem se lixa, como é habito.
Não ganhem juízo não.
O desemprego atingiu um novo máximo e vai continuar a subir. Reestruturação da economia é a principal razão.
Luís Reis Ribeiro
O desemprego continua a aumentar em Portugal e, doravante, já não deverá recuar face à média dos últimos anos o que espelha uma alteração estrutural para pior do mercado de trabalho nacional.
Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), no primeiro trimestre, a taxa de desemprego subiu para 8,4% da população activa no primeiro trimestre, o valor mais alto das últimas duas décadas, reflectindo a reestruturação da economia e a retoma frágil que permanece aquém do ritmo dos restantes parceiros europeus.
Ontem o ministro do Trabalho, José Vieira da Silva, preferiu citar os números favoráveis dos centros de emprego, mas os do INE indicam que o fenómeno do desemprego não está em recuperação. Também os especialistas ouvidos pelo DE e instituições como a Comissão Europeia atiram uma inversão da tendência de agravamento para o próximo ano.
Se aos quase 470 mil desempregados que actualmente existem em Portugal somarmos os 108 mil indivíduos que o INE identifica como inactivos desencorajados e disponíveis para trabalhar, a taxa de desemprego fica acima dos 10%, pelo segundo trimestre consecutivo.
Os números ontem publicados mostram uma degradação em toda a linha dos principais indicadores do mercado de trabalho.
Para Cristina Casalinho, economista-chefe do Banco BPI, “o mais preocupante é ter havido destruição de emprego [o volume de emprego caiu pelo segundo trimestre seguido]. “Só isso, mostra que a alteração do tecido empresarial, que tem levado ao encerramento de muitas fábricas, não terminou. Só no próximo ano é que o desemprego deverá cair”, junta. Gonçalo Pascoal, do Millennium BCP, sublinha os efeitos da crise do investimento na dinâmica do mercado laboral: “O dinamismo económico está assente nas exportações. Sem investimento significativo também não há criação de emprego”. E, mesmo quando o “bom investimento” se tornar o motor da economia, não é de esperar uma recuperação extraordinária do mercado de trabalho, dado o baixo nível de qualificações dos milhares que vão para o desemprego.
De facto, a alta exposição dos sectores tradicionais (intensivos em mão-de-obra) à concorrência das economias de baixo custo, como a China ou Índia, continua a causar sérias baixas na economia: a destruição de emprego/aumento do desemprego atinge sobretudo as mulheres mais jovens, com escolaridade mais baixa, que trabalham na indústria transformadora, os operários e artífices do sexo feminino. É, basicamente, o ‘retrato-robot’ “de quem está a ser mais penalizado pelo fecho de fábricas de têxteis, vestuário e calçado”, repara Cristina Casalinho.
O próprio Banco de Portugal não nega que há “debilidades estruturais” ao nível das qualificações das pessoas, ou da legislação laboral, dois factores que dificultam a afectação dos recursos humanos de acordo com as necessidades do ciclo económico.
Futuro incerto
- Economistas dizem que dados revelam que uma degradação em toda a linha dos principais indicadores do mercado de trabalho.
- A alta exposição dos sectores tradicionais à concorrência das economias de baixo custo, como a China ou Índia, continua a causar baixas.
- A reestruturação das empresas portuguesas ainda não chegou ao fim. São de esperar mais encerramentos.
http://diarioeconomico.sapo.pt/edici...lo/995647.html
O mexilhão é quem se lixa, como é habito.
Não ganhem juízo não.
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